ROMANOS 3.1-8

RESUMO DO TEXTO:

O apóstolo Paulo responde algumas objeções que poderiam ser levantadas pelos judeus acerca daquilo que ele expôs até aqui sobre a justiça de Deus tanto para os judeus como para os pagãos. A primeira objeção acusa o ensino de Paulo de indicar que Deus mentiu em sua Aliança pois os judeus não têm nenhuma vantagem nela; a segunda afirma que o ensino de Paulo dá a ideia de que Deus é infiel em suas promessas; a terceira objeção ao ensino de Paulo acusa o apóstolo de pregar um Deus injusto em aplicar sua ira.

ICT- Paulo respondeu possíveis objeções dos judeus sobre seu ensino, baseadas em uma visão distorcida sobre Deus.

TESE- A Bíblia responde às objeções dos incrédulos sobre seus ensinos, pois se baseiam numa visão distorcida sobre Deus.

Propósito Básico - Evangelístico/Doutrinário

Propósito Específico - Persuadir os incrédulos a olhar para o que a Bíblia revela sobre Deus, abandonando suas ideologias sobre ele. Bem como ensinar aos crentes uma doutrina sólida sobre o Ser e as Obras de Deus para que possam responder aos questionamentos acerca da fé.

INTRODUÇÃO

Há alguns anos ouvi o testemunho de um missionário que trabalhava entre os indígenas de uma tribo na Amazônia, divisa do Brasil com a Colômbia e Venezuela. Aquele missionário contou uma experiência muito inusitada que viveu em seu ministério, e que entristecia muito o seu coração. Ele foi enviado para aquele povo não para pregar o Evangelho a primeira vez a eles, outros missionários já haviam ido. Quando ele chegou ali já havia uma igreja há mais de 50 anos, existia um templo, uma liderança com presbíteros, quase toda tribo frequentava os cultos e eram batizados. Ainda existia grupo de louvor e os presbíteros iam para a igreja de paletó e gravata, o detalhe é que eles eram índios no meio da mata. Eu creio que o missionário talvez tenha pensado: O que eu vim fazer aqui? Está tudo pronto, a Igreja está plantada.

Mas não foi isso que ele percebeu. Em pouco tempo de convivência com aqueles indígenas ele notou que tinha algo errado com eles. Eles diziam que eram cristãos, eram membros da igreja Evangélica ali, mas não viviam como cristãos. Eles eram completamente imorais, o adultério e a fornicação era algo normal entre eles, os vícios também eram comuns, não era difícil encontrar um presbítero totalmente embriagado. Mas para piorar a situação ele começou a perceber que quando terminava os cultos quase todos os membros da igreja se reuniam para cultuar aos espíritos e fazer rituais de feitiçaria. O missionário entendeu que aqueles indígenas não eram cristãos genuínos, mas apenas levavam o nome de cristãos. A maior dificuldade daqueles indígenas é que eles não tinham uma visão correta sobre Deus. O deus que eles serviam para eles era apenas mais um dos espíritos que eles cultuavam.

Pesquisando sobre o porquê daquilo, o missionário descobriu que os missionários que estavam antes dele no campo pregaram o Evangelho mas não tiveram o cuidado de ser claros em aplicar a eles esse Evangelho de forma clara. Eles agiam daquela forma porque foi assim que entenderam o Evangelho. A falsa vida cristã que eles viviam era decorrente de sua má compreensão do Evangelho. Sua falsa ideia sobre Deus era decorrente de um entendimento errado do Evangelho de Cristo.

ELUCIDAÇÃO

O propósito de Paulo neste texto é exatamente combater uma visão parecida de um falso entendimento do Evangelho de Cristo que ele pregava, que estava gerando uma visão incorreta sobre Deus.

Paulo pregou que o Evangelho é o poder de Deus;

Paulo pregou a dois grupos, os gentios e os judeus;

Os gentios estavam debaixo da Ira de Deus porque rejeitaram a Revelação e a Lei gravada nos corações;

Os judeus rejeitaram a Palavra de Deus e a Cristo;

A cincunsição era invalidada pelos judeus;

Isso levantou perigos de uma incompreensão errada do Evangelho. Ele respondeu possíveis objeções.

TEMA - Perigos de um Etendimento Errado do Evangelho

Pergunta Sermonária: Quais os perigos que corremos se temos um entedimento errado do Evangelho?

1ª O perigo de acusarmos a Deus de mentiroso V.1-2

Texto: Paulo responde a objeção de que Deus mentiu em sua aliança por parecer que os judeus não tem nenhuma vantagem como povo escolhido de Deus.

1º Acusação: V.1 - Paulo havia declarado em todo seu ensino sobre o Evangelho até aqui que o homem é pecador, não importa a posição que esteja, seja judeu, seja gentio. Primeiro ele declarou a situação dos pagãos que são culpados diante de Deus pois tem o conhecimento de Deus e não o glorificam como Deus, além disso, têm a Lei do Senhor gravada em seu coração, mas vivem em rebeldia contra o Senhor e sua Lei. Por esses motivos os gentios são indesculpáveis. Mas Paulo não acusou apenas os gentios, ele disse que os judeus também estavam debaixo da ira de Deus porque rejeitaram a aliança do Senhor e a sua Palavra. Paulo colocou os judeus na mesma posição que os pagãos, dizendo que Deus não faz distinção em seu julgamento, ele julga de igual modo o gentio e o judeu, sem dar maior vantagem a um do que a outro.

Paulo sabia que isso seria uma afronta aos judeus que pensavam que estavam salvos apenas pelo simples cumprimento da Lei ou por terem o sinal da circuncisão que era a marca da Aliança com Deus. Paulo acabou de dizer que a cincuncisão que eles tanto usavam para pensar que estavam salvos, não salvava ninguém, mas era apenas um sinal externo da aliança, de que eles precisavam mesmo era de uma circuncisão no coração. Por isso Paulo imaginou que ao escrever estas coisas os primeiros judeus que lessem a carta iam pensar: Então se os judeus merecem a mesma condenação que os pagãos, não tem vantagem alguma ser judeu! E também não adianta nada ser circuncidado, tanto faz ser gentio ou judeu.

Essa é o primeiro possível questionamento desse grupo de pessoas ao Evangelho que Paulo pregava, e ele não é um questionamento simples, é uma acusação muito séria contra Deus. Ao dizer que Paulo pregava que os judeus não tinham vantagem alguma e que a circuncisão não era nada, eles diziam que o Deus que Paulo pregava era um mentiroso. Por quê mentiroso? Porque eles sabiam que Deus fez uma aliança com seu povo, que através de Abraão, Deus firmou um pacto com Israel de que eles seriam seu povo e ele seria seu Deus, que eles eram uma nação abençoada. Além disso, o sinal que comprovava que alguém fazia parte desse povo era a cincucisão. Então para eles, o Deus que Paulo Pregava era mentiro, pois quebrou a sua aliança dizendo que essas coisas não importavam diante de Deus.

A Resposta: V.2 - Por isso então, Paulo mesmo respondeu esse possível questionamento para evitar que alguém viesse a fazê-lo na igreja de Roma. Paulo disse: De forma alguma! Vocês não compreenderam bem o Evangelho que eu preguei. Claro que os judeus tem vantagens, e tem muitas vantagens! Mas vocês esqueceram uma coisa: As vantagens que vocês receberam de Deus também demandam responsabilidades! Quanto mais vocês receberam de Deus, mais vocês serão cobrados por isso. Vejamos então quais vantagens os judeus receberam por fazer parte da Aliança e por terem a cicuncisão:

Ele inicia dizendo que os judeus têm vantagens em todos os aspectos. Ele não descreve aqui todos esses aspectos, mas ele volta a falar deles lá no capítulo 9, versículos 4,5: São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém! Romanos 9:4,5. Com essas Palavras, o apóstolo Paulo declara a benção de fazer parte do povo judeu, eles receberam a adoção como povo de Deus, eles receberam a glória de fazer parte dessa aliança, receberam a Lei de Deus, receberam a graça de adorar o Deus verdadeiro, e receberam as promessas de Deus para sua salvação; além de que eles são descendentes de grandes homens de Deus como os patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó. Mas existe uma bênção infinitamente maior, eles tem o privilégio de ter Jesus Cristo, o Filho de Deus como um deles. Jesus não nasceu em nenhuma outra nação ou cultura, ele nasceu como um judeu.

Mas além de todas essas vantagens Paulo destaca uma principal aqui no final do versículo: Aos judeus foram confiados os oráculos de Deus. Os oráculos se referem à Palavra de Deus, os judeus tinham em suas mãos todo o Antigo Testamento, eles tinham a Lei, eles tinham os Salmos, eles tinham os Profetas, eles tinham a Revelação de Deus em suas mãos. Eles só podiam ter todas essas bençãos que falamos porque Deus deu a eles sua Palavra. Foi pela sua Palavra que Deus os adotou como povo dele, foi pela sua Palavra que Deus manifestou a sua glória a Israel, foi pela sua Palavra que Deus fez uma aliança com este povo, foi pela Palavra que Deus deu sua Lei, foi pela sua Palavra que Deus ordenou como queria ser adorado, foi na sua Palavra que Deus fez sua promessa de salvação. Além de que foi pela Palavra que ele chamou os patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó. Mas acima de tudo, é na sua Palavra que Deus se revelou na Pessoa Bendita do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é a Palavra, ele é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Nós não encontramos Cristo em outro lugar que não na Palavra. Por isso Paulo diz: Os judeus tiveram a maior de todas as vantagens, eles receberam a Palavra de Deus que Revela o Salvador do Mundo: Jesus Cristo!

Portanto, o problema não estava no que Paulo pregava, mas no entendimento errado que eles tinham do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Deus não mentiu em dar a eles a aliança e a circuncisão, eles que não entenderam a grande resposabilidade disso! O Evangelho diz que todos os homens são pecadores e estão debaixo do juízo de Deus, os gentios porque rejeitaram a Revelação de Deus em sua Criação e sua Lei gravada nos corações. Mas os judeus estavam em uma situação mais difícíl porque receberam a própria Palavra de Deus e rejeitaram. Porque viram o próprio Deus entre eles e o mataram em uma cruz. A ideia da resposta de Paulo é mostrar que os judeus são julgados exatamente pelas vantagens que receberam.

ILUSTRAÇÃO

Imagine que uma rua que tem apenas um sentido permitido de tráfego e dois motoristas diferentes em situações diferentes transitam na rua no sentido proíbido. Um motorista não era da cidade e não conseguiu ver a placa que indicava o sentido proíbido então ele seguiu em frente e em um cruzamento bateu em outro veículo causando um grande prejuízo no carro e nos passageiros. Agora imagine outra situação, esqueça o primeiro motorista. Imagine nessa mesma rua um motorista que conhece a cidade, sabe que o sentido dela é proíbido, mas ele quer economizar tempo e combustível, então ele faz isso de caso pensado e dirige na contramão, até que um carro bate de frente com ele e causa um grande prejuízo no veículo e nos passageiros. Para resolver toda a situação os motoristas chamam a polícia para idenficar quem estava errado e deveria pagar pelo prejuízo. Obviamente, tanto o primeiro motorista como o segundo estavam errados, tanto o que sabia que aquele trajeto era proíbido como o que não sabia. O fato dele não saber não o isenta da culpa. Os dois tem que pagar pelos danos. Mas qual dos dois tem uma responsabilidade maior em toda situação? Claro que o que sabia que aquilo era proíbido mas fez.

Isso ilustra bem a ideia de Paulo, os gentios mereciam a condenação porque quebraram a Lei de Deus, mesmo que não tivessem a ideia clara disso. Mas os judeus quebraram e rejeitaram a Lei de Deus que claramente foi dada a eles, por isso eles seriam cobrados com mais severidade.

APLICAÇÃO

Aplicação: Deus é toda Verdade e mantém sua Aliança responsabilizando aqueles que receberam maiores privilégios em seu Reino.

Quantos privilégios você e eu temos como crentes no Senhor Jesus! Você já parou para pensar quão grande é a bênção de ser um salvo em Cristo? Como é grande a bênção de fazer parte da igreja do Senhor e ser um membro do corpo de Cristo? Se os judeus tiveram um maravilhoso privilégio em fazer parte do povo de Deus, saiba que o nosso privilégio é infinitamente maior como igreja de Cristo. Muitos judeus faziam parte do povo da aliança apenas na carne, mas nós fazemos espiritualmente. Assim como os judeus receberam os sinais da aliança nós também recebemos sinais que representam nossa posição como filhos de Deus. Os judeus tinham a circunsição, mas nós temos o batismo como simbolo que fazemos parte do povo de Deus, apenas os homens obviamente eram cincuncidados e recebiam esse sinal, mas no batismo cristão, todos, sejam homens, mulheres ou crianças são batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo declarando que somos parte da Igreja de Cristo. Os judeus comemoravam de ano em ano a páscoa que representava sua libertação da escravidão do Egito, nós temos regularmente a Ceia do Senhor que representa a nosssa libertação dos nossos pecados e do inferno através da morte de Cristo na cruz em nosso lugar. Os judeus tinham apenas o Antigo Testamento, apenas uma porção da Palavra de Deus, mas nós recebemos toda Revelação de Deus em sua Palavra completa e ainda em nossa língua, Antigo e Novo Testamento. Os judeus esperavam o cumprimento de uma promessa que ainda viria, mas nós cremos porque Deus já cumpriu suas promessas enviando seu Filho Jesus Cristo. Os judeus tinham o Espírito Santo que apenas capacitava algumas pessoas específicas, mas que não habitava em seus corações, mas Deus nos deu seu Espírito que habita em nós, é o próprio Deus habitando em nossas vidas. Glória a Deus por isso!

Você quer mais? Temos uma lista infinita de privilégios que você e eu recebemos de Cristo. Você é salvo, foi eleito por Deus antes da fundação do mundo. Entre tantos ao seu redor que estão vivendo neste exato momento como escravos do pecado e do diabo, vivendo debaixo da ira de Deus, condenados ao inferno, Deus resgatou você das trevas e o levou para o reino do Filho do seu amor. Deus salvou a sua vida sem nenhum merecimento! A única coisa que merecíamos era a condenação eterna, mas Deus nos amou de tal maneira que enviou seu Filho para o mundo, deixando sua Glória, para morrer em uma Cruz em nosso Lugar. Ele te deu o privilégio de ouvir a sua Palavra, se arrepender de seus pecados e se entregar a Cristo como Senhor da sua vida. Os homens da terra podem ter muitos privilégios e riquezas nesse mundo, mas Deus te deu o privilégio se ser um filho dele e ser um cidadão do Céu. Não existe privilégio maior!

Deus deu mais privilégios para você que está me ouvindo nesse momento! Enquanto tantas pessoas estão lotando igrejas que pregam um falso Evangelho, ouvindo pregadores que dão palha seca para suas ovelhas e não grama verde, o verdadeiro leite espiritual que é a sua Palavra, você tem o privilégio de fazer parte de uma igreja que tem uma boa teologia, uma doutrina firmada na Palavra e uma pregação centrada em Cristo. Não para a minha glória, mas para a Glória de Deus, o Senhor tem me instruído e me levado a pregar com fidelidade a Palavra ao coração dos irmãos. Que grande privilégio o Senhor tem dado a você de ouvir sua Palavra e conhecer mais sobre ele.

Mas, entenda, Deus não deu apenas esses privilégios para você, ele deu muitas responsabilidades por causa disso! Quanto mais privilégios ele colocou em sua mão indica o quanto você será cobrado. A quem muito é dado, muito será cobrado. Se ele deu a você o privilégio de fazer parte do seu povo, de conhecer sua Palavra, de ser um salvo em Jesus Cristo, de ter o Espírito Santo habitando em você, saiba que você será cobrado perante o tribunal de Cristo se sua vida é ou não é digna das bênçãos que recebeu do Senhor. Deus exigirá mais da sua vida do que daqueles que nunca ouviram falar de Cristo, Deus exigirá mais de sua vida do que do pecador que está longe de Deus e nunca ouviu uma pregação fiel do Evangelho, porque você recebeu em sua vida a Palavra e a iluminação do Espírito Santo. Deus exigirá mais da sua vida do que do irmãozinho que é um crente em Jesus Cristo, mas pelas circunstâncias não tem o privilégio de ouvir uma boa pregação ou conhecer uma boa teologia, porque você pode ouvir todos os dias a sã doutrina.

Muitos que fazem parte da igreja evangélica estão fazendo contra Deus a mesma acusação que os judeus, que ele é um mentiroso. Eles dizem que quando aceitaram a Cristo confiaram que receberiam suas promessas e que receberiam tantas outras bençãos da salvação. Mas estão vivendo vidas e situações totamente contrárias a isso. Outro dia ouvi a história de um homem que disse que estava decepcionado com Deus por ele não estar cumprindo as promessas em sua vida e chegou ao ponto de pegar duas cadeiras, colocar uma de frente para a outra e chamar Deus para sentar em sua frente, pegou na beca de Deus e disse: Onde estão as tuas promessas em minha vida, o Senhor falhou ou mentiu pra mim quando fez suas promessas, eu não aguento mais isso, eu exijo que o Senhor cumpra suas promessas em minha vida. Pessoas com essa visão sobre Deus não entenderam quem é o Deus da Bíblia e não conheceram o verdadeiro Evangelho de Cristo. Eles criaram em sua mente um deus segundo sua própria vontade.

Os tais crentes de hoje querem receber os privilégios e as bençãos por fazer parte do povo de Deus, mas não vivem de acordo com as bênçãos e os privilégios que receberam do Senhor. Não acuse Deus de mentiroso, se é sua vida que tem sido uma mentira diante dele. Os crentes querem os privilégios, mas não querem as responsabilidades da Aliança. Falo também de um problema nosso do meio reformado, os crentes tem aquirido muito da palavra de Deus e da boa doutrina, mas não tem vivido de modo digno do conhecimento que receberam. Tem muita luz na mente, mas não tem fogo no coração, seu conhecimento encheu sua mente, mas não desceu ao íntimo do coração fazendo com que vivam de modo digno desse conhecimento.

Amado irmão, Deus te deu o privilégio ser um filho dele, um embaixador do seu Reino na terra, viva de modo digno desse privilégio. Que a tua luz brilhe diante dos homens e eles glorifiquem ao Pai. Viva de modo digno e irrepreensível, como alguém que não tem do que se envergonhar ou ser acusado por ninguém. Que o conhecimento que Deus te deu não ensoberbeça seu coração, mas que se transforme em frutos de santidade e piedade na presença de Deus. Que esse conhecimento te leve a amar mais o Senhor e se dedicar mais a ele em oração e comunhão. D. L. Moody disse que “as Escrituras não nos foram dadas para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar as nossas vidas”. Que o conhecimento que você tem buscado na Palavra de Deus te faça um servo mais parecido com Cristo. Que você compartilhe esse conhecimento com os que não têm para que também possam amar a Cristo.

2º O perigo de acusarmos a Deus de infiel. V.3-4

Texto: Paulo responde a objeção de que Deus falhou em suas promessas por causa da infidelidade dos judeus.

2ª Acusação: V.3 - A segunda acusação que Paulo responde está relacionada a ideia apresentada no Evangelho de que os judeus foram incrédulos porque rejeitaram a Cristo, por causa disso Deus teria quebrado as suas promessas para com Israel. A promessa de Deus é que ele separou Israel para ser seu povo e eles seriam luz para as nações, seriam seu povo de propriedade exclusiva, e ele seria seu Deus. O Senhor fez várias promessas de que ainda que uma mãe viesse a esquecer de seu filho o Senhor não esqueceria de seu povo, ele não se esqueceria de Israel, ainda que seus pecados fossem muitos, o Senhor os perdoaria e os faria mais alvos que a neve. Mas olhando superficialmente ao ensino de Paulo ao comparar a condenação dos judeus juntamente com a condenação dos gentios, eles pensaram que Deus rejeitou totalmente os judeus e quebrou sua promessa feita aos patriarcas.

A ideia deles é que para Paulo Deus rejeitou os judeus por causa dos seus pecados, que Deus se cansou de perdoar os pecados de Israel e agora os deixou. Que o fato de Israel ter sido incrédulo e ter rejeitado a Cristo foi a motivação para Deus anular sua Aliança com Israel. Essa é uma acusação muito séria também, pois ela não é apenas uma acusação contra Paulo, mas outra acusação contra Deus. Eles estavam chamando a Deus de infiel, como se a fidelidade de Deus dependesse da fidelidade dos homens. Como se Deus tivesse se decepcionado porque Israel foi infiel a ele e também tivesse quebrado a aliança agindo para dar o troco por isso.

Essa pergunta é tão terrível porque acusa Deus de ter falhado em seu plano de redenção. Como se Deus tivesse insistido e insistido com Israel, mas falhou em seu plano porque Israel reijeitou a ele. Então Deus estava agora com um plano B escolhendo outro povo para dar continuidade a esse plano, que seria a Igreja. Todas as juras e declarações que Deus fez a Israel pareciam ter falhado. Por isso a objeção desses homens.

A Resposta: V.4 - A resposta de Paulo a esses homens é muito direta e clara. Ele diz: De modo nenhum! A expressão “seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem”, pode ser explicada dizendo que por mais que os homens sejam infies, Deus permanece fiel, ainda que todos os homens sejam mentirosos, Deus permanece verdadeiro. A mentira dos homens não invalida a verdade de Deus, a infidelidade do homem não anula a fidelidade de Deus. Paulo está dizendo que por mais que Israel tenha rejeitado a aliança e tenha pecado de forma incédula diante de Deus, o Senhor cumpriu cabalmente e plenamente a sua promessa aos pais. Deus não é movido pela vontade da criatura, sua vontade não está condicionada à suas criaturas, porque ele não é criatura, ele é Criador! E o Criador determina tudo conforme seu próprio decreto! Ele não deve satisfação alguma aos homens.

A parte final do versículo é uma citação do salmo 54.5 que diz: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar”. Salmos 51:4. Para entendermos melhor o que Paulo está citando aqui precisamos entender o contexto no qual o Salmo está. Esse Salmo 51 foi escrito por Davi quando adulterou com Bate-Seba e planejou a morte se seu marido Urias. Quando Davi foi confrotado pelo profeta Natã ele reconheceu profundamente seu pecado e escreveu este salmo como uma oração de confissão a Deus. Aqui, Davi reconhece seu pecado e diz que fez o que é mau aos olhos do Senhor, isso faz dele injusto, mas o juízo de Deus é justo, o julgamento e as Palavras de Deus permanecem justas. Com essa citação, Paulo conclui esse pensamento dizendo que se somos infies, Deus permanece fiel, se somos mentirosos, Deus é verdadeiro e se somos injustos e dignos de condenação, Deus permace justo em todos os seus juízos.

Deus não falhou em sua promessa, mas no capítulo 9 Paulo volta ao assunto que trata aqui dizendo: “E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa”. Rm 9.6–8. Nestas Palavras o Apóstolo diz que Deus não falhou nas promessas a Abraão, pois as promessas a Abraão não foram feitas para os judeus que nasceram apenas segundo a carne, ou seja de uma descendência humana, mas aqueles que creram na promessa de Deus, estes são os verdadeiros judeus. Deus, não falhou na sua promessa! Deus não foi infiel! Eles que entenderam errado a verdade de Deus! Esse é o grande perigo de uma má compreensão do Evangelho, ela nos leva a ter um entendimento errado de quem é Deus.

ILUSTRAÇÃO

Uma das histórias de amor mais belas, porém difíceis é a história de Oséias, o profeta. É um dos livros da Bíblia que mais encanta meu coração. Deus ordenou que Oséias tomasse uma mulher para se casar com ela, mas o detalhe é que esta mulher era uma prostituta. Oséias deu dignidade, um nome e honra para aquela mulher, eles tiveram três filhos juntos, mas como era de se esperar Gômer deixou seu marido e foi em busca de seus amantes, abandonou o convívio do lar para viver em um prostíbulo. Aquela mulher gastou toda sua vida, beleza e juventude com outros homens. Quando não servia mais pra nada ela foi jogada para ser vendida com uma escrava, sem valor em uma sarjeta. Oséias então a tomou, pagou um preço por ela, a levou de volta pra casa, devolveu a ela sua dignidade, perdoou suas traições e declarou todo seu amor ao coração daquela mulher. Mesmo quando ela estava com seus amantes Oséias foi fiel a ela e se manteve puro aguardando seu retorno para casa.

Oséias representava aqui o próprio Deus e seu relacionamento com seu povo. Deus tomou Israel como sua propriedade, o amou, o deu uma terra, mas eles deixaram o Senhor por outros deuses, eles deixaram o Senhor pelos seus amantes. Mas apesar de tudo isso, Deus mostrou seu amor para com seu povo o tomando de volta para si e perdoando todo o seu pecado. Apesar da infidelidade de Israel, Deus se maneve fiel na sua Aliança. Não apenas fiel ao seu povo, mas fiel a ele mesmo. Porque ele não pode mentir e por isso jurou por si mesmo que não seria infiel nas suas promessas.

APLICAÇÃO

Aplicação: Deus é fiel e permanece fiel, mesmo que nós não sejamos fieis. Isso deve trazer conforto em nosso coração.

Se você é um salvo em Jesus Cristo, você precisa entender que seu relacionamento com Cristo não algo apenas superficial. Você não tem um contrato humano com Cristo por fazer parte da Igreja do Senhor, você não tem um relacionamento com Cristo baseado na sua frequência na igreja, ou por seu nome estar no rol de membros de uma denominação. Seu relacionamento com Cristo é um relacionamento Espiritual e Eterno. Ele foi firmado com você através da morte de Cristo na Cruz. Há uma Aliança entre você e Deus por meio de Cristo e essa Aliança não pode ser quebrada por nada nem neste mundo, nem no outro. O Israel segundo a carne, que era apenas da descendência de Abraão não tinha o privilégio e a segurança que você tem de ser o Israel Espiritual de Deus e sua Aliança com o Senhor não pode ser anulada. Ela é a nova e eterna aliança no sangue de Cristo! Você já parou para pensar o que isso significa?

Alguns crentes têm diminuido o padrão de Deus em seus corações, eles têm feito acusações seríssimas contra Deus em sua vida prática, eles têm vivido como se Deus fosse um marido traído que está pronto para dar o troco em sua esposa por suas traições, eles se acusam, como se Deus estivesse pronto a deixá-los no primeiro deslize que derem no pecado. Talvez você esteja vivendo um relacionamento de barganha com Deus, talvez você tenha vivido um relacionamento com Deus no qual você pensa que todas as vezes que você peca Deus te abandona e te condena novamente ao inferno, daí você tem que buscar conquistar novamente o coração de Deus para que ele te perdoe e te aceite de volta no céu. Como um namoradinho que briga com a namorada e precisa fazer coisas para reconquistar seu coração, entrega flores, manda cartas, etc. Do mesmo modo você age quando acha que precisa dar um tempo em seu relacionamento com Deus para que ele esqueça o pecado que você praticou, ou que precisa orar tanto tempo para que ele te absolva do seu pecado, ou que deve viver uma vida moralmente correta pra que Deus te aceite de volta.

Meu querido, você nunca poderá ser fiel a Deus plenamente! Você jamais poderá agradar a Deus de todo o coração por causa do seu pecado que ainda habita em você. Por mais que você busque viver a vida mais moralmente correta, isso não fará de você um salvo em Jesus Cristo! As nossas obras diante de Deus não passam de trapos de imundícia na presença do Deus Santo. Diante da verdade de Deus só há mentira em nossos coração! Diante da justiça de Deus só há injustiça em nosso coração! Diante da fidelidade de Deus só há infidelidade em nosso coração. Um só pecado já é suficiente para lançar um homem no inferno, quanto mais os pecados que temos acumulado em nossas vidas. Isso prova que somos infieis demais para chegar a Deus pelos nossos esforços pessoais.

Mas é aqui que entra a Fidelidade de Deus. Se você de fato é um salvo em Jesus Cristo, se você entregou sua vida e seu coração a ele, se você entende que sua salvação é garantida pelo sacrifício de Cristo na cruz somente, se você faz parte da Aliança então você precisa aprender a descansar na fidelidade de Deus. Isso significa que você está seguro nas mãos do Senhor hoje, amanhã e eternamente. Porque sua segurança não depende da sua fidelidade a Deus ou daquilo que você faz pra que Deus te ame mais, porque Deus te ama apesar de você. Sua salvação está segura porque Cristo fez a você essa promessa em sua Palavra e por isso ele não pode e nem vai voltar atrás nessa promessa. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. Efésios 2:8,9. Deus não precisa de sua ajudinha para que você seja salvo, a Salvação é obra exclusiva de Deus por meio da morte de Cristo.

Sua infidelidade jamais poderá anular a fidelidade de Deus, por mais que você caia em algum pecado ou deseje se afastar do Senhor, ele jamais sentirá o mesmo por você! Se você faz parte da descendência espiritual de Abraão, se você faz parte da Aliança do Calvário, nada e ninguém poderá arrebatá-lo das mãos do Salvador. “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Romanos 8:38,39. Confie em Cristo, descanse na fidelidade de Cristo! Se nós somos infieis, ele permanece fiel!

3º O perigo de acusarmos a Deus de injusto. V.5-8

Texto: Paulo responde a objeção de que Deus é injusto por aplicar sua ira, já que a injustiça dos pecadores revela melhor a justiça de Deus.

3°O perigo de acusarmos Deus de injusto

3° Acusação: V.5 - A objeção dos judeus a Paulo poderia ser ainda mais profunda. Essa última acusação que eles fazem contra o ensino de Paulo na verdade tem duas perguntas, uma no versículo 5 e outra no versículo 7. Mas as duas têm um só sentido que é o de afirmar que o Deus que Paulo pregava era injusto em seu julgamento. Primeiro vejamos o versículo 5. O ensino de Paulo afirmava que Deus é justo em punir os pecadores com a sua ira por causa da sua rebeldia contra ele, porque é no julgamento dos pecadores que a justiça de Deus se revela de forma mais clara. Além disso, Paulo mostrou que se a injustiça do homem é colocada lado a lado da justiça Deus é aí que Deus se revela infinitamente mais justo e Santo. Sua justiça não pode nem ser comparada a nossa. Portanto, nossa injustiça serve apenas para mostrar como Deus é justo em nos julgar.

Então é aí que entra a pergunta: Se a nossa injustiça faz a justiça de Deus ser vista, então Deus não deveria nos punir. É como se eles estivessem dizendo que Deus deveria agradecer a eles pelo seu pecado fazer sua justiça tão clara. E que por isso Deus seria injusto se os condenasse. Veja que pensamento maligno! Essa acusação de que Deus é injusto é tão séria que Paulo se explica no final do versículo dizendo que quem fala isso são os homens, os seus acusadores, não ele, para que ninguém pensasse nada errado das suas palavras.

Breve Resposta: V.6 - Paulo dá então uma breve resposta sobre isso no versículo 6: Óbvio que não! Deus não pode ser injusto, como ele poderia julgar o mundo com justiça se fosse injusto como o mundo é? O que dá a Deus o direito ser o juiz de todo o universo e de todos os homens é que diferente dos homens que pendem para a injustiça o caráter de Deus é justo, santo e perfeito. Nele não há pecado! Ele é o Reto Juiz.

2° Parte da Objeção: V.7- a segunda pergunta que esses judeus poderiam fazer a Paulo no mesmo argumento está no versículo 7. Eles usaram a mesma lógica do versículo 5. Antes eles disseram: Deus não deveria nos condenar pela nossa injustiça, porque a nossa injustiça faz a justiça de Deus ser mais evidente. Agora eles dizem o mesmo relacionando à mentira. Eles dizem que se sua mentira faz a verdade de Deus aparecer, então eles deveriam continuar mentindo pra que Deus fosse mais verdadeiro. Deus seria injusto para eles se os condenasse, já que sua mentira faz tão bem à verdade de Deus. Deus é glorificado quando sua verdade aparece, então, para fazer a verdade de Deus mais evidente, vamos mentir a vontade.

Esse argumento dos judeus, tanto na primeira como na segunda pergunta é resumido no versículo 8, a parte inicial. Eles estavam acusando Paulo de dizer que deveriam viver no pecado para que a graça de Deus fosse mais abundante nas suas vidas. Já que somos salvos pela graça e não pelos nossos esforços, já que somos salvos pelos méritos de Cristo e não pelos nossos, podemos viver como bem entendemos. Era essa objeção ao ensino de Paulo. É aqui que podemos entender melhor os versículos anteriores. Eles diziam: Vamos pecar para que a graça de Deus seja mais abundante. Vamos aproveitar a nossa liberdade como crentes. Já que somos cristãos e não precisamos seguir a lei, vamos viver como se não existisse lei. É um problema chamado antinomialismo que é a ideia de viver sem Lei, já que a Lei não garante a salvação.

A Resposta final: V.8 - Esse problema é tão sério que Paulo não perde tempo nem dando mais uma resposta a esse grupo. Ele não faz mais como nas perguntas anteriores, ele apenas termina: A condenação destes é Justa! Não há desculpa para os que acusam Deus de injustiça ou que se aproveitam da graça e da justiça de Deus para viver no pecado. Os que se aproveitam da Graça de Deus para pecar, por mais que afirmem que creeem em Cristo, apenas provam que jamais entenderam o Evangelho verdadeiro.  O Deus a quem eles acusaram de injusto agiria de forma muito justa os condenando por sua rebeldia.

ILUSTRAÇÃO

Há um tempo ouvi uma história sobre uma pessoa que fez parte de uma igreja evangélica por alguns anos, mas que abandonou a igreja para viver uma vida totalmente devassa, o problema maior é que mesmo em toda vida no pecado ainda continuava afirmando por onde ia que era crente em Jesus Cristo. Quando questionada sobre como podia ser crente vivendo uma vida tão promíscua essa pessoa respondia: Fui salvo pela graça e uma vez salvo, salvo para sempre. O meu pecado não vai me fazer perder a salvação.

Era disso que o apóstolo Paulo estava sendo acusado. Eles diziam que a pregação de Paulo poderia levar as pessoas a viver uma vida imoral porque ele pregava um Deus injusto.

Veja que ideia diabólica!

APLICAÇÃO

Aplicação: Deus não tomará o pecador por inocente, pois ele requer santidade dos seus eleitos. A eleição não invalida nossa responsabilidade.

Muitas pessoas e até crentes em Cristo nos acusam de pregar a mesma coisa. Muitas pessoas dizem que as doutrinas da Graça são desculpa para pecarmos, se somos salvos pela graça e não pelas obras, podemos viver como queremos, apenas confiando na graça. As pessoas que afirmam isso nos condenam como presbiterianos que somos dizendo que pregamos uma graça barata, que não existe esforço algum do homem para a salvação. Eles afirmam que o Deus a quem pregamos é um Deus injusto: “Quem já se viu essa história de Deus eleger quem ele quer salvar? Isso não seria injustiça da parte de Deus? Se fosse apenas pela eleição, Deus não seria injusto?”

Mas queridos, é certo que muitas pessoas estão dentro da igreja vivendo essa graça barata, que não é a Graça verdadeira de Deus, eles usam a doutrina da graça para continuar vivendo na prática do pecado, afirmando que podem usar da liberdade cristã para se entregar a todos os prazeres da carne. Mas o fato dessas pessoas agirem assim não invalida a doutrina da Graça de Deus. Porque essa doutrina não é doutrina de homens, essa doutrina não foi inventada pelos teólogos da igreja, nem por Calvino, nem por outro homem qualquer, essa doutrina de que somos salvos somente pela graça e não por qualquer esforço humano é uma doutrina Bíblica portanto foi o próprio Deus que determinou que seria assim. Você pode não concordar com essa doutrina, mas não poderá rasgá-la da Bílblia! Se você não concorda com essa doutrina não é comigo que você tem que discutir, não é com Calvino, não é com nenhum dos teólogos da Igreja, é com Deus que você deve discutir, é dele que você discorda. Os maus exemplos não ivalidam a graça, se as pessoas entendem errado a graça de Deus, eles é que comparecerão perante o tribunal de Cristo para prestar contas dos seus atos. Se você tem acusado o Deus a quem pregamos de injusto, como você fica diante das Palavras de Paulo em Romanos 9.14-16 : “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. Rm 9.14–16.

Sim amados, somos salvos apenas pela Graça de Deus mediante a fé, isso não vem de nós, mas é dom de Deus. Mas como já dissemos, privilégios implicam em responsabilidades, aqueles que receberam a Graça de Deus devem viver de modo digno da Graça que receberam. Você jámais pode ser salvo pelas suas obras, mas se você é um salvo em Jesus Cristo é impossível que a sua vida não revele os frutos dessa salvação. Nossas obras, nossa santidade, nossos frutos são a prova de que somos salvos na pessoa de Jesus Cristo. A mesma graça de Deus que é derramada em sua vida para a salvação é também derramada em sua vida para que você viva um novo viver em Cristo. A prova de que você foi salvo por Cristo é o quanto você tem se parecido a cada dia com Cristo. Se a imagem de Cristo não tem sido aperfeiçoada em seu caráter, você deve repensar imediatamente se Cristo já é o Senhor da sua vida.

Muitos crentes reformados, presbiterianos afirmam e se orgulham de que conhecem as doutrinas da Graça, eles sabem explicar essa doutrina, eles brigam por essa doutrina, discutem no Facebook por ela, eles estão convictos que é uma doutrina bíblica, mas essa doutrina não tem feito diferença em sua vida. Ela está na sua cabeça e na sua boca, mas não está em sua vida prática. Eles dizem que foi para a liberdade que Cristo os libertou, eles não vivem mais debaixo da lei, mas muitas pessoas usam essa doutrina para viver no pecado, elas começam a usar e consumir tudo o que o mundo oferece usando essa desculpa de que tem liberdade em Cristo para fazer o que bem entendem. Eles usam a liberdade de Cristo para voltar à escravidão. Eles começam a se envolver com bebida, afinal eu tenho liberdade para isso, e quando menos percebem estão saindo de um bar com as pernas trôpegas. Eles dizem que tem liberdade para fumar charuto, cigarro, cachimbo, afinal, se grandes teólogos fizeram isso no passado eu tenho liberdade para fazer também, e quando menos percebem estão dependentes de algo que não conseguem mais se livrar. Eles dizem que tem liberdade, por isso dentro da mesma igreja se envolvem com vários homens, várias mulheres, em relacionamentos que são pura diversão. Eles dizem que tem liberdade, por isso para ter vantagem em seus negócios, empregos, na sua renda, eles cometem pequenos deslizes para ter lucro. Eles querem ganhar algum privilégio, por isso dão o velho jeitinho brasileiro, eles furam filas, adulteram documentos, mentem… Eles pensam: Eu sou salvo pela Graça, eu não vou perder a salvação por isso, por isso não importa se eu fizer.

Talvez até de forma inconsciente você tenha se aproveitado da Graça de Deus para pecar. Talvez quando você quer fazer aquilo que você sabe que desagrada a Deus, mas você pensa: É só agora, só dessa vez, Deus vai me perdoar por esse pecado, afinal eu sou salvo pela graça. Talvez você esteja pedindo perdão a Deus por antecipação, confiando que a Graça dele vai te oferecer o perdão depois do seu pecado. Você fez toda uma teologia na sua mente para pecar contra o Senhor.

Meu querido ouvinte, se você está entre esses que tem usado a graça de Deus para permanecer no pecado, eu afirmo que provavelmente você não recebeu ainda em sua vida essa graça salvadora. Você poder ter toda doutrina da graça em sua mente, seus conceitos podem estar na ponta da sua língua, mas se sua vida não tem sido influenciada por esta doutrina, quer dizer que você ainda não a entendeu bem. Se você vive uma vida pecaminosa se apoiando na sua posição como um crente, talvez você esteja entre os que Paulo fala no final do texto: “A condenação destes é justa”. Talvez você esteja se apoiando na justiça de Deus para pecar, e será essa mesma justiça que condenará você pelo seu pecado se você não se arrepender imediatamente dele. Nossa doutrina implica em piedade!

Quando um crente entende que é um miserável pecador, que seu destino era o inferno, que ele merecia ser condenado pelo seu pecado, mas a Graça de Deus alcançou sua vida e o fez uma nova criatura, deu a ele o Céu com Cristo por toda eternidade, esse crente não se gloria pela graça que recebeu, mas ele se prostra em temor e tremor de joelhos na presença de Deus dizendo: Senhor louvado eternamente seja o teu nome por tua Graça em minha vida porque eu jamais poderia pagar o preço pelos meus pecados, mas Cristo pagou e agora sou filho. Esse crente não apenas deveria fazer isso, mas ele deveria desejar viver cada segundo da sua existência para a glória desse Deus. Ele deveria entregar toda sua vida para pregar para que os que não conheceram a Cristo recebam a mesma graça que ele recebeu e tenham a mesma alegria que ele tem. Ele deveria acordar pensando em viver para glória de Deus, devevia fazer suas obrigações diárias pensando na Glória de Deus, deveria dormir meditando na glória de Deus. Um crente em Cristo deve estar disposto a viver e morrer para a glória de Deus.