Um salvador imperfeito

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Introdução

Começamos a falar na semana passada sobre Sansão, a forma milagrosa que Deus providenciou seu nascimento. Aprendemos que Deus sempre salvou e vai salvar através de um milagre. A história de Sansão também marca uma característica diferente, ele foi o único juiz escolhido antes de nascer. Vimos que ele cresceu e Deus o abençoou, o Espírito de Deus estava com ele.
Mas, até aqui existia um ciclo na história do povo de Israel no período de Juízes: O povo se rebelava > Sofria consequências > Deus permitia que fossem subjulgados > Arrependimento > Deus envia um juiz > Período de paz > Nova rebelião após a morte do juiz.
Esse cículo se quebra nesse período de Sansão, o povo não se arrepende como anteriormente. Isso é consequência do que vimos há duas semanas atrás, cada um fazia o que chava certo, porém estavam distantes de Deus. A pior coisa é fazer o que é errado achando que é o certo (Quem não conhece a luz não sabe o que é escuridão).
Hoje vamos começar a ver a vida de Sansão após adulto, e veremos o perfil do ultimo juiz levantado por Deus:
Juízes 14.1–4 NVI
1 Sansão desceu a Timna e viu ali uma mulher do povo filisteu. 2 Quando voltou para casa, disse a seu pai e a sua mãe: “Vi uma mulher filistéia em Timna; consigam essa mulher para ser minha esposa”. 3 Seu pai e sua mãe lhe perguntaram: “Será que não há mulher entre os seus parentes ou entre todo o seu povo? Você tem que ir aos filisteus incircuncisos para conseguir esposa?” Sansão, porém, disse ao pai: “Consiga-a para mim. É ela que me agrada”. 4 Seus pais não sabiam que isso vinha do Senhor, que buscava ocasião contra os filisteus; pois naquela época eles dominavam Israel.
As primeiras palavras de Sansão já adulto narrado na bíblia é ele fazendo algo reprovável aos olhos do Senhor, ele nesse momento desejava se casar com uma mulher filistéia, justamente da nação estanjeira que subjulgava Israel. Sansão queria o que o Senhor reprovava e falou que ela era do seu agrado. O termo hebraico usado é o mesmo para "certo aos próprios olhos" quando a bíblia se referiu ao povo de Israel.
Sansão aqui que foi escolhido como o libertador do povo, demonstra que estava igual ao seu povo. Isso explica a falta de arrependimento neste ponto, se antes o povo sofreu uma opressão militar e política, neste momento sofriam com uma conformação, com uma acomodação cultural, por isso não houve arrependimento. Eles estavam errados, mas achavam que estavam certos.
Deus reprovava esse casamento não por uma questão racial, mas confessional. O que vemos é Deus sempre reprovando aquilo que vemos no Novo Testamento que o Ap. Paulo chama de julgo desigual. Sim, Deus sempre reprovou que um crente verdadeiro se relacione intimamente com um descrente, é um princípio desde o A.T., continua no N.T. e permanece até hoje. Isso fere o mandamento de amar a Deus acima de todas as coisas. Uma vez que você ama a Deus acima de tudo, como se tornar uma só carne com alguém que não viva também em obediência a isso ( a não ser que você tenha colocado Jesus em segundo plano).
Vemos aqui, logo no início do ministério de Sansão o seu primeiro pecado, mas vemos também a soberania de Deus no versículo 4 de um Deus que age apesar do pecado, e quando isso ocorre, ele age atráves do pecado (ele não planejou o pecado, mas é maior que o pecado). Deus faz isso para que os seus propósitos se cumpram, caso seja necessário. Sansão estava obstinado em contrair esse matrimônio que o Senhor reprovava e dá sequência a seu projeto.
Juízes 14.5–9 NVI
5 Sansão foi para Timna com seu pai e sua mãe. Quando se aproximavam das vinhas de Timna, de repente um leão forte veio rugindo na direção dele. 6 O Espírito do Senhor apossou-se de Sansão, e ele, sem nada nas mãos, rasgou o leão como se fosse um cabrito. Mas não contou nem ao pai nem à mãe o que fizera. 7 Então foi conversar com a mulher de quem gostava. 8 Algum tempo depois, quando voltou para casar-se com ela, Sansão saiu do caminho para olhar o cadáver do leão, e nele havia um enxame de abelhas e mel. 9 Tirou o mel com as mãos e o foi comendo pelo caminho. Quando voltou aos seus pais, repartiu com eles o mel, e eles também comeram. Mas não lhes contou que tinha tirado o mel do cadáver do leão.
Vemos aqui a força e a fraqueza de Sansão, a força física na forma como ele mata um Leão e sua fraqueza em mais uma vez se agradar daquela mulher que não deveria ser a sua esposa. Vemos a fraqueza de Sansão também em desobedecer a Deus mais uma vez. Ele pega o mel que estava no enxame de abelhas que estava no cadáver do Leão que ele matou. E qual o problema disso? Lembram-se do voto de nazireu que foi feito pelos seus pais por Sansão e que ele também deveria cumprir? Pois é, mais uma vez Sansão desobedece. Mas você pode questionar o seguinte: Ele estava com fome, o que tem de mais nisso, o fim justifica os meios, ainda mais se tratando de uma necessidade física. A grande questão é: quantas vezes agimos como Sansão e justificamos necessidades legitimas como a própria fome meios que desobedecem a Deus? Quando isso ocorrer devemos nos lembrar de quem de fato é nosso salvador, Jesus. Jesus tendo fome após jejuar 40 dias foi tentado por Satanás a transformar pedras e pães e não pecou. Não existem justificativas para o pecado.
A partir do versículo 10 até o 20 vemos a vesta de noivado de Sansão. Como ocorria o casamento naquela época? Fazia uma festa de noivado que poderia durar dias e o casamento era consumado no fim da festa de noivado. Era um reconhecimento público onde toda comunidade era convidada. Mas existe um fato inusitado nesta festa de noivado, Sansão faz uma aposta com os seus amigos filisteus. E a aposta era: Caso eles adivinhassem o enigma, Sansão daria 30 vestes de linho para eles, caso não adivinhassem eles dariam essas 30 vestes para Sansão. Então os Filisteus ameaçam a noiva de Sansão (colocar fogo nela e no seu pai), e ela implora que Sansão fale a resposta do Enigma pra ela. Sansão em primeiro momento nega dar a resposta, mas depois de muita insistência ele fala para sua noiva (talvez bêbado).
A noiva de Sansão então dá a resposta do enigma aos filisteus que ganham a aposta e qual a reação de Sansão? Uma atitude desiquilibrada e violena, ele não retira dos seus pertences 30 vestes de linho, mas vai até a cidade e mata 30 homens e pega a roupa deles para pagar a aposta. Sansão fica tão furioso que não volta para a festa, mas para a casa dos seus pais e não consuma o casamento. Para a familia seria uma vergonha a filha ser largada pelo noivo na festa de noivado, e por isso ela é dada em casamento a um amigo de Sansão que estava na festa. Vemos mais uma vez aqui o retrato de um homem com o coração dominado pelo pecado, cheio de si, orgulhoso e descontrolado.
Juízes 15.1–5 NVI
1 Algum tempo depois, na época da colheita do trigo, Sansão foi visitar a sua mulher e levou-lhe um cabrito. “Vou ao quarto da minha mulher”, disse ele. Mas o pai dela não quis deixá-lo entrar. 2 “Eu estava tão certo de que você a odiava”, disse ele, “que a dei ao seu amigo. A sua irmã mais nova não é mais bonita? Fique com ela no lugar da irmã”. 3 Sansão lhes disse: “Desta vez ninguém poderá me culpar quando eu acertar as contas com os filisteus!” 4 Então saiu, capturou trezentas raposas e as amarrou aos pares pela cauda. Depois prendeu uma tocha em cada par de caudas, 5 acendeu as tochas e soltou as raposas no meio das plantações dos filisteus. Assim ele queimou os feixes, o cereal que iam colher, e também as vinhas e os olivais.
Vemos a reação esperada de alguém dominado pelo pecado, a vingança. Sansão volta tempos depois como se nada tivesse acontecido, se surpreende com o fato que sua ex-noiva tinha casado com outro homem. O pai da sua ex-noiva então oferece a filha mais nova em casamento e Sansão destrói toda a plantação dos filisteu, destroi toda a economia de um povo. Sansão age de forma impulsiva e gera um conflito por causa da sua insensatez provoca mais violência e morte.
Juízes 15.6–8 NVI
6 Os filisteus perguntaram: “Quem fez isso?” Responderam-lhes: “Foi Sansão, o genro do timnita, porque a sua mulher foi dada ao seu amigo”. Então os filisteus foram e queimaram a mulher e seu pai. 7 Sansão lhes disse: “Já que fizeram isso, não sossegarei enquanto não me vingar de vocês”. 8 Ele os atacou sem dó nem piedade e fez terrível matança. Depois desceu e ficou numa caverna da rocha de Etã.
A atitude de Sansão custa a vida do seu sogro e sua noiva, que gera uma sucessão de atos violentos e mortes. Sansão se vinga novamente matando ainda mais filisteus a ponto dele ter que fugir de lá pois a guerra havia se desencadeado. Quantas vezes somos como Sansão, agimos por impulso e buscamos uma justiça que é manchada pela vingança. Atitudes impulsivas e vingativas nunca geram justiça, só mais dor e sofrimento (as pessoas se ferem). Mas quando nos vemos diante da tentação de agirmos assim, devemos nos lembrar do nosso verdadeiro salvador que nos enina a doar a outra face e orar por aqueles que nos perseguem.
A história de Sansão não termina com ele fugindo, mas agora os seus irmãos israelitas entram em cena. Eles estavam tão acomodados que aceitam uma proposta dos filisteus em achar Sansão. Eles não percebiam a escravidão que viviam que não percebiam que Sansão era o libertador deles. Os Israelitas acham Sansão, e ele faz com que eles jurem que não o matariam, eles juram mas entregam Sansão para ser morto pelos filisteus.
Juízes 15.14–20 NVI
14 Quando ia chegando a Leí, os filisteus foram ao encontro dele aos gritos. Mas o Espírito do Senhor apossou-se dele. As cordas em seus braços se tornaram como fibra de linho queimada, e os laços caíram das suas mãos. 15 Encontrando a carcaça de um jumento, pegou a queixada e com ela matou mil homens. 16 Disse ele então: “Com uma queixada de jumento fiz deles montões . Com uma queixada de jumento matei mil homens”. 17 Quando acabou de falar, jogou fora a queixada; e o local foi chamado Ramate-Leí . 18 Sansão estava com muita sede e clamou ao Senhor: “Deste pela mão de teu servo esta grande vitória. Morrerei eu agora de sede para cair nas mãos dos incircuncisos?” 19 Deus então abriu a rocha que há em Leí, e dela saiu água. Sansão bebeu, suas forças voltaram, e ele recobrou o ânimo. Por esse motivo essa fonte foi chamada En-Hacoré, e ainda lá está, em Leí. 20 Sansão liderou Israel durante vinte anos, no tempo do domínio dos filisteus.
Sansão ao ser entregue arrebenta as cordas, fortalecido pelo Espírito e logo após ser capacitado por Deus mais uma vez desobedece o voto que fez com Deus. Sansão usa uma queixada de jumento (cadáver) como arma para matar mil homens. Vemos aqui que a força de Sansão não residia no seu cabelo, nem sua fraqueza era a falta dele, mas sua força vinha do Senhor assim como sua fraqueza era o seu próprio coração pecador. E em seguida vemos a partir do versículo 18 o primeiro diálogo de Sansão com Deus até agora. Apesar de todo pecado de Sansão, o Senhor atende a sua oração.

Aplicação

A pergunta que fica é: Como Deus pode usar alguém assim? Quantas vezes fazemos essa pergunta ou vemos pessoas usando essa pergunta para desistir dos cristãos? Pessoas que dizem não desistir de Cristo mas desistiram da igreja. A pergunta não é como Deus pode usar alguém como eu. Paulo falava que dos pecadores ele era o pior, em Romanos 7 ele escreve "miserável homem que sou", Jesus advertiu os fariseus pela incapacidade de fazerem uma autocrítica sobre suas próprias vidas. O pensamento de que é possivel desistir dos cristãos mas não de Cristo nasce do coração apenas daqueles que se julgam melhores que a igreja. O reformador João Calvino disse que “Você não pode ter Deus como Pai, a menos que tenha a Igreja como mãe”.
Devemos nos enxergar em Sansão, pois quantas vezes não somos vingativos e nos iramos? Quantas vezes quebramos nossos votos e fazemos exatamente o oposto do que afirmamos (música). Sansão possuia o Espírito mas não possuia os frutos do Espírito, ele fazia mas não era. Ele era usado, mas precisava ter seu caráter transformado. Isso se aplica para nós em uma cultura da realização, onde as pessoas são julgadas pelo que produzem e não pelo que elas são. Pregadores que possuem uma vida completamente torta, ou não têm compromisso nenhum com a fidelidade bíblica, mas são eloquentes, talentosos e até mesmo persuasivos atraem multidões. Avaliamos igrejas somente pelo que fazem, sem necessariamente se preocupar com o que acreditam e como são os seus bastidores. A história de Sansão nos aponta a urgência do ser acima do fazer.

Conclusão

Mas a grande lição da história de Sansão é a história de um Deus pode usar homens que não merecem ser usados, para salvar um povo que não merece ser salvo por Ele. A história de Sansão aponta para o salvador perfeito que usa imperfeitos como eu e você para salvar pecadores, e dentre esses pecadores eu e você fazemos também parte.
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