CARTAS DE JOÃO
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AUTORIA
AUTORIA
Embora não tenhamos a identificação clara de que João é o autor da carta, temos evidências claras dessa posição, sendo ela aceita de forma unânime pela igreja ao longo do tempo. Vejamos algumas dessas evidências:
O autor se identifica como uma testemunha ocular de Cristo, ensinando aquilo que viu, ouviu e aprendeu (1: 1-4). Compare essa passagem com JO 19: 35; 21: 24)
O autor deixa claro a sua autoridade, não ouvi-lo era rejeitar a palavra de Deus (1JO 4: 6), fica claro a autoridade apostólica do autor. Somente alguém conhecido poderia omitir o nome.
O estilo e o vocabulário dessa carta são bem semelhantes ao do Evangelho de João.
O testemunho dos pais da igreja (inclusive Policarpo, discípulo de João) que viveram em um período bem próximo ao primeiro século, aponta para autoria de João.
QUANDO JOÃO ESCREVEU?
QUANDO JOÃO ESCREVEU?
Não temos a data exata de quando João escreveu essa carta, mas os estudiosos entendem que, muito provavelmente, foi em um período próximo ao final do primeiro século (85-95 d.C), bem próximo ao final da vida de João também. Entende-se que elas foram escritas após o Evangelho.
É interessante notar que o velho Pastor escreve essa carta em tom pastoral, mostrando o amor e o carinho que sentia por seus leitores (os quais não temos certeza de quem eram). Vejamos como João se refere a eles 2: 1, 7, 12, 18; 4: 1)
QUAL O PROPÓSITO DA CARTA?
QUAL O PROPÓSITO DA CARTA?
Da mesma forma que fez ao escrever o Evangelho (20: 30-31) João também identifica aqui na primeira carta o seu propósito: ele vai especificando por partes (1: 4; 2: 1, 26) e finalmente ele junta tudo e mostra o propósito (5: 13).
É interessante que se ele escreve o Evangelho para mostrar que Jesus era o Filho de Deus, e para que creiamos nisso e sejamos salvos, agora ele escreve para aqueles que creram, para que saibam que tem a vida eterna. Para que tenham segurança de sua salvação. Ele vai fazer isso dando evidências sólidas, as quais devem ser analisadas por todos nós.
No entanto, há também um propósito de João em escrever essa carta, propósito voltado para combater uma heresia que cercava a igreja naquela época. Essa heresia envolvia a pessoa de Jesus Cristo. Uma heresia que teve uma progressão, recebendo um nome final (Gnosticismo), e que foi uma das maiores batalhas que a Igreja enfrentou nos primeiros séculos.
Concluindo o propósito podemos dizer então que, João escreve em tom pastoral para dar segurança aos que creram, e também escreve em tom doutrinário para combater o falso ensino que estava presente.
ENTENDENDO O FALSO ENSINO
ENTENDENDO O FALSO ENSINO
Basicamente essa heresia que atacava a Igreja no final do primeiro século era uma mistura da filosofia grega com o judaísmo. Para os gregos a matéria era algo mau, desta forma eles não podiam aceitar que Jesus, sendo Deus, pudesse ter tomado para si um corpo (4: 1-3). Isto afeta diretamente duas doutrinas importantissímas, a encarnação e a ressurreição.
Alguns (chamados de docetistas) diziam que Jesus era apenas um espírito, ele não tinha realmente um corpo.
Outros diziam que um espírito divino veio sobre o homem Jesus, mas que o deixou no momento da crucificação.
Esse falso ensino levava as pessoas a dizerem o seguinte: bom, se a matéria é má, então eu tenho que castigar o corpo ao máximo (ascetismo), já outros diziam, bom se a matéria é má, então não importa o que fazemos com o corpo.
Duas coisas são muito importantes aqui: a primeira é a de que esses falsos mestres Negavam Jesus como sendo o Cristo, faziam isso negando a encarnação (2: 22-23); e eles saíram do meio da igreja (2: 18-19).
A RESPOSTA DE JOÃO
A RESPOSTA DE JOÃO
João deixa claro a verdade da encarnação (1: 1-4), mostrando que negá-la é coisa de quem tem o espírito do anticristo (4: 3)
João deixa claro o retorno de Cristo em corpo (3: 2)
João deixa claro que uma vida em pecado não é característica dos salvos (1: 5-8; 3: 4-10)
João deixa claro que a permanência em Cristo é a nossa segurança para quando ele voltar (2: 28)
Agora como saber se nós estamos seguros? Como saber se essa segurança da vida eterna, propósito estabelecido em 5: 13, pertence a nós? João fornece três testes para que cada verifique se essa segurança é verdadeira (3: 23-24).
TESTE DOUTRINÁRIO
TESTE DOUTRINÁRIO
Talvez ao observar essa heresia que atacava a igreja naquela época, a gente pense que isso é algo legal de se conhecer, mas que não tem influência nenhuma para nós hoje.
No entanto, precisamos lembrar que a fé na doutrina correta a respeito de Jesus é fundamental para nossa salvação. Qualquer fé que seja depositada em um Jesus que não seja o ensinado na Bíblia, é uma fé falsa, sem segurança alguma.
É importante que entendamos que o negar a doutrina de Cristo pode vir com semelhança as heresias dos primeiros séculos (Testemunhas de Jeová, Mormons, etc.), e também pode vir com formas quase impercebíveis (o Jesus da prosperidade, etc.)
Cuidado para não crer em um Jesus criado pela sua cabeça. Vejamos algumas coisas sobre esse teste doutrinário:
Permaneça naquilo que a Bíblia ensina, fuja das novas revelações (2: 24-25). Certifique-se que você crê em Jesus como o Cristo (2: 23b; 4).
Lembre-se de que você tem o Espírito Santo, e ele deve ser buscado para o correto entendimento (2: 27)
Saiba identificar o Espírito de Deus e os falsos espíritos (4: 1-3). Existem pessoas que são facilmente enganadas com palavras doces que usam o nome de Deus.
TESTE MORAL
TESTE MORAL
Se alguns ensinavam que não importava o estilo de vida e aquilo que você faz com o corpo, João deixa claro que a segurança só pertence àqueles que andam em obediência a Deus, vejamos então:
Obediência é a prova de que você conhece e ama a Deus (2: 3-6)
Não viver como escravo do pecado (3: 9-10)
TESTE SOCIAL
TESTE SOCIAL
Já nos dias de João, e também nos nossos dias, pessoas podiam dizer que amavam a Deus, mas carregavam ódio dentro do coração para com os outros. Será que é possível amar a Deus desse jeito? (4: 20)
Desta forma João mostra que um terceiro teste para sabermos se essa segurança nos pertence, é o amor que demonstramos para com os outros (2: 9-11; 3: 11, 16; 4: 7-8; 5: 1-2)
Duas coisas são muito importantes aqui:
Primeiro que isso nos lembra da resposta de Jesus sobre o maior dos mandamentos. Devemos lembrar dessa ligação entre o amor vertical (Deus) e o amor horizontal (próximo).
Segundo precisamos lembrar que a definição de amor neste mundo é antíbiblica. O amor é visto apenas como sentimento, como algo superficial e passageiro. A Bíblia mostra que o amor cristão é ativo, ele age (3: 17-18), e tem como modelo o maior amor de todos (4: 10-12, 19)
Por falar tanto em amor é que João é chamado de apóstolo do amor.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
O propósito da carta é trazer essa segurança aos que creem, e também combater a heresia que atacava a pessoa de Jesus Cristo.
Existem 3 testes que evidenciam se essa segurança te pertence: o teste doutrinário; o teste moral e o teste social. Todos eles estão unidos.
2 E 3 JOÃO
2 E 3 JOÃO
Algumas informações gerais:
Essas são cartas normalmente deixadas de lado, não se vê muito estudo e pregação nelas
2 João tem muito em comum com 1 João, e talvez por isso muitos a deixem de lado (1: 6, 7-8, 12)
3 João é a menor carta do N.T, embora ela tenha mais versículos na nossa Bíblia, 3 João tem uma linha a menos do que 2 João.
Essas duas cartas possuem uma maior semelhança com cartas escritas naquela época: temos um indíviduo escrevendo para indíviduos (2JO 1: 1; 3 JO 1: 1)
AUTORIA
AUTORIA
Novamente aqui nós temos uma posição da maioria entendendo que João é o autor. João seria o Presbítero (ancião) que se apresenta no v.1 em ambas as cartas. Pra isso temos as evidências chamadas de externas (pais da igreja e alguns escritos pós apostólicos e cabeçalhos de alguns manuscritos), e também evidências internas que mostram a grande semelhança dessa carta com 1 João. É interessante que as denúncias que João faz nessa 2 Carta, por exemplo, tem mais sentido se o público já conhecesse o assunto.
Veja algumas semelhanças entre as cartas (1JO 1: 4-2JO 12; 2JO 4-3JO 4; 1JO 3: 7, 10-3JO 11)
DATA E DESTINATÁRIOS
DATA E DESTINATÁRIOS
Com relação a data é muito provável que elas tenham sido escritas em um período muito próximo, talvez uma logo em seguida da outra. A data continuaria a ser no final do primeiro século.
2 João é escrita a Senhora eleita e aos seus filhos (v. 1). Existem duas posições principais sobre quem seria essa senhora:
Alguns entendem que realmente era uma senhora e seus filhos, conhecidos por João, sendo assim essa carta extremamente pessoal.
A segunda é a posição que entende que senhora é uma referência a igreja e seus membros. Esta posição conta com o apoio do v. 13 (provavelmente uma referência a outra igreja local), o uso dos verbos usados no plural nos versículos 6, 8 e 10, o que pode significar que ele tinha em mente um público maior.
3 João é escrita para um homem chamado Gaio, a quem João diz amar na verdade (v.1). Não é fácil identificar quem era esse Gaio, pois no N.T esse era um nome comum (AT 19: 29; 20: 4; 1COR 1: 14; RM 16: 23). No entanto, não é necessário fazer essa identificação.
PROPÓSITOS
PROPÓSITOS
2João tem um propósito bem parecido com 1 João. Novamente o apóstolo tem como objetivo advertir sobre falsos mestres e suas heresias (v. 7). Esses falsos mestres eram itinerantes, andavam pelos lugares e se infiltravam nas casas espalhando o falso ensino.
O fato de que os cristãos devem ser hospitaleiros, especialmente naquela época em que os pregadores saiam com a mensagem por todos os lugares, fazia com que os cristãos corressem o perigo de receber esses falsos mestres. Por isso João também adverte sobre receber essas pessoas em casa (v. 9-11)
APLICAÇÃO: Talvez algo que devemos parar e pensar sobre isso é o fato de que nos dias de hoje, muitas seitas enviam os seus mensageiros de porta em porta, e eles facilmente entram nas casas de crentes que não estão preparados, e acabam sendo fisgados por eles.
3 João tem o propósito de lidar com um problema desagradável na Igreja. Três personagens são apresentados, e não se tem uma certeza de quem realmente eram. Vejamos então o problema:
Gaio é o primeiro nome. Provavelmente um filho na fé de João. Ele é elogiado por João que havia recebido um bom testemunho sobre ele (v. 3-4). Gaio era provavelmente um membro dessa igreja. Sendo hospitaleiro para com os missionários (provavelmente enviados por João) que pregavam o evangelho (v. 5-6). João o chama para continuar agindo assim (6-8)
Diótrefes é outro nome citado (v. 9). Aparentemente ele era um líder nessa igreja, gostava de se colocar acima dos outros (v. 9), não acolhia os missionários e impedia que outros os recebessem (v. 10). Gaio é alertado por João para que não imitasse esse comportamento (v. 11).
Demétrio é o terceiro personagem (v. 12). Ele era provavelmente um dos missionários enviados por João. Ele é recomendado por João, que diz a Gaio para que o receba, provavelmente ao ser enviado Demétrio levou essa carta.
Fica claro então que se os falsos mestres não devem ser recebidos, aqueles que pregam a palavra de Deus devem ser.
Outra coisa que fica evidente é que desde cedo já se havia estabelecido uma doutrina de Cristo, a qual estava sendo negada por esses falsos mestres. Isso é importante para os nossos dias em que pessoas dentro das Igrejas estão dizendo que não há uma doutrina fixa, estabelecida para todas as épocas.
Permanecer na doutrina de Cristo era o referencial para se dizer que alguém era de Deus ou não.
Mais uma coisa importante é o exemplo de liderança autoritária, soberba, que desafiava a autoridade apostólica, exercida por Diótrefes. É justamente isso que vemos em muitas igrejas hoje. Portanto, em 3 João temos uma alerta quanto a isso.