Gálatas 3.23-29: Antes E Depois Da Fé
Pregação expositiva lectio contínua em Gálatas • Sermon • Submitted
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Com o advento das redes sociais é comum vermos postagens de fotos que revelam o antes e o depois. As pessoas querem mostrar aos outros como estão melhores agora do que antes. Isso é comum àqueles que estão fazendo dieta e praticando exercícios físico.
Na época de Paulo não havia redes sociais, nem mesmo fotografias, mas ele tenta fazer com que seus leitores percebam o que eram antes da fé em Cristo e o que agora eles são. A razão disto é porque falsos mestres judaizantes adentraram nas igrejas da Galácia acrescentando à salvação pela fé, que Paulo pregava, a observância da Lei de Moisés.
A verdade por trás deste trecho é que a fé é superior à lei, pois através da fé em Cristo Jesus o homem se torna filho de Deus e, por conseguinte, herdeiro da promessa de Abraão, mas, antes dessa, fé o homem era escravo da Lei e controlado por ela como seu tutor.
O meu objetivo é que vocês percebam a superioridade da fé a qualquer legalismo que possa haver e que a nossa salvação não depende de nada a não ser a fé em Cristo.
Vejamos agora o como Paulo expõe a vida dos cristãos antes e depois da fé em Cristo.
I: O QUE O HOMEM É ANTES DA FÉ (23-25)
I: O QUE O HOMEM É ANTES DA FÉ (23-25)
O homem é como um escravo aprisionado(23)
Paulo explica aos cristãos da Galácia que antes que viesse essa fé, da qual Cristo é o objeto, estávamos sob a custódia da Lei, nela encerrados. Aqui, o homem de Tarso, personifica a Lei como um carcereiro que aprisiona um escravo e o mantém sob custódia. A palavra sunkleio aparece no versículo 22 deste mesmo capítulo se repete no versículo 23. No versículo anterior Paulo diz que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado”, e, agora ele diz que a Lei também nos encerrou, o que é, basicamente, a mesma coisa. Não que a Lei nos ensine a pecar. De forma alguma! Mas, a Lei nos mostra a nossa miséria e nos condena pelos nossos pecados e, portanto, nos mostra como escravos do pecado.
O homem é como uma criança sob um disciplinador (24,25)
Estes versículos apresentam a Lei Mosaica como um disciplinador. O texto diz que a Lei foi o nosso tutor até Cristo. A palavra usada aqui é paidagogos, a mesma que dá origem à nossa palavra pedagogo. No entanto, no tempo de Paulo, o paidagogos, isto é, o tutor ou o aio, não era um professor e sim um disciplinador, um escravo que cuidava do filho do seu senhor, protegendo-o e disciplinando-o. A criança vivia um tipo de escravidão, pois não tinha liberdade de andar sozinha pela rua e submetia-se a disciplina severa do seu tutor. Segundo John Stott, o paidagogos “era geralmente severo a ponto de ser cruel, e apresentado comumente nos desenhos antigos com uma vara ou uma bengala na mão”. A criança do tempo de Paulo certamente sonhava com a emancipação, o momento em que ela se veria livre de seu tutor e aceita pelo seu pai como um verdadeiro filho e herdeiro de sua herança. Essa é a ideia de Paulo nessa ilustração. Segundo ele, a Lei foi nosso tutor até Cristo, com o fim de que fôssemos justificados pela fé. A justificação é a sentença de Deus de que, em Cristo, somos encontrados justos. Uma vez justificado, o homem é aceito diante de Deus. Desta forma, a Lei foi nosso tutor até [o momento da vinda de] Cristo nos disciplinando para que, quando Cristo viesse, pudéssemos ser aceitos diante de Deus pela fé.
Aprendizado
Antes da vinda de Cristo, a Lei como um carcereiro nos lançou na prisão e como o nosso tutor nos repreende e nos castiga pelas nossas más ações. Uma vez que Cristo veio, fomos emancipados pela fé. Voltar à servidão da Lei é loucura!
Ilustração
O ciclo de vida de uma borboleta pode nos dar uma ideia do que queremos dizer. A borboleta passa por quatro fases na vida. Primeiramente a borboleta está dentro de um ovo, que sua mãe coloca sobre uma folha firme. Esta primeira fase dura cerca de quinze dias, que é quando o ovo se quebra e nasce uma larva, a segunda fase. A larva se alimenta de folhas e passa por diversas mudanças. Depois de algum tempo, fios de seda começam formar através de seu corpo o casulo, que é a terceira fase. Por fim é chegada a fase adulta que é quando a borboleta liberta-se do casulo e pode voar livremente sem ser presa outra vez. Não há dúvida da importância do casulo para o desenvolvimento da borboleta, mas, jamais você verá uma borboleta livre entrando de volta no casulo que a aprisionava. A Lei teve o seu papel fundamental, ela nos condena e torna a promessa de Deus, alcançada pela fé em Cristo, indispensável. Mesmo tendo o seu papel fundamental, a Lei nos aprisiona como um casulo aprisiona uma borboleta. Uma vez liberto do casulo pela fé estamos livres para fazer voos mais altos. Portanto, seria tolice voltar ao casulo do legalismo.
Aplicação
Não se volte para o legalismo como meio de salvação. Não somos salvos porque obedecemos as leis de Deus, mas porque Cristo as cumpriu em nosso lugar nos tornando livres.
Quando o salvo obedece às leis de Deus, ele o faz como fruto da salvação e não como meio de salvação.
Achar que seus esforços poderão te salvar é retroceder ao legalismo. Isso é uma grave ofensa à graça de Deus!
II: O QUE O HOMEM TORNA-SE DEPOIS DA FÉ (26-29)
II: O QUE O HOMEM TORNA-SE DEPOIS DA FÉ (26-29)
Em Cristo o homem se torna filho e herdeiro da promessa. Ele passa a integrar uma sociedade justa, onde as barreiras das desigualdades foram rompidas (26-29)
É importante notar a mudança do pronome “nós” para “vós”. Nos versículos anteriores, Paulo dizia: “estávamos sob a custódia da Lei”, “a Lei foi o nosso tutor”, “para que fôssemos justificados pela fé” e “não estamos mais sob o controle do tutor”. Agora, a mudança do pronome se dá para que os cristãos da Galácia fossem mais impactados. Paulo fala diretamente a eles e demonstra-lhes o que os eles são em Cristo:
Primeiramente Paulo diz: “todos vocês são filhos de Deus” (26). Uma vez justificados pela fé, agora os cristãos são filhos de Deus. Jesus é o único Filho de Deus. Todos os que nele crê são filhos de Deus por adoção. Essa filiação se dá mediante a fé em Cristo Jesus (26) e não pela observância da Lei. A circuncisão que os judaizantes tanto defendia, era o ritual de inserção no judaísmo, Paulo diz que os cristãos em Cristo foram batizados (27), isto é, o batismo é o meio de inserção no cristianismo, porém, conforme mostra o texto, é posterior a fé. Uma vez que Cristo foi recebido por meio da fé, os salvos estão aptos para o batismo, eles abandonaram a vestes de pecado e de Cristo se revestiram (27), eles se envolveram com a veste de justiça de Cristo. Por todos os salvos serem filhos de Deus, logo, não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus (28). Paulo não quer dizer que o evangelho aboliu as diferenças, como os movimentos políticos e sociais recentes tentam fazer, e sim que, diante de Deus, todos são aceitos igualmente, em outras palavras: sua raça, sua classe ou seu sexo não interfere na sua aceitação diante de Deus.
A conclusão do raciocínio de Paulo é óbvia: se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa (29). Uma vez emancipado de seu tutor, isto é, da Lei, o homem torna-se, mediante a fé, filho de Deus, faz parte da descendência espiritual de Abraão e torna-se herdeiro de sua promessa. Essa promessa, literalmente, abrange muitas coisas, mas Paulo a espiritualiza ligando ela à salvação e tudo o que dela provém.
Aprendizado
A fé em Cristo é superior à Lei. Enquanto a lei aprisiona e castiga, a fé liberta da escravidão e adota com amor um filho, tornando-o herdeiro de uma grande promessa.
Ilustração
A adoção é um processo nobre. Há crianças que foram adotadas quando bebês, mas há também aquelas que foram adotadas depois de alguns anos morando em um orfanato. Uma criança no orfanato está protegida e é cuidada rigorosamente por profissionais. Ainda que tenha o seu valor, o orfanato não pode dar o mesmo carinho que pais dariam, a mesma proteção e, muito menos, a mesma herança. Uma criança quando é tirada do orfanato por adoção receberá, uma família, amor incondicional e herança. Aquele que se entregou a Cristo estava sob a tutela da Lei, era castigado por ela rigidamente, mas agora foi inserido na família de Deus por adoção, recebe o seu amor incondicionalmente e é herdeiro das bênçãos da salvação.
Aplicação
Ninguém pode chegar a Cristo sem passar por Moisés. Quando anunciamos o evangelho devemos enfatizar que o homem está aprisionado em Moisés, isto é na Lei que o castiga, mas quando está em Cristo, é recebido com amor, tornando-se filho de Deus e herdeiro das bênçãos da salvação.
Há dois tipos de pregação: a pregação legalista e a pregação da graça.
A PREGAÇÃO LEGALISTA ensina que para ser salvo precisa-se viver deste ou daquele modo. O homem precisa fazer uma porção de coisas e não fazer uma porção de outras coisas. Esta mensagem mostra ao homem o seu dever e a sua incapacidade, mas não apresenta a graça de Deus como o meio para alcançar o objetivo.
A PREGAÇÃO DA GRAÇA passa pela Lei. Ela ensina que a Lei de Deus é boa. Ela ensina que os homens devem ser santos como Deus é. Ela também mostra a incapacidade humana em cumprir a Lei de Deus. O que a diferencia é que esta mensagem focaliza o poder de fazer sobre Deus sem tirar do homem a sua responsabilidade, pois ainda que ensine que o homem deve operar a sua salvação com temor e tremor, a mensagem da Graça também ensina que tanto o querer como o efetuar provém de Deus (Fp 2.12,13).
Quatro sentimentos tomam o coração do salvo:
Em primeiro lugar ele sente o horror da sua ofensa a Deus.
Em segundo lugar ele sente tristeza pela sua incapacidade de agradar um Deus santo.
Em terceiro lugar, ao entregar a sua vida a Cristo, ele sente o amor do Pai que o acolhe em sua família.
Por fim, o homem sente o gozo da salvação, a alegria da herança prometida.
Se nossos púlpitos tiverem mais pregação da graça, teremos mais verdadeiros salvos. Talvez menos membros, mas, mais verdadeiros salvos.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Se houvesse redes sociais nos tempos de Paulo, creio que ele mostraria as fotos do antes e do depois da fé para os crentes da Galácia. Como isso não era possível, ele descreveu perfeitamente este cenário. Antes, o homem era escravo da Lei e, como uma criança, estava sob a sua dura disciplina. Depois da vinda de Cristo, o homem torna-se filho de Deus e herdeiro de uma herança inigualável. E você que possui redes sociais, você pode mostrar para o mundo o seu antes e depois? Se sim, lembre-se de enfatizar a graça de Deus!