O cristão e o medo da morte
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· 131 viewsSermão expositivo sobre a visão bíblica sobre a morte. Como os cristãos devem se relacionar com o assunto da mrote, com medo, ou com naturalidade.
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2 Coríntios 5:1-8
· Local: 18ª IPR – 17/01/2021
· Texto chave: 2Co 5:1-8
TEMA: O CRISTÃO EM RELAÇÃO À MORTE
TEMA: O CRISTÃO EM RELAÇÃO À MORTE
2 Coríntios 5:1-8 (ACF2007) (5:1) PORQUE sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo (tenda) se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. (5:2) E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; (5:3) Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. (5:4) Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. (5:5) Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito. (5:6) Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (5:7) (Porque andamos por fé, e não por vista). (5:8) Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
No capítulo anterior Paulo acabara de falar de um corpo fraco e de um espírito renovado (2Co 4.16 Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.), de um presente doloroso e de um futuro glorioso (2Co 4.17 - Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;), e de coisas visíveis temporais e coisas invisíveis eternas (2Co 4.18 - Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.).
Agora, ele continua sua argumentação mostrando que a morte não é o fim da linha, mas apenas o início da caminhada eterna.
É justamente nesta perspectiva paulina que iremos aprender como os cristãos do 1º século se relacionavam com a morte, e como este entendimento mudou de lá pra cá.
De agora em diante, destacaremos algumas verdades no texto em tela.
1. UMA CERTEZA INEQUÍVOCA (5.1)
1. UMA CERTEZA INEQUÍVOCA (5.1)
Se Paulo inicia esse conjunto de texto com a palavra “Sabemos”, é porque está se referindo a algo que, tanto Paulo quando os leitores de Paulo já sabiam, ou já tinham ouvido falar.
Paulo inicia o verso 1 dizendo: “Sabemos que...” (5.1). A declaração de Paulo - "Sabemos" - é ligada ao "sabendo" de 2 Coríntios 4:14 (Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco.), que, por sua vez, diz respeito à ressurreição de Jesus Cristo.
Sabemos que ele está vivo; logo, sabemos que a morte não tem poder sobre nós.
Isso faz parte da promessa feita por Jesus Cristo aos seus discípulos antes de morrer.
"Porque eu vivo, vós também vivereis" (Jo 14:19).
1.1. O que nos dá essa certeza de que viveremos?
1.1. O que nos dá essa certeza de que viveremos?
Agora Paulo vai demonstrar aos leitores os motivos de nossa fé e esperança de que não morreremos, mas pelo contrário, viveremos com Jesus Cristo.
Paulo responde confiantemente: “Temos uma casa recebida de Deus, um lar celeste não feito por mãos[1], no céu”.
A certeza inequívoca que temos é que viveremos, porque temos uma casa feita pelas mãos de Deus. Mais adiante vamos compreender como Paulo chega a essa conclusão.
1.2. Quem é que deve saber estas coisas?
1.2. Quem é que deve saber estas coisas?
Outro ponto importante é que esse conhecimento (de vida após a morte física) não é para todos, é direcionado à alguns selecionados indivíduos.
Este conhecimento não vem do intelecto humano, senão que é dado por revelação do Espírito Santo e, desta forma, pertence tão-somente aos crentes. Mesmo os pagãos tinham alguma noção de imortalidade da alma, porém nenhum deles podia orgulhar-se de falar de algo que conhecia.[2]
Calvino dizia o seguinte sobre àqueles que sabem disso:
“Só os crentes podem falar dela com segurança, porque ela lhes foi comunicada pelo testemunho da Palavra e do Espírito de Deus.
[...] todos devem ter um conhecimento individual de sua própria imortalidade, pois a única coisa que pode levar-me a encarar a morte com disposição alegre é a convicção inabalável de que estou partindo para uma vida muito melhor”[3] (João Calvino)
1.3. Que casa é essa que Paulo fala?
1.3. Que casa é essa que Paulo fala?
Outro fato importante de se notar é que essa casa que Paulo se refere não é o lar celestial do cristão prometido em João 14:1-3[4], mas sim seu corpo glorificado.
2. AS METÁFORAS[5] DE PAULO PARA DESCREVER NOSSO CORPO
2. AS METÁFORAS[5] DE PAULO PARA DESCREVER NOSSO CORPO
Nos primeiros oito versículos, Paulo emprega uma série de três metáforas (tenda [v. 1, 4], vestes [v. 2–4] e casa [v. 6, 8]).
A primeira ilustração que Paulo, o fabricante de tendas usa é a de uma tenda. Ele compara nosso corpo físico com um lugar de morada temporária, por isso ele lembra do tabernáculo de Moises. A palavra aqui usada é Skenou, se referindo ao Tabernáculo. Paulo escreve literalmente: “se nossa casa da tenda terrena for desmontada”. Ele descreve a casa em termos de tenda para enfatizar sua transitoriedade.
Paulo fazia tendas (At 18:1-3) e, nesta passagem, usa uma tenda para retratar nosso corpo aqui na Terra. A tenda é uma estrutura frágil e temporária, sem grande beleza; mas o corpo glorificado que receberemos será eterno, belo e jamais apresentará sinais de fraqueza ou decomposição (ver Fp 3:21)[6]. Paulo também via o corpo humano como um vaso de barro (2 Co 4:7)[7]; mas sabia que, um dia, os cristãos receberiam um corpo glorificado e maravilhoso, próprio para a glória do céu.
Paulo era fabricante de tendas, e conhecia bem do assunto. Paulo sabia que uma tenda é uma morada temporária que é facilmente desmontada. Ele faz referência à tenda da congregação de Moisés.
A metáfora de desmanchar uma tenda aponta para o fim não só de nosso corpo físico como também de toda nossa existência terrena.
De fato, Pedro menciona estar vivendo “neste tabernáculo” que ele logo colocaria de lado (2Pe 1.13–14)[8]
Paulo está usando uma figura de linguagem - Metáfora[9] para retratar a morte e a ressurreição. Ele menciona a tenda temporária para falar do corpo físico, transitório, temporário, que se debilita, enfraquece, adoece e morre e em contraposto menciona o edifício permanente para falar do corpo glorioso da ressurreição, que é permanente e eterno.
Enquanto a tenda é apenas uma moradia transitória para um viajante ou peregrino, a casa ou edifício é uma residência permanente.
Não somos um corpo que tem um espírito, mas um espírito que habita num corpo. A morte não pode matar a personalidade humana.
A tenda, que é o corpo físico, é apenas um lugar de habitação, e não o homem essencial. Agora, caminhamos pelo deserto numa tenda provisória, mas há um templo (corpo glorificado) permanente preparado para a alma, onde haverá estabilidade, poder e beleza.
Ray Stedman corretamente diz que uma barraca ou tenda é habitação transitória e temporária, enquanto a casa é uma habitação definitiva e permanente. Quando morrermos, mudaremos do que é temporário para o que é permanente; da barraca para a casa eterna nos céus.
O apóstolo descreve o corpo ressurreto assim:
“Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória” (1Co 15.53,54).
Para Paulo, a morte não é a libertação da alma da prisão do corpo, mas uma mudança de um corpo de fraqueza para um corpo de poder; de um corpo temporário para um corpo permanente; de um corpo terreno, para um corpo celestial; de um corpo mortal para um corpo imortal; de um corpo corruptível para um corpo incorruptível.
Digno de nota é o fato de que Paulo não olha para essa verdade como uma vaga possibilidade, como se fosse uma tênue esperança. Ele não lida com essa questão com a linguagem da conjectura hipotética, mas com a convicção da certeza experimental: “Sabemos [...]” (5.1).
Esse é um assunto que sempre despertou interesse. Ainda hoje há muita especulação acerca da vida por vir ou o que acontece depois da morte. Muitos pensam que a morte é o fim da existência. Outros pensam que depois da morte a alma fica vagando em busca de luz. Outros ainda pensam que depois da morte a alma se reencarna em outra pessoa. Ainda há aqueles que pensam que depois da morte, a alma vai para o purgatório, onde fica penando e purgando seus pecados. Há aqueles também que crêem que a alma fica dormindo com o corpo na sepultura até o dia da ressurreição. Finalmente, há aqueles que acreditam que a alma dos ímpios é completamente aniquilada e deixa de existir. Essas teorias estão todas equivocadas. Não há amparo para elas nas Escrituras. O apóstolo Paulo não lida com pressuposições acerca desse tema, ele tem certeza. Não se trata apenas de uma lucubração humana, mas de uma revelação divina (lTs 4.13-18).
Warren Wiersbe diz corretamente que nenhum cristão precisa consultar cartomantes, médiuns ou usar recursos esotéricos para descobrir o que o futuro lhe reserva do outro lado da morte. Nosso conhecimento vem não das sucursais do misticismo, mas da própria Palavra revelada de Deus.
Um dia precisaremos afrouxar as estacas dessa tenda e levantar acampamento. Deixaremos uma tenda frágil e temporária e mudaremos para um edifício permanente, uma mansão feita não por mãos, eterna nos céus. O corpo físico, na linguagem de Paulo, é um lugar de morada temporária.
Para Paulo, a morte é uma mudança de endereço
2 Timóteo 4:6-8 (ACF2007) (4:6) Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. (4:7) Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (4:8) Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
3. UM GEMIDO PROFUNDO (5.2)
3. UM GEMIDO PROFUNDO (5.2)
“E, por isso, neste tabernáculo, gememos [...]” (5.2).
Repare que o versículo 4 tem o mesmo começo do versículo 2, “pois na verdade”. Assim, Paulo frisa o fato que estamos agora gemendo em nosso corpo físico, enquanto expressamos uma forte vontade de ser vestidos com vestimenta que Deus providencia. Nesses dois versículos (v. 2 e 4), ele reitera esse pensamento com uma explicação do trecho anterior (v. 1).[10]
Paulo desce do céu à terra, do corpo de glória para o corpo de fraqueza e mostra que enquanto não somos revestidos com esse corpo imortal e poderoso; enquanto estivermos morando neste tabernáculo (tenda); ou seja, neste corpo físico sujeito à doença, velhice, fraqueza e morte, nós gememos.
O verbo grego stenázom está no presente e isso enfatiza o contínuo gemer da vida terrena. O gemido é uma expressão profunda de dor, desconforto e sofrimento. O gemido expressa nossa fraqueza e impotência e é sorte comum dos filhos de Adão.
Escrevendo aos romanos, Paulo fala que a criação está gemendo aguardando a libertação do seu cativeiro (Rm 8.22). Os crentes estão gemendo aguardando a redenção do seu corpo (Rm 8.23) e o Espírito Santo está gemendo intercedendo por nós de forma intensa, agônica e eficaz (Rm 8.26).
Romanos 8:22-26 (ACF2007) (8:22) Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. (8:23) E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.
Paulo descreve essencialmente uma aspiração positiva por tomar posse de uma “habitação celestial”. Embora as aflições experimentadas pelo apóstolo possam ter-lhe causado gemidos e aumentado suas aspirações, isso tudo resultou num forte desejo por aquilo que Deus lhe havia prometido, um edifício em lugar de uma tenda, um corpo de glória em lugar de um corpo de fraqueza.
Aqui não é o céu. Aqui não é o paraíso.
Aqui encharcamos nossos olhos de lágrimas, ferimos nossos pés nos desertos causticantes, somos assolados pela dor. Aqui, nosso corpo, como uma tenda frágil, vai ficando desbotado, gasto e roto. Aqui, somos surrados pela fraqueza e pela doença. Aqui a morte nos mostra sua carranca. Aqui, enfrentamos a dor do luto, o chicote da saudade, a ausência dolorosa daqueles a quem amamos. Aqui, fazemos uma caminhada cheia de gemidos e lamentos.
4. UMA ASPIRAÇÃO GLORIOSA (5.2B-4)
4. UMA ASPIRAÇÃO GLORIOSA (5.2B-4)
“[...] aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus. Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (5.2b-4).
Paulo muda a figura da tenda para a figura das vestes. Para ele, morrer é como ficar nu, mas na segunda vinda, os que estiverem vivos serão revestidos da imortalidade. Nosso corpo será glorioso como o fulgor do firmamento, como as estrelas, sempre e eternamente (Dn 12.3).
· Receberemos um corpo semelhante ao corpo da glória de Cristo: (Fp 3.21 – “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.)
· Esse corpo será incorruptível, glorioso, poderoso, espiritual e celestial: (1 Coríntios 15:42-44 (15:42) “Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. (15:43) Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. (15:44) Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”.)
· O que os crentes esperam com ansiedade não é a morte, mas a redenção do corpo (Rm 8.23 “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”)
Paulo descreve seu anseio pelo corpo novo e glorificado usando duas metáforas.
· Primeira, a metáfora do vestir um vestuário extra, que recobre o que já está usando: “Os que estamos neste tabernáculo [...] queremos ser [...] revestidos”.
· Segunda metáfora, a de uma coisa que é devorada por outra, de tal forma que a primeira cessa de existir como era antes, mas é absorvida e transformada pela outra: “[...] que o mortal seja absorvido pela vida”.
Simon Kistemaker diz que o verbo grego ependuomai, “estar coberto por cima, recoberto”, traz a idéia de se pôr uma roupa a mais, mais ou menos, como usar uma túnica sobre a roupa.
Dessa maneira, Paulo está considerando aqui não a ressurreição dos mortos, mas sim a transformação dos vivos na vinda de Cristo. Está dizendo que nós aguardamos ansiosamente a volta de Cristo. Nessa ocasião, nosso corpo atual será transformado instantaneamente, quando receber a vestimenta adicional de nosso lar celestial na forma de um corpo glorificado.
Na mesma medida que gememos por causa das fraquezas do corpo físico devemos aspirar pelo revestimento do corpo de glória. Gememos angustiados não pelo desejo de morrer, mas pelo desejo de sermos tragados pela imortalidade. Gememos não para sermos despidos do corpo mortal, mas para sermos revestidos do corpo imortal. Ansiamos não pela morte, mas pela transformação. Somos atraídos não pela sepultura gélida, mas pela bela roupagem de um corpo de glória.
5. UM PENHOR SEGURO (5.5)
5. UM PENHOR SEGURO (5.5)
“Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito” (5.5).
A confiança inabalável do apóstolo Paulo acerca da posse do glorioso corpo da ressurreição não estava firmada na areia movediça dos sentimentos humanos, mas na rocha firme da própria ação de Deus.
O próprio Deus nos preparou para essa gloriosa esperança, dando-nos o penhor do Espírito. O verbo “preparar” pode ter o sentido de trabalhar diligentemente com e em uma pessoa, mais ou menos, como um instrutor treina um estudante, antecipando uma formatura e um trabalho.
Ao preparar-nos para a glória futura, Deus nos concede o seu Espírito Santo, como garantia. O penhor do Espírito é a garantia de que a obra que Deus começou a fazer em nós será concluída (Fp 1.6)[11].
A palavra grega arrabon, “penhor”, é um termo técnico usado nas áreas comerciais e legais.
Explicar o penhor.
Seu corpo está sobre a terra, mas seu coração está no céu. Deus fez um contrato conosco dando-nos uma “entrada”, em que ele assume o compromisso de continuar fazendo os pagamentos adicionais. Agora, estamos recebendo uma pequena amostra antecipada do Espírito, mas, no além, receberemos a porção toda que Deus tem reservada para nós.
O penhor do Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso, mas para um alvorecer glorioso. Caminhamos não para a morte, mas para a vida eterna. Caminhamos não para o despojamento, mas para o revestimento. Caminhamos não para o desmoronamento de uma tenda rota, mas para a habitação de uma mansão permanente.
6. UMA CONFIANÇA PLENA (5.6-8)
6. UMA CONFIANÇA PLENA (5.6-8)
“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (5.6-8).
Paulo tem bom ânimo e tem plena confiança. O céu não era apenas o seu destino, mas também sua motivação. Paulo sentia saudade do céu.
Enquanto estamos habitando nessa tenda frágil e temporária, estamos ausentes do Senhor. Agora, nós o vemos apenas pelos olhos da fé. Mas, depois, quando mudarmos desse tabernáculo terreno para a nossa mansão celestial, ou seja, quando recebermos um corpo de glória, semelhante ao corpo de Cristo, haveremos de estar com ele fisicamente, vendo-o face a face.
Por essa razão, a morte, para o apóstolo Paulo, não era uma tragédia. Ele chegou a dizer: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21).
Para o veterano apóstolo, morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Morrer é deixar o corpo e habitar com o Senhor (5.8).
Somente aqueles que têm o Espírito Santo como penhor podem ter essa confiança. Aqueles que vivem sem essa garantia se desesperam na hora da morte.
Na verdade, eles caminham para um lugar de trevas, e não para a cidade iluminada; caminham para um lugar de choro e ranger de dentes, e não para a festa das bodas do Cordeiro; caminham para o banimento eterno da presença de Deus, e não para o bendito lugar, onde Deus armará seu tabernáculo para sempre conosco.
7. CONCLUSÃO
7. CONCLUSÃO
Diante desse texto podemos compreender qual é o ensinamento bíblico sobre a morte, e como os cristãos da igreja primitiva se relacionavam com este tema.
No próximo encontro iremos abordar o mesmo tema, mas sob outra perspectiva, iremos mostrar como surgir, no decorrer da história, a filosofia trágica sobre a morte que temos hoje em dia; porque as pessoas encaram a morte como algo ruim; porque as pessoas temem algo inevitável, etc.
“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (5.6-8).
[1] Aqui no caso, essa “mãos” obviamente se refere à mãos humanas. Obviamente ele não quer dizer que nosso corpo físico é feito por mãos humanas, mas com participação humana na concepção. Essa supressão é uma figura de linguagem chamada: Elipse – é uma supressão de uma palavra facilmente subentendida. É a omissão intencional de um termo facilmente identificável pelo contexto ou por elementos gramaticais presentes na frase. Em 1 Co. 15:5, “os doze”, representa “os doze apóstolos”.
[2] João Calvino, 2 Coríntios, org. Franklin Ferreira e Wellington Ferreira, trad. Valter Graciano Martins, Primeira Edição, Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2008), 134–135.
[3] João Calvino, 2 Coríntios, org. Franklin Ferreira e Wellington Ferreira, trad. Valter Graciano Martins, Primeira Edição, Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2008), 135.
[4] João 14:1-6 (ACF2007) 1 NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vô-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. 3 E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
[5] Metáfora – É uma comparação em que um elemento representa outro, sendo que os dois são essencialmente diferentes.
[6] (Fp 3:21) Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
[7] (2 Co 4:7) Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
[8] 2 Pedro 1:13-14 (ACF2007) (1:13) E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, (1:14) Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado.
[9] Metáfora – É uma comparação em que um elemento representa outro, sendo que os dois são essencialmente diferentes.
[10] Simon Kistemaker, 2 Coríntios, trad. Helen Hope Gordon Silva, 2a edição, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 213.
[11] (Fp 1:6) Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;