Gálatas 6.6-10: O QUE O HOMEM SEMEAR, ISSO TAMBÉM COLHERÁ

Notes
Transcript

INTRODUÇÃO

A carta aos Gálatas é uma grande apologia da Liberdade Cristã em relação à Lei Mosaica como meio de salvação. Paulo se mostra um grande defensor do Evangelho da Graça. Já no final de sua carta, Paulo passa a dar orientações gerais.
Anteriormente, em Gálatas 6.1-5, Paulo havia destacado sobre o dever da igreja de ajudar na restauração do irmão que pecou, agora, com o intuito de ensinar aos Gálatas sobre a lei da semeadura no Reino Espiritual, Paulo ressalta três esferas da vida cristã onde opera essa lei: vida pessoal; vida do ministro e na vida da igreja.
Paulo coloca notas graves em sua escrita quando diz “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba” (v.7). Os homens podem até enganar a si mesmo, conforme vimos no versículo três deste mesmo capítulo, mas a Deus ninguém engana.
O homem de Tarso entende que a lei natural da semeadura também é aplicada no Reino espiritual. Desta maneira, ele destaca ainda em tom severo: “o que o homem semear, isso também colherá” (v. 7)
Vejamos, agora, as TRÊS ESFERAS onde a lei da semeadura opera:

I: A LEI DA SEMEADURA NA VIDA PESSOAL (8)

Semeando para a carne (8a)
“Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição”
No contexto, carne significa “natureza humana pecadora”.
Desde a Queda que o homem herdou essa natureza pecaminosa e mesmo depois de convertido ela não o deixa. O dever do homem cristão, portanto, é crucificá-la.
A carne, bem como o Espírito, são comparados a campos onde o homem pode semear.
O aviso de Paulo é o seguinte: aquele que semeia no terreno da sua natureza pecaminosa colherá a destruição. Mas o que significa destruição?
Esta palavra foi traduzida de algumas formas, como “corrupção” e “destruição”. A NTLH traduz a primeira parte deste versículo da seguinte forma: “Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte”.
Segundo John Stott, para aqueles que semeiam na carne, “vai haver um processo de decaimento moral. Irá de mal a pior e finalmente perecerá”.
Ainda, se levarmos em consideração a antítese de carne e Espírito, iremos perceber que os que semeiam para o Espírito colherão “vida eterna” (v. 8b). Logo, a palavra aqui pode significar “morte eterna”.
Concluo, portanto que, àqueles que semeiam no terreno de sua natureza carnal receberá como resultado uma decadência espiritual que poderá resultar em morte eterna.
Semeando para o Espírito (8b)
"… mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna”
Paulo destaca um outro terreno no qual o crente pode, e deve, semear: o terreno do Espírito.
Semear no Espírito é buscar as coisas do alto. É pensar nas coisas de cima, que tem louvor (Fp 4.8).
Ao contrário dos que semeiam para a carne, os que semeiam para o Espírito não colherão decadência espiritual e morte eterna, e sim santidade e vida eterna. John Stott diz que “a santidade é uma colheita; colher ou não colher depende quase inteiramente do que e onde semeamos”.
Jesus, o nosso exemplo
No deserto, logo após ser batizado, Jesus foi tentado pelo diabo. Satanás tentou dissuadi-lo a buscar as glórias terrenas. Ele lhe mostrou todos os reinos do mundo e disse a Jesus: “tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.9). No entanto, nosso Senhor não cedeu.
Jesus teve a oportunidade de semear para a carne, mas preferiu semear para o Espírito.
Síntese
Os que semeiam no terreno da carne colhem decadência espiritual e morte eterna. Os que semeiam no Espírito colhem santidade e vida eterna.
Ilustração
O dever do produtor, caso ele deseje uma boa colheita, é plantar em solos produtivos. Mas isso não é tudo, ele precisa escolher as sementes certas. Não se trata, portanto, de onde plantar, como também do que plantar. A semeadura, conforme vimos, também é válida para a vida cristã. Primeiramente precisamos escolher o terreno (carne ou Espírito). A partir de então investirmos ali nossas sementes, que são nossos pensamentos e atos. Aqueles que semeiam para a carne colherão abrolhos e espinhos, mas os que semeiam para o Espírito colherão a 30, a 60 e a 100 por 1.
Aplicação
Ainda que o terreno e as sementes determinem a colheita, a escolha do que semear e onde semear é do crente.
Jesus teve a oportunidade de semear para a carne quando foi tentado pelo diabo, mas escolheu semear para o Espírito. Sua vida deve servir de inspiração para nós.
A escolha de Jesus de semear no Espírito nos mostra que nem sempre a recompensa vem rapidamente. Jesus não foi aceito pelo povo judeu, mas foi aceito por Deus. Diz a Bíblia no Salmo 118.22: “a pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esquina”. Deus exaltou a Jesus sobre todo o nome (Fp 4.9). Portanto, não devemos esperar resultados imediatos, mas sempre devemos esperar resultados.
Frase de Ligação
O cuidado com a vida pessoal é muito importante. Devemos sempre escolher semear no Espírito e colher santidade e, futuramente, a vida eterna. Paulo quer que aprendamos sobre a lei da semeadura no Reino Espiritual. Mas o cuidado com a vida pessoal é apenas a primeira esfera em que a lei da semeadura opera. Vejamos a próxima.

II: A LEI DA SEMEADURA DA IGREJA NA VIDA DO MINISTRO DO EVANGELHO (6)

O mandamento
“O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com aquele que o instrui”
Aqui Paulo dá um mandamento aos crentes. A palavra “partilhe” (koinoneo no grego) é um verbo imperativo, ou seja, expressa uma ordem e significa “contribuir com uma parte”.
Quem deve contribuir com uma parte? “O que está sendo instruído na palavra”. As palavras gregas para “o que está sendo instruído” são “ho katechoumenos”, que lembra a nossa palavra “catequese”. O catecúmeno, segundo a NTLH, é a pessoa que “está aprendendo”.
O que o catecúmeno está aprendendo? A palavra. Aqui a NTLH será útil, pois traduz “logos” por Evangelho. Obviamente Paulo não estaria ensinando aos crentes a partilhar todas as coisas boas com falsos ensinadores.
Quem deve receber “todas as coisas boas” que são partilhadas pelo que está sendo instruído na palavra? Àquele que o instrui, que, contextualizando, melhor se aplica a ministros cristãos.
Por fim, resta-nos saber o que Paulo quis dizer com “todas as coisas boas”. Era comum, naquela época, pessoas pagarem seus professores. Parece que Paulo está trazendo esta ideia para as igrejas da Galácia. Para reforçar essa ideia, em Lc 16.25, quando Jesus conta a parábola do rico e de Lázaro, ele usa esta mesma palavra (agathos) quando Abraão diz ao rico “filho, lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males...”. Além disso, o princípio de sustento daquele que vive da comunicação do Evangelho é descrito por Jesus aos setenta: “Digno é o trabalhador do seu salário” (Lc 10.7). E Paulo também usa essa linguagem de semeadura para dizer: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?” (1Co 9.11). Pode ser também que Paulo vá além das finanças e trate também de outras coisas boas.
Portanto, é dever dos crentes contribuírem financeiramente, mas não apenas, como também com “todas as coisas boas” que puderem com os seus mestres.
Jesus como exemplo
Jesus é o Mestre por excelência:
Ele recebia sustento de algumas mulheres (Lc 8.1-3).
Jesus sempre se colocou em submissão a Deus, sempre o honrou, não com finanças porque não havia necessidade, mas sempre o honrou com palavras e atos.
Ele ensinou que os que ensinam o evangelho são dignos do seu salário (Lc 10.7).
Síntese
É dever da igreja cuidar bem de sua liderança.
Ilustração
Toda grande empresa investe pesado no bem estar de seus funcionários, pois colaboradores motivados produzem mais. Ainda que a igreja seja um organismo, ela também é uma organização e possui funcionários que precisam estar motivados. Sabendo disso, Deus nos ensinou a cuidar bem de nossos pastores, financeiramente, psicologicamente e espiritualmente.
Aplicação
Se Jesus é o nosso exemplo, logo devemos imitá-lo:
Se ele recebia sustento ministerial, não é ilegal que pastores também o receba.
Se ele honrou a Deus, o seu líder, também o devemos fazer.
Seja dizimista e ofertante. Não se engane: de Deus não se zomba (v. 7)
Frase de ligação
É muito importante semear em nossa vida no terreno do Espírito para colhermos a santidade e a vida eterna. É importante também semear na vida do Ministro cristão. Paulo quer que aprendamos sobre a lei da semeadura no Reino Espiritual. Mas ainda isso não é tudo. Vejamos a terceira esfera em que a lei da semeadura opera na vida cristã.

III: A LEI DA SEMEADURA DA IGREJA NA VIDA DOS IRMÃOS NA FÉ (9-10)

O alerta de perigo (9)
“E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos”
Paulo prossegue, agora, falando de boas obras. A vida cristã não é passiva, isto é, ele não apenas recebe bens de Deus, como também faz bem ao próximo como fruto de sua salvação.
Paulo sabe que a semeadura é extenuante e por isso fala sobre se cansar e desanimar. Esses verbos, respectivamente, significam “tornar-se desanimado” e “tornar-se exausto da atividade e desistir”. A razão da advertência é que “no tempo próprio colheremos”.
Tempo aqui é o termo grego kairos e indica um tempo específico. Assim como o trabalho árduo para semear exige paciência para colher, Paulo espera que os crentes sejam pacientes, pois o tempo da colheita não é, muitas vezes, imediato e, nessa pressa, os crentes poderiam se desanimar.
O aconselhamento (10)
“Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé”.
Paulo subtende que temos oportunidade e que enquanto vivermos nesta era, sempre haverá tempo oportuno. Mas, o que devemos fazer enquanto temos oportunidade? Devemos semear “o bem a todos, especialmente aos da família da fé”.
O dever do crente, portanto, é fazer o bem a todos, mas, em primeiro lugar, ou, acima de tudo, aos da família da fé, isto é, aos irmãos em Cristo.
Jesus, o nosso exemplo
Mesmo diante das maiores dificuldades, Jesus não olhou para trás:
Quando Satanás tentou impedi-lo no deserto, Ele prosseguiu;
Quando Pedro tentou impedi-lo de morrer na cruz, Ele prosseguiu;
Quando Judas o traiu, Ele prosseguiu;
Quando Deus o desamparou, Ele prosseguiu;
Jesus fez o bem a todos, mas especialmente aos mais próximos:
Seus discípulos é que foram os mentores da igreja;
Muitos se desviaram, mas Jesus foi especialmente atrás de Pedro para restaurá-lo depois de sua ressurreição;
Depois de ressurreto, Jesus apareceu a muitos, mas apareceu em especial para os discípulos no caminho de Emaús e aos onze que estavam trancados em casa.
Muitos ouviam as parábolas de Jesus, mas aos seus discípulos ele as explicava.
Síntese
A certeza da colheita, ainda que demorada, deve servir de motivação para fazermos o bem a todos, em especial aos irmãos na fé.
Ilustração
Li uma matéria no portal G1.globo.com que contava a história de um vidraceiro na cidade de Bom Jesus da Penha-MG que juntou moedas durante 25 anos. Quando decidiu contá-las havia o valor de R$11.900,00. O que ele fez? Trocou-as em uma moto. Em alguns aspectos a vida cristã se assemelha a deste vidraceiro de Bom Jesus da Penha-MG - a certeza da colheita deve servir de motivação para fazermos o bem, em especial aos irmãos na fé. Certamente que a demora da colheita pode servir de desânimo para alguém, mas, se permanecer verá que valeu a pena.
Aplicação
Quando vier a vontade de desistir de fazer o bem porque você não está sendo valorizado, lembre-se de que nossa recompensa maior está no céu. Valerá a pena receber o galardão divino em troca dos bons frutos apresentados aqui.
Socorra a todos os necessitados, mas em primeiro lugar os seus irmãos em Cristo.
Jesus foi exemplo nisto tudo para nós, portanto, o imitemos.

CONCLUSÃO

Ao término deste sermão, espero que tenhamos aprendido essa valiosa lição: A Lei da Semeadura é válida no Reino Espiritual. Ninguém a Deus engana, o que plantamos, certamente colheremos, seja nesta era ou na vindoura.
As três esferas da vida onde a lei da semeadura opera são:
A lei da semeadura na vida pessoal;
A lei da semeadura da igreja na vida do ministro cristão;
A lei da semeadura da igreja na vida dos irmãos na fé;
O meu desejo é que você faça bom proveito deste ensinamento e aplique a lei da semeadura em sua vida espiritual, mas lembre-se: a decisão é sua!
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