A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém

Exposições no Evangelho de João   •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 61 views
Notes
Transcript

Texto

Jo 12.12-19
No texto anterior vimos como Maria num gesto de fé e total entrega derrama aquele perfume caríssimo sobre o Senhor Jesus. Ela faz uma oferta valiosíssima, mas, valiosa não no sentido monetário, e sim no sentido da intenção que ela tinha com aquilo.
Jesus por sua vez interpreta o ato de Maria como um prenúncio de sua morte. Ele interpreta aquilo como sendo seu corpo tendo sido ungido para o sepultamento.
Hoje, vamos analisar como as coisas acontecem na sequência. Vamos ver como esse Jesus, que fez tantos milagres entra triunfalmente na cidade de Jerusalém, mesmo correndo risco de vida, afinal os fariseus e os líderes judaicos querem matá-lo. E o que significa essa entrada de Jesus na grande cidade montado num jumentinho.
12-No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém,
Estamos próximos da páscoa. A páscoa era uma festa instituída por Deus no antigo testamento para celebrar a libertação do povo de Israel da escravidão egípcia.
Êxodo 12.1–14 RA
1 Disse o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito: 2 Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano. 3 Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família. 4 Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número das almas; conforme o que cada um puder comer, por aí calculareis quantos bastem para o cordeiro. 5 O cordeiro será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito; 6 e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde. 7 Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; 8 naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão. 9 Não comereis do animal nada cru, nem cozido em água, porém assado ao fogo: a cabeça, as pernas e a fressura. 10 Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis. 11 Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor. 12 Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. 13 O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito. 14 Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.
Observe, o versículo 14 diz “o celebrareis por estatuto perpétuo”. Ou seja, essa festa deveria ser celebrada ano a ano por todo o sempre. Era umas das maiores festas celebradas em Israel. Judeus vinham de todo o canto para celebrarem. E como se tratava de uma festa que durava sete dias, (Êx 12.15), uma multidão ficava por pelo menos uma semana em Jerusalém, que era a capital.
O cenário aqui é este então, Jesus está vindo de Betânia para Jerusalém, uma multidão o acompanha desde Betânia, agora, as pessoas que estavam em Jerusalém quando recebem a notícia de que, aquele que havia ressuscitado Lázaro dos mortos viria para a festa saem ao seu encontro. Temos aqui muita gente, o encontro de duas multidões, a que vem acompanhado Jesus, e a que sai a sua procura.
13-tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!
Temos aqui algo muito simbólico. A multidão de repente corta folhas de palmeira e começa a acenar como sinal de alegria. William Hendriksen diz o seguinte sobre essa questão: “Nas Escrituras, a palmeira, com sua perene folhagem e notável longevidade (constantemente sustentada pelo vigor fresco de suas raízes profundas), crescimento majestoso e aparência imponente (seu tronco se destacando acima da terra e sua magnífica coroa de folhas), é um símbolo da justiça e do vigor espiritual dos filhos de Deus (Sl 92.12).
Segurar nas mãos o lulav - ramos de palmeira com murta e salgueiro de cada lado -, conforme o mandamento divino (Lv 23.40) e sacudi-lo era a maneira dos filhos de Israel expressarem sua alegria durante a festa dos Tabernáculos. Aqui em João 12, o simbolismo era o mesmo. A multidão brandia os ramos de palmeira em sinal de regozijo e de triunfo. Agora a última vitória (prosperidade, “salvação”, concebidas conforme a ideia terrena) parecia assegurada, pois, se este Jesus era capaz de ressuscitar um homem morto que estivera no túmulo por quatro dias, onde estavam os limites de seu poder? Sob o comando de um líder como este, eles poderiam até mesmo livrar-se do jugo romano!
Obs: Vale lembrar que o que motiva a multidão a todo esse ato simbólico e festivo é o fato de Jesus ter ressuscitado Lázaro dos mortos. É por causa desse milagre que temos todos os desdobramentos de agora pra frente.
O fato é que não apenas hoje, mas também naquele tempo os ramos de palmeira eram considerados o emblema não apenas de regozijo, mas de vitória e prosperidade.
“Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel”.
Todo o pano de fundo dessa cena nos leva, inevitavelmente, a algumas inferências, observe:
1- A páscoa estava próxima, na páscoa celebrava-se a libertação dos israelitas do Egito.
2- Deus havia usado Moisés para, poderosamente, “livrar” o povo das garras de Faraó.
1- ligação: O povo de Israel sofria já há alguns anos com a dominação estrangeira. Vários impérios passaram por ali e dominaram aquela região, eles davam certa liberdade religiosa aos judeus, mas, ainda assim os impostos eram pesados, e o povo era oprimido e sofria muito com toda essa situação.
Desde os babilônios em 586 a.C. que esse povo não têm paz. Nós estamos estudando os livros históricos nas quartas, e na última quarta eu mencionei o quanto a geografia bíblica é importante para entendermos melhor o texto bíbliico. Com base na geografia bíblica nós vimos que Israel fica num local muito estratégico, principalmente no mundo antigo.
Israel está na borda do mar mediterrâneo e o local é uma verdadeira ponte entre três continentes. A sul você tem a África, ao Leste você tem a Ásia e ao Oeste você tem a Europa. Qualquer coisa que precisasse passar para a Ásia, ou, vindo da Ásia passar para a Europa e África passaria por Israel. Com base nisso, todos os grandes impérios que dominaram o mundo antigo, automaticamente dominaram o território de Israel.
Enquanto o povo de Israel se manteve fiel a Deus, respeitou às leis de Deus, Deus manteve os inimigos afastados, porém, quando o povo começa a sistematicamente desobedecer a Palavra de Deus, diversos inimigos vieram e pilharam a região. Por causa da idolatria, imoralidade, e toda sorte de males, primeiro vieram os Assírios em 722 a.C. No entanto, Ezequias que reinava em Judá na época era um rei temente ao Senhor, ele ora a Deus e com a ajuda do profeta Isaías recebem o livramento. Jerusalém se mostra inexpugnável. Os Assírios dominam tudo, mas não conseguem entrar em Jerusalém. Deus envia o seu anjo e em apenas uma noite 185 mil soldados assírios morrem.
Porém, o tempos passa, o filho de Ezequias, o rei Manassés é um rei perverso, e Deus decide entregar Judá aos inimigos. Passa-se o reinado de Josias, que foi um homem temente a Deus, mas os babilônios vem com Nabucodonosor em 586 a.C.. Foi terrível, foram 3 deportações, e na última os judeus tentaram resistir, mas os babilônios entraram na cidade, destruíram tudo, derrubaram o templo, derrubaram os muros da cidade, e levaram o povo como escravo para a Babilônia.
Quando o império babilônico cai vem os Persas sob a liderança de Ciro. Ciro permite que o povo retorne para seu país, e permite que eles reconstruam a cidade e os muros. O povo goza de uma certa tranquilidade durante um tempo. O templo é reconstruído por Zorobabel.
Daí vêm os gregos,acontece que o império grego dura pouco tempo e com a morte de Alexandre ele logo se fragmenta. Mas a fragmentação do império grego foi pior para os Judeus porque o lugar ficou entre o malho e a bigorna com as disputas entre os ptolomeus do Egito e os selêucidas da Síria. Os ptolomeus são derrotados e daí vem o domínio selêucida, e a coisa pega também porque um dos motivos do povo ter sido exilado em 586 foi a idolatria, agora eles não querem nem chegar perto de nada que remeta a idolatria. E um dos selêucidas, Antíoco Epifânio, tenta instalar uma estátua de Zeus dentro do templo em Jerusalém, além de sacrificar porcos, coisa que era terminantemente proibida na religião judaica. Isso vai levar a grande revolta dos Macabeus.
Os Macabeus conseguem expulsar os selêucidas, mas algum tempo depois, por causa das diversas intrigas interna um deles busca ajuda com os romanos, o império que estava em expansão na época, e como consequência, agora são os romanos que dominam.
Os romanos são idolatras, tem um estilo devida devasso, homossexualismo, perversões sexuais de todo tipo, além de uma crescente violência e opressão. Os impostos são altíssimos, a repressão é enorme. Os judeus tinham sim liberdade de culto, mas viam essa liberdade constantemente ameaçada. Sem contar que para a cultura judaica, ver diariamente gentios transitando por suas ruas e dominando sobre suas cidades não era uma coisa aceitável.
Temos então um quadro de pobreza, miséria, violência, desigualdade, religiosidade excessiva e abandono da real lei de Deus. Por essas e outras coisas é que eles anseiam um messias. Anseiam um libertador. Esperam confiantemente alguém que, a exemplo dos Macabeus, expulse os romanos e os liberte. Vários “falsos messias” surgiram nessa época, com armas em punho, liderando revolucionários, mas Roma derrotou e matou cada um deles. Mas para o povo, parece que Jesus é diferente, Jesus trouxe um morto de volta a vida, se alguém rompeu as barreiras da morte pode muito bem lidar com esses romanos.
2- ligação: E agora, depois de 400 anos sem um profeta, sem aparecer alguém fazendo sinais, sem aparecer alguém enviado por Deus, aparece Jesus. Jesus aparece curando enfermidades impossíveis de serem curadas, Jesus multiplica pães e peixes, e por último, Jesus ressuscitou um morto de 4 dias. Se tem alguém poderoso, semelhante a Moisés, que também apareceu num período de opressão e dificuldade, esse alguém é Jesus. Logo, o povo transfere para Jesus suas expectativas, mas que fique claro, não são expectativas messiânicas no sentido profético, são sim, expectativas de que Jesus expulse os romanos e se assente no trono de Davi. Eles esperam um messias político. Por isso eles vem gritando: Hosanas!
João 12.12–19

“Hosana!” Trata-se de uma forma derivada do verbo salvar no imperativo, e significa “salve agora”, ou “salve, ore”. É uma súplica dirigida a Jeová pelo adorador, que está convencido de que a hora certa para total libertação finalmente chegou. No espírito de alegria e de triunfo próximo, ele ora a Javé para que a salvação prometida não demore mais. Significa: “Nós te imploramos, ó Javé. Salva-nos agora.”

Eles tomam essas expressões do Sl 118.25
E eles seguem citando o Salmo, veja: Sl 118.26
14-E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou-o, segundo está escrito:
15-Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta.
Aqui a coisa fica interessante. Enquanto eles esperam um Messias político. Enquanto eles saúdam um messias guerreiro que na cabeça deles vai livrá-los do jugo romano. Jesus não interpreta dessa forma. Um rei guerreiro entrava na cidade montado num belo cavalo. Num cavalo grande de batalha, num cavalo vistoso e bonito. Um rei nunca escolheria um jumentinho de carga! E o que Jesus faz? Jesus não quer um cavalo, Jesus quer o jumentinho. E é assim que ele faz sua entrada triunfal. Isso é magnífico!
Aplicação: Isso é magnífico porque é exatamente assim que Deus age conosco. Temos nossas aspirações, temos nossos desejos e a gente sempre tende a projetar tais desejos em Deus. Ou seja, imaginamos que Deus quer o que queremos, e que Deus fará o que pensamos. Daí enquanto estamos esperando o Senhor vir num grande cavalo branco, com trovões e trombetas, o Senhor envia alguém montado num jumentinho. Ou então o Senhor aparece, mas ele não vem pra guerrear nossas guerras, ele não vem para lutar nossas lutas, ele vem pra nos mostrar que nossos desejos, nossas aspirações não são nada perto daquilo que realmente precisamos e nem nos damos conta. Ele vem pra nos mostrar que os pensamentos dele não são os nossos, e que não é Deus que tem que querer o que queremos, que tem que desejar o que desejamos, mas sim, nós é que temos que querer o que Ele quer. O poder dele não serve de vitrine pra direcionarmos ele para nossos anseios, o poder dele serve de ímã pra nos atrair à seu querer e sua vontade.
O ato de Jesus não foi aleatório, João é enfático no fato de que isso era cumprimento da profecia de Zacarias.
Zacarias 9.9 RA
9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.
16-Seus discípulos a princípio não compreenderam isto; quando, porém, Jesus foi glorificado, então, eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele e também de que isso lhe fizeram.
Os discípulos novamente aqui são apresentados como tardios para compreender certas coisas. Nesse caso são tão tardios que só vão entender quando Jesus foi glorificado, ou seja após sua ressurreição. Em outras palavras, eles só fazem a ligação do que Jesus fez com a profecia de Zacarias após a ressurreição do Senhor.
17-Dava, pois, testemunho disto a multidão que estivera com ele, quando chamara a Lázaro do túmulo e o levantara dentre os mortos.
18-Por causa disso, também, a multidão lhe saiu ao encontro, pois ouviu que ele fizera este sinal.
Aqui temos as multidões conversando! Ou seja, a multidão que veio acompanhando Jesus reafirmava, testemunhava sobre a ressurreição de Lázaro. A multidão que vem de Jerusalém, vem por ter ouvido que Jesus havia feito isso, agora as pessoas conversam entre si. É como se as pessoas dissessem: “é verdade que ele ressuscitou um homem?”, a que os outros respondiam: “Sim, é verdade, eu estava lá, eu vi”. Com isso ambos gritavam, o saudavam, ficavam eufóricos.
19-De sorte que os fariseus disseram entre si: Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele.
A reação dos fariseus, que nesse momento já estavam decididos a matá-lo não poderia ser outra. Eles estão indignados. Quando veem que as multidões estão seguindo a Jesus, cresce neles uma revolta e um ciúme a ponto deles dizerem que o “mundo vai após ele”. Ou seja, vejam, precisamos fazer alguma coisa, todos estão indo atrás dele. E aqui, precisamos ponderar algumas coisas. Enquanto das outras vezes que a multidão tentou saudar Jesus como rei ele rejeitou, dessa vez, ainda que mostre que não está vindo exatamente como o povo imaginava, mas ele vem. Ele entra em Jerusalém. O ódio contra ele é grande, ele sabe que corre perigo e que morrerá, mas ele vem. Ele não foge. Ele vai até o fim para cumprir a missão que o Pai lhe deu.
Aplicação:
O que você espera de Deus?
O que você deseja que Deus faça por você?
Agora pense, o que você acha que Deus espera de você?
Como está sua vida espiritual?
Como está sua vida com Deus?
Quanto tempo você tira pra Deus?
As vezes estamos cheios de reivindicações para com Deus, cheios de eu desejo isso, eu desejo aquilo, enquanto falhamos miseravelmente em ter realmente uma vida com Deus. Os judeus confiavam no templo, confiavam nos muros, caíram na idolatria, caíram no abandono da lei de Deus. Deus então envia os babilônios, eles pisoteiam o templo, destroem tudo, queimam tudo, levam os utensílios embora. Os muros são derrubados, só restou entulho e poeira. Foi necessário tudo isso para o povo acordar! O que será necessário para você acordar?
O povo esperava um libertador político, Jesus veio como um libertador espiritual, às vezes, não é que Deus não esteja respondendo suas orações, acontece que ele sabe exatamente nossas reais necessidades, e não age de acordo com nosso pensamento. Será que aquelas pessoas gritando hosanas, imaginavam que até o fim de semana aquele homem estaria cravado numa cruz lá no monte calvário? E aquilo tudo era por elas e para elas! Deus está agindo por você e para você, mas nem sempre da maneira que você imagina.
Corra pra Cristo! Reconcilie-se com Ele! Não espere serem enviados para sua vida os babilônios, persas, gregos, romanos, etc.. Corra enquanto é tempo!
Related Media
See more
Related Sermons
See more