Deus te encoraja 3 - Nossa proteção não são paredes e muros, mas o Senhor
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1. Texto
1. Texto
1 Levantei os olhos e vi, e eis um homem que tinha na mão um cordel de medir. 2 Então perguntei:
— Para onde você vai?
Ele me respondeu:
— Vou medir Jerusalém, para saber a sua largura e o seu comprimento.
3 Eis que o anjo que falava comigo se afastou, e outro anjo veio se encontrar com ele. 4 E lhe disse:
— Corra e diga àquele jovem: “Jerusalém será habitada como as aldeias sem muralhas, por causa do grande número de pessoas e de animais que haverá nela. 5 Pois eu serei uma muralha de fogo ao redor dela, diz o Senhor, eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória.”
2. Desenvolvimento
2. Desenvolvimento
Introdução
Introdução
"Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei (...) Em Pasárgada tem tudo, é outra civilização".
O imoral e famoso poema de Manuel Bandeira denota bem a importância da antiga capital do Primeiro Império Persa, construída pelo imperador Ciro.
Por conta da imensidão do império, Pasárgada coexistiu simultaneamente com outras capitais até que Dario a substituiu por Persépolis.
Atualmente território do Irã, e também um Patrimônio Mundial da Unesco, cobrindo uma área de 1,6 km² de extensão.
Possui diversos jardins, fortes e ruínas de um palácio real.
Dentre suas estruturas, acredita-se também que esteja por ali o provável Mausoléu de Ciro.
Embora não haja evidências, historiadores citam a crença de Alexandre, o Grande de que no interior do monumento descanse o corpo do imperador Persa.
Um fato curioso é que, durante a conquista islâmica do Irã, os árabes tentaram destruir a tumba por "violar os princípios do Islã".
Mas foram convencidos pelos guardas de que o mausoléu não era em homenagem a Ciro, mas sim a mãe do rei Salomão, o que fez os árabes desistirem de destruí-lo.
Não à toa, até hoje permanece a inscrição em árabe Tumba da Mãe de Salomão no mausoléu, como é conhecido oficialmente.
Pasárgada, a cidade real dos primeiros reis persas, também conhecidos como reis aquemênidas, era uma especie de cidade-vitrine, pois foi construída sem muros, cercada apenas por altares de fogo que representam a divindade persa Ahura Mazda.
Os impios confiam na falsa proteção de suas falsas divindades. Mas e o povo de Deus?
No texto de hoje nós veremos que Deus queria que seu povo entendesse que não era a reconstrução dos muros que protegiam o povo.
Construir muros limitaria Jerusalém, e ele tinha outros planos para a cidade.
A cidade seria ricamente abençoada, cresceria, e não os muros, mas Ele mesmo, é a proteção de Jerusalém.
Contextualização histórico-literária
Contextualização histórico-literária
Como em 1:18-21, esta terceira visão começa com uma frase narrativa introdutória, distinguindo-a da revelação anterior e ainda continuando a experiência revelatória iniciada em 1: 8.
Tanto a segunda visão - aquela dos quatro chifres e quatro ferreiros - quanto esta, revelam a promessa da visão inicial de Deus punir as nações (cf. 1: 14-15 com 1: 18-21) e restaurar a sorte do povo do Senhor (cf. 1: 16-17 com 2: 1 –5).
Esse encontro com um indivíduo segurando um equipamento de topografia na mão se encaixa no contexto histórico em que o profeta Zacarias estava vivendo.
As pessoas haviam retornado à terra e estavam no meio de um grande projeto de construção enquanto restauravam o templo em Jerusalém (Esdras 2–6; Ageu 1–2) e reconstruíam algumas das casas na cidade (Ageu 1).
Com esses projetos em andamento, a ideia de reconstruir um muro de proteção ao redor da cidade seria natural com relação a segurança e a preservação do patrimônio.
Deus fala ao jovem sobre a construção de uma cidade e um muro em 2: 4-5.
Mas em 2: 6–13 o foco se move em uma direção diferente; isso não parece ser parte de um discurso para o jovem, mas sim um sermão falando para aqueles no exílio babilônico, proporcionando esperança com base na visão profética.
O orador deixa de ser o anjo, O profeta é quem fala. Embora relacionado a 2: 4–5, o oráculo em 2: 6–13 se expande além desta visão para refletir sobre as três primeiras visões.
Portanto, trataremos do oráculo (2.6-7) em uma próxima oportunidade.
Lembre que nós estamos vendo oito visões que representam o encorajamento divino para o povo a reconstruir o templo (Zc 1:7-6:8), e que essa reconstrução apontava para a vinda do Rei e a concretização do Reino de Cristo.
A. Visão Um: O Homem em um Cavalo Vermelho (1: 7-17)
B. Visão Dois: Quatro Chifres e Quatro Artesãos (1: 18-21)
C. Visão Três: O agrimensor (2: 1-5) + oráculo
D. Visão Quatro: A Limpeza do Sumo Sacerdote (3: 1-10)
D. Visão Cinco: O Candelabro e Duas Oliveiras (4: 1-14)
C. Visão Seis: O Pergaminho Voador (5: 1-4)
B. Visão Sete: A Mulher na Cesta (5: 5-11)
A. Visão Oito: As Quatro Carruagens (6: 1-8)
Encorajamento 3 - Deus é a nossa proteção
Quão urgente é o entendimento e enfática a transmissão desta verdade (vv. 1-4)
Quão profundo é o significado desta verdade (v. 5)
Exposição
Exposição
1. Deus é a nossa proteção - Quão urgente é o entendimento e enfática a transmissão desta verdade (vv. 1-4)
1. Deus é a nossa proteção - Quão urgente é o entendimento e enfática a transmissão desta verdade (vv. 1-4)
1 Tornei a levantar os olhos e vi, e eis um homem que tinha na mão um cordel de medir. 2 Então, perguntei: para onde vais tu? Ele me respondeu: Medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento. 3 Eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro. 4 E lhe disse: Corre, fala a este jovem: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão de homens e animais que haverá nela.
“E lhe disse: corre...”
Zacarias primeiro capta a visão de um homem com uma linha de medição na mão.
O termo hebraico ḥebel middah ("corda de medida") refere-se à linhagem de um agrimensor.
O objetivo é definir as linhas de propriedade e edificação.
Zacarias entra na narrativa fazendo uma pergunta ao agrimensor: “Para onde você está indo?”
O agrimensor declara que pretende medir a largura e o comprimento de Jerusalém.
A ordem dessas palavras (“quão largo e quão longo”) é incomum no Antigo Testamento e só aparece aqui e em Ezequiel 40-48.
Este jovem, portanto, parece prosseguir para cumprir a visão de Ezequiel.
Na mensagem que se segue (Zacarias 2: 5), a referência a um “muro” implica que a medição é para construir um muro ao redor de Jerusalém.
Há algum debate sobre a intenção do agrimensor.
A maioria dos intérpretes viu sua intenção de forma negativa, de que sua medição limitará o tamanho da cidade.
Jerônimo, no entanto, viu esse ato sob uma luz positiva, que sua medição era para mostrar onde estaria a presença poderosa de Deus.
Existem várias indicações de que a primeira interpretação está correta.
“… Fala a esse jovem:”
Em Zc 2: 3-4 um anjo encontra com outro ser celeste, e o envia em uma missão urgente.
Este senso de urgência é comunicado pela uso dos termos "corra para contar" em 2: 4, e a referência para o agrimensor como “um jovem”, um termo que muito provavelmente indica a autoridade do orador sobre o agrimensor.
O conteúdo da mensagem também reforça a avaliação negativa da ação do agrimensor.
Nele, o anjo argumenta contra a limitação do tamanho da cidade por causa do grande número de pessoas e animais.
Zacarias, a essa altura, conhecia bem o “anjo que falava comigo”, um indivíduo que apareceu em ambas as visões até agora e será seu companheiro constante durante as visões noturnas.
A identidade daquele chamado “outro anjo” é incerta, embora alguns o tenham visto como o anjo do Senhor, o que é uma possibilidade porque ele parece ter autoridade sobre o “anjo que falava comigo”.
Há alguma confusão sobre a identidade do “jovem” a quem o anjo deve falar em Zc 2: 4.
Alguns associam esse indivíduo ao homem com a linha de medição, enquanto outros o associam ao próprio Zacarias.
Parece claro, pelo conteúdo da mensagem, que ela é dirigida ao homem com a linha de medição, não ao profeta.
A mensagem para o agrimensor implica que sua ação de medição é inadequada porque “Jerusalém será uma cidade sem paredes”.
Usar esse termo para a ex-cidade real de Jerusalém seria chocante.
No auge da monarquia em Israel, Jerusalém não era qualquer cidade fortificada, era a cidade fortificada, o lugar de proteção do rei, a última fortaleza da nação.
Um muro ao redor de uma cidade tinha uma função principal: protegê-la dos inimigos.
O povo de Israel temia os inimigos em um mundo sob a Pax Pérsica.
A realidade é que as estruturas imperiais realmente não garantiam segurança.
Os livros de Esdras e Neemias expõem a vulnerabilidade (Esdras 3: 3; 4: 1–6: 13; Ne. 2: 7–10, 19–20; 4: 1–23; 6: 1– 7: 3) bem como perigo de bandidos (Esdras 8:31).
Por duas razões, então, Yahweh vê a medição da cidade, o primeiro passo na construção de um muro, em oposição à sua agenda para esta cidade.
(1) Relacionado à restrição de um muro, Yahweh planeja encher Jerusalém com uma multidão que nenhum muro pode conter.
(2) Relacionado à proteção proporcionada por um muro, o próprio Yahweh planeja abrigar Jerusalém, assim como protegeu os israelitas no deserto.
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Encorajamento 3 - Deus é a nossa proteção
̶Q̶u̶a̶l̶ ̶u̶r̶g̶e̶n̶t̶e̶ ̶é̶ ̶o̶ ̶e̶n̶t̶e̶n̶d̶i̶m̶e̶n̶t̶o̶ e enfática a transmissão ̶d̶e̶s̶t̶a̶ ̶v̶e̶r̶d̶a̶d̶e̶ ̶(̶v̶v̶.̶ ̶1̶-̶4)̶
Quão profundo é o significado desta verdade (v. 5)
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2. Deus é a nossa proteção - Quão profundo é o significado desta verdade (v.5)
2. Deus é a nossa proteção - Quão profundo é o significado desta verdade (v.5)
5 Pois eu lhe serei, diz o Senhor, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória.
Frases como “uma parede de fogo ao seu redor” e “sua glória por dentro”, são uma reminiscência de Êxodo 13: 21–22; 24:17 e Números 9: 15-23, lembram ao povo que a presença protetora de Deus permanece com esta comunidade, que está vivendo em circunstâncias paralelas ao contexto precário da comunidade do Êxodo.
A promessa da glória de Deus também é uma reminiscência da visão de Ezequiel do retorno da glória de Deus em Ezequiel 43: 1-5.
Jerusalém agora é identificada como uma cidade da qual emanará o governo cósmico de Yahweh.
A ausência de paredes reflete a confiança de seu governante em seu poder e autoridade ilimitados.
As duas razões citadas para a ausência de muros ao redor de Jerusalém não são mutuamente exclusivas.
A prosperidade ilimitada desta cidade deve-se ao papel protetor de Yahweh em torno dela.
Zacarias ouve uma mensagem de esperança em um momento de extrema dificuldade.
A visão de Zacarias 2: 1-5 revela as promessas da visão inicial em 1: 8-17, em particular,
a promessa de que Deus retornará (1:16),
reconstruirá o templo e a cidade (1:16),
e restaurará a prosperidade (1.17).
Isso continua o tom de encorajamento que começou em 1:13 em resposta ao arrependimento inicial do povo (1: 1-6).
3. Conclusão
3. Conclusão
3.1 Encorajamento via prosperidade assegurada
3.1 Encorajamento via prosperidade assegurada
Enquanto a segunda visão (1: 18-21), que vimos no domino passado, ofereceu coragem ao povo de Deus por meio da mensagem negativa de uma punição prometida às nações, esta terceira visão é o outro lado do mesmo encorajamento, agora expresso através da mensagem positiva de prosperidade garantida para a nação.
Para compreender o significado desta antiga profecia para o público contemporâneo, é importante definir esta mensagem em seu contexto original.
Embora a queda de Judá possa ser atribuída a muitos fatores históricos nas duas primeiras décadas do século VI, os eventos do ano 587–586 a.C. representavam os símbolos da morte da nação.
O exílio e o abuso da liderança, a incorporação do território ao império babilônico e a destruição da cidade e do templo tornaram-se o foco da atenção nas orações, discursos e narrativas de textos judaicos após esse tempo.
Não se pode avaliar a importância desses símbolos, mas a destruição física da capital sagrada dos judeus provocou fortes reações do povo de Deus.
Isso é vividamente demonstrado em várias respostas litúrgicas que surgiram nos períodos babilônico e persa.
Lamentações, por exemplo, expressa o choque de que o inimigo entrou, saqueou e danificou o templo (Lm 1:10; 2: 6) enquanto destruía fortalezas (2: 2, 5), muralhas (2: 8), paredes (2:8), portões (2:9) e fundações (4:11).
Os estrangeiros reagiram à destruição com choque (2:15) e descrença (4:12), mas para o povo de Deus a dor era quase indescritível.
Salmo de Asafe
1 Ó Deus, as nações invadiram a tua herança,
profanaram o teu santo templo,
reduziram Jerusalém a um montão de ruínas.
2 Deram os cadáveres dos teus servos
por cibo às aves dos céus
e a carne dos teus santos, às feras da terra.
3 Derramaram como água o sangue deles
ao redor de Jerusalém,
e não houve quem lhes desse sepultura.
4 Tornamo-nos o opróbrio dos nossos vizinhos,
o escárnio e a zombaria dos que nos rodeiam.
5 Até quando, Senhor? Será para sempre a tua ira?
Arderá como fogo o teu zelo?
A profundidade da dor, destacada pelas perguntas perscrutadoras dos salmos clássicos de lamento (“até quando ... por quê?”), Revela a importância de Jerusalém e do templo para a comunidade judaica que viveu após a destruição de Judá.
Mas por que essas estruturas físicas eram tão importantes para esta comunidade?
Por que a destruição desta cidade e santuário levaria o povo a sentir que Deus os rejeitara para sempre?
Para entender isso, devemos refletir sobre várias passagens dos textos fundamentais da comunidade judaica.
Deuteronômio 12 é parte de um discurso mais amplo de Moisés aos israelitas à beira da ocupação da Terra Prometida, em que Moisés estabelece uma legislação para proteger a adoração exclusiva de Yahweh nesta nova terra.
Essa legislação tem aspectos negativos e positivos.
(1) O povo deve eliminar todos os locais de adoração idólatra espalhados por toda a terra (por exemplo, aqueles em altas montanhas ou colinas, ou nos pés das árvores) e todos os objetos que facilitam a idolatria (por exemplo, altares, postes ídolos).
(2) Devem centralizar a adoração no “lugar que o SENHOR teu Deus escolher entre todas as tuas tribos” (12: 5).
Este lugar será o lugar da presença de Deus (“coloque seu nome ali para sua morada”).
Será também um lugar em que o povo “se alegrará em tudo em que colocaste as mãos, porque o Senhor teu Deus te abençoou” (12: 7).
É esta legislação que explica a esperança da realeza nos Juízes, que relaciona a ausência de um rei com o fato de que “todos fizeram como bem entenderam” (Juízes 17: 6; 21:25; cf. 18: 1; 19 : 1), uma clara alusão à legislação de Deuteronômio 12.
Davi é quem cumpre essa esperança, pois na primeira parte de seu reinado ele centralizou a adoração transportando a arca e o tabernáculo para Jerusalém (2 Sm 6; 1Cr 13–16; Salmos 122).
Seu filho Salomão completou a centralização de Davi construindo uma estrutura permanente para a adoração do reino (1Rs 5–8; 2Cr 2–7).
Durante a dedicação do templo, Deus fixou residência neste edifício, enchendo-o com a sua presença manifesta (1 Reis 8:10; 2 Crônicas 5: 13–14; 7: 1-3).
Desse templo, Deus governa sobre todo o Israel e recebe tributo de seu povo (Salmo 84).
Mas a tradição de Sião em Israel tem mais em vista do que apenas a terra de Israel.
De Sião, Deus estenderá seu governo por toda a terra.
É a “alegria de toda a terra” para Deus, cujo “louvor chega até os confins da terra” (Salmos 48: 2, 10).
Esta cidade se tornará o centro da terra à medida que as nações fluem para o monte sagrado (Is 2: 1-4) e alegremente traçarão sua herança até esta cidade de Deus (Salmo 87).
Uma teologia tão forte de Sião explica por que nos momentos finais do reino de Judá, o povo depositou sua esperança de salvação no templo:
2 Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. 3 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar. 4 Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.
O templo tornou-se um lugar onde as pessoas confiaram para a salvação, em vez de responder ao chamado profético ao arrependimento.
Essa confiança, no entanto, não evitaria o julgamento de Deus (Jr 7:14).
No final, a cidade e o templo seriam destruídos.
No entanto, os profetas esperavam uma renovação da cidade e de seu santuário.
Deus um dia olharia com compaixão para suas ruínas (Is 51:3) e reconstruiria Jerusalém e seu templo (Is 44:28; Ez 40–48).
É essa esperança que sustentou o povo ao longo dos séculos vindouros.
Daniel ansiava pela restauração da cidade, informado por sua leitura de Jeremias e expresso por meio de sua oração penitencial (Dn 9).
Esdras buscou a pureza em sua geração por causa de seu desejo de sustentar a restauração da cidade (Esdras 9: 9).
A missão de Neemias foi instigada por uma investigação sobre Jerusalém (Neemias 1).
Zacarias 2: 1-5, portanto, declara o cumprimento iminente das esperanças de um povo que perdeu, em 587 AC, as esperanças baseadas em uma longa tradição teológica dentro de Israel, começando com Deuteronômio 12.
A reconstrução da cidade está intimamente ligada ao retorno da presença de Deus e a experiência de sua bênção.
Subjacente a esta mensagem, podem-se discernir duas questões-chave dentro desta comunidade antiga:
uma falta de visão e
uma falta de confiança,
ambas as quais se tornam evidentes na proibição de medir a cidade.
(1) Décadas de abuso sob opressão estrangeira atrapalharam as esperanças dos mais otimistas entre a comunidade judaica, tanto os que viviam no exílio quanto os que permaneceram sob domínio estrangeiro na pátria.
Para muitos, os ideais proféticos de governo cósmico e bênçãos sem precedentes foram temperados pelas circunstâncias atuais e reduzidos a expectativas realistas.
A visão de Zacarias em Zc 2: 1-5 desafia a comunidade a confiar no plano de Deus para seu povo.
(2) A outra questão fundamental é a falta de confiança na proteção de Deus para seu povo.
Certamente esta comunidade viveu com muitos medos e sofreu muitos abusos nas mãos de estrangeiros.
A visão os encoraja por meio de uma alusão à sua antiga tradição de êxodo.
A jornada do Egito a Canaã foi uma jornada precária, que os deixou vulneráveis e exigiu confiança em Deus.
A comunidade do período persa em um segundo êxodo para recuperar suas terras precisaria de confiança semelhante em Deus, cuja nuvem de fogo os protegeria de seus inimigos.
Esta visão encoraja a confiança no mesmo Deus que preservou seu povo através dos perigos do deserto.
Essa visão fala à igreja hoje de maneira semelhante.
O símbolo de Jerusalém e seu templo é cumprido na igreja (1 Cor. 3: 16–17; 6:19; 2 Cor. 6:16; Ef. 2:21; 1 Pedro 2: 4-5; Heb. 12:22) por causa de Cristo (João 2: 19–22).
Como estamos envolvidos no cumprimento da comissão de Cristo de construir sua igreja, é muito fácil viver com uma visão limitada e incrédula.
4. Aplicações
4. Aplicações
Encorajamento - Deus está presente
Encorajamento - Deus está presente
A visão promissora de Zc 2: 1-5 fornece uma perspectiva necessária para uma comunidade emergindo do exílio.
O Novo Testamento ecoa os temas dessa visão, pois incentiva a comunidade da igreja nascente a ver seu mundo da perspectiva de Deus à medida que os primeiros cristãos vivem sua nova vida de fé.
A chave para esse encorajamento é a presença prometida de Cristo por meio de seu Espírito Santo.
Assim, em Atos 2 encontramos os discípulos aguardando a chegada do Espírito.
Quando o Espírito vem sobre eles com poder, eles são impelidos a uma vida de fé precária para realizar feitos maiores do que jamais poderiam ter imaginado.
Em Atos 4, Pedro e João voltam de seu encontro com o Sinédrio para se juntar às vozes da comunidade em oração a Deus.
Suas palavras iniciais a Deus como uma comunidade revelam que eles estão vendo a vida da perspectiva de Deus ("Senhor Soberano"), e conforme eles continuam e pedem a Deus para fazer grandes maravilhas por meio deles em sua geração, eles revelam sua vontade de viver pela fé em meio à vulnerabilidade.
Deus agraciou esta comunidade com uma demonstração poderosa de sua presença, pois seu local de encontro foi abalado e eles foram cheios do Espírito Santo.
Fundamental para esta mensagem, tanto em Zacarias quanto em Atos, é a presença manifesta de Deus no meio de seu povo.
Visão transformada e vida fiel são possíveis apenas para a comunidade que experimenta a presença pessoal de Deus em seu meio.
Sua presença é
glória interior, consagrando e prosperando o povo de Deus,
mas também é o fogo ao redor, protegendo o povo.
A mensagem gloriosa do Novo Testamento é que Deus nos agraciou com sua presença por meio de seu Espírito Santo, que vivifica sua comunidade fiel (Rm 8).
No entanto, nossas igrejas e vidas muitas vezes são privadas das manifestações de sua presença.
Como comunidades de fé, muitas vezes não temos consciência da ausência de Deus em nosso meio e precisamos clamar a ele para derramar seu Espírito.
Sem essa presença, os desafios desta visão, para a qual agora nos voltamos, nunca serão realizados.
Encorajamento - ver o mundo pela perspectiva de Deus
Encorajamento - ver o mundo pela perspectiva de Deus
Como já observado, a proibição de medir a cidade está relacionada a duas questões-chave que continuam a nos desafiar hoje como cristãos.
A primeira é a tentação de limitar nossa visão do potencial do reino.
É fácil delimitar os limites da cidade de Deus, para restringir nossa visão às realidades humanas (passado e presente) em vez de possibilidades divinas.
Em nossas vidas e comunidades de fé, devemos sonhar fora de nossas caixas limitadas.
Às vezes, essas caixas são criadas por pessoas bem-intencionadas que tentam proteger Deus de perder a honra.
Essas caixas teológicas com suas limitações cuidadosas sobre o que Deus realmente faz hoje podem beirar a heresia ou mesmo a blasfêmia.
Nossa teologia deve dar testemunho do Deus miraculoso das Escrituras, que pode e faz tudo.
Às vezes, essas caixas são criadas por pessoas temerosas que tentam proteger sua comunidade de mudanças.
Como veremos em nossa consideração de Zc 2: 6–13, o “grande número de homens e gado” imaginado em 2:5 é definido em 2: 11–12 como aqueles de fora da comunidade judaica.
Se construídas, as muralhas da cidade que protegiam os judeus de nações estrangeiras hostis teriam limitado o acesso dessas mesmas nações à comunidade de Deus.
Quando eu era menino, havia um loft especial nas vigas de uma das garagens do nosso quarteirão.
É fácil para a igreja imitar esse comportamento infantil.
Zacarias 2: 1–5, entretanto, nos lembra que a comunidade de fé não é um clube de campo privado, mas sim um centro comunitário.
A igreja é uma cidade sem paredes, aberta a um crescimento diverso e sem precedentes, de acordo com a vontade de Deus.
Encorajamento - confiança no Deus do impossível
Encorajamento - confiança no Deus do impossível
Como já observado, a proibição de medir a cidade está relacionada a duas questões-chave que continuam a nos desafiar hoje como cristãos.
A primeira é a tentação de limitar nossa visão do potencial do reino.
A proibição de medir a cidade não apenas nos desafia a expandir nossa visão à luz do caráter e dos atos de Deus na história e sua visão para seu povo, (a segunda) mas também a viver pela fé neste mesmo Deus.
Viver sem paredes em um ambiente hostil significará viver em vulnerabilidade, confiar no Deus do impossível.
A visão de Zacarias em Zc 2:1-5 encorajou esta comunidade que viveu através de muita dor e desilusão para se confiarem ao Deus da comunidade do êxodo.
Essa precária vida de fé não é incentivada nas igrejas do Ocidente, especialmente à luz das muitas liberdades de que desfrutamos.
Mas uma verdadeira vida de fé pode significar seguir um chamado que não é esperado ou honrado em nossa comunidade, ou seja, aconselhar famílias em um contexto urbano carente, implantar um ministério de igreja holístico em um bairro do centro da cidade, cuidar de pessoas que sofrem dos mais diversos males, buscando uma vida nas áreas onde poucos cristãos podem ser encontrados, recebendo uma criança órfã ou abusada em nossa família, e a lista poderia continuar.
O ponto importante aqui é aprender a confiar em Deus enquanto buscamos o impossível.
Zacarias 2: 1-5, portanto, incentiva o povo de Deus a experimentar a vida em sua plenitude à medida que expandem sua visão de Deus, seus propósitos e seu povo, à medida que dão um passo em novos empreendimentos de fé.
Isso só é possível porque a presença de Deus é uma realidade no meio deles individualmente e corporativamente.
Mostrando um pouco a mais de Cristo na passagem
Mostrando um pouco a mais de Cristo na passagem
Para o espírito chegar até nós, Cristo teve que morrer e voltar para o Pai
Cristo é o Deus presente que nos encoraja (primeiro aspecto da aplicação)
A presença de Cristo é real - Santa Ceia
Cristo revela o Pai e nos ajuda a enxergarmos a realidade sob perspectiva de Deus (segundo aspecto da aplicação)
Cristo realiza o impossível em seus milagres (terceiro aspecto da aplicação)