Determinação e foco na vida cristã
Leitura do texto
12 Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. 15 Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. 16 Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.
Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição;
Paulo era um firme crente na doutrina da eleição “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4), e, consequentemente, também, como já foi indicado, na possibilidade de certeza da salvação. No entanto, não numa eleição à parte da responsabilidade humana, numa salvação sem esforço humano, ou numa certeza sem um constante apelo às promessas. Ainda que já houvesse sacrificado tudo em seu serviço para o Senhor, ele está certo de uma coisa: que não havia ainda alcançado completamente a ressurreição espiritual e moral que eleva alguém dentre aqueles que estão mortos em pecado; em outras palavras, ele está seguro de que ainda não alcançou a perfeição.
C. A expectativa de Paulo é que os filipenses sigam o seu exemplo de visar exclusivamente Jesus Cristo, rejeitando aqueles que renegam a vergonha da cruz e permanecendo firmes na obediência à luz da sua segunda vinda (3.12–4.1).
1. Exemplo – O testemunho de Paulo é que não há um platô final no conhecimento prático de Cristo, visto que este exige constante e consistente esforço rumo a uma recompensa celestial (3.12–14).
2. Exortação – O pedido de Paulo é que os filipenses não se entreguem à autossatisfação legalista baseada em esquemas que descartam a cruz, mas mantenham-se fiéis a seu Salvador e Senhor, que está preste a retornar (3.15–4.1).
mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
Paulo prossegue empenhado no propósito de alcançar e de agarrar.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado
a igreja de Filipos está sendo perturbada por pessoas que imaginam já haver alcançado a perfeição.
eram escrupulosos em sua adesão aos ritos judaizantes (ver sobre os v. 1 a 3). O apóstolo rejeita sumariamente suas pretensões, dizendo mais ou menos assim: “Essa não foi minha experiência. A retidão legal e a escravidão aos mandamentos externos me serviram de empecilho antes que de auxílio.
mas uma coisa faço:
Não obstante, não significa que Paulo seja um indolente ou um desalentado. Antes, ao contrário, ele recusa submeter-se ao pecado. Como corredor na pista de corrida, ele insiste em seu esforço.
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Paulo almejava ganhar a Cristo e a perfeição nele, uma perfeição não só de confiança ininterrupta, mas também de consagração afetuosa:
Tal concentração é absolutamente necessária. Na vida diária, as distrações são com frequência desastrosas. A emoção de uma viagem a Ásia distrai o motorista. Resultado: um sério acidente. Assim também é no campo espiritual: preocupações mundanas, a falsa fascinação da riqueza e toda espécie de maus desejos entram e afogam a palavra do evangelho (Mc 4.19)
Uma excessiva ênfase aos esportes, às vestimentas, ao encanto físico, etc., impede o corredor de chegar ao alvo espiritual. A verdadeira e firme concentração de ideias e propósitos é uma questão de incessante esforço por parte do homem. Ao mesmo tempo é o produto da ação da graça divina no coração. É a resposta à oração: “Dispõe-me o coração para só temer teu santo nome” (Sl 86.11b).
Tal concentração exige certos requisitos. O primeiro é o esquecimento daquela parte do percurso que o corredor já cobriu. Paulo diz: esquecendo o que para trás fica. O [bom] corredor não olha para trás. Ele sabe que, se o fizer, perderá a velocidade, a direção e, finalmente, a própria corrida. É extremamente arriscado volver a vista enquanto avança.
quando Paulo afirma que esquecia o que para trás ficava, ele se refere a um tipo de esquecimento que não é meramente passivo, mas ativo, de modo que, quando a lembrança de seus méritos, acumulados no passado, chegalhe à mente, ele imediatamente a apaga.
a. Mesmo que uma pessoa não consiga, de fato, alcançar tal objetivo aqui e agora, ela pode, deveras, avançar rumo a ele. Esta questão da perfeição ético-espiritual não é, de modo algum, uma proposição extremista: ou tudo ou nada.
há um fato chamado progressão em santificação. A linha de avanço pode ser, deveras, um ziguezague, mas isso não exclui a ideia de um verdadeiro progresso.
tal desenvolvimento gradual, quando a semente da verdadeira religião tenha sido implantada no coração, a mesma deve ser considerada normal
Concentração, esquecimento, progressão são, portanto, a chave do empenho espiritual que resulta na perfeição. É por esses meios que alguém prossegue rumo ao alvo.
Paulo prossegue: prossigo para o alvo. Por derivação, a palavra traduzida por alvo significa aquilo para o qual alguém fixa seus olhos.
Na corrida espiritual, o alvo é Cristo, ou seja, a perfeição ético-espiritual nele (ver Fp 3.8,12). O apóstolo desejava, de todo o seu coração, ser completamente libertado do pecado.
Ele procurou ardentemente manifestar a glória de Deus, por todos os meios ao seu alcance, particularmente como um testemunho vivo a todos os homens (At 22.15,21; 26.16–18), para que de todos os modos pudesse salvar alguns (1Co 9.22).
No final da corrida, o vencedor era convocado, da pista do estádio, a comparecer diante do banco do juiz a fim de receber o prêmio.
ainda que o prêmio, em ambos os casos, seja entregue no final da corrida, a vocação celestial de que o apóstolo fala acontecera no momento de sua conversão, portanto, não apenas no final da prova.
Existe uma diferença real entre alvo e prêmio? Em certo sentido são uma só e a mesma coisa. Ambos apontam para Cristo, a perfeição nele. Não obstante, alvo e prêmio representam diferentes aspectos da mesma perfeição, como segue:
a. Essa perfeição, ao ser chamada alvo, é considerada como o objetivo do esforço humano. Ao ser chamada prêmio, é considerada o dom da soberana graça de Deus.
na corrida terrena o prêmio é perecível; na celestial, o prêmio é imperecível (1Co 9.25). Na primeira, apenas um pode vencer (1Co 9.24), na última, todos os que amam a vinda de Cristo são vencedores
Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. 16 Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.
tantos quantos somos maduros, continuemos a ter em mente este mesmo propósito