Gálatas 6.1-5: RESTAURANDO VIDAS

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INTRODUÇÃO

A apostasia é um mal perigoso, pois conduz o homem à perdição eterna.
Nas igrejas da Galácia, muitos irmãos se apostataram da fé evangélica ao dar ouvidos a falsos mestres. De igual modo, milhares de anos depois, muitos irmãos se apostatam da fé pelo mesmo motivo: dar ouvidos a falsos mestres.
Claro que existem pessoas que se afastam de Deus porque querem, mas há também àqueles que o fazem por ignorância. Paulo alerta os cristãos da Galácia sobre esse que foi “surpreendido em algum pecado” (v. 1). Não é que ele quis se desviar do caminho, mas sim, que foi pego de surpresa pelo pecado.
E agora, o que fazer com esta pessoa e o que não fazer com ela é o que veremos.
Ideia Homilética: a igreja deve ajudar na restauração daquele que pecou.

I: O QUE FAZER (1-2)

Quem deve fazer
“...vocês, que são espirituais”
Em conexão com os versículos anteriores, o cristão espiritual é aquele que anda no Espírito. Ele é controlado pelo Espírito e produz o fruto do Espírito, em especial a mansidão, que é necessário para restaurar o pecador.
Toda a igreja deve estar empenhada nessa tarefa. É claro que na igreja nem todos andam no Espírito, mas é dever de todos andar no Espírito. Portanto, é dever de todos ser espiritual e maduro o suficiente para restaurar o pecador.
O que fazer
“…deverão restaurá-lo”
Algumas versões mais antigas traduzem “katartizo” por “corrigi-o” ou “encaminhai o tal”. Mas o sentido aqui é de restaurar mesmo. Mateus usa esse mesmo verbo para dizer que Jesus viu Tiago e João “consertando as redes” quando os chamou (Mt 4.21).
Digno de nota é o detalhe deste verbo estar no imperativo. Isto significa que é um mandamento para a igreja.
Portanto, o dever da igreja não é “deixar de lado” ou “dar um tempo” ao pecador. A igreja tem o dever de agir.
De que modo fazer
“…com mansidão”
Aqui está a característica do fruto do Espírito mais essencial para a restauração daquele que foi surpreendido pelo pecado, a mansidão.
Algumas versões dizem “espírito de brandura” ou “humildemente”. Gosto do último termo. Ser manso é ser gentil, calmo, suave e humilde. É saber lidar com a situação do pecador sem se julgar mais importante do que ele. A mansidão possibilita corrigir os outros sem arrogância.
“…Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado”
Além da mansidão, a vigilância é outro fator importante para a restauração daquele que pecou. A tendência de acharmos superiores pode ser para nós uma armadilha, um meio pela qual caímos no pecado.
Por que fazer
“Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo”
Ao contrário do que os judaizantes queriam, ou seja, que os irmãos cumprissem a lei de Moisés, Paulo nos ensina a cumprir a lei de Cristo. Qual é a sua lei? Vejamos João 13.34
A lei de Cristo é o amor. Como foi que Cristo nos amou? Levando sobre si os nossos fardos pesados.
O crente espiritual, que anda no Espírito, carregam as cargas pesadas uns dos outros.
Síntese
Crentes espirituais devem ser humildes para ajudar na restauração daquele que pecou.
Ilustração
Sabe por que disputas esportivas são separadas por faixa etária, sexo, peso e etc? Para que todos estejam em “pé de igualdade”. Somente estando no mesmo nível é possível obter algum sucesso. A restauração eclesiástica é semelhante: é preciso que se tenha humildade suficiente para estar no mesmo nível daquele que pecou para que ele obtenha algum sucesso.
Aplicação
Não pense que é função apenas do pastor ou de sua liderança a restauração do perdido. Muitos não se julgam espirituais o bastante para isso. Mas Paulo dá-nos um mandamento em Gálatas 5.16: “vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne”.
Busque a humildade para achar-se apto para a função:
Peça a Deus, mansidão é fruto do Espírito (Gl 5.22,23).
Leia biografias de grandes homens de Deus. Certamente isso te mostrará que está aquém de muitas pessoas.
Mantenha uma vida de oração. A oração nos ensina que somos dependentes de Deus.
Faça, diariamente uma autoanálise de sua vida espiritual. Procure enxergar seus erros e confessá-los ao Senhor.
Compare a sua vida com a de Jesus e conforme-se com sua pequenez.
Jesus foi o homem perfeito
Jesus foi o servo perfeito
Jesus foi o filho perfeito
Jesus é o pastor perfeito
Recapitulação
A igreja tem o dever ajudar na restaurar daquele que pecou. Conforme vimos é preciso andar no Espírito e ser manso para realizar essa função. Infelizmente, nem todos acertam na hora de restaurar o que pecou. Por isso, Paulo nos mostrará agora o que não fazer.

II: O QUE NÃO FAZER (3-5)

Não se deve fazer comparações
Lembre-se de que você não é nada (3,4)
“Se alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo”.
No intuito de restaurar aquele que pecou, o crente pode cair no laço de comparar-se a ele. É um erro comum que pode acontecer com todos, em especial aos crentes que não andam no Espírito.
A mansidão, que conforme vimos é uma característica essencial na restauração do caído, porque retira daquele que a possui o senso de auto-importância.
Paulo, de maneira genérica, engloba todos os crentes no padrão de “não sendo nada”. Ele mesmo declarou-se miserável (Rm 7.24). Além disso, Jesus nos ensinou que quando fizermos tudo quanto nos mandar, devemos nos considerar “servos inúteis” (Lc 17.10). Pensar de outro modo significa enganar-se a si mesmo.
“Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém”.
Para reforçar a ideia de que não somos nada, Paulo ensina o cristão a fazer uma auto análise. Cada um deve examinar os seus próprios atos, isto é, a sua maneira de agir e então ele poderá se orgulhar de si mesmo sem se comparar com ninguém. Mas, se orgulhar de que se você não é nada? Paulo parece estar sendo sarcástico. Creio que o que ele está dizendo é que ao se examinar, o homem chegará a conclusão que ele fez no versículo anterior, isto é, que não é nada.
Lembre-se de que tem de prestar contas a Deus de sua vida e não das dos outros (5)
“…cada um deverá levar a sua própria carga”
Paulo, por fim, dá um lembrete “cada um deverá levar a sua própria carga”. Este versículo parece contradizer o versículo dois. Em algumas versões, no versículo dois está escrito que devemos levar as cargas uns dos outros e aqui que cada um levará a sua carga.
Apesar das palavras serem iguais em português, em grego não. A primeira palavrá é “baros” e está relacionada a uma carga pesada, que no contexto é o pecado. No entanto, neste versículo a palavra é “phortion” que era usada muitas vezes para falar de cargas leves. Aliás Jesus havia dito que seu fardo (phortion) é leve.
Em resumo, Paulo está dizendo que você não se deve comparar com ninguém. Essa carga você não deve levar. Um dia teremos de prestar contas a Deus por quem nós somos e não por quem o outro é.
Síntese
Não deve haver comparações quando trata-se de restaurar o que pecou.
Ilustração
Há um ditado que diz: muito ajuda quem não atrapalha. Quando o restaurador se coloca num patamar inalcançável para o caído ele se não terá forças para se reerguer.
Aplicação
Evite comparações:
Aquele que pecou não deve ser coibido a viver como você. Para você pode ser mais fácil do que para ele ter uma vida de oração, de jejum, de leitura da Palavra. Afinal, vocês estão em situações diferentes na vida.
Você não deve se julgar superior àquele que pecou. Lembre-se que se você está de pé é porque a graça de Deus o tem sustentado e não você mesmo. Lembre-se de que não é nada.
Sempre ore pelo caído.
Nunca faça fofocas sobre a situação do que pecou.
Sempre ore para não cair.
Você não está imune à queda.

CONCLUSÃO

A igreja deve ajudar na restauração daquele que pecou. Isso deve ser feito por crentes que andam pelo Espírito e que possui a mansidão como virtude. Devemos evitar comparações para não atrapalharmos o processo.
As igrejas da Galácia passaram por um período difícil e nós passamos muitas vezes também. O maior desejo de Deus é que as pessoas sigam em sua direção, mas quando elas se desviam, o Senhor que que elas sejam restauradas e Ele conta conosco nesse processo. Será que dá para nós ajudarmos?
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