Esmirna: Sendo fiel até o fim

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Introdução

(A) O anjo: na linguagem apocalíptica, ou anjos ministradores da vontade de Deus, ou o pastor daquela igreja (Ap 22.16). Aquela igreja foi fundada provavelmente por Paulo ou um de seus companheiros (At 19.9-10,26). Alguns apontam que o bispo Policarpo de Esmirna foi o "anjo" dessa igreja, tendo ele sido discípulo do apóstolo João e consagrado bispo por ele.
(B) Esmirna (atual Turquia - lá chamada de Izmir - e a única sobrevivente a região):
Uma cidade conhecida pela sua beleza. Um de seus monumentos naturais, o Monte Pagos, era coroado por belíssimos edifícios e torres, maravilhando aqueles que por ali passavam [como o filósofo Apolônio de Tiana]. Além da beleza, era lembrada por seus vinhos finos. A cidade foi um centro da religião romana, ostentando dedicatórias aos imperadores Tito e Domiciano, bem como estátuas de Domiciano, Trajano e Adriano. Competindo com outras sete cidades (29 d.C.) foi escolhida para sede do Templo de Tibério. A cidade possuía uma magnífica arquitetura, com templos dedicados a Cibeles (esposa do titã Cronos), Zeus, Apolo, Afrodite e Esculápio. Também era uma cidade economicamente importante, competindo com Éfeso, com mais de 100 mil habitantes e de uma economia de exportação: possuía um importante porto no mar Egeu que, por sua vez, estava localizado próximo a uma das principais estradas da época. Era conhecida pela ciência, medicina, pescaria, couro e peças de prata e ouro.

1. A natureza das tribulações da Igreja de Esmirna

(A) Dos seus compatriotas (sua tribulação, sua pobreza):
Esmirna era o lar de guildas de pescadores de cestas, curtidores, ourives de prata e ouro. A associação a essas guildas incluía sacrifícios a uma divindade pagã - e provavelmente também ao imperador. Com a conversão de pessoas ao cristianismo e a negação de sacrifícios os cristãos eram demitidos, provavelmente por serem acusados pelo mal desempenho dos negócios, ou mesmo tinham as portas de emprego fechadas. A consequência de crer em Jesus era a dificuldade econômica e a perseguição política e religiosa.
O estado econômico dos crentes de Esmirna, que talvez tenham vivenciado o confisco de seus bens terrenos, é traduzido do termo grego ptôcheia (πτωχεία), que se refere à desprezível pobreza de um mendigo. Mas, enquanto eram pobres e os que lhes perseguiam pareciam ricos, para Jesus a sua igreja era a verdadeira rica! Paulo, quando escreve sobre essa condição de pobreza aos coríntios, observa que Jesus Cristo “que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co 8.2, 9). Veja também o flagrante contraste com Laodiceia (Ap 3.17).
(B) Dos judeus de Esmirna (a blasfêmia):
Algumas pessoas da comunidade judaica em certas cidades da Ásia Menor podem ter colaborado com Roma contra uma minoria cristã.
Há relatos sobre a ocasião de, numa única vez, 1200 cristão terem sido lançados do alto do monte Pagos. De outra feita, 800 cristão. Há evidências ainda de que os judeus em Esmirna participaram do martírio do segundo século de Policarpo (155 d.C. ou 168 d.C.), quando este foi apunhalado numa estaca quando seu corpo não era consumido pelo fogo.
Mas eles não eram os verdadeiros judeus! O verdadeiro povo de Deus é aquele que se entregou ao descendente de Abraão, raiz de Davi: Jesus Cristo! Para Jesus, eles [estes judeus] eram sinagoga de satanás: agem como adversários da igreja, blasfemando (ex.: canibais, imorais, destruidores de famílias, ateus, desleais) - e quem é contra a Igreja é contra Cristo (At 9.4)! Pregar contra ela é blasfêmia!

2. O conforto:

(A) Na verdade (“não temas o que hás de sofrer”):
O mundo é consolado pela mentira - falsas expectativas preenchem o coração de esperança. Mas no cristianismo não (1Ts 3.2-4; At 14.22; 2Tm 3.12). "O capitão de nossa salvação nunca esconde o que suas testemunhas fiéis podem suportar por amor de Seu nome. Ele nunca os recruta com promessas de só encontrarem coisas fáceis e prazerosas".
Mas a verdade sempre vem carregada de esperança! Jesus sempre estará sustentando e provendo fé aos seus amados. A referência aos dez dias não é sobre a brevidade do tempo, mas, simbolicamente, ao tempo completo - nem mais nem menos. Mais que isso, fala sobre a fidelidade do Senhor para aqueles que são fiéis à Ele, à semelhança dos os jovens fiéis na babilônia (Dn 1.12,14), eles seriam sustentados e preservados por Deus. O tempo da tribulação não é tão longo, mas a duração alegria é para sempre.
Até na morte eles provariam ser mais fiéis a Deus do que os pagãos aos falsos deuses ou a Roma - na verdade, é especialmente na prova que vemos se a fé é verdadeira - e eis a fidelidade da Igreja Perseguida!
(B) Vem de Cristo e é o próprio Cristo:
Esmirna tinha a pretensão de ser a primeira em tudo - mas Cristo quem é o primeiro “o Primeiro e o Último” (Ap 1.17; 22.13). Observemos que assim Deus se identifica a a Israel: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o Primeiro e eu sou o Último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6; 48.12). Ou seja, com a expressão “o Primeiro e o Último”, Jesus apresenta divindade como igual em poder e autoridade à de Deus. É dele a primazia em tudo. Essa é uma palavra contra os perseguidores, mas um conforto aos perseguidos: depois que todos os tronos caírem o dele continuará de pé.
Jesus experimentou dor, sofrimento e morte - esteve morto e tornou a viver (8)! Eis a esperança e o conforto cristão. Em primeiro lugar porque pela sua morte e ressurreição fomos perdoados e feitos filhos de Deus. Em segundo lugar porque não há nada que esse mundo nos faça que não seja desfeito em Cristo - até a morte não é permanente, pois a última inimiga foi vencida!
Aquela igreja estava morrendo numa cidade que havia morrido e ressuscitado – “Esmirna havia sido fundada como colônia grega no ano 1.000 a.C. No ano 600 a. C., os lídios invadiram-na e destruíram-na por completo. No ano 200 a. C., Lisímaco a reconstruiu e fez dela a mais bela cidade da Ásia. Quando Cristo disse que estivera morto, mas estava vivo, os esmirneanos sabiam do que Jesus estava falando” (HDL). Aquela igreja reviveria! O Jesus, que venceu a morte, é o remédio para alguém que está enfrentando a perseguição e a morte.
(C) Nossa vitória indizível:
Como a emoção do atleta que venceu uma competição e ele vê o seu histórico de lesões, de dificuldades financeiras, renúncias. Ele chora. A salvação pela graça nos coloca no privilégio de completar uma carreira, de lutar um bom combate. E aquele que nos chamou sempre está ali ao lado. E estará no final para nos coroar. Isso é mais da graça! Aquela cidade que fora fiel à Roma tinha uma igreja que experimentara a fidelidade do Senhor, e por isso, até através do sofrimento, seria fiel até a morte (“sê fiel até a morte” 10c).
Esmirna era famosa por seus jogos atléticos, então isso teria lembrado os cristãos da “coroa de louros” (10c) dada aos melhores cidadãos e atletas. Os seus perseguidores os consideravam os menores dos menores, mas, em breve, o Senhor proclamaria a vitória deles ao dar-lhes a vida eterna. Com efeito, eles receberão a “coroa da vida” (v. 10; Tg 1:12; 2Tm 4:8; 1Pe 5:4). A primeira morte pode estar nas mãos dos perseguidores, mas eles serão ressuscitados por Deus e nunca enfrentarão o juízo final, a segunda morte (11).

Aplicações:

- A riqueza de uma igreja está relacionada à sua fidelidade. Assim, uma igreja que passa por sofrimento não é sinal de uma igreja infiel. Imagine uma que só recebe elogios de Cristo. O padrão das cartas às igrejas de apocalipse é quebrado aqui e Esmirna não recebe nenhuma reclamação. Essa igreja sofredora é uma igreja fiel! Aprendamos a julgar com os olhos de Cristo.
- A perspectiva que o mundo tem da Igreja é totalmente diferente da que Cristo tem dela. Cristo a vê como rica e verdadeira! O mundo, não a vê assim. Pensemos, irmãos, que se o mundo não nos oferece resistência, temos sido iguais a ele. Aqueles que perdem nesse mundo serão coroados. Não tenha medo de perder as coisas deste mundo. Bem aventurados os que choram! Quem odeia Esse mundo reservará sua vida (Jo 12.25).
Nem todos os membros da igreja visível são membros da igreja invisível: nem todos os membros da igreja são vencedores, mas todos os membros do Corpo de Cristo são vencedores.
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