IPVM no Lar | Tiago 5.12

Exposição na epístola de Tiago  •  Sermon  •  Submitted
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Estudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.12, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.

Notes
Transcript
Handout

8Juramentos

12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo.

Mais uma vez, Tiago volta a uma discussão sobre o uso da língua (ver Tg 1.19,26; 3.1–12).
A ligação entre esse versículo e os anteriores é fraca.
A advertência para que não se queixassem uns dos outros a fim de evitar que fossem julgados (5.9) é vagamente paralela com a proibição do uso de juramentos para serem condenados (5.12).

Qual é o significado da expressão acima de tudo?

Se Tiago quer dizer que os leitores devem prestar ainda mais atenção à advertência de não jurar, seria de se esperar que apresentasse uma admoestação mais completa.
E se Tiago desejava transmitir a importância desse versículo à luz dos versículos anteriores, seria de se esperar que houvesse uma ligação mais definida com eles.
Da forma como se apresenta, esse versículo tem pouca coisa em comum com a passagem anterior.
Talvez devamos concluir que Tiago esteja chegando ao fim de sua epístola e deseje mencionar uma série de admoestações (comparar com 1Pe 4.8).

a. Similaridade.

É inconfundível a semelhança entre as palavras de Jesus registradas no Sermão do Monte e esse versículo.
Ao colocar os versículos em colunas paralelas, podemos ver que Tiago se baseou no discurso de Jesus.
IMAGEM COMPARATIVA - MATEUS 5 X TIAGO 5
O mais provável é que Tiago tenha escrito essas palavras de memória, e não usando manuscritos. Se a Epístola de Tiago foi escrita na primeira parte do século 1o̱ da era cristã, é possível que o autor tenha tirado essas palavras do evangelho oral pregado pelos apóstolos e auxiliares apostólicos. Tiago, portanto, baseia sua admoestação para que se abstenham de fazer juramentos vazios não apenas nas Escrituras, mas, nesse caso, diretamente na autoridade de Jesus.

b. Prática.

Assim como Jesus, Tiago lança ataque fulminante ao costume judaico de reforçar declarações com juramentos que não fossem comprometedores.
O povo conhecia o mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20.7; Dt 5.11).
Para permanecerem livres de culpa, os judeus haviam feito uma distinção entre julgamentos comprometedores e não-comprometedores.
Ao invés de usar o nome divino (que era comprometedor), eles juravam pelo céu, pela terra ou por qualquer outro voto.
Pensavam que assim não estavam se comprometendo e não trariam sobre si a ira de Deus.
Tanto Jesus quanto Tiago denunciam essa prática; a intenção de se apelar para Deus ainda está presente, mesmo que se finja estar evitando usar o nome de Deus.

c. Implicações.

É proibido fazer juramentos? Tanto Jesus quanto Tiago dizem “não jureis”.
Se, num tribunal, o procurador, os advogados de defesa, o júri e o juízes pudessem estar absolutamente certos de que cada palavra ali falada seria absolutamente verídica, o juramento seria supérfluo.
Tendo em vista que o homem esconde a verdade e falsifica os fatos, o juramento torna-se necessário.
A pessoa que faz esse juramento e o quebra encontra-se diante da ira de Deus.
O ensinamento de Jesus, reiterado por Tiago, é simples: Que o seu “sim” seja sim, e o seu “não” seja “não”, isto é, sejam honestos e falem a verdade a qualquer tempo.
Que nenhuma palavra leviana escape de seus lábios. Que todos saibam que sua palavra “é tão preciosa quanto ouro”.

d. Aplicação.

Tiago conclui sua admoestação dizendo que, se a verdade não for dita, o mentiroso cairá em juízo.
Uma tradução literal dessa cláusula é “para não cairdes em juízo” (NASB).
Ou seja, o julgamento de Deus cai sobre qualquer um que jure em vão e que não fale a verdade.
Jesus disse aos fariseus de sua época: “Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).

Considerações práticas em 5.12

Mesmo mudando os costumes, a cultura, o país e a nacionalidade das pessoas do século 1o̱ para a realidade de nossos dias, a verdade contida nesse texto é a mesma.
É verdade que não temos o hábito de jurar pelo céu ou pela terra para reforçar nossas palavras.
Certamente também não pensaríamos em usar o nome de Deus em vão, mas parece não haver objeção quanto à expressão “eu juro” e suas variações.
Algumas pessoas fazem um sinal em forma de cruz sobre o coração para afirmar a veracidade de suas palavras.
Essas práticas mundanas, porém, são contrárias aos ensinamentos das Escrituras. Aqueles que recorrem a elas expõem-se à condenação divina.
Casas e prédios que são construídos sobre fundações fortes não precisam ser escorados.
Assim, também, a pessoa cuja fundação é Jesus Cristo, com quem ela se comunica sempre em oração, não precisa reforçar suas palavras.
Essa pessoa fala a verdade porque ela própria está apoiada em Cristo, que disse: “Eu sou… a verdade” (Jo 14.6).
A verdade não depende do uso de expressões que beiram o profano, mas de um simples sim que continua sendo sim e um não que permanece não.
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