A Palavra da Verdade e a Resposta do Verdadeiro Cristão
Em Deus não há trevas nenhuma, portanto, se quisermos ter comunhão com Ele devemos andar na luz.
A Palavra da Verdade e a Resposta do Verdadeiro Cristão
João começou sua carta proclamando a mensagem de que Jesus Cristo, que é o Verbo da vida, manifestou-se e de que os leitores podem ter comunhão com o Pai e com o Filho, Jesus Cristo. O autor continua a expandir o conteúdo dessa mensagem e explica que comunhão inclui a luz e a verdade.
5 Esta é a mensagem que temos ouvido dele e declaramos a vocês: Deus é luz; nele não há absolutamente nenhuma escuridão.
a. “Esta é a mensagem”. João usa habilidosamente a seqüência das palavras no grego para enfatizar sua afirmação.24 Apesar de só podermos passar essa ênfase para nossa língua com a frase esta é a mensagem, João coloca a ênfase no verbo é para transmitir o sentido de existe: “existe esta mensagem”. Ele revela não apenas a relevância da mensagem, mas também sua importância atemporal. Essa mensagem, portanto, não está sujeita a mudanças e modificações, pois não vem de João ou de qualquer outro apóstolo ou autor.
b. “Que dele temos ouvido”. João deixa implícito que Deus é a origem da mensagem transmitida por Jesus Cristo. Escreve: “[a mensagem] que dele temos ouvido”. Essa é a terceira vez que João usa a construção temos ouvido (ver também vs. 1,3). Os apóstolos ouviram a mensagem dos lábios de Jesus; eles também conheciam-na das páginas do Antigo Testamento. Lá, Davi escreve: “Na tua luz vemos a luz” (Sl 36.9). Deus se revelou ao seu povo por meio dos profetas (comparar com Is 49.6; 2Pe 1.19).
c. “E declaramos a vocês”. O que Jesus ensinou aos apóstolos durante seu ministério na terra? João resume tudo em uma frase: “Deus é luz; nele não há absolutamente nenhuma escuridão”. João e os outros apóstolos receberam essa declaração de Jesus junto com a ordem para que a tornassem conhecida. A mensagem não é simplesmente para informação; ela é uma ordem,25 ou seja, Deus fala e o homem deve ouvir obedientemente.
d. “Deus é luz”. João formula declarações curtas que descrevem a natureza de Deus. Em outros lugares, ele diz: “Deus é espírito” (Jo 4.24) e “Deus é amor” (1Jo 4.16). Aqui, no versículo 5, ele revela a essência de Deus numa declaração breve de três palavras: “Deus é luz”. Deus não é uma luz em meio a muitas outras luzes; ele não é o portador da luz; a luz não é uma das características de Deus, mas ele é luz; e embora ele tenha criado a luz (Gn 1.3), ele mesmo é luz não criada. Além disso, a luz de Deus é visível em Jesus, que disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). No Credo Niceno, a igreja confessa Jesus como “Deus de Deus, Luz de Luz”.
Em Jesus, vemos a luz eterna de Deus. Do momento de seu nascimento até a sua ressurreição, a vida de Jesus foi cheia da luz de Deus. “Jesus era completa e absolutamente transparente com a Luz de Deus”.26 E quem viu Jesus, viu o Pai (Jo 14.9).
e. “Nele não há absolutamente nenhuma escuridão”. A luz é positiva e a treva é negativa. Em seus escritos, João costuma fazer contrastes entre opostos, inclusive entre luz e trevas, verdade e falsidade, amor e ódio, certo e errado, vida e morte, fé e descrença. Ele escreve: “Nele [Deus] não há absolutamente treva nenhuma”. Usando a negativa enfática, João ressalta o aspecto positivo. Deus e as trevas são absolutamente opostos. Qualquer um que tenha comunhão com Deus não pode estar em trevas. Ele está na luz, glória, verdade, santidade e pureza de Deus.
Palavras, frases e construções do grego em 1.5
ἔστιν αὕτη – a ênfase está sobre o verbo ser, que transmite o sentido de existe.
ἀγγελία – esse substantivo aparece duas vezes no Novo Testamento, ambas na primeira epístola de João (1.5; 3.11). Alguns manuscritos gregos trazem o termo ἐπαγγελία (promessa), que também aparece em 2.25.
ἀναγγέλλομεν – o verbo anunciar (“declarar”, NIV) é dirigido ao público. O verbo ἀπαγγέλλομεν (“nós proclamamos”, NIV [1.2,3]), pelo contrário, está relacionado com a fonte original da mensagem.
φῶς – a palavra luz é típica de João. “No Novo Testamento, φῶς aparece 72 vezes, das quais 33 são nos escritos joaninos, 14 nos evangelhos sinópticos, 13 em Paulo e 10 em Atos”.27
5. Esta, pois, é a mensagem, ou promessa. Não reprovo a tradução do antigo intérprete, “esta é a anunciação”, ou mensagem; porque, ainda que ἐπαγγελία signifique, em sua maior parte, uma promessa, todavia, como João aqui fala, em termos gerais, do testemunho acima mencionado, o contexto parece requerer o outro significado, a não ser que o leitor apresentasse esta explicação: “A promessa que vos anunciamos inclui ou contém esta condição nela anexa”. Assim, a intenção do apóstolo se nos tornaria evidente.2 Pois aqui seu objetivo não era incluir toda a doutrina do evangelho, e sim mostrar que, se desejarmos usufruir Cristo e suas bênçãos, ele requer que nos conformemos a Deus em justiça e santidade. Paulo diz a mesma coisa no segundo capítulo da Epístola a Tito: “Porque a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente” [Tt 2.11, 12]. Exceto que aqui ele diz, metaforicamente, que devemos andar na luz, porque Deus é luz.
Ele denomina Deus de luz, e diz que ele está na luz; Essas expressões não devem ser tomadas de maneira estrita demais. Por que Satanás é chamado o príncipe das trevas é suficientemente evidente. Quando, pois, Deus, em contrapartida, é denominado de Pai da luz, e igualmente luz, inicialmente entendemos que não há nada nele senão o que é resplandecente, puro e sem mistura; e, em segundo lugar, que ele faz todas as coisas tão manifestas por seu esplendor, que não permite que algo vicioso ou pervertido, ou manchas ou imundícia, ou hipocrisia ou fraude permaneça oculto. Então a suma do que lemos é que, visto que não há união entre luz e trevas, existe uma separação entre nós e Deus enquanto andarmos nas trevas; e que a comunhão que menciona não pode existir caso não nos tornemos também puros e santos.
5. First division of the body of the Epistle (compare Introduction).
declare—Greek, “announce”; report in turn; a different Greek word from 1 Jn 1:3. As the Son announced the message heard from the Father as His apostle, so the Son’s apostles announce what they have heard from the Son. John nowhere uses the term “Gospel”; but the witness or testimony, the word, the truth, and here the message.
God is light—What light is in the natural world, that God, the source of even material light, is in the spiritual, the fountain of wisdom, purity, beauty, joy, and glory. As all material life and growth depends on light, so all spiritual life and growth depends on GOD. As God here, so Christ, in 1 Jn 2:8, is called “the true light.”
no darkness at all—strong negation; Greek, “No, not even one speck of darkness”; no ignorance, error, untruthfulness, sin, or death. John heard this from Christ, not only in express words, but in His acted words, namely, His is whole manifestation in the flesh as “the brightness of the Father’s glory.” Christ Himself was the embodiment of “the message,” representing fully in all His sayings, doings, and sufferings, Him who is LIGHT.