Gênesis 1

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Gênesis 1 é a introdução que revela as origens do povo de Israel, ou seja, o livro desenvolve a genealogia do povo de Deus partindo o próprio SENHOR como Criador até o patriarcas.

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“Estas são as gerações [...]” (Gênesis 10.1).
Gênesis 1
Rev. Paulo Rodrigues
Introdução
O Pentateuco, e naturalmente, o livro de Gênesis, teve como autor, (levando em consideração as evidências externas), um hebreu da tribo de Levi, da casa de Anrão, chamado Môsheh, Moisés, que escreveu o texto segundo as ordens que Deus o havia dado: Êx 17.14; Êx 24.4,7; Êx 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,11.
Com base numa leitura acurada do próprio pentateuco, admite-se que o contexto em que os cinco primeiro livros da Bíblia foram escritos, foi aquele no qual o povo de Israel havia saído do Egito e peregrinado pelo deserto.
Trilharemos a partir dessas primeiras informações o caminho percorrido por Israel, no conhecimento do SENHOR, através deste primeiro livro da Lei.
Elucidação
O livro do Gênesis, bem como todo o Pentateuco e toda a Escritura, é o livro da Aliança entre Deus e seu povo. É para o cumprimento e obediência do povo que o Livro da Lei está foi escrito, para que a descendência da mulher (Gn 3.15) se mantenha preservada e longe de miscigenação e mistura com a semente da serpente.
Conhecido também como “o livro das gerações”, Gênesis relata e expõe a linhagem santa, aquela que descende do próprio Deus (o Criador = o Pai, ex: “Diga a Faraó: Assim diz o Senhor: “Israel é meu filho, meu primogênito” (Êx 4.22)) e percorrerá toda a história, até que se revele o redentor da semente da Mulher, conforme prometido. Toda a observância do livro do Gênesis enfatiza as linhagens e gerações desde Deus até os primeiros patriarcas com quem Deus fez uma aliança que compreenderia a salvação do povo.
O objetivo do livro, é sem dúvidas demonstrar a Israel quais são suas origens a fim de que não se percam nem se contaminem com o mundo, mas aguardem o cumprimento da promessa. Poderíamos atribuir ao livro de Gênesis o título de “história teológica”[1], isto é, uma narrativa de fatos e acontecimentos que tem como propósito levar os leitores a reconhecerem suas origens:
“A função da história contida em Gênesis é fornecer um prólogo e o fundamento da nação de Israel e da outorga da lei em Êxodo. Ela revela como Deus escolheu Abraão e guiou sua família, como sendo seu povo especial”.
Assumindo tal pressuposto, é possível ler o livro de Gênesis a partir da ótica pactual da eleição divina de um povo para si, como a história desse povo começa a ser desenvolvida a partir de Deus como criador, até o período que antecede a entrada na terra (Deuteronômio).
Considerando que a intenção de Moisés, era descrever as origens do povo de Deus e sua relação com a história da redenção desse mesmo povo e de toda a criação, as genealogias que se seguem durante o livro, traçam esse “fio de ouro” que se enquadra dentro do Cânon de maneira a refletir o ato salvífico de Deus cumprindo o pacto que fizera ao longo da história. Temos assim a estrutura básica (“Tolê Dot”):
Estrutura “Tolê Dot
· Gn 2.4 -[...] "quando o Senhro Deus os criou
· Gn 5.1 - "Livro da genealogia de Adão".
· Gn 6.9 - "São estas as gerações de Noé".
· Gn 10.1 - "São estas as gerações de Sem, Cam e Jafé".
· Gn 11.10 - "São estas as gerações de Sem".
· Gn 11.27 - "São estas as gerações de Tera".
· Gn 25.12 - "São estas as gerações de Ismael".
· Gn 25.19 - "São estas as gerações de Isaque".
· Gn 36.1 - "São estes os descendentes de Esaú".
· Gn 36.9 - "Esta é a descendência de Esaú".
Numa que o livro de Gênesis trabalhará a partir da perspectiva das origens do povo de Israel, e tendo em vista toda a miscigenação religiosa a que Israel foi exposta na terra do Egito, nada mais natural do que remontar as origens do próprio cosmos para mostrar a Israel sua gênese no próprio Deus. Dessa forma, o capítulo primeiro de Gênesis, demonstrará como Deus é o Criador de todas as coisas, não os deuses do Egito ou dos povos que Israel encontrará pelo caminho até a Terra Prometida.
O capítulo primeiro de Gênesis possui um caráter tanto apologético quanto didático, pois enfatiza a genealogia de Deus asseverando-o como sendo o início de todas as coisas. A palavra criadora de YHWH é o vínculo basilar da relação entre Deus e seu povo, algo que será explicitado no NT (Jo 1.1), como também o meio através do qual a redenção do povo foi executada, na Segunda Pessoa da Trindade. Deus como o Pai do seu povo, “para lhes ser o seu Deus e eles, seu povo”, é a temática não somente do livro de Gênesis como um todo (e naturalmente de todo o Pentateuco), mas também do primeiro capítulo da narrativa.
O Deus criador, que cria tudo a partir do nada, que traz a existência o que não existe, que ordena o que acabara de criar de maneira que a ordem flua de maneira harmônica, é o mesmo Deus que possui os mesmos atributos em termos da redenção do seu povo amado. Irmãos, a compreensão de que Deus é o único criador de todas as cosias, serve também para embasar nossa compreensão de que ele é a única origem e fonte do bem para todo o seu povo. O “modus operandi” da ação criadora de YHWH revela sua majestade e controle absoluto sobre tudo:
“E viu Deus que a luz era boa...” (v. 4)
“E houve tarde e manhã, dia primeiro”. (v. 5)
“e houve tarde e houve manhã o dia segundo”. (v.8)
“E assim foi”. (v. 9)
“E houve tarde e manhã, o dia terceiro”. (v. 13)
“E assim foi”. (v. 15)
“E viu Deus que bom”. (v. 18)
“E houve tarde e houve manhã o dia quarto”. (v. 19)
“E houve tarde e manhã o dia quinto”. (v. 23)
“E assim foi”. (v. 24)
“E viu Deus que bom”. (v. 25)
“E viu Deus tudo o que ele fez, e de fato era muito bom! E assim foi tarde e manhã o sexto dia”. (v. 31)
Deus cria e supervisiona tudo o que sai de sua mente criadora, e revela isso através desse primeiro capítulo de gênesis, a fim de que seu povo saiba e conheça as origens do universo. A percepção de que YHWH é o Criador distingue Israel dos outros povos, assim como distingue a nós de todos aqueles que preferem voltar seu coração para o mundo como a base que os sustenta. Há quem atribua ao nada a criação; aos deuses; ao próprio ocaso, mas o fato é que crer em Deus como Criador é uma peculiaridade apenas dos eleitos de Deus. Sabemos que muitos até admitem que Deus é o Criador de tudo, porém, o conhecimento registrado nas páginas sagradas da Palavra de Deus, contém muito mais do que apenas um conhecimento superficial de Deus afim de que mesmo um ímpio, dada a misericórdia de Deus, creia que o SENHOR fez os céus (Sl 96.4). Aqui está registrado o início da genealogia da redenção: Deus é o nosso Pai, o nosso redentor, aquele que, assim como criou o universo, criou também o meio através do qual seu objetivo pactual será concretizado. Qual seja: o sacrifício e ressurreição de seu único Filho, para através dele, adquirir um povo para ser sua propriedade peculiar.
Algumas passagens das Escrituras, unem as duas visões; de Deus como Criador e Redentor) como por exemplo, o salmo 96, tratando da criação como sendo o arcabouço credal para que o povo confiasse em Deus como seu salvador:
Porque o Senhor é grande
e digno de ser louvado,
mais temível do que todos os deuses.
Porque todos os deuses dos povos
não passam de ídolos; o Senhor, porém, fez os céus.
Deem ao Senhor a glória devida ao seu nome;
tragam ofertas e entrem nos seus átrios (Sl 96.4-5,8)
Assim, a compreensão canônica, é de que o Deus que criou todas as coisas, é o mesmo que redimiu seu povo, de formas que não é possível dissociar uma coisa da outra.
Bruce Waltke falando sobre o prólogo que é o livro de Gênesis, especial neste capítulo primeiro, afirma:
O prólogo anuncia que o Deus da comunidade pactual é o mesmo Criador do cosmos. Deus é o rei implícito desse cosmos, fazendo provisão, estabelecendo a ordem e comissionando agentes. [...] [o cosmos] é o palco sobre o qual o drama da história sob Deus se exibirá. [...] Como Deus abre a cortina do drama da criação em dias sucessivos, avançando rumo a um clímax, assim ele desenvolve o drama da história por meio de épocas sucessivas, que atingem um clímax dramático quando todas as criaturas volitivas se curvarão diante de Cristo.
Transição
Precisamos dessa forma, entender que a criação aponta para a majestade do nosso Deus, e como esse Deus é poderoso. Com isso, sendo ele a origem do universo, o é também da nossa salvação. Nós somos o povo do pacto, o povo que pertence a esse grande Deus, que ordena tudo para a glória do seu nome, e no seu plano criador e redentor, incluiu cada um nós, elegendo-nos soberanamente, como soberanamente criou e ordenou todas as coisas.
À luz disso, algumas lições saltam do texto para nossas vidas. Quais sejam:
Aplicações
1. O conhecimento de Deus como criador e ordenador de tudo, é crucial para nossa vida:
Sem o conhecimento das nossa origens, não saberemos que fora Deus quem nos elegeu nele antes da própria fundação do mundo, e sem o conhecimento dessa origem, nos perdemos em conhecer a Deus como nosso salvador, e se não conhecemos segundo as Escrituras, Deus como nosso salvador, que esperança há para nós? Sem entendermos que ele é o nosso Deus, que é o nosso Pai, que ele é a fonte e origem de todas as coisas, nos perderemos nesse mundo caótico.
Que possamos crescer e crer no que revela as Escrituras Sagradas: Deus é o criador, Deus é a origem do mundo, e assim sendo, é a origem da nossa salvação e redenção, em seu Filho, o Verbo Encarnado, que veio a esse mundo para criar um povo, assim como Deus criou todas as coisas.
2. O conhecimento de Deus como Criador nos distingue do mundo:
À luz do Texto de Gênesis, o povo de Israel entenderia sua origem, saberia que Deus é o seu Pai, que Deus é o seu Criador, e por isso, entenderia que é um povo que fora escolhido dentre tantos povos para ser o povo peculiar de Deus. Assim está estruturada a própria Criação, Deus mesmo criando vários povos, escolheu um dentre tantos para ser seu povo especial.
É interessante como perceberemos à luz do livro de Gênesis, que esse conhecimento deveria fazer Israel se afastar de outros povos, e isso sob os avisos constantes de Deus.
Devemos compreender que o livro de Gênesis aponta para isso: para como o Deus criador e soberano, nos elegeu nele para sermos um povo santificado e separada para ele.
3. Conhecimento de Deus como Criador nos dá segurança:
Deus cria tudo a partir do nada. Estabelece a ordem, onde não havia. Dá vida ao que nem seque existia. Por que nos amedrontar? Assim como Israel que peregrinava pelo deserto, deveria, à luz do texto de Gênesis, se acalmar e descansar na mão providencial de YHWH, assim também nós, filhos de Deus, peregrinando nesse mundo, devemos confiar no Deus Criador, sabendo que tudo está debaixo do seu controle absoluto.
Nada foi criado fora de ordem, ou com defeitos, e mesmo que o homem tenha feito com que o pecado tenha entrado nesse mundo, à luz de Gênesis capítulo 1, vemos que Deus continua soberano sobre todas as coisas, pois o Deus que cria tudo do nada, pode fazer do nada tudo, assim como foi com Israel pelo deserto, quando Deus providenciou tudo para o sustento do seu povo. Da mesmo forma, Deus continua a agir para com o povo que ele resgatou através de Cristo Jesus.
Conclusão
Deus é o nosso Criador, ele é o nosso Pai, e nossa peregrinação nesse mundo deve considerar essa informação que é chave para que descansemos nos braços soberanos de YHWH. É Ele nosso redentor, pois ele nos redimiu, nos resgatou e nos sustentará, como Governante e Rei de tudo o que fora criador, principalmente seu povo, que criou e elegeu para si.
[1] Ibid., p. 49.
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