A Igreja do meu tempo
Culto de Sábado • Sermon • Submitted
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· 15 viewsOs desafios na igreja no final do 1º Século eram diferentes dos da igreja primitiva, mas Deus esperava a mesma atitude de consagração por parte dos crentes.
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Introdução
Introdução
Há cerca de 20 anos atrás tive uma oportunidade única na minha vida. Mal sabia eu que a escolha que estava a ponto de fazer na altura iria mudar drasticamente a minha vida, mas para melhor. Conheci a mensagem a adventista e entreguei a minha vida a Jesus. Os meus primeiros anos na igreja foram marcantes. Conheci novos amigos e essas amizades eram sinceras, edificantes e paracíamos irmãos de sangue. Havia um bom ambiente na igreja e dava-me a impressão que “todos” estavam interessados em ganhar mais almas para Cristo e, por esta razão, estavam sempre envolvidos em atividades missionárias (visitação, estudos bíblicos, campanhas evangelísticas, convívio entre irmãos, aquelas atividades sociais de jovens, e muitas vezes períodos de jejum e oração e vigílias até à madrugada). Confesso que tenho saudades dessa época.
Em onversa com outras pessoas que viveram noutra época e noutro lugar, oiço por vezes o mesmo testemunho: “naquele tempo fazíamos isto e aquilo e era tão bom!”.
Quando ouvimos esse tipo de testemunho, percebemos um certo saudosismo, que não é negativo em si. Hoje gostaria de dizer-vos que a Igreja de Deus não é estática. Existe um dinamismo que acontece de forma natural e a Igreja deve adaptar-se à época e ao lugar em que está, mantendo sempre a sua identidade, a sua missão e os elementos essenciais. Nós precisamos ser a Igreja do nosso tempo.
Vamos começar a nossa reflexão com a Igreja primitiva.
A Igreja Primitiva
A Igreja Primitiva
A igreja primitiva era uma igreja de sonho. Jesus tinha ido embora fazia ainda pouco tempo. A Sua promessa de descida do Espírito Santo tinha-se cumprido. Tinha surgido um novo ânimo no seio dos discípulos e na comunidade que estava a surgir. A descrição bíblica deixa “água na boca”.
Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
Perseveravam na doutrina dos apóstolos (Atos 2:42)
Perseveravam na doutrina dos apóstolos (Atos 2:42)
Eles faziam pequenos grupos em suas casas para estudar a palavra de Deus. Mantinham a doutrinha que tinham aprendido dos apóstolos.
Perseveravam na comunhão (Atos 2:42)
Perseveravam na comunhão (Atos 2:42)
Eles tinham momentos de comunhão juntos. Os crentes conheciam-se, relacionavam-se, visitavam-se com o propósito de edificação. Imagino que dificilmente alguém se sentia desanimado na fé com toda esta dinâmica. Interessavam-se uns pelos outros.
Perseveravam no partir do pão (Atos 2:42)
Perseveravam no partir do pão (Atos 2:42)
Este partir do pão não se refere à Santa Ceia, mas sim ao convívio que promoviam. Eles promoviam estas práticas, um pouco à semelhança de Cristo que aceitava tomar refeições com as pessoas para aprofundar relacões, para ganhar intimidade.
Perseveravam na oração (Atos 2:42)
Perseveravam na oração (Atos 2:42)
Era uma igreja que orava. Imaginem uma igreja onde os seus membros se juntam durante a semana para orar. Orar por si e pelos outros. Não é de se admirar que a igreja primitiva era uma igreja cheia de poder.
Cada mambro estava animado. Havia o espírito de solidariedade entre eles, de modo que nenhum membro vivia o seu problema isoladamente sem que ninguém soubesse. Eles conheciam e aliviavam o sofrimento um dos outros. Melhor do que isto que eu estou a descrever, só o céu.
Mas, infelizmente, isto não durou muito tempo. Começaram a surgir problemas na igreja. Algumas coisas mudaram com o passar do tempo.
A entrada dos gentios na igreja
A entrada dos gentios na igreja
Com o passar do tempo, com a propagação da mensagem aos gentios, a igreja começou a mudar de forma. Alguns problemas começaram a surgir. Um dos primeiros problemas foi o favoritismo. Atos 6:1-4 descreve a situação da igreja nessa altura.
Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.
Os gregos começaram a entrar na igreja. Havia os mesmos momentos de partilha. Só que desta vez nós nos damos conta de um problema muito grave na igreja: a murmuração. Os gregos murmuravam porque não estavam satisfeitos com a forma como estava a ser feita a distribuição. As suas viúvas eram deixadas de lado, em segundo plano na distribuição.
O que resolveu o problema? Foi voltar à mesma fonte que tinham antes. Buscando a consagração consegueriam voltar à harmonia que tinham antes. Decidiram escolher sete homens consagrados para se ocuparem da distribuição. Homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de Sabedoria. O problema desse tempo já era um problema espiritual. Quanto mais longe de Deus, mas longe uns dos outros. Quando mais perto de Deus, mais perto nos sentimos um do outro. As nossas diferenças se tornam impercetíveis. Valorizamos o que temos em comum e juntamos esforços para avançarmos juntos. Nós sabemos que mais tarde surgiu outro problema que tinha a ver com os hábitos e as tradições (Atos 15)
As igrejas de João
As igrejas de João
João foi o último dos apóstolos a morrer. Foi aquele que viu mais a evolução da igreja e que teve de fazer face a alguns problemas diferentes.
Ele e seus discípulos tinham fundado várias igrejas na Ásia menor. Naquela época os mestres andavam de lugar a lugar a ensinar. Tinham surgido muitos falsos mestres que iam às igrejas pregar para conseguir mais adeptos. As igrejas de João foram atacadas por estes falsos mestres de modo que ele teve que escrever cartas para alertar-lhe sobre isso.
Na 3ª carta de João, nós vemos uma outra situação a acontecer. Três pessoas são mencionadas no texto: Gaio; Diótrefes; e Demétrio.
O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade. Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade. Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria verdade, e nós também damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro. Muitas coisas tinha que te escrever; todavia, não quis fazê-lo com tinta e pena, pois, em breve, espero ver-te. Então, conversaremos de viva voz. A paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos, nome por nome.
Diótrefes
Diótrefes
Era um líder polémico. Era alguém que tinha sede de poder. Ele criticava a liderança de João e de seus companheiros. Tentava semear contenda entre os irmãos. Expulsava pessoas da igreja. Não recebia os evangelistas que João mandava com as mensagens para a igreja. Era arrogante. recusava as mensagem. Ele não queria que a mensagem de João chegasse até à igreja para poder manter o controlo sobre a igreja.
Demétrio
Demétrio
Demétrio era provavelmente um dos pregadores itinerantes, enviado por João, mas que Diótrifes não quis receber. Receber um pregador, um mestre naquele tempo era mais do que deixá-lo pregar na igreja. Era acolher em sua casa, dar-lhe de comer e financiar a sua viagem até à próxima igreja. Mas como podia Diótrefes fazer isso se ele estava habitado por um outro espírito. Faltava-lhe comunhão com Deus.
Gaio
Gaio
Gaio era um homem fiel. Ele era muito amoroso e hospitaleiro. Esta carta de João era uma carta pessoal a Gaio. João estava à procura de alguém a quem pudesse enviar a carta de modo que chegasse aos restantes irmãos. Por isso tinha que ser alguém consagrado.
Gaio andava na verdade.
Gaio estava espiritualmente num bom caminho
Gaio tratava de igual modo tanto os judeus como os gentios
Gaio tinha amor pelas pessoas
Gaio apoiou o ministério destes progadores itinerantes
A Igreja do meu tempo
A Igreja do meu tempo
Como está hoje a minha igreja? Sabendo que eu sou parte desta igreja, a pergunta que eu faço é: como estou eu? Como está a minha relação com Deus? Quais são os problemas que a igreja enfrenta hoje? Como posso fazer parte da solução para estes problemas? Que tipo de membro estou a ser?
O que é certo é que existem alguns elementos que devem sempre fazer parte de todas as igrejas, de todas as épocas e que resultam numa maior espiritualidade para todos.
Precisamos nos juntar!
Juntar para estudar as doutrinas
Juntar para comunhão
Juntar para partir o pão
Juntar para orar uns com os outros e uns pelos outros
Juntar para buscar o Espírito Santo
Juntar para aliviar o sofrimento do outro
Juntar para pregar as boas novas do evangelho
Juntar para acolher os outros
Juntar para amar
Conclusão
Conclusão
A igreja do nosso tempo é diferente. O mundo mudou e a igreja tem sido arrastada pelas exigências do mundo. Existe um certo individualismo. Falta de tempo.
A solução passa muito pela nossa postura hoje. O que Deus me chama a fazer hoje? Como posso viver a igreja do meu tempo?
Vou fazer-vos um desafio hoje.
Durante o período que estão em confinamento:
Amem (telefonando para as pessoas mais vulneráveis)
Acolham (tirando tempo para ouvir o outro nas suas necessidades)
Orem (pelos que estão em maior dificuldade e por todos)
Alimentem alguém (enviando mensagem personalizade quer espiritual quer outra mensagem de apreço e de encorajamento)
Preguem (lendo a partilhando as publicações da igreja com os outros)
Se vivermos estas coisas na nossa época, o resultado será este:
louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.