A Mensagem de Deus Para Seu Povo

Isaías 40. 1-2: Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados.

Ilustração

Um dos maiores pesadelos dos pais aconteceu com uma família durante uma viagem de férias. Os pais, juntamente com seus quatro filhos estavam viajando num daqueles roteiros do interior em que o ônibus para em todos os vilarejos e cidadezinhas da região quando, numa destas paradas, um dos filhos desceu sozinho, sem que ninguém percebesse.

Como a família era grande, o pai pensou que o filho estava com a mãe, e a mãe pensou que o filho estava com o pai. E, assim, eles viajaram cerca de 20 ou 30 quilometros, numa horrível estrada de terra. Quando se deram conta de que a criança não estava à bordo, fizeram o motorista voltar o mais rápido que pode, em meio aos lamentos, suspiros, lágrimas e palpitações de ambos.

Ao chegarem àquela parada, ao contrário do que os pais haviam imaginado, seu filho não estava chorando; estava na verdade até tranquilo demais, olhando as coisas ao redor, sem consciência alguma da gravidade do que estava acontecendo. Ele estava perdido, e nem sabia.

Assim como o garoto dessa historieta, em uma perspectiva muito particular, a espiritual, Judá por muito tempo viveu perdida. Talvez soubesse disso, talvez houvesse esquecido. No texto que lemos, no entanto, vemos Judá, o povo de Deus, recebendo de seu Senhor uma mensagem, que anunciava um novo tempo em sua história.

Introdução

Deus se revela, explica John Oswalt, de maneira incarnacional, ou seja, Ele fala a seu povo através de sua Palavra em um cenário no tempo e no espaço. Dessa forma que entender o contexto de uma passagem é um passo primordial para compreender a mensagem que Deus intentou transmitir.

A mensagem de Isaías compreende um espaço de tempo muito longo. É possível dividir o livro em 3 seções. A primeira delas, entre os capítulos 1-39 copreende o período da vida de Isaías, provavelmente entre 739 e 701 a.C. Entre os capítulos 40-55 a mensagem vai além da vida de Isaías, sendo focalizadas no período exílico, entre 605 e 539 a.C. Finalmente entre os capítulos 56-66, temos uma ênfase no regresso de Judá do Exílio Babilônico entre aproximadamente 539 e 500 a.C.

O cativeiro babilônico foi a punição contra o pecado da nação, porque Eles se afastaram do Senhor e buscaram auxílio não no seu Deus, mas na força das nações pagãs. A grande ironia é que a destruição de Judá viria por mais de uma vez dessas mesmas nações nas quais buscaram auxílio. Quando foram levados para a Babilônia e viram a cidade de Jerusalém, onde estava o Templo, ser destruída, muitos dos de Judá passaram a acreditar, como explica Oswalt, que sua fé era uma farsa. Outros acreditavam na verdade que Deus os abandonara. No entanto a realidade é completamente outra, de maneira que entre os capítulos 40 e 55 de Isaías vemos na verdade a mensagem enviada por Deus ao seu povo. Mensagem essa que informava ao povo de Judá e também a nós hoje que o Senhor não abandona o seu povo, antes, está atento à sua situação, os redime de seus pecados e os resgata da condenação.

Transição

Diante de todo o exposto quero chamar sua atenção agora para o tema da nossa reflexão nessa noite : A Mensagem de Deus Para o Seu Povo. Estudaremos esse tema a partir de 3 proposições baseadas no texto em que lemos. De maneira que podemos concluir em primeiro lugar que:

1. Deus anuncia uma mensagem de consolo (v.1)

Lembro-me de uma aula no seminário em que o professor disse que o Evangelho é a boa nova, porque antes existiu uma má-nova e a má nova é de que todo homem é peador e encontra-se debaixo da condenação até que seja alcançado por Cristo. Assim, entendemos que o Evangelho é uma boa notícia porque ele desfaz uma má notícia.

Da mesma forma a mensagem de Deus para Judá nos dias do Exílio é uma mensagem de Consolo, porque aponta para o fim de um período de angústia e sofrimento. Essa mensagem é importante para Judá não apenas por ser uma mensagem de consolo, mas por ser uma mensagem de consolo da parte de Deus.

Quando olhamos para o livro de Isaías, podemos reconhecer nele um padrão de comportamento não apenas de Judá, mas de todo o povo de Deus que se perpetuou na história. Vemos aqui um povo que a despeito de ser reconhecido como “povo do Senhor”, se afasta de Deus de maneira constante e busca socorro em outro lugar. Essa não é uma novidade nos dias de Isaías e da mesma forma não é algo inimaginável nos nossos dias.

Veja o que as Escrituras nos contam: Gn. 3. 6: “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também”. Adão e Eva deixaram de lado a ordem do Senhor e seguiram após a serpente.

Jz. 2. 11-12: “Então fizeram os filhos de Israel o que era mau aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins. E deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos, que havia ao redor deles, e adoraram a eles; e provocaram o Senhor à ira”. Assim como Adão e Eva, os israelitas agiram nos dias da conquista e se afastaram de Deus.

Isaías 1. 3: O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. A dureza do coração impedia o povo de conhecer ao seu Deus.

No entanto, embora esse seja um povo de coração obstinado, e que esteja no cativeiro por consequência de suas escolhas, Deus, o próprio Deus que foi desrespeitado e ultrajado no pecado da nação oferece consolo. O fato de Deus ainda se relacionar com esses homens e mulheres que Ele mesmo definiu, no cap. 1 como uma nação pecadora, carregada de iniquidade, como descendentes de malfeitores cobertos de podridão dos pés à cabeça, revelam quem de fato Ele é. A palavra consolo, tem o significado de diminuir o sofrimento e dar força, vigor emocional e o anúncio do consolo faz todo o sentido nesse contexto.

O cativeiro foi doloroso e humilhante para Judá. O povo do Senhor, o povo do Deus de toda terra foi subjugado e levado para longe de casa. O Senhor no entanto vem agora ao encontro deles e lhes anuncia o socorro. Eles não permanecerão na misérias, eles não permanecerão na humilhação. Eles serão consolados e esse consolo vem na libertação.

Aplicação: Judá sofreu com o cativeiro. Nósde igual modo enfrentamos sofrimentos. Assim como o Senhor estava atento à situação de Judá e veio ao seu encontro, ele também vem ao nosso encontro hoje. De maneira que independente da situação, devemos manter firme a nossa fé, olhando para o passado vemos quem Deus é e tendo a certeza de que ele não muda, podemos depositar nele a nossa esperança.

2. Deus anuncia uma mensagem de libertação (v. 2a)

Desde março de 2011, a Síria, país no Oriente Médio que faz fronteira com Turquia, Iraque, Líbano, Israel e Jordânia, enfrenta uma guerra civil. Durante esses anos de conflito cerca de meio milhão de pessoas foram mortas e mais de seis milhões deixaram o país, fugindo dos conflitos e das violações de direitos humanos.

Os conflitos, as guerras nunca são fáceis. Elas causam desoação, causam dor, causam morte. E no v. 2 somos informados de que Judá encontrava-se justamente em um estado de conflito. A palavra milícia tem o sentido de guerra, de um conflito armado contra um inimigo. Judá vivia sim um conflito. O seu conflito não era com a Babilônia. O seu conflito mais profundo não era consigo mesma. O conflito que Judá travava era contra o Senhor.