FERRAMENTAS TEOLOGIA BÍBLICA
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Nós estamos entrando em uma ferramenta muito importante para a compreensão das Escrituras que é a Teologia Bíblica. Até aqui nós já aprendemos duas coisas importantes:
Nós aprendemos que a teologia bíblica nos ensina a ler a Bíblia como uma grande história escrita por um mesmo autor que é Deus, essa história tem em Jesus o seu ponto central. Assim, cada parte da revelação de Deus deve ser analisada para entendermos como ela chega a esse ponto central.
Nós também aprendemos que a teologia bíblia é uma cerca de proteção para a igreja contra falsos ensinos e interpretações distorcidas da Bíblia. Vimos exemplos de textos que se não forem interpretados corretamente produzem grandes problemas.
Hoje nosso objetivo é conhecer de forma breve algumas ferramentas utilizadas na teologia bíblica. É como se estivessemos entrando em uma oficina mecânica (teologia bíblica) e conhecendo as ferramentas da oficina.
MÉTODO HISTÓRICO-GRAMATICAL
Essa é a primeira ferramenta que vamos utilizar. Esse método de interpretação bíblica tem sua origem na reforma protestante. Esse é o método que continua a ser considerado por estudiosos sérios como o melhor método. Ele possui alguns pressupostos importantes sobre a Bíblia:
É um método que crê na inspiração da Bíblia, assim como em sua autoridade, desejando conhecê-la para obedecer.
É um método que entende que a Bíblia possui um único sentido.
PERGUNTA: este sentido é determinado por quem? Alguns diziam (por incrível que pareça) que o sentido é determinado pelo texto em si, o texto fala sozinho. Outros dizem que quem determina o sentido do texto é o leitor (você decide como receber o texto).
RESPOSTA: O método histórico-crítico entende que o texto só possui um único sentido, este sentido é determinado pelo autor. Não podemos dar um sentido diferente do sentido dado pelo autor. Vejamos um exemplo:
Leiam comigo Lucas 10: 25-37. Esta é uma parábola bem conhecida. Normalmente a parábola ela tem uma lição central. Pergunto a vocês, qual é a lição central dessa parábola: Ensinar quem é meu próximo.
Vejam que Jesus contou essa parábola com um propósito (sentido), Lucas registra com esse sentido em vista. Portanto, eu não posso pregar ou ensinar essa parábola com outro sentido.
Agora é importante que um sentido não significa apenas uma aplicação. O Senhor é meu pastor tem aplicações diferentes.
Por consequencia o método também entende que toda diferença de interpretação ocorre por falha dos intérpretes e não por contradição ou erros na Bíblia. Sendo esta clara em tudo aquilo que é essencial a nossa fé.
POR QUE GRAMATICAL?
É muito importante lembrarmos que a Bíblia é um livro divino, mas também é um livro humano. Nesse processo de inspiração foi dado a liberdade dos autores humanos fazerem uso de suas experiências, visão de mundo, características pessoais.
Esses autores registraram a revelação de Deus em palavras, e como tal esse registro possui características gramaticais:
Sentido das palavras (que nem sempre possuem o mesmo significado), mas devem ser analisadas dentro de seu contexto. Exemplo (MT 3: 7-12)
A ideia exposta em um parágrafo. Como as unidades (divisões) de um texto se relacionam.
Recursos literários como a repetição (IS 6; 1COR 1: 1-10)
Análise de sujeito, verbo e objeto.
Gêneros literários
Percebam então que a escrita é levada em consideração.
POR QUE HISTÓRICO?
Já vimos aqui que a Bíblia é escrita em um período de cerca de 1500-1600 anos. É um período bem distante do nosso. Era um período de cultura diferente, costumes diferentes. A geografia era diferente (exemplo, você
sabe qual era a localização de Nínive e Tarsis). O público original também tinha suas particularidades, assim como o autor, a data, etc.
A Bíblia é escrita na história, e a história precisa ser levada em consideração para que possamos ter uma melhor compreensão da Bíblia.
Portanto, o método gramático-histórico é uma das ferramentas da teologia Bíblica, e leva em consideração a escrita e suas características, assim como todo o contexto histórico. Veja que isso envolve esforço, sendo esse unido a oração.
FERRAMENTAS DE ENREDO
Esse segundo conjunto de ferramentas é definido pelo autor como aquelas ferramentas que nos ajudam a encaixar um texto dentro do todo. Vamos tentar entender isso aqui de forma mais simples:
Nós precisamos entender que quando temos um texto nas mãos (com uma unidade de pensamento) não podemos achar que esse texto está ali por acaso, ou ele vive de forma independente dos demais textos. Precisamos entender que aquele texto deve ser primeiramente interpretado à luz do seu contexto imediato (capítulos anteriores e posteriores, parágrafos, etc.). Um exemplo disso é a posição dos capítulos 19 e 20 de Juízes.
Em segundo lugar devemos lembrar de algo que já falamos na semana passada. A Bíblia tem uma grande história, ela é chamada por alguns de história da salvação, e por outros como história da redenção. Nessa história Jesus Cristo é o personagem central. Essa história é como um rio que percorre toda a Bíblia, ligando o A.T e o N.T. Lógicamente que é uma história progressiva, mas é uma só história.
Logo, todo livro Bíblico faz parte dessa grande história, não podemos apenas olhar para os livros do A.T e achar que eles simplesmente contam a história de um povo. A história desse povo e tudo aquilo que ocorre deve ser encaixado dentro dessa história.
A teologia bíblica possui ferramentas que nos ajudam com isso.
Vejamos algumas dessas ferramentas:
GRANDES TEMAS
Você já percebeu que alguns assuntos sempre estão aparecendo na Bíblia? alguns desses assuntos são:
Alianças: A Bíblia fala de Aliança com Noé, com Abraão, Aliança do Sinai, Aliança com Davi, nova aliança.
Reino de Deus: O assunto reino de Deus é algo presente também em toda Bíblia. Existem, por exemplo, muitos salmos que falam de Deus como rei. O novo testamento também fala da chegada do reino, da vinda do reino. Nós somos chamados para orar pela vinda do reino de Deus.
Libertação: O A.T fala de libertação (Êxodo), o N.T também fala de libertação (fala do povo de Deus como escravos sendo libertos)
Juízo: Este é também um tema que aparece tanto no A.T quanto no N.T
Todos esses temas estão ligados a essa grande história. Eles vão sendo desenvolvidos conforme o tempo vai passando. A teologia Bíblica se volta para esses grandes temas para estudá-los e mostrar como eles se cumprem em Jesus Cristo. Nós estudaremos nas próximas aulas.
PROMESSA CUMPRIMENTO
Esta ferramenta da teologia bíblica é um dos caminhos ensinados por um teólogo muito famoso principalmente na area de pregação cristocêntrica no A.T, chamado Sidnei Greydanus.
Ele ensina, assim como o autor de nosso estudo, que essas promessas apresentam um caráter progressivo de cumprimento, ou seja, após serem feitas, elas não cumpridas em sua inteireza logo em seguida. Exemplo
Abram comigo em GN 12: 1-3. Aqui nós temos promessas sendo feitas por Deus: Terra, descendência numerosa, bençãos sendo estendidas as outras nações. Mas essas promessas não se cumpriram todas de uma vez:
Primeiro nasce Isaque (era o início da grande descendência). Depois vem Jacó, os doze filhos e em Êxodo o numero dos descendentes de Abraão já é bem grande. Mas esse povo ainda não tem terra e nem abençoa as outras nações.
Com Josué a terra é conquistada, mais uma promessa.
Com Salomão as nações começam a ser abençoadas pela sua sabedoria (rainha de sabá)
Mas depois o povo perdeu a terra, as tribos foram divididas, o reino do norte tem fim e sobra somente um remanescente do sul.
Chega no N.T nós vamos ser ensinados que os verdadeiros descendentes de Abraão são os crentes, a verdadeira terra prometida ainda é a nova criação, e tudo isso se cumpre em Cristo, por meio de quem nos tornamos herdeiros de todas as promessas.
Portanto, a teologia bíblica trabalha com essa ferramenta de promessa-cumprimento.
CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE
Essa é uma ferramenta que está ligada a anterior. É importante entendermos que embora nós estejamos falando sobre a unidade do A.T e do N.T, uma só história, o tempo das promessas e o tempo do cumprimento. Nesse caminho a coisas que continuam e coisas que não continuam. Por isso, uma das ferramentas utilizadas pela teologia bíblia é entender a continuidade e a descontinuidade entre A.T e N.T.
A carta aos hebreus, por exemplo, mostra coisas do A.T como sombras que apontavam para uma realidade, realidade que se cumpre em Cristo. Vejam comigo o que Paulo fala em Colossenses 2: 16-17.
Então, embora temas como expiação e propiciação (ensinados por meios dessas sombras) continuem no N.T, há coisas que não continuam (ninguém mais está preso a leis dietéticas ou rituais de sacrifício).
Continuidade e descontinuidade é mais uma das ferramentas da Teologia bíblica.
TIPOLOGIA
Precisamos lembrar que Deus é o Senhor da história. Dessa forma ele fez uso de seu senhorio colocando algumas coisas no A.T que prefiguravam algo ou alguém que aconteceria ou viria lá na frente. Que coisas são essas que prefiguram outras coisas:
Pessoas: Abram comigo em Romanos 5: 14. Muitos outros personagens históricos do A.T são vistos como tipos (Moisés, Josué, Davi)
Ofícios: Por exemplo, os ofícios de profeta, sacerdote e rei, presentes no A.T prefiguravam a Jesus, aquele que é o ungido de Deus e que exerce de forma perfeita esses ofícios.
Eventos: Leia comigo Números 21: 4-9 e depois João 3: 14. Jonas no ventre de um peixe tipificou o que? MT 12: 40
Portanto, a tipologia (que não é uma alegoria) é uma das ferramentas da teologia bíblica também.
CONCLUSÃO
Terminamos assim essas aulas introdutórias sobre teologia bíblica. Espero que os irmãos tenham entendido pelo menos um pouco de como ela funciona, qual sua importância e algumas de suas ferramentas.