APOCALIPSE DE JOÃO
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INFORMAÇÕES GERAIS
INFORMAÇÕES GERAIS
O livro que nós vamos estudar hoje desperta a curiosidade muitos, e talvez vocês ao ouvirem que iremos falar sobre ele, já comecem ai a elaborar suas dúvidas para serem respondidas.
O que novamente precisa ser dito aos irmãos é que esse detalhamento de informações não é possível, ainda mais se tratando de um livro que não é pequeno, e carrega suas particularidades que costumam trazer essas dúvidas.
No entanto, eu vou tentar aqui hoje trazer uma visão ampla da forma mais clara possível (dentro dos meus limites) sobre esse livro, tentando ir adiantando conforme o estudo progride algumas possíveis dúvidas.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
O que se percebe nas igrejas é que um bom número de pessoas costuma olhar para Apocalipse com um certo receio. Alguns possuem medo do livro achando que ele só traz coisas terríveis que vão acontecer (é o apocalipse, dizem alguns); outros entendem que esse livro não pode ser compreendido, ele é oculto, talvez um pouco místico, talvez seja um daqueles livros que você precisa decifrar enigmas e coisas do tipo.
De primeira eu preciso dizer a vocês que nenhuma dessas visões está correta:
O livro não foi escrito para trazer medo, muito pelo contrário, seu conteúdo foi escrito para trazer esperança, paz e segurança aos crentes (leitores originais e nós). AP 1: 3.
Apocalipse não é um livro místico, ele não foi escrito para ficarmos fazendo contas ou montando um quebra cabeça para adivinharmos o futuro. O próprio nome dado ao livro deixa isso claro 1.1.
O GÊNERO DO LIVRO
O GÊNERO DO LIVRO
Uma coisa muito importante e que nós já falamos aqui de forma bem superficial em alguns estudos é a importância de se levar em consideração os gêneros literários contidos na Bíblia na hora de interpretá-la.
PERGUNTA: Se eu pegasse uma folha de papel aqui para ler pra vocês e comecasse assim: “ERA UMA VEZ EM UM REINO BEM DISTANTE...” Que tipo de conteúdo vocês esperariam?
Mas e se eu pegasse uma folha e comecasse dizendo: “O PRESENTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO MOSTRAR OS EFEITOS DA GORDURA TRANS EM GRÁVIDAS.....Que tipo de conteúdo vocês esperariam? Vocês esperariam alguma piada?
Por que isso acontece? Isto acontece justamente porque nós estamos acostumados com uma interpretação específica dependendo do gênero daquilo que estamos lendo.
A Bíblia também possui gêneros diferentes:
Narrativas
Poesia
Profecia
Apocaliptico (destaque)
O GÊNERO APOCALIPTICO
O GÊNERO APOCALIPTICO
Alguns pontos importantes sobre esse tipo de literatura:
Ele não era uma exclusividade da Bíblia, pois existiam outras literaturas naquela época que traziam esse gênero. Há semelhanças entre o Apocalipse de João e elas, mas também a diferenças importantes (João olha para o cordeiro que foi morto como base para uma mudança na era presente; ele não é um livro pseudônimo; etc)
Outra coisa muito importante é que esse tipo de literatura faz bastante uso de linguagem figurada, simbolos, números, sonhos, visões, com o objetivo de apresentar uma realidade por detrás (1: 12 com 20)
Levando em consideração o ponto 2, fica claro que não podemos chegar diante do livro e sair interpretando tudo de forma literal, vejam por exemplo 13: 1. Isto afeta também a interpretação de alguns pontos do livro, como, por exemplo, o período de mil anos de AP 20. O famoso Milênio é literal ou não é? Nós vamos encontrar diferentes interpretações.
O que eu quero que fique claro aos irmãos é a importância de se levar em consideração essas características do livro ao lê-lo.
Uma outra coisa importante é que Apocalipse também é constituído de cartas (2 e 3). E nesta parte ele deve ser interpretado de forma literal. Por isso devemos entender que realmente essas igrejas existiam, assim como aquilo que se fala sobre elas.
Uma outra coisa que é interessante os irmãos saberem é que apocalipse faz bastante uso do A.T
Ficou claro então a importância de verificar o gênero?
AUTOR E CONTEXTO
AUTOR E CONTEXTO
Embora alguns poucos tenham questionado a autoria de João, como, por exemplo, um homem chamado Dionísio que viveu bem próximo ao primeiro século (entre os argumentos está a diferença no grego do evangelho de João e apocalipse, este um grego hebraísta, rude) a opinião é a de que o João que aparece no 1: 2 é o apóstolo João.
O lugar da onde João escreve está descrito 1: 9. Esta ilha, localizada na costa de Éfeso, era utilizada por governantes romanos como uma espécie de exílio. O motivo de João ter sido exilado lá está claramente descrito 1: 9b. Aqui é interessante lembrar que nada daquilo era por acaso, a mão de Deus estava controlando tudo, e lembro aqui as palavras do Rev. Hernandes que diz: Quando as portas se fecharam para João, Deus abriu uma porta nos céus, e de lá revelou esse livro a ele.
Com relação a data existem algumas discussões entre aqueles que a colocam em um período mais antigo (antes de 70 d.C) e aqueles que a colocam próxima ao final do primeiro século (a mais provável).
Independente da data o importante é lembrar que o conteúdo veio da parte de Deus 1.1
DESTINATÁRIOS
DESTINATÁRIOS
Originalmente João escreve o Apocalipse para as 7 Igrejas da Ásia (Turquia atual). Veja quais eram essas Igrejas (1: 11). Algumas informações importantes sobre essas Igrejas:
Entende-se que elas realmente existiam. A ordem colocada aqui levou em consideração a posição geográfica delas. Inclusive isso facilitaria a entrega da carta.
Contudo, o que é dito a respeito delas também deve ser aplicado a Igreja de Cristo ao longo da história.
Nessas cartas nós vamos encontrar: uma saudação (2: 1); uma descrição de Jesus baseada em algo da visão 1: 13-18 (veja 1: 17 com 2: 8); elogio a Igreja (menos laodicéia); uma crítica (menos Esmirna e Filadélfia); uma advertência; uma exortação e uma promessa (2: 11).
Algo que é percebido pela leitura do livro é que aqueles cristãos que receberam originalmente a carta estavam passando por perseguições (1: 9; 2: 10, 13; 3: 10) sendo o tema perseguição algo bem presente no livro (6: 9; 17: 6)
Levando em consideração o período próximo ao final do primeiro século, nós temos ali um período referente ao governo de um imperador romano chamado Domiciano. Este teria sido responsável por perseguir os cristãos, e também por ter sido o primeiro a, já em vida, vindicar a divindade.
PROPÓSITO
PROPÓSITO
Aqui duas coisas são importantes:
Alguns pensam no apocalipse como algo que só trata do futuro, de coisas que iriam acontecer lá no finalzinho da história. Agora para pra pensarem comigo: Você está sendo perseguido, as coisas não estão fáceis, pra que serviria uma carta falando de coisas referentes a um tempo tão distante? Por isso é importante lembrarmos que quando João escreve o livro, ele tem o objetivo de tornar esse livro importante para àquelas pessoas. Logicamente, que temos como parte do livro coisas referentes ao tempo do fim também.
O livro não pode ser obscuro, pois isso de nada adiantaria para aqueles irmãos. É importante o entendimento de estudiosos que dizem que o simbolismo que hoje nós temos que estudar com cuidado era algo conhecido deles. Entende-se até que o simbolismo foi usado para impedir qualquer impecilho com relação a chegada das cartas aos leitores.
Com isso em mente podemos dizer que o propósito do livro é: Mostrar Deus como aquele que governa todas as coisas, apresentando Cristo como vitorioso e por consequência a Igreja de Cristo.
Desta forma, mesmo em meio as perseguições os crentes são ensinados que Deus está no controle, Cristo venceu e eles também vencerão.
Agora o livro faria sentido aos leitores?
AS DIFERENTES ESCOLAS DE INTERPRETAÇÕES
AS DIFERENTES ESCOLAS DE INTERPRETAÇÕES
Existem basicamente 4 escolas de interpretação. A titulo de informação eu vou citá-las sem o objetivo de expor:
ESCOLA PRETERISTA: Essa escola basicamente ensina que tudo o que está descrito aqui diz respeito somente aos leitores originais na época em que viviam.
ESCOLA FUTURISTA: Essa escola já tem o seu foco no futuro, basicamente dizendo que a partir do cap 4 tudo se cumpre nos dias finais da história da humanidade.
ESCOLA HISTORICISTA: Essa escola basicamente olha para a história e por meio dos eventos que acontecem nela, vão fazendo ligações com o livro de apocalipse.
ESCOLA IDEALISTA: Essa escola diz que os eventos descritos em apocalipse não são específicos, mas tratam de forma geral a maneira de Deus agir através da história. Portanto, não adianta querer identificar os eventos.
Alguns teólogos apontam para o fato de que muito provavelmente a melhor forma de intepretar seria unir essas quatro escolas.
Aqui meus irmãos, é importante também dizer que nós precisamos ter uma maturidade para lidar com essas diferenças e saber que naquilo que é essencial, os pilares doutrinários presentes em apocalipse, não existe diferença quanto a essência. Exemplos:
Com relação ao Milênio: Temos algumas correntes de interpretação diferentes: Pré Milenismo, Pré milenismo dispensacionalista; Pós Milenismo; Amilenismo. Pode-se dizer que embora a visão Amilenista seja majoritária, ela não é unânime entre teólogos reformados, presbiterianos.
Uns acreditam que a Igreja passa pela tribulaçao, outros não acreditam.
No entanto, sendo o Milênio é literal ou não, todos creem que Cristo reina e a igreja reinará com ele. Se Jesus volta antes ou depois do Milênio/tribulação, todos creem que Jesus vai voltar. A Igreja passando ou não pela tribulação e crentes perdendo suas vidas, todos creem na ressurreição dos mortos.
Portanto, esses pilares não podem ser mexidos. Nós precisamos ter maturidade, eu tenho minha preferência e reconheço algumas dificuldades dela (PIADA NO NICODEMUS).
No entanto, vamos dar uma olhada na estrutura do livro por meio de uma maneira de interpretá-lo que é conhecida como Paralelismo Progressivo. Ela é muito comum, é bem vista no campo teológico reformado, e embora não tenha peso algum, é também a minha preferência, pelo menos por enquanto rsrsrs
PARALELISMO PROGRESSIVO
PARALELISMO PROGRESSIVO
O QUE É:
É o entendimento de que o conteúdo do livro está dividido em 7 sessões paralelas (1-3; 4-7; 8-11; 12-14; 15-16; 17-19; 20-22).
Essas sessões tem como objetivo descrever fatos de um período que vai da primeira a segunda vinda de Cristo, chamado por alguns de Era do Evangelho. Veja, por exemplo, a descrição de períodos que aparecem em algumas dessas sessões: Um período de intensa angústia e conflito entre o povo de Deus e seus oponentes: 3º SESSÃO (11: 2-3); 4º SESSÃO (12: 6, 14). Todos esses períodos vão dar 3 anos e meio. Portanto, o que se entendem é que ocorrem de forma paralela. Vejam a semelhança entre a primeira e segunda trombeta (8: 7-8) com a primeira e a segunda taça (16: 2-3)
Embora essas sessões tratem do mesmo período, elas dão ênfases diferentes. Elas se sobrepõem, e de forma progressiva a sessão posterior clareia a sessão anterior.
RESUMO: Intepretar o apocalipse com a estrutura do paralelismo progressivo é entender que em cada uma dessas 7 sessões nós vamos obter informações sobre o período entre a 1 e a 2 vinda de Jesus. Ali nós vamos encontrar enfases diferentes sobre fatos que ocorrem em todo esse período (nascimento de Jesus; segunda vinda; sofrimento da Igreja; perseguição; os inimigos de Deus e da Igreja; a vitória de Cristo)
Vamos ver rapidamente então essas sessões.
1º SESSÃO (1-3)
1º SESSÃO (1-3)
Nessa primeira sessão paralela a verdade essencial é a de que Jesus é aquele que está no meio da Igreja 1: 13 (ele conhece e governa sua igreja) e ele voltará para julgar a terra (1: 7)
2º SESSÃO (4-7)
2º SESSÃO (4-7)
Talvez o que costuma ser mais destacado nessa sessão é a existência de 7 selos (6-8: 1-6). Entende-se que esses selos representam os decretos de Deus, fatos que aconteceriam na história envolvendo a igreja.
A cada selo aberto o que é descrito envolve algum tipo de luta que a igreja enfrentaria (morte, perseguição, fome, terremoto). Nessa sessão nós temos também algo a respeito do juízo de Deus (6: 12-17). PERGUNTA: Quando isso acontecerá? novamente João fala da segunda vinda de Jesus.
Uma pergunta envolvendo a realização do conteúdo dos selos é feita e João chora de início (5: 2-4).
No entanto, algo maravilhoso é revelado nessa sessão, e é isso que eu quero que vocês guardem: Alguém foi achado digno de abrir os selos (5: 5-6).
Algo muito importante dessa sessão é o fato de que antes de apresentar as dificuldades que a Igreja enfrentaria, João escreve o cap 4 e mostra que Deus está no trono, ele reina, e a igreja está segura. Cristo está com a história nas mãos.
A titulo de curisosidade é nessa sessão que aparece pela primeira vez os 144 mil (7: 4). Entendemos que essa é uma referência a Igreja como um todo (A.T e N.T).
Aqui também nós temos um forte argumento para dizermos que a Igreja passará pela grande tribulação (7: 9, 13-14)
3º SESSÃO (8-11)
3º SESSÃO (8-11)
É nesta sessão que aparecem as 7 trombetas. Estas são entendidas como juízos parciais de Deus contra este mundo (que persegue a igreja).
Estes juízos são chamados de parciais porque não atingem os inimigos e a terra em sua totalidade (8: 7, 8, 9, 10). É um juízo ainda misturado com a misericórdia (arrependam-se!)
Contudo, olhem comigo para o final dessa sessão (11: 15-18). Pergunto a vocês, quando isso acontecerá? Novamente nós temos João aqui terminando a sessão falando da segunda vinda, embora enfatize os juízos parciais.
4º SESSÃO (12-14)
4º SESSÃO (12-14)
Nesta sessão o destaque é dada para os 4 inimigos de Deus e da Igreja, são eles:
DRAGÃO (12: 1-3): O dragão é claramente identificado (12: 9)
AS DUAS BESTAS (13: 1, 11): Identificada aqui como o Anticristo e o falso profeta (19: 20).
BABILÔNIA (14: 8): Entendida como sendo uma referência a este mundo antiDEUS, com suas seduções, imoralidades com as quais foi capaz de enganar a muitos.
Agora vejam novamente o término da sessão (14: 14-16). Pergunto a vocês: quando se dará a ceifa? MT 13: 30, 39; 24: 31.
Novamente aqui João descreve algo a respeito do período entre a 1 e a 2 vinda, e termina com a segunda vinda de Jesus.
5º SESSÃO (15-16)
5º SESSÃO (15-16)
Nessa sessão João fala de 7 taças. Essas 7 taças representam o juízo de Deus. Mas diferente das trombetas que são juízos parciais, as taças representam o juízo completo, final.
Observem como a linguagem muda do parcial para o total (16: 2-3; 4, 8, 10)
E olhem novamente João terminando a sessão falando da segunda vinda de Cristo, momento este em que o juízo de Deus será derramado de forma definitiva sobre os homens.
Uma nota importante diz respeito ao comportamento dos ímpios diante do juízo de Deus (16: 9)
6º SESSÃO (17-19)
6º SESSÃO (17-19)
Essa sessão foca na queda dos inimigos, a queda do quarteto do mal. Esta queda é descrita de forma inversa, com um destaque maior a grande Babilônia (mundo e seu sistema antiDeus)
A Babilônia descrita como uma grande meretriz cai (18: 2, 19-21)
As duas bestas são destruídas (19: 19-20)
Novamente aqui nós temos João falando sobre a segunda vinda de Cristo (19: 11-16), e precisa ficar claro que o Senhor Jesus é vencedor, e sua vitória não será em uma batalha de igual para igual.
7º SESSÃO (20-22)
7º SESSÃO (20-22)
O capítulo 20 retorna ao início do período, ou seja, a primeira vinda de Cristo. A visão Amilenista não compreende os capítulos 19 e 20 como estando em sequência cronológica.
Desta forma, a prisão de satanás é entendida como sendo uma referência ao fato de que ele não pode mais impedir o avanço do evangelho, a salvação dos eleitos (lembrar que antes de Cristo nos libertar todos nós eramos escravos).
No entanto essa sessão também fala do reinado dos crentes com Cristo (20: 4), e também apresenta novamente algo a respeito da segunda vinda de Jesus (20: 11-15)
Essa sessão é aquela que também apresenta a restauração de todas as coisas, o novo céu e a nova terra, e noiva do cordeiro, a Igreja, perfeita e vitoriosa.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Irmãos como eu disse a vocês no início, nós não tinhamos o objetivo de ser exaustivo no estudo de hoje. Naõ é uma tarefa fácil falar sobre o apocalipse porque ele envolve muitas dúvidas das pessoas.
Também quero que os irmãos se lembrem que essa exposição estrutural (PP) não é aúnica, mas é aquela que é vista de forma mais coerente.
E principalmente espero que a mensagem central do livro que é mostrar a vitória de Deus por meio de seu Cristo, e Igreja vitoriosa, tenha ficado claro aos irmãos e os motive a lerem e estudarem mais esse livro.
AMÉM!