A alegria dos pequenos começos (Mt 13.31-33)
As Parábolas de Jesus • Sermon • Submitted
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Ontem eu estava numa oficina de LPO e, logicamente, com meus pesinhos juvenis olhava os veteranos levantarem mais de 100kg facilmente. E isso me fez lembrar de que, mui provavelmente, o melhor daqueles levantadores começou com pouquíssima carga. Na verdade, se prepararmos nossos olhos, veremos isso em tantas coisas. Eu estava acalentando a Mariana, minha sobrinha [mas pode ser qualquer bebê] e, orando por ela, vendo o quanto é verdade que Deus suscita força dos bebês de colo (Sl 8.2), que não temos ideia de onde ela estará daqui a vinte e cinco, trinta anos. Podemos ainda olhar para artistas que começam com péssimos materiais e, muitas vezes, em situações dolorosas, mas que conseguem ter suas obras admiradas e valorizadas por muitos. Trabalhadores que não conseguem olhar para as repercussões de seu suor diário, como tantos bons profissionais que existem por aí, forjados por lares simples. Ou mesmo a sociedade que não teria como progredir sem ações aparentemente simples, como a limpeza das ruas e a coleta do lixo. O que falar de estudantes que “se matam” hoje, mas que é o princípio de toda uma vida alegre de colocar em prática talentos e oportunidades que Deus lhes deu e dará.
A esta altura você já entendeu onde quero chegar. Todos esses são começos simples e pequenos, mas que geram grandes resultados. Muitos inesperados ou incalculáveis quando se olha pro começo de tudo. É nesse sentido que Jesus nos traz mais essas duas parábolas (Mt 13.31-33):
A parábola do grão de mostarda
Mc 4:30–32; Lc 13:18–19
31 Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; 32 o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos.
A parábola do fermento
Lc 13:20–21
33 Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
A parábola do grão de mostarda
Vejamos que o Reino dos Céus ainda é o tema, e que Jesus usa parábolas para apresentar suas semelhanças. Jesus se mantém nas parábolas agrícolas, utilizando-as para nos dar um entendimento espiritual acerca de seu reino dos céus na terra.
Ao que o reino se assemelha: ao grão de mostarda, plantado por um homem em seu campo. Não nos é informado quem é este homem, nem qual é o seu campo, visto que a ênfase da passagem é dada ao grão de mostarda. Na verdade, é certo dizer que o Reino de Deus é semelhante a toda a história, não somente ao grão, mas o destaque da parábola está no que acontece com ele, apesar de ser pequeno [o menor das sementes]. O grão de mostarda não é o menor literalmente, mas sim proverbialmente: Jesus está usando o conhecimento da época para ensinar realidades espirituais aos seus discípulos. Além disso, para o povo daquela região, o grão de mostarda era o menor. Assim, no dito proverbial, remetia-se ao grão de mostarda para se falar de coisas ínfimas, extremamente pequenas, e esse é o apelo de Cristo.
Todos nós conhecemos hortaliças como acelga, couve e tantas outras que geralmente crescem rente ao chão e comemos as folhas, as flores, os talos, os caules ou até as suas raízes. A mostarda é uma hortaliça, mas que crescida é maior que todas as outras, se tornando uma grande árvore 🌳, chegando até 4 e até 5 metros de altura. Ela fica grande de tal forma que aves 🐦 podem se aconchegar e fazer seus ninhos. “No outono, quando seus ramos se tornam rígidos, as aves de variadas espécies encontram aí um refúgio das tempestades, se refazem do cansaço e se escondem do calor do sol; em todo sentido, um maravilhoso local para acampar-se! “Em sua manifestação externa, o reino do céu na terra é assim”, diz Jesus. Aparentemente é insignificante em seu início; desse modesto início, porém, virão grandes resultados” (William Hendriksen). Do menor grão, uma grande e frondosa árvore. Quanto às aves, é possível que Jesus faça aqui uma alusão a todos os povos que se achegarão ao seu povo (Ez 17.23; 31.6; Dn 4.12).
Os discípulos, vez ou outra atacados de espírito revolucionário (Lc 9.54; Jo 6.15; At 1.6), estavam sendo ensinados sobre o mistério de não desprezar o impacto da plantação da palavra de Deus. Neste sentido, é uma parábola profética, visto que o cristianismo se tornou uma árvore frondosa. O bebê que, abraçado e cuidado por José e Maria, seria aquele que realizaria a obra de Redenção em favor de seu povo. Definitivamente seria um homem que mudou a história do mundo. Ele foi o rebento de Jesse (Is 11.1-3; Ap 22.16). Seus discípulos, doze homens e algumas mulheres que com intrepidez oraram, proclamaram e fizeram Cristo conhecido no mundo todo - como uma pedra que se torna uma montanha (Dn 2.34-35).
A parábola do fermento
Jesus conta, então, outra parábola ainda sobre o crescimento do Reino; é a parábola do fermento (Mt 13.33). As duas Parábolas estão conectadas pelo tema do crescimento do Reino, embora por aspectos diferentes. Jesus aponta que uma quantidade grande de farinha (em torno de quarenta litros aqui na descrição) pode ser toda levedada por uma pequena porção de fermento.
“O argumento central da parábola é que o fermento (que aqui não tem uma conotação negativa, como Mt 16:6) uma vez inserido ou misturado na farinha continua seu processo de fermentação até que toda a massa tenha crescido. Assim também do cidadão do reino se demanda que toda esfera de sua vida contribua com sua plena participação no serviço, honra e glória daquele que é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.16)” (William Hendriksen). Desta forma, a lição da parábola se aplica ao fato de que a ação cultural, artística, comercial, industrial, governamental, intelectual, científica e todas as demais áreas de ação humana passam a ser influenciados pelas obras dos cidadãos do Reino. Toda massa é afetada pela sua ação. Quando o mundo é impactado pelos cristão significa que o fermento está agindo! Visite o museu de Amsterdã e verá as grandes obras de Rembrandt. No Louvre os temas bíblicos se ressaltam. A formação de idioma alemão. O direito e tantas mais áreas que foram influenciadas pelo evangelho e que precisam hoje, novamente, serem impactados.
Assim, essa parábola remete ao aspecto não somente do tamanho e de seu resultado, mas que o crescimento do Reino alcança todas as áreas que toca.
Aplicações
1. A Palavra de Deus é a semente do Reino de Deus. Onde quer que esperemos frutos do Evangelho, jamais teremos se a Palavra não for plantada. Quer seja na sua vida pessoal (lutando contra o pecado e desenvolvendo uma vida de adoração), na sua casa, na sua família, na sociedade, na sua igreja. Plante a Palavra e espere os frutos!
2. Não despreze as pequenas atitudes. Aliás, que só parecem pequenas. Você não tem ideia das repercussões de pequenas orações diárias: oração pelos seus filhos (com quem eles vão casar, por exemplo); gestos diários como a meditação da palavra, os louvores em casal, ou os cultos em família (lembre-se de Timóteo).
3. Não abandone sua igreja local por ela ser pequena (grandes igrejas já foram pequenos grupos). Deus pode e usa pessoas pequenas para servirem no seu reino (1Co 1.26–31)
4. O Reino de Cristo sobre sua vida se estende a todas as áreas. Podemos reconectar esse mundo com a beleza, com o que é louvável, com o que é certo e justo. Como cristãos, não podemos fazer nada da mesma forma. Devemos assumir causas que expressam a graça, a reconciliação, e o alerta do evangelho.
5. Um dia, o semeador irá consumar seu Reino em extensão e alcance. Saber de nossa limitação de atuação evita filosofias e políticas de vida idolátricas. Agimos no poder da graça, sabendo que um dia as coisas serão plenas, e a árvore totalmente frondosa, quando o Reino for consumado na segunda vinda de Cristo.