Solus Christus
Reforma Protestante • Sermon • Submitted
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Introdução
Introdução
Estamos ainda no mês da Reforma Protestante, esse evento tão importante para o cristianismo e, porque não dizer, para o mundo todo. A Reforma mudou a forma como se vê a cultura, a política, e sobretudo, a religião.
Passamos pelas questões históricas, vimos como estava o mundo nos dois séculos anteriores à Reforma, havia fome, a Peste Negra havia matado cerca de 40% da população européia. Havia uma crise enorme no clero, que era corrupto, avarento, e praticamente todo ele afastado de Deus. Os pobres que tinham que lidar com a fome e às perdas, ainda eram extorquidos pela igreja, além de não serem atendidos pela igreja nas questões relacionada a fé.
Depois vimos um pouco sobre a vida de Martinho Lutero, monge agostiniano que, por meio de seus estudos da Sagrada Escritura consegue perceber os erros e abusos cometidos pela igreja, e se levanta veementemente contra isso, tendo como ápice o dia 31 de outubro de 1517 quando o mesmo afixa nas portas da igreja do castelo de Wittemberg as 95 teses.
Após isso, passamos a analisar as questões bíblico-teológicas da Reforma. Vimos na semana passada o conceito dos 5 solas da Reforma, que são uma sistematização dos ensinos dos reformadores.
Sola Scriptura - Somente a Escritura
Solus Christus - Somente Cristo
Sola Gratia - Somente a Graça
Sola Fide - Somente a Fé
Soli Deo gloria - Glória somente a Deus
No primeiro dos 5 Solas, vimos o papel da Escritura Sagrada na vida da igreja. Falamos sobre a inspiração divina e vimos como a Bíblia é inerrante e infalível. Na quarta feira eu dei continuidade e falei um pouco sobre os supostos erros que os críticos dizem encontrar na Bíblia e mostrei como isso não procede. (Venha na quarta feita, tem sido muito bom).
Hoje vamos falar sobre o segundo Sola que é: Solus Christus.
O que significa isso?
“O Solus Christus afirma que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade”. Kevin J. Vanhoozer
“No contexto da Reforma, o Solus Christus, assim como o sola gratia e o sola fide, expressava a convicção protestante de que ‘debaixo do céu não há outro nome entre os homens pelo qual devamos ser salvos’ (At 4.12) e que há somente ‘um Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem’ (1Tm 2.5). Nas palavras de Jesus, “ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6)”. Kevin J. Vanhoozer
“Esse princípio ensina que Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade(1Tm 2.5,6) e que não há redenção por meio de nenhum outro”. Franklin Ferreira
O Período Medieval
1.1- Teologia da Glória vs. Teologia da Cruz
“Lutero acreditava que a igreja medieval seguia a chamada ‘escada da glória’ e não a ‘escada da cruz, e usou como base para sua argumentação as imagens da Torre de Babel (Gn 11.1-9) e da escada de Betel (Gn 28.10-20). Sabemos que em Babel, os seres humanos tentaram construir um tipo de escada, preparando um zigurate para tentar chegar aos céus pelas próprias forças, enquanto em Betel é Deus que constrói a escada, desce e se dirige a Jacó.
Para Lutero a Igreja Medieval estava tetando construir uma escada para sua glória, por meio de suas forças e potencialidades, quando na verdade a Escritura, de forma sistemática ensina que a escada correta é a da cruz, que Deus mesmo constrói e por meio da qual vem a nós. Ele destaca que a igreja medieval, por meio da escada da glória, queria um encontro direto com Deus.
No entendimento de Lutero, esses chamados ‘teólogos da glória’, ao tentar ver o poder de Deus de forma nua e crua, queriam ter um contato imediato com o próprio Deus, sem mediações, supondo que poderiam conhecer esse Deus por meio de suas obras de poder, sabedoria e glória. Ele destaca, no entanto, que, sem a cruz, por causa do pecado, o ser humano distorce e perverte aquilo que há de melhor da criação, e com isso lhe é impossível chegar até Deus de forma imediada.
1.2 - As três escadas
Lutero sugere que a tendência humana é tentar construir sempre três tipos diferentes de escadas da glória, no passado ou no presente, para chegar a Deus de forma imediata.
* A Escada da Especulação: os que tentam construir essa escada para chegar a Deus vão estabelecer como critério para conhecê-lo algum tipo de filosofia. Por exemplo; o que tentam conhecer a Deus por meio da filosofia, do conhecimento. Lutero rejeitou totalmente esse tipo de tentativa de chegar a Deus e disse que esse tipo de uso da razão torna-a uma prostituta, cativa de satanás, que sempre chega a uma distorção de Deus e nunca ao Deus vivo.
O gnosticimo por exemplo e todas as suas ramificações se encaixam aqui.
* A Escada das Boas Obras: Essa era talvez a via mais valorizada na Idade Média, especialmente por algumas ordens monásticas que se esmeravam em servir em hospitais, escolas, orfanatos e leprosários, achando que algum tipo de serviço sacrificial poderia levar seus membros a uma intimidade com Deus, para que conhecessem o seu poder e as suas obras por meio do serviço do próximo.
O legalismo é um tipo de Escada das boas obras, e está bem presente em nosso meio evangélico. Igrejas tentam definir o corte de cabelo, o tipo de roupa, o tipo de coisa que se deve ou não assistir na Tv. E tudo isso embebido em um orgulho de nós contra eles, em outras palavras, Lc 18.11-12.
* A Escada do Misticismo: Lutero atacou também a chamada escada do misticismo, em que Deus vinha a seu povo por meio de revelações dramáticas, como visões, milagres e curas, tendo como suposição que a vida cristã é uma constante vitória espiritual.
Havia naquela época grupos de monges que se autoflagelavam e, em críticos momentos políticos, sociais ou em meio a grandes crises como a Peste Negra, até mesmo se crucificavam, supondo que pode meio do autoflagelo e do sofrimento poderiam ter uma visão imediata de Deus ou aplacar seu desfavor.
Várias histórias medievais de monges e freiras narram experiências místicas com Deus em que há algum tipo de suposto vislumbre do poder, da glória e da sabedoria de Deus sem mediação.
Essa escada mística, assim como as outras duas, também está presente em nosso meio hoje, em grande parte em igrejas pentecostais, carismáticas e neopentecostais, onde se supõe que, subindo a certo monte, fazendo orações de poder e utilizando certas palavras mágicas, pode-se ter um vislumbre do poder de Deus.
O que se deve destacar aqui é que cada uma dessas escadas é uma tentativa de chegar ao próprio Deus a partir do ser humano, como se o ser humano estivesse marcando o lugar aonde quisesse chegar. Essas três escadas começam com o ser humano e permanece nele, à medida que ele se vê possuidor de algum tipo de potência ou capacidade para chegar a Deus por suas próprias forças, méritos e inteligência ou pelos vislumbres que ele tem da intervenção divina, como milagres, curas, etc..
Antes da Queda
Antes da Queda, o homem era capaz de conhecer a Deus de forma direta. A Escritura relata que o Senhor andava com Adão no Jardim e que ali o homem comungava com o Deus revelado. Gênesis 3 mostra, no entanto, que nossos pais caíram, e a queda deles não apenas rompe a relação de parceria que havia entre homem e mulher, mas também a relação de parceria de homens e mulheres criados à imagem de Deus com a criação e com o próprio Deus.
Estamos diante de uma ruptura completa da relação do seres humanos com Deus, entre si e com a criação. Com a Queda, tudo muda. Os seres humanos não apenas perdem a liberdade, mas experimentam a desconexão de seus relacionamentos; mais ainda, desconectam-se daquilo que são em sua forma mais profunda, pois dentro deles há uma luta interna.
O ser humano após a queda nunca mais consegue ver a Deus de forma imediada. Por causa do pecado, a comunhão direta com Deus tornou-se uma impossibilidade, e as tentativas de chegar a ele por misticismo, legalismo e especulação são loucura fadada à confusão e à bagunça. Desde o fatídico episódio do Éden, é necessário que sejamos recobertos por um sacrifício redentor para que a comunhão com Deus seja restabelecida.
A Necessidade de Mediação na Lei
Ainda que no A.T Deus opere por meio de intervenções miraculosas e de vitórias militares extraordinárias e ainda que haja templos e palácios, o lugar onde Deus encontra o seu povo é o propiciatório, o lugar de sacrifício onde ele garante redenção expiatória para o seu povo:
22 Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.
O N.T reafirma esse princípio em várias passagens. Suas páginas, porém, deixam bem claro que o lugar de encontro último entre Deus e o seu povo é a cruz de Cristo. Paulo diz:
18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Desde que perdemos o livre acesso ao Criador, não temos como pretensiosamente construir escadas de especulação, boas obras ou misticismo para chegar a ele. Essas escadas são idolátricas e sempre terminam em confusão e balbúrdia de vozes que não se entendem. Na verdade, por causa de nosso pecados, a tentativa de construir essas escadas está fadada ao fracasso. Desde a Queda, Deus vem a nós por meio da propiciação e da redenção e, com o advento de Cristo, vem a nós a partir do sacrifício do Gólgota. é por meio da morte de Cristo na cruz que Deus no encontra. a teologia da cruz destaca que só podemos conhecer a Deus no local onde ele se ocultou: a Cruz que, como diz o texto bíblico, ‘é insensatez para os que estão parecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. (1Co 1.18).
Isso é sensacional. Na cruz, Deus simplesmente coloca de cabeça pra baixo todas as nossas pretensões, toda a nossa arrogância e toda a nossa tolice de tentar chegar a ele por meio de sabedoria humana, boas obras, misticismo, obras de poder e glória, curas extraordinárias.
A Cruz repudia as realizações do homem e afirma que Deus é quem faz tudo para efetivar e preservar a salvação. Por isso, de forma condizente com o ensino do N.T, precisamos afirmar que Deus é conhecido e adorado na cruz e somente na cruz:
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
Porque somente a Cruz?
Porque na Cruz somos completamente perdoados. Aqueles que confiam e descansam no sacrifício de Jesus na cruz têm, ao estender as suas mãos vazias a ele, o perdão de seus pecados, os quais não ofendem mais ao Deus que costumava ser o Deus da ira contra o pecado e que agora é o Deus de amor. Todo o seu favor e graça são derramados sobre aqueles que por Cristo crucificado foram perdoados.
Além disso, a morte de Cristo é vitoriosa até mesmo sobre o diabo e os demônios.
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
(Contexto da vitória militar romana)
Nesse sentido, os que são cobertos pelo sacrifício da cruz não tem penas todos os seus pecados perdoados, mas já são, deste lado da existência, vitoriosos sobre o diabo. Não temos que temer Satanás.
Conclusão
Somos salvos por meio de Cristo e somente por Ele. o catolicismo tem o conceito de Maria como Co-redentora pelo fato de ela ter sido a mãe de Cristo, no entanto, esse é um falso silogismo, não encontramos nada na Escritura que apoie essa ideia, muito pelo contrário, a Escritura afirma categoricamente que a salvação é somente por meio de Cristo.
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.
12 E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Por isso devemos nos prostrar somente diante de Cristo e de mais ninguém. Por isso devemos adoração somente a Cristo e a mais ninguém.
Repouse nessa certeza, Cristo somente Basta! Aleluia!