DONS ESPIRITUAIS, O SELO DA NOSSA UNIDADE (1 Co 12:12-31)
Introdução
I. UNIDADE DO CORPO NO EXERCÍCIO DOS DONS (v. 12)
O corpo é uno. Sua principal característica é a unidade. Todos os que crêem em Cristo são um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (12.1–3), dependemos do mesmo Deus (12.4–6), ministramos no mesmo corpo (12.7–11), e experimentamos o mesmo batismo (12.12,13).
a) O sangue. Pode ser difícil estabelecer a unidade entre meus pés, minhas mãos e meus rins. Contudo, o mesmo sangue alimenta esses membros e todos os outros.
O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esses morrerão rapidamente. O que é que me enxerta e me insere no corpo de Cristo? O que me torna um membro do Seu corpo? É o sangue do Cordeiro! Assim como o sangue é o elemento que unifica o corpo, o sangue de Cristo nos torna um.
Ninguém pode fazer parte da igreja a não ser por meio da expiação, da obra da redenção operada pelo sangue de Jesus Cristo. Ninguém entra na igreja sem primeiro ter se apropriado dos benefícios da morte de Cristo e do Seu sangue derramado.
b) O Espírito. Além do sangue, o que mantém o corpo uno é o espírito. Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em relação à igreja, diz o apóstolo Paulo: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). O Espírito Santo foi quem enxertou você no corpo. Você foi batizado e introduzido no corpo pelo Espírito. Quem colocou você no corpo foi o Espírito Santo. Ele regenerou você, mudou a sua vida, converteu o seu coração. Um membro do corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa pertencer ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito significa que nosso corpo pertence a Cristo.
Todos os dons mencionados nos versículos 8–10 são produzidos e controlados pelo mesmo Espírito. Mais uma vez, vemos que o Espírito não concede os mesmos dons a todos. Antes, distribui-os como lhe apraz, a cada um, individualmente. Tratase de outro ponto importante: o Espírito distribui os dons de forma soberana. A plena compreensão desse fato elimina o orgulho, pois tudo o que temos nos foi concedido. Elimina também o descontentamento, pois foi Deus, em sua sabedoria e amor infinitos, quem decidiu quais dons devemos ter, e sua escolha é perfeita.
PROPÓSITO DIVINO PARA OS DONS:
Todos os crentes, salvos por Cristo Jesus, têm pelo menos um dom. A afirmação do apóstolo Paulo é categórica: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um”. Não existe ninguém convertido sem dons espirituais. Cada membro tem pelo menos um dom.
Eles são dados visando a um fim proveitoso, ou seja, a edificação da igreja. O benefício não é próprio e pessoal, mas endereçado para a coletividade. O propósito dos dons é a edificação da igreja.
Paulo diz: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (12.11). Paulo está falando que é o Espírito Santo quem distribui os dons e também quem age eficazmente na vida daquele que exerce o dom. O homem é apenas o instrumento, mas o poder é do Espírito. Assim, não faz sentido falarmos em homens poderosos. Quando uma pessoa tem o dom de milagres, dons de cura, não é a pessoa que tem o poder.
II. INTERDEPENDÊNCIA NO FUNCIONAMENTO DO CORPO (v. 14-26)
É errado todos desejarem o mesmo dom. Se todos tocassem o mesmo instrumento, seria impossível formar uma orquestra sinfônica. Um corpo constituído somente da língua seria monstruoso.
O corpo humano ilustra a unidade com diversidade. O corpo é um e, no entanto, tem muitos membros. Apesar de todos os cristãos serem diferentes e desempenharem funções distintas, todos se combinam para formar uma unidade operante, o corpo.
Paulo uma vez mais intima os coríntios à unidade, lembrando-os de que todos os dons que possuíam, obtiveram-nos de uma única fonte; mas, ao mesmo tempo, ele prova que ninguém possui tanto para que se sinta auto-suficiente, que não necessite do auxílio de outrem. Pois é isso mesmo que ele pretende quando diz: “distribuindo-os a cada um, individualmente, como lhe apraz.” O Espírito de Deus, portanto, distribui esses dons entre nós, a fim de concentrarmos toda nossa contribuição visando ao bem comum. Ele não distribui tudo a um só indivíduo, para evitar que alguém fique tão satisfeito com sua porção, que procure isolar-se dos demais, vivendo unicamente para si. O advérbio individualmente é usado para o mesmo propósito, visto ser particularmente importante que a diferença individual, pela qual Deus nos faz mutuamente dependentes, seja por nós adequadamente preservada. Ora, quando boa vontade é predicado do Espírito, juntamente com seu poder, é possível concluir que o Espírito é genuína e legitimamente Deus.
Eles não estavam usando, mas abusando dos dons espirituais. Ainda hoje, o mau uso dos dons espirituais é um grave problema na igreja. Muitos crentes usam os dons como um instrumento de autopromoção. Essa altivez espiritual é um sintoma de imaturidade.
Os dons espirituais não foram dados à igreja para projeção humana nem como um aferidor para medir o grau da espiritualidade de uma pessoa. Os dons foram dados para a edificação do corpo. Pelo exercício dos dons a igreja cresce de forma saudável. Assim, os dons são importantíssimos e vitais para a igreja