Tu estás comigo: o cuidado de Deus para com seu Ungido

Quem subirá ao monte do SENHOR?  •  Sermon  •  Submitted
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Subirá ao monte do SENHOR aquele que é cuidado por Deus, mesmo passando pelo vale da sombra da morte

Notes
Transcript

INTRODUÇÃO

CAPTAÇÃO

Deus tem cuidado de você? Como você descreve o cuidado de Deus na sua vida?
Imagine que você receba uma folha de papel e uma caneta. Depois disso, alguém lhe dá a seguinte tarefa: escreva sobre como Deus tem cuidado da sua vida. Você tem liberdade de fazer isso tanto na forma de uma dissertação ou na forma de uma poesia, fique a vontade! Como você faria isso?

CONTEXTO

Este salmo é uma forma pela qual Davi demonstra como Deus tem cuidado de sua vida. Não sabemos quando ele foi escrito, mas parece que ser um salmo de lamento com louvor narrativo. Isso quer dizer que, por mais que estivesse passando por sofrimento, ele confiava no cuidado do seu Deus!
É sempre bom lembrar que Davi, o homem segundo o coração de Deus, passou por grandes perseguições e sofrimento. Após a morte de Saul, ele é aclamado Rei de Judá (2Sm 2. 1-7) e 7 anos mais tarde torna-se Rei sobre todo o Israel (2Sm 5. 1-5). Durante seu reinado, Davi trouxe não só grandes conquistas militares, mas se dedicou a implementar uma vida de culto e adoração ao povo de Israel. Contudo, seus pecados lhe causaram uma série de sofrimentos familiares. O filho que foi fruto da mulher de Urias faleceu; seu filho Amnon abusou de sua meia-irmã Tamar; Absalão, outro filho de Davi, matou Amnon seu irmão como vingança; anos mais tarde, o mesmo Absalão procura tirar o trono de Davi, seu pai, e faz com que este fuja apressadamente, retornando as antigas perseguições que ele sofreu por Saul. Isso tudo evidencia que a vida do homem segundo o coração de Deus não foi marcada apenas por bençãos e conquistas, mas por muito sofrimento.
Diante desses fatos, considera-se que este salmo foi construído por Davi não como resultado de apenas um evento da sua vida, mas a consequência de toda uma vida. Esta parece ser uma característica em comum deste e de todos os salmos que formam o bloco que vai do salmo 15 até o 24.
Além disso, a localização do Salmo em relação ao salmo 22 e 24 reforça este sentido. Na exposição do Salmo 22, vimos um salmo de lamento no qual o próprio Davi se coloca como um Rei no pó da morte. Seu estado de sofrimento é terrível. Mas este salmo apresenta uma progressão em direção a confiança na presença de Deus. Se antes, Ele parecia distante (Salmo 22. 1) no meio há uma súplica para que Ele não se afaste (Salmo 22. 19). Ao final, o salmo 22 termina com um louvor onde se encontram declarações de confiança e esperança em Yahweh, o Deus da aliança! Isso casa muito bem, com o início do salmo 23: “O SENHOR é meu pastor, nada me faltará!”
Também o salmo 23 também se relaciona como o salmo 24. Quando o salmo 23 termina com a expressão “e habitarei na casa do Senhor para todo sempre” (v. 6), o salmo 24, traz uma continuidade de entrada na presença de Yahweh, porém, com aspectos de majestade, descrevendo um cenário dos portais eternos se abrindo para a entrada do Rei da Glória.
Logo, seja no sofrimento (salmo 22), na passagem pelo vale da sombra da morte (salmo 23) ou na abertura dos portais (salmo 24), temos um fator que une estes salmos: a presença cuidadora de Deus. Dessa forma, gostaria que olhássemos para este salmo e meditemos no seguinte tema:

TEMA: COMO DEUS CUIDA DO SEU UNGIDO?

1. DEUS CUIDA DO SEU UNGIDO COMO UM PASTOR CUIDA DA SUA OVELHA

Neste salmo, Davi apresenta o cuidado de Deus na forma como um pastor cuida da sua ovelha. A descrição que ele dá é que Yahweh é o seu pastor. É importante destacar que este nome nas nossas bíblias aparece em caixa alta como SENHOR. A que este nome se refere? Ele se refere ao Deus que fez aliança com o povo de Israel. Este nome está relacionado aquele escolheu este povo, tomou-o para si e o libertou da escravidão do Egito. Mesmo diante da infidelidade de Israel, o SENHOR, Deus da aliança, foi fiel e os conduziu em direção a terra prometida. Assim, o Deus que é o pastor de Davi não é um ser estranho ou desconhecido do povo, pelo contrário: é o Deus que nunca falha e nunca falhará, que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.
O nome Yahweh (ou SENHOR) que aparece no início do salmo explica a parte seguinte “nada me faltará”. Se Yahweh, o Deus da aliança, é o meu pastor, então eu não sentirei falta de nada. Tudo o que eu preciso durante a minha jornada ele suprirá. Os versículos seguintes passam a ilustrar essa satisfação por meio deste pastor:
Ele faz repousar em pastos verdejantes. Trata-se de conforto e alimento após períodos de cansaço e escassez.
Ele leva para águas de descanso. São águas tranquilas, que matam a sede e fazem com o que o vigor seja renovado.
Ele refrigera a alma. Relacionado ao ponto anterior. A ovelha que está cansada e quase desfalecendo, o pastor cuida e lhe dá a água necessária para sua reabilitação.
Ele guia pelas veredas da justiça. O pastor guia a ovelha por caminhos certos, os verdadeiros caminhos. A ovelha pode confiar que seu pastor a conduz pela forma correta. E ele faz isso por amor ao seu nome. Com isso, reforça-se o sentido do seu título (pastor) e, consequentemente, do seu nome (Yahweh ou SENHOR). Deus faz o que faz para a glória do seu nome. Ele demonstra por sua ações aquilo que ele é, de fato.
Ele consola a ovelha com seu bordão e cajado. Diante da escuridão de um vale, a ovelha, que já não enxerga muito bem, fica com a visão pior ainda. Sua teimosia habitual a faz querer sair do caminho. O pastor então usa seu bordão e cajado para fazer com que a ovelha permaneça no caminho designado. Ao ouvir o som e sentir o toque desses instrumentos, ela não se desvia dele.
Mais uma vez, é importante lembrar que a figura é Davi como a ovelha, e não necessariamente uma ovelha comum sendo cuidada por um pastor. Com isso em mente, entendemos melhor a imagem aqui nos dada. Afinal de contas, a ovelha não tem uma “alma”, não sabe o que é justiça, nem tem consciência de que o pastor a conduz por “amor ao nome dele” ou que o toque e o som do cajado servem para que ela permaneça no caminho. Ela é apenas uma ovelha frágil e limitada.
Contudo, o ungido de Deus sabe que tem uma alma e que ela foi dada por Deus. O servo de Deus sabe que os caminhos do SENHOR são retos e que nele não há injustiça. Ele sabe que quando Deus usa seu bordão, ele usa por amor, com o propósito de não fazer com que ele se desvie do caminho santo. Dessa forma, o ungido do SENHOR, mesmo não entendendo o que se passa continua a confiar no cuidado de Deus.
Logo, o salmista demonstra que Deus cuida dele da mesma forma que um pastor cuida da sua ovelha. Esta é a primeira imagem desse salmo. Porém, há uma outra imagem que também demonstra o cuidado de Deus para com seu Ungido.

2. DEUS CUIDA DO SEU UNGIDO COMO UM ANFITRIÃO CUIDA DO SEU HÓSPEDE.

A segunda imagem do salmo aparece a partir do v. 5. Aqui não há mais as figuras do pastor e da ovelha. Ao invés do pasto verdejante há a figura de uma mesa, ao invés do vale da sombra da morte, citam-se os adversários, ao invés das águas tranquila, há menção a unção com o óleo e a um cálice transbordando. O que essa imagem sugere?
Essa imagem sugere a figura de um anfitrião que recebe um convidado em sua casa. Esse anfitrião prepara uma mesa para este convidado diante dos seus adversários. Isso pode sugerir a ideia de um Rei vitorioso. Após passar por momentos de luta e perseguição, agora ele está sob a proteção do anfitrião. Ele pode comer e beber a vontade. O anfitrião é generoso e, por isso, o seu cálice transborda. Nada lhe falta. Se os adversários quiserem atingir a vida do convidado, eles terão que se ver com o anfitrião.
Esta imagem do anfitrião recebendo o convidado em sua casa é mais concisa que a primeira, mas nem por isso é menos bela. Dela, passa-se para uma descrisção do real sentido de tal imagem, bem como de todo o salmo no v. 6. O que era mencionado como imagem agora é demonstrado de forma clara. A bondade e a misericórdia para sempre estarão na vida da ovelha/anfitrião. Isso porque ele está debaixo da proteção do pastor/anfitrião. Além disso, Enquanto que num banquete, a estadia do convidado é passageira, o Ungido do SENHOR está para sempre na casa dele. Não há mais sofrimento, não há mais perseguição, não há mais o que temer. A presença de Yahweh, o Deus da aliança, é tudo que importa.

CONCLUSÃO

RECAPITULAÇÃO

Vimos, portanto, através deste salmo sobre como Deus demonstra o cuidado pelo seu Ungido. Percebemos que o cuidado de Deus: 1) É semelhante a um pastor que cuida da sua ovelha; 2) É semelhante a um anfitrião que recebe o seu hóspede.

APLICAÇÃO

A UNIÃO DESSAS IMAGENS: O ÊXODO

Observamos que este salmo apresenta imagens bem distintas. Por um lado, está a figura do pastor cuidando da sua ovelha; por outro, está o anfitrião recebendo o seu hóspede. Mas será que existiria algo que unificasse essas imagens? Para o público que ouviu esta canção de Davi será que havia algum sentido único nestas duas imagens?
A resposta está na própria Escritura e, consequentemente, no povo de Israel. O êxodo é o tema unificador. É a saída do povo de Israel da terra do Egito que unifica as imagens do Salmo 23.
Para chegar a esta conclusão, basta observar que a forma pela qual Yahweh conduziu o povo de Israel foi semelhante a forma como um pastor conduz o seu rebanho. Por isso, lemos
Salmo 77.20 RAStr
O teu povo, tu o conduziste, como rebanho, pelas mãos de Moisés e de Arão.
Da mesma forma, esta condução feita pelo SENHOR fez com que o povo de Israel entrasse na Terra Prometida, a habitação de Deus, o lugar de morada de Yahweh com o seu povo. Vejamos
Êxodo 15.13 RAStr
Com a tua beneficência guiaste o povo que salvaste; com a tua força o levaste à habitação da tua santidade.
Assim, para o povo da época de Davi e para o povo de Judá após o exílio, todo o salmo é uma demonstração do cuidado de Deus com o seu povo e remete-se a forma como Deus tratou o povo de Israel durante sua peregrinação em direção a Canaã.

QUEM É A OVELHA?

Bom, até o momento temos duas imagens que se unificam em um fato ocorrido na história do povo de Israel: o êxodo. Este fato fazia com que tais imagens tivesse sentido na cabeça de quem ouvia o salmo na época em que ele foi escrito e, posteriormente, compilado no saltério.
Porém, como este salmo aponta para o futuro da nova aliança? Como este salmo fala conosco hoje? E aqui, também, temos uma imagem que unifica as duas presentes no salmo, a saber: Cristo Jesus. Por isso, lemos em
Apocalipse 7.16–17 RAStr
Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum,pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.
Assim, enquanto que o pastor é Deus Pai, a ovelha é Deus Filho. Enquanto o SENHOR é o anfitrião, Jesus Cristo é o convidado. Isso pode ser notado ao observarmos a obra de Cristo Jesus.

Cristo se encarnou e passou a viver conforme nossas limitações

Jesus se encarnou. Ele, sendo o que era tornou-se o que não era. Sendo plenamente Deus, não usou como usurpação o ser igual a Deus. Ele assumiu a forma de um homem comum, que experimentou todas as nossas limitações. Em meio a tudo isso ele manteve-se fiel e confiante na provisão do Pai.

Cristo foi sustentado pelo Pai mesmo nos momentos mais difíceis (tentação e crucificação)

Os sofrimentos de Cristo se deram durante toda a sua vida, mas houve alguns momentos em que eles se mostraram mais intensos. Durante a tentação no deserto, ele sofreu, não comendo nem bebendo por 40 dias e 40 noites. Por mais que houvessem investidas malignas, ele se manteve firme em obedecer o Pai. A recompensa foi que os anjos o serviram daquilo que ele necessitava enquanto homem.

Cristo passou pelo vale da sombra da morte, mas Deus estava com ele (menção ao salmo 22)

Jesus passou pelo Vale da sombra da morte. Ninguém experimentou de sofrimento tão grande quanto Ele. O cordeiro de Deus padeceu e sofreu na cruz do calvário. O salmo 22 também relata este tipo de sofrimento, mas agora, temos a transição, a passagem pelo vale da sombra da morte em direção a exaltação e descanso.

Cristo ressuscitou e foi exaltado. Recepcionado pelo Pai em sua morada, recebeu o nome que está acima de todo nome.

Após passar pelo vale da sombra da morte, o cordeiro de Deus foi exaltado. Ele ressucitou. Ele venceu a morte. Mas não só isso, ele subiu aos céus e própria Escritura nos afirma que ele está assentado a direita de Deus. Após um período de sofrimento e humilhação, o cordeiro de Deus foi recebido pelo Pai, que lhe deu o nome que está acima de todo o nome.
Neste sentido, é possível perceber como este salmo aponta para Cristo, o Ungido de Deus.

APLICAÇÕES PARA A IGREJA

Mas, além disso, podemos notar que este Cristo que é a ovelha, também agora é o nosso pastor. Conforme o texto de Apocalipse 7. 16, 17, o cordeiro nos conduzirá. Sua postura já não é de apenas do servo que sofre, mas também é do Rei que lidera. Assim, Jesus Cristo é o bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (João 10. 11). E por meio dele, os remidos podem ser chamados de rebanho de Deus.
Sendo assim, que tipo de aplicações este salmo pode trazer ao rebanho de Deus. Destaco as seguintes:

EM CRISTO, HÁ CONFIANÇA NO CAMINHO

Pelo fato de sermos rebanho de Deus, agora não há mais o que temer. Podemos seguir a nossa jornada nesta vida com confiança. Nada poderá nos tirar do caminho para a nossa Canaã. O nosso pastor nos guiará pelas veredas da justiça. Ele nos dará tudo que nós precisarmmos.
Como bem cantado na música do projeto Sola: “Se o SENHOR é o meu pastor, aquilo que eu não tenho, eu não preciso desejar”. Este salmo nos ensina a nos satisfazermos em Deus. Muitas vezes é difícil colocar isso em prática, porque muitas vezes desejamos coisas que não precisamos. Graças a Deus que nos dá a vitória em Cristo, e nos dá o seu Espírito Santo para nos ajudar na luta contra estes desejos pecaminosos. Em Cristo, a confiança no caminho é inabalável!

EM CRISTO, HÁ A CERTEZA DE ESTAR PARA SEMPRE NA PRESENÇA DO SENHOR

Não importa quão difícil esteja nossa jornada, sabemos que um dia ela terá fim. E quando ele chegar, estaremos em uma grande festa, preparada por Deus para o seu povo redimido. Nosso cálice tem se enchido, mas na habitação de Deus ele transbordará! Sentimos a bondade e a misericórdia do SENHOR a cada dia em nossa vida, mas quando estivermos na nova Jerusalém eles serão infinitos. Não haverá mais dor, ele enchugará dos olhos toda a lágrima!
Que no nome de Jesus, você entregue a sua vida aos cuidados do Surpremo Pastor! Que você se encha da esperança de estarmos em um grande banquete na sua presença! Que Deus te abençoe!
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