Judas 24-25

Série expositiva na epístola de Judas  •  Sermon  •  Submitted
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Judas apresenta a fonte da confiança dos crentes que garante-lhes a vitória sobre os falsos mestres e seus ensinos pecaminosos: o poder preservador do Deus Triuno, e com isso, demonstra a única reação por parte daqueles que são chamados, amados e guardados (v.1) em Cristo: louvor e exultação pela soberania de Deus sobre todas as coisas (v. 25).

Notes
Transcript
“ [...]exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé”. (Jd 3).
Pr. Paulo Rodrigues
INTRODUÇÃO
Vimos ao longo desta epístola o quanto o Espírito Santo inspirou Judas a escrever uma carta que exortasse os crentes a batalhar pela fé, e vimos que essa batalha consiste em os servos de Deus manterem-se firmes no ensino de Cristo deixado pelos apóstolos, resistindo fortemente aos falsos mestres que estavam se infiltrando na igreja disseminando heresias cujo o fim só levava a rebelião contra Deus; à uma vida sensual e ímpia, e por fim, como não poderia ser diferente, à sua destruição e publicação da reprovação digna de todos aqueles que foram destinados a perdição, e demonstraram isso quando voltaram-se contra os ensinos da Palavra de Deus, pregando tais heresias.
Hoje, veremos como judas apresenta a fonte da confiança dos crentes que garante-lhes a vitória sobre os falsos mestres e seus ensinos pecaminosos: o poder preservador do Deus Triuno, e com isso, demonstra a única reação por parte daqueles que são chamados, amados e guardados (v.1) em Cristo: louvor e exultação pela soberania de Deus sobre todas as coisas (v. 25).
ELUCIDAÇÃO
1. Fonte da segurança dos crentes para a salvação (v. 24).
Judas encerra sua epístola, através de uma doxologia na qual vota a igreja benefícios oriundos da graça salvadora do Deus Triuno, da mesma forma como iniciou seu escrito.
O ponto principal de sua doxologia neste verso 24, é o poder em Deus de guardar a igreja de tropeços (v. 24a). Naturalmente, tal desejo faz mênção a situação enfrentada pela igreja com relação aos falsos mestres. Como dito, assim como na introdução de sua carta, Judas salienta aos seus leitores que pela operação graciosa de Cristo, de acordo com as exortações feitas ao longo de todo o escrito, a igreja será preservada "imaculada diante da sua glória" (v. 24b).
A doxologia de Judas inicia-se com uma recomendação aos cuidados "daquele que é poderoso (gr. "δυναμένῳ" = “poderoso”, “capaz”) para φυλάξαι (gr. "guardar", “vigiar”) de tropeçar" (v. 24). Tal ênfase de Judas, como dito, faz parte de suas considerações sobre os efeitos dos ensinos dos falsos mestres, numa que promovem a deturpação e rebeldia contra os mandamentos de Cristo deixados por seus emissários, os apostólos (vs. 17-19). Por isso, o tom doxológico também reitera o desejo de Judas de que a igreja seja preservada pelo SENHOR de tais influências.
A figura de Deus como um "guardador de tropeços" (gr. lit. "Τῷ δὲ δυναμένῳ φυλάξαι ὑμᾶς ἀπταίστους" = àquele que é poderoso [para] guardar a vós de tropeçar) remete a imagem de alguém que não somente está protegendo de ameaças, mas está caminhando ao lado, a fim de que não se tropece ao longo do caminho. Essa proximidade é o fundamento da segurança da igreja a que Judas quer remeter; apesar das amplas exortações sobre como o Corpo de Cristo deve reagir diante dos falsos mestres e seus ensinos, no fim, é devido a vigilância constante e incansável de Cristo que patrulha e preserva sua igreja de cair, que embasa a segurança dos crentes.
Os votos de Judas através de sua doxologia elucidam a condição da igreja: "κατενώπιον τῆς δόξης αὐτοῦ" (gr. lit. na presença da glória dele). O reforço da ação de mantenimento a salvo de tropeços e quedas consiste em o povo de Deus está diante dEle, ou na presença do próprio Santo Deus. Para que alguém esteja na santíssima presença de Deus, é necessário que seja puro e livre de quaisquer defeitos ou falhas, e isso dá ao autor confiança para que possa mostrar a igreja essa sua situação diante de Deus, e assim reforça ainda mais a ênfase dos princípios abordados ao longo de sua carta.
Ainda nesse sentido, a expressão usada por Judas "ἀμώμους" (gr. lit. sem defeito) possui o mesmo radical do termo "μεμφομαι" (gr. "acusar"), o que indica que a ação de Deus em relação a igreja em sua proteção ocorre em fazê-la irreprensível ou livre de qualquer tipo de acusação.
Dessa forma, a igreja está de tal maneira debaixo da proteção de Deus que, confiando na obra santificadora do Espírito através da atenção às palavras de Cristo e seus mandamentos, vai sendo aos poucos purificada, de maneira que não haverá contra ela qualquer acusação que lhe possa negar o acesso a presença de Deus.
Há Ainda um forte contraste com a condição dos falsos mestres, pois, tendo sido "pronunciados para esta condenação" (v.4), foram banidos da presença graciosa de Deus. Aqueles que, por outro lado, foram "chamados, amados e guardados" (v. 1) por Deus Pai em Cristo Jesus, estão sendo purificados na presença do Deus Triuno, aguardando receberem a vida eterna - da qual já são participantes - em Cristo (v. 21).
Todas essas considerações indicam o caminho a ser percorrido por nós, irmãos. Imersos na guerra que travamos diariamente contra o pecado, tanto dentro de nós quanto no coração dos homens lá fora, inevitavelmente endurecemo-nos a tal ponto de vivermos como se a própria salvação fosse obtida por meio de nossos esforços em nos mantermos fiéis a Deus e à sua palavra. Porém, com o passar do tempo, rapidamente vamos tornando a vida cristã em uma negociação ao invés de vê-la como um doce presente.
Se perdermos o foco de que é a graça de Deus e o agir sobrenatural de seu poder que nos mantém firmes e constantes no mandamento do SENHOR, cedo ou tarde, veremos os mesmos mandamentos como sendo pesados e enfadonhos, correndo o risco de sermos alvos fáceis dos ataques vis de homens maus que muitas vezes chegarão à nossa presença prometendo a experimentação de um evangelho mais “fácil” ou mais “agradável”, contudo, o que certamente não nos será dito, é que estes outros “evangelhos”, não passam de ardis ímpios que tem mais a ver com a sanha miserável de homens que desejam apenas rebelar-se contra o Criador de maneira libertina.
A graça de Deus nos previne de tropeçarmos em tais ciladas, pois a mensagem central do evangelho é a de que, embora a Palavra de Deus esteja repleta de imperativos, isto é, ordens sobre como devemos seguir ao SENHOR, sabemos que o poder para agir e viver por modo digno do evangelho emana direto do Trono da graça.
Falando sobre a segurança que temos em Cristo nos protegendo dos pecaminosos ensinos dos falsos mestres, Simon Kistemarker afirma:
Essa peã de louvor dirige-se a Deus, nosso Salvador. Apesar de os crentes verem a apostasia dos hereges, sabem que Deus é capaz de proteger aqueles que são seus e manter sua salvação intacta. [...] Plenamente cientes dos perigos de caírem em tentação e serem atacados pelo pecado, Judas diz aos cristãos para colocarem sua confiança no Deus Todo-Poderoso. Diz: “[Ele] pode guardá-los.
É o poder santificador do Espírito Santo que age em nós e nos guarda de tropeçarmos nos erros e heresias que são pregados pelos inimigos da fé, e esse poder nos assegura uma vida irrepresensível; não do ponto de vista humano, como se desde nosso nascimento não tivessémos pecado contra o SENHOR - sabemos que não é assim - mas da perspectiva do próprio Deus, que em Cristo, efetuou a redenção de tal maneira que, diante de sua presença, fomos considerdaos justos e assim, imaculados, aguardando o dia da conclusão da obra eterna da Trindade, quando estaremos “diante da sua glória”.
2. Reação de louvor pela segurança da salvação em Deus Pai, Filho e Espírito (v.25).
Como resultado da exposição dessa informação, Judas irrompe em louvor ao Deus Triuno, demonstrando que esta é a reação de todos aqueles que tendo sido eleitos por Deus para compor seu povo santo devem ter, quando são lembrados de que a salvação não depende de suas obras, mas unicamente do poder de Deus. Logo, todo esse pensamento deve redundar em exultação e louvor ao único soberano da igreja: o Deus Triuno em Cristo, que venceu e a quem pertence a "glória e majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!" (v.25).
É mister que consideremos o teor destea seção final do escrito de Judas, pois ainda que estejamos lidando com uma doxologia, isto é, ainda que Judas esteja louvando a Deus, ele está simultaneamente exortando os crentes. Assim, as palavras aqui expostas não servem somente como uma exposição do desejo de alguém em glorificar a Deus, mas orienta o nosso sentimento de adoração por razões específicas.
A razão mais latente neste verso 25 é a condição de Deus como ‘SENHOR da igreja’, e tal consideração mais uma vez está ligada ao combate aos falsos mestres. Estes, através de seus falsos ensinos, arrogavam para si o título de “senhores da igreja”, influenciando os próprios crentes a rebelarem-se contra todo tipo de autoridade (Jd. 8). Porém, a perspectiva de ‘senhorio’ traz consigo o conceito de subserviência, isto é, aquele a quem declaro ser meu senhor, recebe a minha devoção e serviço, além disso, a perspectiva bíblica quanto ao “senhorio de Cristo sobre a igreja” está diretamente ligada ao processo redentor efetuado por Deus.
Cristo, e somente Cristo redimiu a igreja, entregando-se para sofrer as penalidades devida a nós por causa dos nossos pecados. Por isso, Deus o Pai, o fez ‘Cabeça da igreja’, e assim, aquele a quem devemos servir com toda nossa exultação (v. 24).
Baseado em toda essa análise redentiva, a doxologia de Judas evidencia a ligação entre Deus e a igreja, demarcando para os crentes quem é seu SENHOR e a quem devem adorar e bendizer pela segurança de sua salvação.
É importante que vejamos aqui outra pertinente exortação de Judas para nós, irmãos.
Como dito anteriormente, os falsos mestres tem como característica principal de serem eles os senhores sobre a igreja. Porém, ao inclinarmos nosso coração aos falsos ensinos, somos aos poucos influenciados destronar Cristo de nossos corações, isto porque, o único modo de servir a Deus como meu SENHOR é obedecendo às suas palavras e mandamentos. Se os falsos mestres promovem ensinos contrários a palavra de Deus, e eu os sigo, estou aderindo a rebelião de tais homens contra Deus, e assim, declarando que na verdade Cristo não é o meu Rei e Salvador.
Não se trata somente de seguir erros ou falsos mestres, se trata de quem é o nosso SENHOR. Além disso, os adjetivos que Judas usa, demosntram a exclusividade do Deus Triuno sobre todas as coisas: somente o Deus revelado nas Escrituras possui glória, majestade, império e soberania, de eternidade à eternidade, o que reforça a tese de que não adorando a Cristo, no Espírito por ordem de Deus o Pai, adoraremos um ídolo, uma caricatura vazia. Porém, não há concorrência entre Deus e os ídolos: ou se presta culto ao único e verdadeiro Deus por meio de sua obra redentora, ou se está fadado a aniquilação.
Assim, além da reação de exultação e louvor cabida aqueles que foram redimidos por Deus, há uma consideração restritiva usada pelo próprio autor quanto a quem deve receber essa devoção: “μόνῳ θεῷ σωτῆρι ἡμῶν διὰ Ἰησοῦ Χριστοῦ τοῦ κυρίου” (gr. lit. “Ao único Deus, Salvador nosso, por meio de Jesus Cristo, nosso SENHOR).
Os crentes adoram exclusivamente aquele que é seu SENHOR, louvando pela maravilhosa dádiva da redenção que garante-lhes a vida eterna em sua presença sob o período de tempo que está debaixo do controle e senhorio do Deus Triuno, o que ele expõe na parte final de sua doxolgia: “antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (v. 25c), ou seja, por toda a eternidade, sem fim.
TRANSIÇÃO
O texto de Judas 24-25 nos convida a duas reações e respostas claras a todas as exortações que vimos ao longo de sua carta, as quais devemos aplicar às nossas vidas.
APLICAÇÕES
1. A segurança de nossa salvação não depende de nossos esforços, mas devemos nos lembrar de que é o próprio Espírito Santo quem nos impele a lutar por nossa fé.
A batalha pela fé só será completa e efetiva, quando reconhecermos que é exclusivamente pelo poder de Deus que somos mantidos de pé.
O que nos faz vitoriosos contra o pecado e, como é o tema desta epístola, contra os falsos mestres, não é nossa desenvoltura e ou habilidade em escaparmos de cair nas ciladas astutas desses homens vis, pois nosso coração está naturalmete inclinado a dar ouvidos aqueles que desejam ser nossos senhores, falando aos nosso ouvidos o que queremos escutar: bajualações e lisonjas que escondem incentivam a modo de vida reprovável diante de Deus.
Graças porém a Deus, que em Cristo, exerce seu senhorio sobre nós, mantendo-nos a salvo e distantes da operação do err, nos purificando através da Palavra, para que no Dia Final, possamos ser apresentados diante de Deus imaculados e exultantes.
2. A contemplação da fonte da certeza de nossa salvação, deve levar-nos a exultar e glorificar nosso Deus: único SENHOR nosso.
Como consequência disso, não podemos responder ou reagir ao anúncio dessa verdade, senão louvando e bendizendo o nome do SENHOR nosso Deus.
Nós que éramos indignos, fomos feitos filhos do único e verdadeiro Deus, que domina a tudo e a todos. Nosso SENHOR é aquele que nos guia como um pai aos seus filhos, pelo caminho pelo qual devemos andar. Mas, a maior analogia que Judas usa em seu texto, é a do Deus Triuno como grande e soberano Rei, a quem servimos, que do alto do seu Trono olhou para miseráveis pecadores como nós, e nos tornou alvos de seu infinito amor e graça.
Por essa bênção, todos os dias, devemos contemplar a glória do SENHOR que fez habitar esse tesouro em vasos de barro como nós, para que o sejam louvado para todo o sempre o nome de nosso Deus.
Uma vida doxológica, não é aquela que em algum momento menciona que Deus é magnifico, mas que vivem em função da glória dEle, enaltacendo e louvando este Deus pela obra maravilhosa da salvação em nós executada. Éssa é a reação esperada daqueles que estão diante do Pai, do FIlho e do Espírito Santo, pois foram postos na presença do Rei a fim de contemplar a beleza da sua glória, como povo santificado e redimido que estará com o Deus Triuno para sempre.
CONCLUSÃO
Louvemos o nome daquele que é poderoso para nos gaurdar, garantindo a vitória sobre nossos inimigos, quando sobre eles, triunfou na cruz, dando-nos a alegria exultante de sermos santificados, todos os dias, nos preparando para o grande encontro, onde estaremos em sua gloriosamente para sempre:
“Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Jd 25).
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