A parábola das dez virgens — o noivo vem: esteja preparado (25.1–13)
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A parábola das dez virgens — o noivo vem: esteja preparado (25.1–13)
Introducao.
Jesus compara o reino dos céus com uma festa de casamento. Esse é o pano de fundo dessa parábola.
No tempo de Jesus, normalmente havia três estágios no processo matrimonial.
Primeiro, vinha o compromisso, quando era feito um contrato formal entre os respectivos pais da noiva e do noivo.
Segundo, seguia-se o noivado, cerimônia realizada na casa dos pais da noiva, quando promessas mútuas eram feitas pelas partes contratantes diante de testemunhas, e o noivo dava presentes à sua noiva.
Terceiro, o casamento, no qual o noivo, acompanhado dos seus amigos, buscava a noiva na casa de seu pai e a levava em cortejo de volta para sua casa, onde se fazia a festa do casamento.
No mundo antigo, as amigas da noiva iam até a casa dela para aguardar a chegada do noivo. Então, dava-se início a uma procissão da casa da noiva até a casa do noivo.
É bem provável que esse seja o cortejo em que as dez virgens da história são retratadas como indo encontrar o noivo.
A cena gira em torno da casa da noiva, em direção da qual o noivo está indo para as festividades de casamento.
É óbvio que o noivo, no caso, é o Senhor Jesus, retratado em sua gloriosa e inesperada segunda vinda.
O noivo promete buscar sua noiva, mas a hora não é marcada.
A noiva precisa estar pronta, preparada.
o propósito primário dessa parábola é acentuar a importância de estar preparado para a vinda do noivo.
Essas dez virgens, portanto, representam a igreja à espera do retorno de seu Senhor.
A igreja tem em seu seio, como está implícito, os que estão preparados e os que não estão.
Essa parábola ensina que a igreja está dividida em dois grandes grupos:
não os
ricos e os pobres,
capitalistas e os socialistas,
os sábios e os ignorantes,
homens e as mulheres,
mas os que estão preparados para a segunda vinda de Cristo e os que não estão.
Os últimos nunca nasceram de novo. Sua fé em Cristo é meramente intelectual, e não fé salvadora.
Por ocasião da segunda vinda de Cristo, muitos que se dizem cristãos serão deixados de fora das bodas, como as cinco virgens néscias.
Hoje, muitos são batizados, membros da igreja, participam dos cultos, trabalham na igreja, mas nunca se converteram verdadeiramente.
havia uma enorme diferença entre essas virgens,
assim como há uma profunda diferença entre os membros da igreja,
a mesma que há entre o joio e o trigo,
entre os que são crentes nominais e os que são verdadeiramente convertidos.3
Jesus convida sua igreja para desfrutar de sua alegria (25.1);
nós necessitamos de preparação para participarmos da alegria do Senhor (25.2–5); é possível fazer uma preparação inadequada (25.6–8);
A Mensagem
a segurança no futuro depende de diligência no passado (25.9,10);
o Senhor não receberá aqueles que estiverem despreparados (25.11,12);
e o cristão precisa cultivar um espírito vigilante (25.13).
Em primeiro lugar, Jesus convida sua igreja para desfrutar de sua alegria (25.1). Como já enfatizamos, essa parábola compara o reino dos céus a uma festa de casamento. Essa festa é o casamento do nosso Senhor, o noivo da igreja. Ao mesmo tempo que somos a noiva, somos também os convidados para a festa. A figura da noiva está implícita e somos representados explicitamente como os convidados. A vida cristã é uma expectativa constante da vinda do nosso Senhor, o amado de nossa alma. Ele prometeu voltar para buscar sua igreja.
Em segundo lugar, a igreja precisa de adequada preparação para participar da (Bodas do Senhor) alegria do Senhor (25.2–5).
Todas eram virgens, todas tomaram sua lâmpada e todas saíram ao encontro do noivo.
Todas fizeram a profissão de que seguiriam o noivo, o que as levou a se separarem de suas outras companheiras e conhecidas.
Todas aguardam a vinda do noivo.
Havia, porém, uma diferença vital e essencial entre elas:
cinco eram prudentes, e cinco eram néscias.
As cinco néscias só têm lâmpadas, mas não levaram azeite nas vasilhas. Elas podem ter pensado que, por terem lâmpadas, estavam seguras. Ou talvez tenham acreditado que, sendo o depósito secreto de azeite invisível, ele era desnecessário.
Hendriksen diz que a insensatez dessas cinco virgens consistia na inteira ausência de preparo pessoal.
Rienecker observa que o óleo, aqui, significa um bem espiritual imprescindível, insubstituível por nenhum outro, com o qual devemos nos abastecer logo no início da vida de fé.
Esse bem espiritual é o Espírito Santo. Sendo o óleo o símbolo do Espírito Santo, a prudência consiste em começar no Espírito, seguir a vida no Espírito e completá-la no Espírito. Ninguém pode entrar no céu com azeite alheio.
O apóstolo Paulo escreveu: … E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9).
A graça salvadora é uma possessão pessoal intransferível.
A preparação do pai não serve para o filho, nem a do marido serve para a esposa. Ninguém entra no céu por procuração. Concordo com R. C. Sproul quando ele diz:
“Não podemos compartilhar o Espírito Santo com aqueles que não o têm.
Ninguém pode entrar no reino de Deus pegando carona com quem tem fé genuína.
Não é possível confiar na fé do pai, da mãe, da esposa ou de qualquer outra pessoa”.
Spurgeon diz corretamente que é a falta do óleo da graça a falha fatal na lâmpada de muitos que professam ser cristãos.
Muitos têm um nome [Cristo] pelo qual viver, mas não têm a vida de Deus dentro de sua alma.
Fazem uma profissão de que seguirão Cristo, mas não têm o suprimento interior do Espírito de graça para mantê-los.
Há um brilho ou luz passageira, mas não há luz permanente, nem pode haver, pois, embora tenham lâmpadas, não levam nenhum azeite consigo.
Em virtude de o noivo tardar, todas adormeceram. Mesmo aquelas virgens que tinham o azeite da graça não estavam sempre bem acordadas para servir ao seu Senhor e vigiar para a sua vinda.
As prudentes, porém, esperavam com provisão, enquanto as néscias esperavam com presunção. As primeiras estavam prevenidas; as últimas, desassistidas. As prudentes tiveram uma preparação adequada; as néscias, um despreparo evidente.
Lâmpadas não possuem nenhuma utilidade quando desprovidas de azeite.
Em terceiro lugar, é possível fazer uma preparação inadequada (25.6–8).
Foi no grito da meia-noite que o despreparo das néscias se tornou notório.
Foi à meia-noite que só as aparências não se mostraram suficientes.
A chegada do noivo não representou alegria para as néscias, mas o seu desespero.
Esse dia para elas foi um dia de trevas, e não de luz.
O preparo delas era insuficiente.
Estavam sem azeite em suas lâmpadas.
Estavam imersas em densa escuridão.
Spurgeon alerta: “É uma pena que alguns somente buscarão abastecer sua lâmpada quando estiverem para morrer ou quando o sinal do filho do homem aparecer no céu; mas, se buscarmos fazer esse trabalho sem o Espírito ou a graça de Deus, isso resultará em uma falha eterna”.
As virgens néscias pediram azeite às virgens prudentes, com uma justificava: porque as nossas lâmpadas estão se apagando (25.8).
Elas começaram agora a valorizar o que haviam outrora desprezado.
O pavio seco ardeu por um tempo e depois desapareceu na escuridão, como o pavio de uma vela.
Essas virgens néscias pensaram que tudo estava pronto, confiando em suas lâmpadas, mesmo sem a provisão do azeite.
Fica aqui o alerta: aqueles que estão adiando o seu arrependimento para a hora de sua morte são como essas virgens néscias ou insensatas.
Essa hora pode ser tarde demais.
John Charles Ryle diz, com razão, que a segunda vinda de Cristo, qualquer que seja o tempo em que aconteça, pegará os homens de surpresa.
Os negócios estarão seguindo normalmente, na cidade e no campo, exatamente como agora.
A política, o comércio, a agricultura, a compra, a venda e a busca do prazer estarão controlando a atenção dos homens, exatamente como agora.
As igrejas ainda estarão cheias de divisões e disputando acerca de insignificâncias, e as controvérsias teológicas ainda estarão em voga.
Pregadores ainda estarão chamando os homens ao arrependimento, e o povo continuará adiando o dia da decisão.
Em quarto lugar, a segurança no futuro depende de diligência no presente (25.9,10).
Concordo com Spurgeon quando ele diz que nenhum crente tem mais graça do que realmente precisa: as virgens prudentes não tinham azeite para dar.
As néscias pediram emprestado aquilo que é individual e intransferível.
Não se empresta piedade. Não se compra relacionamento com Deus. Ou alguém tem essas realidades ou não alcança isso entre os homens.
Essas bênçãos vêm do céu, não as adquirimos na terra. A única maneira de ter segurança quanto ao futuro é ter diligência quanto ao presente.
A graça salvadora, ensina-se aqui, é uma possessão pessoal intransferível.
Quando chegar o dia final da salvação, ninguém poderá livrar o seu irmão.
Cada qual será o árbitro de seu próprio destino.13 A mera religião externa não tem o poder de iluminar.
Em quinto lugar, a porta da festa estará fechada para aqueles que deixaram o preparo para a última hora (25.11,12).
As virgens néscias não encontraram azeite para comprar.
Chegaram atrasadas.
A porta estava fechada.
O clamor delas não foi atendido.
O Senhor não as reconheceu como participantes da festa.
Elas estavam excluídas para sempre do gozo do Senhor.
Quando a porta é fechada uma vez, jamais será aberta. A porta estará fechada para sempre (25.10).
Portanto, qualquer esperança maior do que a revelada na Palavra de Deus é uma ilusão e um laço, diz
Charles Spurgeon. Naquele grande dia, aqueles que viveram sem azeite em sua lâmpada gritarão por misericórdia, como os diluvianos gritaram a Noé, mas descobrirão que é tarde demais. Fica aqui o alerta:
“Que importa invocá-lo com a palavra, quando as obras o negam?”
Manter a aparência de crente sem ser crente é um risco fatal.
No dia em que Jesus voltar, a porta estará fechada para sempre. John Charles Ryle acrescenta: “A porta será fechada, enfim – fechada sobre toda dor e tristeza, fechada para todo este mundo malvado e ímpio, fechada para as tentações do diabo, fechada para todas as dúvidas e temores – fechada para nunca mais ser aberta”.16
Em sexto lugar, precisamos aguardar a volta do nosso Senhor com permanente vigilância (25.13). Fritz Rienecker diz que as bodas são o arrebatamento dos fiéis vivos, o ressuscitar dos crentes adormecidos e a unificação de ambos com o Senhor nos ares. Jesus voltará certamente, brevemente, pessoalmente, visivelmente, audivelmente, inesperadamente, repentinamente, inescapavelmente, gloriosamente, mas não sabemos o dia nem a hora. Precisamos viver na ponta das pés, aguardando ansiosamente sua vinda. Precisamos estar prontos quando a trombeta soar, proclamando: “Eis o noivo, saí ao seu encontro!”
Lopes, H. D. (2019). Mateus: Jesus, o Rei dos Reis (1a edição, p. 720–726). São Paulo: Hagnos.