O poder do EU SOU
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INTRODUÇÃO
1. Uma das maiores inquietações do ser humano em todas as épocas é explicar quem é. Essa é uma pergunta intrigante e que normalmente fica sem uma resposta precisa, provocando ainda mais incertezas.
2. O escritor brasileiro Pedro Bandeira tem um poema intitulado Quem sou eu?[1] que retrata ou tenta resolver este problema, ainda que sem sucesso. Como você reagiria a essa pergunta? Como você a responderia? Se essa pergunta fosse dirigida a Moisés como ele responderia?
II. NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
1. Ele provavelmente diria:
· Sou 100% levita (Ex 2.1).
· Meu pai se chamava Anrão, filho de Coate, e a minha mãe Joquebede (Ex. 6.18,20). Tenho dois irmãos: Arão e Miriã (Ex 4.14; Ex 15.20).
· A gravidez da minha mãe foi de altíssimo risco (Ex 1.16). Isso preocupou o meu pai, enquanto ele trabalhava sob o poder tirânico de um Faraó que não conheceu a José (Ex 1.11,13-15), mas eles não ficaram amedrontados pelo decreto do rei, tendo fé em Deus (Hb 11.23).
· Quando nasci, as parteiras desobedeceram a ordem expressa do rei e não me mataram (Ex 1.16-17).
· A minha mãe percebeu que eu era muito bonito e me escondeu por três meses (Ex 2.2), mas não se dá para esconder um neném por mais bonito que ele seja por muito tempo e a minha mãe teve que tomar uma atitude drástica: colocar-me num cesto de junco, calafetado por betume e piche e me colocar no rio Nilo (Ex 2.3).
· A minha irmã ficou vigiando de longe a fim de saber o que aconteceria comigo e eu fui encontrado pela filha de Faraó e suas servas (Ex 2.3-6). Miriã conversou rapidamente com a princesa e – guiadas por Deus – fizeram da minha própria mãe a minha ama e minha primeira tutora, pagando-lhe um bom salário (Ex 2.7-9).
· Fiquei com ela até cerca de doze anos[2], mas seus ensinos ficaram gravados em meu caráter e coração.
· Quando fui à corte, a princesa me chamou de Moisés, que significa tirado das águas (Ex 2.10).
· Fui criado e tratado como sendo seu próprio filho (At 7.21) e fui educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras (At 7.23). Fui um grande historiador, poeta, filósofo, general de exércitos e legislador.[3]
· Mas enquanto fui crescendo e vendo a opressão dos egípcios contra o meu próprio povo, recusei, pela fé, ser chamado de filho da filha de Faraó (Hb 11.24).
· Acreditava que pelo poder das armas e do grande número de israelitas, o povo deveria ser liberto e eu seria o verdadeiro libertador (Hb 11.25).
2. Assim, eu era um israelita, mas também um egípcio; um homem livre, mas também escravo; vivia no Palácio, mas o meu verdadeiro lar era bem simplório; era temente a Deus, mas aprendi sobre as deidades e costumes faraônicos; eu deveria ser um libertador, mas estava sendo preparado para ser o novo Faraó.
III. O PERIGO DE QUEM EU SOU
1. Toda a vez que o ser humano dá uma ajudazinha para Deus, tomando a obra de Deus em Suas mãos, algo de errado acontece. Por isso, o pedido divino é que não nos estribemos no nosso próprio entendimento e que confiemos no Senhor (Pv 3.5); que não nos achemos sábios aos nossos próprios olhos (Pv 3.7).
2. Moisés correu esse perigo quando tentou resolver sozinho a questão de Israel (Ex 2.11-15). É preciso entender que a justiça e a força estão somente em Deus (Is 45.24) e que é bem-aventurado o homem cuja força está em Deus (Sl 84.5). Ao fugir do Egito, teve que passar 40 anos desaprendendo o que aprendera, desenvolvendo a paciência e desenvolvendo autocontrole das suas paixões. Teve que aprender que o coração do homem é enganoso (Jr 17.9) e que apesar de fazer planos, a resposta tem que ser sempre do Senhor (Pv 16.9).
IV. O GRANDE EU SOU
1. Em Ex 3.1-11 Moisés se encontra com o verdadeiro EU SOU. Até ali a ênfase estava em quem ele era, mas quando Deus aparece o homem desaparece.
a) Deus vem até Moisés e torna sagrado um monte.
b) O agir de Deus é maravilhoso (v. 3)
c) Deus nos conhece pelo nosso nome (v. 4)
d) O grande EU SOU vê a aflição do seu povo e ouve os seus clamores e conhece o nosso sofrimento (v. 7)
e) Está disposto a nos livrar da mão do cativeiro e ir para uma boa terra (v. 8)
2. Confrontado com o grande EU SOU, ele faz uma pergunta que há alguns anos poderia ter sido respondida: Quem sou [eu] para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel? (v. 11). Diante de Deus, que é o homem (Sl 8.4). Diante do EU SOU O QUE SOU (v. 14), tudo o que achamos que somos cai por terra e vemos a nossa fragilidade e percebemos que o nosso poder é nulo em contraste com a majestade a glória divina (1Tm 1.15).
CONCLUSÃO
1. O homem até procura responder quem é para si e para outros, mas as suas respostas se baseiam naquilo que faz e naquilo que tem durante um curto período. Contudo, quanto mais tenta responder mais coloca a ênfase em si, tornando-se egocêntrico e independente de Deus.
2. Entretanto, quando Deus aparece, percebemos o quanto quem somos é insignificante, mínimo, comparado Àquele que tem todo o poder e controla toda a história. Percebemos o quanto somos pecadores e carecemos de Sua glória e graça (Rm 3.23)
APELO
1. Pode ser que você já tenha tentado responder a essa pergunta algumas vezes em toda a sua vida. Pode ser que você ache que é algo, mas quando as luzes da ribalta se apagam, você veja alguém que não quer ser. Pode ser que você esteja vivendo em liberdade aparente, mas é escravo do pecado. Pode ser que esteja frequentando uma igreja, mas seu coração esteja no mundo. Pode ser que todos te considerem um bom cristão, mas pode estar perdido. Quem é você hoje? Em que ou em quem você tem confiado? Qual é o poder que é evidente na sua vida? O poder de quem eu sou ou o poder do grande EU SOU?
2. Deus está aqui hoje. Este lugar é terra santa e ele quer o GRANDE EU SOU na sua vida. Deixe de tentar lutar sozinho, pelas suas próprias forças e entendimento. Deus está aqui hoje e Ele conhece o seu nome e a sua história. Ele está vendo a sua agonia e angústia e está disposto a lhe tirar do pecado, desse cativeiro opressor e levá-lo para uma Nova Terra. Moisés entendeu tudo isso e hoje ele está no Céu. O Céu também é um lugar para você. Você crê nisso?
Eu às vezes não entendo!
As pessoas têm um jeito
de falar de todo mundo
que não deve ser direito.
Em cada lugar que vou,
na escola, na rua também,
ouço dizerem assim,
quando se fala de alguém:
- Você conhece Fulano,
que chegou de uma viagem?
- O pai dele é muito rico,
tem dois carros na garagem!
- E o Maneco, lá do clube?
Pensa que é rico também?
Precisa ver que horrível
o tênis que ele tem!
Aí fico pensando
que isso não está bem.
As pessoas são quem são,
ou são o que elas têm?
Eu queria que comigo
fosse tudo diferente
Se alguém pensasse em mim,
Soubesse que eu sou gente.
Falasse do que eu penso,
Lembrasse do que eu falo,
Pensasse no que eu faço,
Soubesse por que me calo!
Porque eu não sou o que visto.
Eu sou do jeito que estou!
Não sou também o que eu tenho.
Eu sou mesmo quem eu sou.
[1] BANDEIRA, Pedro. Palavras de encantamento. Maristela Petrili de Almeida, Pascoal Soto (coord.). São Paulo: Moderna, 2001.
[2] WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP, 2014. p. 244.
[3] Idem, p. 246