Sermão em Gálatas 5.1-12: A FALSA E A VERDADEIRA RELIGIÃO

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Introdução

Na carta aos Gálatas, Paulo se concentra na defesa da liberdade cristã da Lei Mosaica como meio da aceitação do homem diante de Deus. Ele nos ensina que nossa salvação não depende das obras da Lei ou do esforço humano, mas sim da obra de Cristo na cruz do Calvário.
O objetivo de Paulo neste trecho é que os cristãos da Galácia permaneçam firmes no Evangelho da Liberdade Cristã e não retrocedam à escravidão do pecado.
Este trecho é marcado pelos contrastes entre a falsa religião e a verdadeira. A falsa religião é legalista, ou seja, ostenta o esforço humano como meio de salvação. A verdadeira religião, por sua vez, concentra a salvação na obra de Cristo e não no seu esforço.
Na falsa religião está o falso cristão, e na verdadeira religião está o verdadeiro cristão. O líder da falsa religião é o falso mestre, e o líder da verdadeira religião é o verdadeiro mestre.
O que nós vamos aprender hoje através destas distinções é que o Evangelho da Graça deve ser abraçado enquanto que o falso evangelho legalista deve ser repudiado.

I: Primeira Distinção: Falso Cristão x Verdadeiro Cristão (2-6)

Quatro verdades acerca do Falso Cristão (2-4)
Primeira: Ele menospreza o sacrifício de Cristo (2)
“Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá”
O problema não era a circuncisão em si, pois um corte na carne não faria efeito algum (v.6), mas, o que estava em jogo era a doutrina da aceitação do homem perante Deus.
Ao aderirem à doutrina da justificação pela Lei, os gálatas estariam menosprezando o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, por isso Paulo diz que “Cristo de nada lhes servirá”, isto é, o sacrifício tornaria inútil para vocês.
Segunda: Ele está obrigado a cumprir toda a Lei (3)
“De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a cumprir toda a Lei”
Talvez os gálatas pensavam que apenas sendo circuncidado resolveria o problema, mas Paulo vai além demonstrando a eles que não se pode escolher uma parte da Lei para observar.
Cumprir toda a Lei era um fardo pesado a se carregar. Digo mais: é impossível de se carregar!
Terceira: Ele está separado de Cristo (4)
“Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo”
O verbo kartageo (separar) tem o sentido aqui de ser liberado de um privilégio. Ele também era usado para descrever as pessoas desempregadas, uma vez que não possuíam mais este privilégio.
Ao procurar ser aceito por Deus mediante a observação da Lei, o homem perde o privilégio de ser aceito pela fé em Cristo, o único que cumpriu toda a Lei, e que pôde cumpri-la, diga-se de passagem.
Quarta: Ele caiu da graça
“caíram da graça”
Como consequência de perder o privilégio da aceitação pela fé em Cristo, o homem que decide ser aceito por Deus de outra forma, caiu da graça. Ou seja, desviou-se da graça de Deus, apostatou-se da fé.
A fé é a marca do Cristão verdadeiro (5-6)
Primeiramente devemos observar a mudança dos pronomes de “vocês” para “nós”. Paulo está contrastando os falsos cristãos dos verdadeiros, e se inclui aqui entre os verdadeiros. Ele também faz duas declarações sobre a fé do cristão verdadeiro:
Primeira: A fé é o meio pelo qual se obtêm a justiça (5)
“Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça, que é a nossa esperança”
A vida do cristão é uma vida no Espírito. O cristão não confia em sua carne para receber a salvação final. O Espírito o habilita a aguardar a justiça vindoura, ou seja, o estado de retidão perfeita, e isto é a sua esperança.
Segunda: Em Cristo Jesus, o que importa é a fé (6)
“Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor”
A circuncisão ou a incircuncisão não muda em nada a sua aceitação diante de Deus, o que tem efeito, de fato, é a fé.
Note que Paulo ensina também que a fé do cristão não é uma fé morta, mas sim uma fé que se revela em obras de amor.
Síntese do tópico
O que distingue o falso cristão do verdadeiro cristão é que o primeiro crê que será aceito diante de Deus pelo esforço próprio enquanto que o segundo crê na obra de Cristo como suficiente para a sua salvação.
Ilustração
Tentar alcançar a salvação pelo esforço próprio é como uma criança de três anos tentar carregar uma geladeira nas costas. É melhor pedir ajuda a quem realmente consegue. O verdadeiro cristão sabe da sua incapacidade e confia em Cristo a sua salvação.
Aplicação
Pare de pensar que seu esforço é suficiente para ser salvo. Esse pensamento é inútil, você não pode!
Confie sua salvação a Cristo de fato e não apenas da boca para fora. Procure agradá-lo em tudo e glorificá-lo. Viva uma vida santa e justa, mas não como meio para ser salvo e sim em gratidão porque é salvo.
Quando confiamos a Cristo a nossa salvação valorizamos a graça. Aqueles que confiam em si mesmo menosprezam a graça, está separado de Cristo e apostataram-se da fé.

II: Segunda Distinção: Falso Mestre X Verdadeiro Mestre (7-12)

Características do Falso Mestre (7-9)
Criam obstáculos que impedem a corrida cristã dos seus discípulos (7,8)
“Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade? Tal persuasão não provém daquele que os chama”
Uma das características do falso mestre é que ele cria obstáculos que impedem o cristão de obedecer o Evangelho de Cristo em sua jornada.
Paulo utiliza a metáfora do atleta para indicar que nós, cristãos, também participamos de uma corrida, a corrida da vida cristã.
No início os gálatas estavam correndo bem, mas os judaizantes, através dos seus falsos ensinos, estavam colocando barreiras à frente dos atletas cristãos que os impediam “de continuar obedecendo à verdade”.
A verdade aqui se refere ao Evangelho que liberta, e o legalismo era o obstáculo que os impedia de progredir na corrida.
Paulo relata que tudo aquilo que te atrapalha a correr a maratona cristã não pode vir de Deus, que é quem os chama.
Contaminam toda a comunidade com seus falsos ensinos (9)
“Um pouco de fermento leveda toda a massa”
Este era um provérbio comum entre as pessoas do tempo de Paulo.
O fermento aqui é o símbolo do falso ensino.
A massa representa toda a comunidade cristã na Galácia.
Desta maneira, o que Paulo está dizendo é que a heresia do legalismo iria contaminar toda a comunidade cristã na Galácia. Por isso, ele precisava ser extinguido.
O fim do Falso Mestre (10)
Sofrerá condenação divina (10)
“Estou convencido no Senhor de que vocês não pensarão de nenhum outro modo. Aquele que os perturba, seja quem for, sofrerá a condenação”
Paulo crê que os gálatas não pensarão de nenhum outro modo. Ele acredita que eles reconsiderarão os caminhos da graça e se voltarão para ele como no princípio.
Quanto ao falso mestre, seja ele quem for, sofrerá a condenação, isto é, o juízo divino.
Ainda que o falso mestre diga vir em nome dos apóstolos, o que era mentira, conforme vemos em Atos 15, ele não estava acima do Evangelho de Deus, e, por isso, sofreria a punição divina.
Característica do Verdadeiro Mestre (11)
Fidelidade à Palavra de Deus (11)
“Irmãos, se ainda estou pregando a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Nesse caso, o escândalo da cruz foi removido”
Não está claro aqui, mas, talvez Paulo estava sendo acusado de pregar a circuncisão. Mas, Paulo apela: vocês sabem das minhas perseguições! Está certo aqui que os cristãos da Galácia sabiam das perseguições de Paulo. Essas perseguições se davam pelos judeus, pois, para eles a cruz era escândalo. Desta forma, torna-se ilógico crer que Paulo estava pregando a circuncisão como meio da aceitação de Deus.
Paulo foi fiel à Palavra que recebeu de Deus. Aliás, esse é a marca de todo verdadeiro profeta!
O que se deve fazer em relação ao Falso Mestre (12)
Deve ser expulso (12)
“Quanto a esses que os perturbam, quem dera que se castrassem!”
A Versão Corrigida diz que Paulo queria “que [os judaizantes] fossem cortados”, e a Versão Atualizada diz “tomara até se mutilassem”. A ideia aqui é de castração mesmo!
Obviamente, Paulo não deseja literalmente que eles sejam castrados. A ideia por trás deste versículo, possivelmente é de exclusão, ou de expulsão dos judaizantes. Em Deuteronômio 23.1, é dito que pessoas castradas deveriam ser expulsas da assembleia do Senhor.
Síntese do tópico
Falsos mestres, bem como falsos ensinos, devem ser expulsos da Igreja, pois podem contaminá-la e destruí-la. A Igreja deve ouvir os verdadeiros ensinadores e os verdadeiros ensinos.
Ilustração
O verdadeiro mestre e o verdadeiro ensinamento são como o orvalho do céu que cai sobre um pé de laranja - o alimenta e o faz crescer. Já o falso mestre e seu falso ensino são como a erva daninha que cresce ao redor da planta tirando os seus nutrientes, impedindo-a de crescer e, por fim, matando-a. Por isso eles devem ser arrancados.
Aplicação
Antes de ouvir alguém procure observar a sua índole. Palavras bonitas nem sempre vem de um coração bom.
Depois de ouvir alguém procure julgar segundo a Palavra de Deus. Nem todos que dizem “assim diz o Senhor” são verdadeiros profetas!
Quando você ouvir um falso profeta e seu falso ensino, exclua-o logo, não apenas da sua mente, como também da sua comunidade. “Um pouco de fermento leveda toda a massa”
Se você observar a boa conduta de alguém e o seu bom ensinamento, dê valor. Você está diante de um homem de Deus.
Quando agimos assim, estamos demonstrando zelo pela Igreja do Senhor, e ele está sendo glorificado!

Conclusão

A falsa religião é aquela que coloca o poder no homem quanto a salvação. No fundo, gostamos disso. Queremos ser empoderados. Queremos conquistar o céu. Queremos fazer por merecer. A verdadeira religião, porém, humilha o homem e coloca todo poder em Deus. Nossa natureza pecaminosa não aceita isso. No entanto, se queremos continuar nessa corrida cristã, precisamos aceitar as regras do campeonato; é preciso obedecer a verdade estabelecida e aceitar que não somos capazes de conquistar, por nós mesmos, a nossa salvação.
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