Pare de se debater!

Sermões Avulsos  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 17 views

O homem não pode fazer nada para se salvar, a não ser confiar em Cristo que já fez tudo. E ser encontrado salvo é ter sido encontrado crucificado com Cristo e morto para as coisas desse mundo.

Notes
Transcript
Handout
Handout

Introdução

Eu não sei vocês, mas eu morro de medo de água. Tenho quase 34 anos e ainda não aprendi a nadar, e penso que vou demorar bastante a aprender. Na verdade, meu medo mesmo, não é da água em si, mas o medo que tenho é medo de me afogar.
De vez em quando eu leio alguma coisa sobre pessoas que nadam muito bem, assisto alguns vídeos e a coragem atá aparece, mas na hora que chega diante da água, a coisa fica feia e todos os medos retornam.
Como eu ia dizendo, eu leio algumas coisas, e pelo fato de ter medo, leio também sobre afogamentos, e um fato é que quem está se afogando automaticamente começa a se debater. E quanto mais a pessoa se debate mais ela dificulta a ação de quem está tentando ajudá-la.
Daí eu fico imaginando a situação: Você está se afogando, está prestes a morrer, seus instintos naturais de sobrevivência te induzem a se debater ao máximo para tentar se salvar, mas a instrução daqueles que podem vir te salvar é: Pare de se debater! Você precisa parar de se debater e confiar totalmente no salva vidas que está ali para te salvar.
É impressionante perceber que a linguagem bíblica sobre salvação é bem semelhante a este quadro que estou apresentando! E o cerne do Evangelho pregado pelo apóstolo Paulo é exatamente mostrar que o chacoalhar do homem, o debater do homem é totalmente inútil para se livrar desse mar de pecado e morte no qual ele se encontra e de que ele precisa confiar plenamente em Cristo para resgatá-lo dessa morte. E é sobre isto que quero falar nesta noite.

Contexto

O assunto principal tratado por Paulo em sua carta aos Gálatas é o tema da Justificação Pela Fé. Paulo escreve a esses irmãos que estavam sendo convencidos de que para serem verdadeiramente Cristãos eles deveriam observar a Obras da Lei. Ou seja, a visão que estava sendo inserida nesta comunidade era a ideia de que, unido à fé em Cristo, eles deveriam observar certos preceitos da lei mosaica, tais como circuncisão, deveriam guardar certos dias da semana, se abster de comer a carne de certos tipos de animais, etc.
Quando Paulo fica sabendo disso ele prontamente escreve a esses irmãos no intuito de trazê-los de volta ao ensimaneto correto. E ele vai introduzir este ensino correto por meio de uma história que começa no versículo 11.

Paulo e Pedro em Antioquia

Gálatas 2.11–14 RA
11 Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. 12 Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. 13 E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. 14 Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Explicar o que está aconecendo aqui. Dando ênfase na dissimulação de Pedro.
Algumas coisas precisam ser explicadas aqui: Era costume em Israel que um Judeu não deveria fazer uma refeição junto com um gentio, ou seja, um não judeu. Isso era seguido estritamente.
Atos dos Apóstolos 10.28 RA
28 a quem se dirigiu, dizendo: Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo;
Perceba, eles não podiam se ajuntar e consequentemente, não poderiam comer juntos. Porém, a luz do evangelho coloca no mesmo balaio de pecadores tanto judeus como não judeus, como o próprio Paulo vai argumentar em:
Romanos 3.9 RA
9 Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
Então veja, a mensagem do verdadeiro Evangelho não atribui algum caráter especial ao judeu no sentido de ser melhor . Por isso Paulo vai condenar a dissimulação de Pedro, pois Pedro entendia esse conceito, além de ser um Apóstolo, a Pedro foi confiado a missão de incluir o primeiro gentio na igreja, e tudo isso através de uma visão onde o significado era que ele não deveria considerar imundo aquilo que Deus santificou. E tal dissimulação de Pedro se agrava ainda mais pelo fato de que Barnabé entrou na onda dele, assim como os demais judeus que estavam ali comendo com os gentios e que agora mudaram de postura quando chegaram os judeus vindos de Jerusalém. Vamos ver novamente o que Paulo diz:
Gálatas 2.14 RA
14 Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Era como se ele dissesse: “Se mesmo você, Cefas, apesar de ser judeu, pode dar-se a liberdade de ignorar as tradições judaicas com respeito a comida e bebida, tal como certamente você fez quando comia com os gentios, como é possível que agora queira impor essas mesmas tradições aos gentios, forçando-os a viverem como judeus? É inegável que ao separar-se dos gentios à hora da refeição, lhes está dizendo: Se vocês, gentios, desejam ter comunhão conosco – o que é, sem dúvida, desejável – terão que adotar nossos costumes; têm que viver como judeus”.
(Hendriksen, W. (2009). Gálatas. (C. A. B. Marra, Org., V. G. Martins, Trad.) (2a edição, p. 118). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã).
Essa postura estava colocando um fardo sobre os gentios e também sobre os judeus que entenderam não ser mais necessário seguir todos aqueles rudimentos da lei e que agora se viam impelidos a isso novamente com a postura de Pedro.
Paulo segue contando o que aconteceu, e como ele respondeu a Pedro e aos demais dissimulados. veja:
15-Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, 16-sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei ninguém será justificado.
Perceba, se no vs 15 Paulo fala de uma “diferenciação” entre judeus e gentios, aqui no verso 16 ele mostra que todos estão inseridos no mesmo balaio, e que o judeu, não pode pensar que por ser judeu e “seguir” a lei de Moisés, isso o justificará diante de Deus.
Perceba, a base da argumentação de Paulo é que mesmo eles os judeus, entenderam que serão justificados somente pela fé em Cristo e não pelas Obras da Lei. Em outras palavras: Se a eles que foram dadas a Lei, se a eles a quem Deus se revelou, se a eles a quem pertencem os profetas e o próprio Senhor Jesus, a justificação é alcançada somente pela fé em Cristo, porque querer colocar os gentios sob o julgo da lei. Se a lei pudesse salvar alguém, os judeus teriam sido salvos por ela e não precisavam de Cristo.
O que Paulo estava dizendo era que a justificação se dá mediante o crer em Jesus Cristo! Por obras da Lei ninguém será justificado! Porque então exigir dos gentios conformidade com as Obras da Lei, porque era isso que a postura dissimulada de Pedro dava a entender. E era isso que estava acontecendo na região da Galácia.
Agora vamos analisar alguns conceitos:
O que é Justificação?
Justificação diz respeito à forma como Deus recebe o pecador. Então pensando dessa forma podemos dizer que: Justificação é o ato de Deus declarar “justo” o pecador. Ou seja, Deus olha para o pecador, e como se fosse um juiz em uma corte, ao invés de Deus declarar aquele pecador como “condenado”, ele o declara justo. Este é o conceito de Justificação no sentido bíblico teológico.
Por que a necessidade de Justificação?
Existe a necessidade de justificação porquê o homem transgrediu a Lei de Deus! Pecado é transgredir a lei.
1João 3.4 RA
4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
O pecado é rebelião contra Deus, é a expressão máxima da tentativa emancipatória do homem em relação ao seu Criador. Logo, o pecado coloca o homem na condição de perdido, condenado ao inferno.
Romanos 5.12 RA
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Deus por ser um Deus justo não pode simplesmente fazer vista grossa, fingir que não viu. Ele precisa punir o pecador. Ele age de forma coerente com seus próprios atributos, e Deus é justiça. Sendo assim, foi ele mesmo quem disse que o salário do pecado é a morte.
Romanos 6.23 RA
23 porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
O pecado cria um débito entre o homem e Deus que só pode ser pago com sangue, ou seja, com a própria vida. Logo, para o pecador resolver seu problema diante de Deus ele precisa quitar esse débito, mas ele não consegue. É impossível ao homem fazer isso. Ele é pecador desde a concepção, ele é defeituoso, ele já nasce devendo e ao invés de quitar seu débito cada dia mais sua dívida aumenta.
Romanos 2.5–6 RA
5 Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, 6 que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
Então como ser perdoado? Como ter sua dívida quitada diante de Deus?
Deus mesmo providencia o meio pelo qual Ele mesmo possa perdoar os pecados dos homens. Esse meio é Cristo! Na justificação acontece uma troca, a culpa do homem é colocada sobre Cristo, e os méritos de Cristo, o sacrifício perfeito de nosso Senhor é colocado na conta do homem. Então, quando o homem pela fé é regenerado pelo Espírito Santo, se arrepende de seus pecados, confessa a Cristo como seu único e suficiente salvador, reconhece Cristo como Senhor de sua vida, Deus olha para o homem representado por Cristo, vê a sua dívida, porém os méritos de Cristo quitam esse débito. E Deus então aceita esse pagamento e a partir do momento que os méritos de Cristo quitam a dívida do ser humano, logo não existe mais dívida, ela foi paga, com isso Deus declara o homem como justo!
Agora observe, o vs 16 repete por 3 vezes o termo Obras da Lei.
O que são obras da Lei?
De forma geral, obras da lei são as ordenanças contidas na Lei de Moisés. Esses regitros se encontram no Pentateuco. Ali está prescrito toda a santidade de Deus, e tudo o que Deus exige do ser humano para que o ser humano se aprensente diante dele.
A questão é, aquelas prescrições se mostram impossíveis de serem cumpridas por qualquer ser humano. Pense somente no primeiro madamento:
Deuteronômio 6.4–5 RA
4 Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 5 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.
Aqui já nos deparamos com uma impossibilidade. Ninguém cumpre esse mandamento perfeitamente. E aqui estou falando somente de um dos vários mandamentos que existem. E veja o que Tiago diz:
Tiago 2.10 RA
10 Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
Então perceba, as Obras da Lei funcionam somente como um indicador da incapacidade do homem. Logo, ainda que o homem consiga cumprir alguns dos mandamentos do Senhor, o fato de falhar em apenas um o incapacita plenamente e o torna culpado de todos. A lei então, ao invés de livrar o homem, o torna ainda mais ciente de sua culpa e condenação.
Isso significa dizer que Lei é algo ruim? De forma nenhuma:
Gálatas 3.23–25 RA
23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. 24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. 25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
A Lei então, como Paulo vai dizer, tem uma função didática, tem a função de mostrar o que Deus exige de nós, mostrar que não temos condições de cumprir essa exigência e apontar para a necessidade de um salvador externo. Ou seja, a Lei aponta para Cristo!
O que significa “Justificação pela fé”?
Uma vez que o homem é incapaz de se salvar, logo, Deus, assim como fez lá no Éden, proporciona o meio pelo qual o homem possa se reconciliar com ele. E o meio que Deus utiliza para isso é o sacrifício vicário de Cristo.
Cristo encarna, morre e ressuscita para livrar os seus eleitos da condenação da morte e do inferno. E essa é a mensagem basilar do Envangelho.
1Coríntios 15.3–4 RA
3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
“Cristo veio ao mundo morrer por pecadores”. E a Justificação pela Fé é o meio pelo qual o homem se apropria desse benefício. Cristo veio, cumpriu todos os requisitos que Deus exigia, foi o único que conseguiu cumprir todos os mandamentos que a Lei exigia, ou seja, cumpriu especificamente todas as Obras da Lei. Sua morte foi vicária, ou seja, morreu de forma substitutiva. Na cruz ele substituia a mim e a você. Aquela morte era para nós, mas ele a tomou em nosso lugar. Agora o que nos resta fazer? Crer nisso!
E veja, a grande controvérsia que orbitou a Reforma Protestante foi exatamente essa questão da Justificação. E não é que o catolicismo negava a ideia de justificação pela fé. Muito pelo contrário, eles afirmavam essa doutrina. O grande cerne da questão está em uma palavrinha muito preciosa aos reformadores “somente”. E era exatamente o que acontecia no contexto dos gálatas. Aqueles judeus que estavam ensinando doutrinas erradas não estavam negando a justificação pela fé, eles estavam negando o “somente”. A ideia deles era de que deveria haver sim, a fé em Cristo, mas deveria haver algo mais. Nesse caso, circuncisão, comidas, guardar dias específicos, etc.
Justificação pela fé não é o homem ter que fazer algumas coisa que complementem a obra de Cristo. Cristo é suficiente! Justificação pela fé não é o homem crer em Cristo e em mais algumas coisas, Cristo é suficiente! Justificação pela Fé não é o homem debater-se e tentar se livrar do afogamento por suas próprias forças e meios, não! Justificação pela Fé é o homem se entregar a Cristo e acreditar que aquela Cruz lhe trás vida.
Então como conclusão, e isso é claro, pensando em uma forma ordinária, os méritos de Cristo são lançados na conta dessa pessoa que creu desta forma. Ela creu nisso, logo, é lançado na conta dela esse saldo positivo dos méritos de Cristo, e é por isso que tal pessoa é declarada justa. É uma declaração, não uma transformação. Justificação Pela Fé não significa dizer que o homem foi transformado em alguém justo, ou como alguns gostam de dizer, que ele se torna inocente, não. Ele não é inocente, mas a punição pelo seu pecado foi lançada sobre Cristo. Sua culpa foi lançada sobre Cristo, e agora ele desfruta de todos os benefícios advindos dessa declaração.
E é por tudo isso que Paulo vai argumentar o seguinte:
17-Mas, se nós, procurando ser justificados em Cristo, fomos também achados pecadores, será que isto significa que Cristo é ministro do pecado? De modo nenhum!
A construção deste versículo se mostra um pouco confusa, mas, a ideia de Paulo aqui é argumentar o seguinte: Se buscar justificação pela fé em Cristo, de maneira que negamos as exigências da lei, é visto como pecado pelos judeus, e nos coloca, segundo eles, no mesmo patamar que os gentios. Isso significa que Cristo, que nos ensinou isso, é promotor do pecado? De maneira nenhuma!
Em outras palavras, o que o Apóstolo está defendendo aqui é que os irmãos não deveriam pensar estarem pecando ou errando por crerem na doutrina da justificação pela fé. Eles não deveriam se sentir constrangidos por crer nisso e muito menos de defender isso, pois esse ensinamento veio de Cristo. E cristo não é promotor do pecado, logo, isso não é pecado. Eles podiam confiar!
Daí ele segue dizendo:
18-Porque, se volto a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo constituo transgressor.
Ou seja, se ele negou toda a eficiência da Lei no sentido de trazer salvação e agora retorna com as exigências da Lei. Ele está construindo novamente algo que havia destruído, e isso seria transgressão.
19-Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo;
Aqui Paulo segue sua argumentação trazendo a questão para o lado mais pessoal. Podemos dizer, que ele usa seu próprio exemplo para asseverar o quanto ele realmente crê no pontos mencionados acima. Ele menciona estar morto para a Lei e viver para Deus, uma coisa é consequente da outra. So vive para Deus morrendo para a Lei, só se morre para a lei vivendo para Deus. E essa necessidade do Cristão morrer é ago totalmente bíblico, veja:
Marcos 8.34 RA
34 Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
Gálatas 5.24 RA
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Gálatas 6.14 RA
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
Veja, esse testemunho pessoal do Apóstolo nos serve de exemplo para seguirmos. É linguagem bíblica de que uma vez tendo sido regenerados, justificados pela fé somente em Nosso Senhor Jesus Cristo, devemos viver como pessoas que reamente foram crucificadas com Cristo e morreram para este mundo.
Carta aos Gálatas 5. Publicamente Paulo defendeu perante a igreja de Antioquia de forma inabalável a verdade do evangelho quando até Pedro vacilou, 2.11–21

Primeiro, a própria preposição “com” é extraordinariamente importante. Ela arranca do isolamento toda a nossa existência espiritual com todas as suas circunstâncias, como podemos encontrar repetidamente em Paulo: sofrer com, morrer com, ser crucificado com, ser sepultado com, ser ressuscitado e tornar-se vivo com, ser glorificado com, ser co-herdeiros e reinar com. Assim, também o morrer espiritual encontra-se sob a marca da comunhão

E devemos viver dessa forma não para que por nossos esforços consigamos então alcançar essa posição de mortos pra o mundo. Morrer para o mundo não é algo que produzimos, é algo que nos é dado pronto.
Carta aos Gálatas 5. Publicamente Paulo defendeu perante a igreja de Antioquia de forma inabalável a verdade do evangelho quando até Pedro vacilou, 2.11–21

Em segundo lugar nosso morrer ganha contornos mais nítidos segundo a sua peculiaridade. Por ser um morrer com Cristo, mas por ter ele morrido na cruz, também nosso morrer é ser crucificado. Isso significa que não aplicamos violência a nós próprios. Pois tecnicamente a autocrucificação seria uma figura totalmente impossível. Portanto, não somos nós que estrangulamos pessoalmente nossa velha vida sob o pecado, quer pela ascese, quer por contorções místicas, quer por autoflagelações na alma ou até por contorções, quer tampouco pela mudança de nossa postura corporal e do volume da voz durante a oração, ou pela duração de nosso choro. Pelo contrário, morte por crucificação é uma intervenção de fora.

20-logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.
Toda a vida do apóstolo condiz com a ideia da justificação, se a justificação é pela fé, e houve a crucificação “com” Cristo, segue-se que a vida que o apóstolo vive é uma vida pela fé.
Não somos nós que vivemos, não vivemos para nós mesmos, vivemos pela fé no Filho de Deus, que nos amou e se entregou por nós.
21-Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão.

Aplicação

Perceba que todo esse processo citado por Paulo aqui é algo monegistico. É Deus quem age e faz, desde a regeneração, arrependimento, fé, justificação, adoção, santificação, morrer para o mundo e viver na carne pela fé no Filho de Deus. E o nosso quadro original era um quadro onde estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Tudo o que os judeus pensavam fazer para serem salvos, cada vez mais os mostrava mais culpados, e aquilo trazia um desespero muito grande. Ainda que tentassem seguir estritamente tudo, a convicção de que realmente eram salvos era algo que não podiam ter, porque na realidade não tinham. A lei funcionava não como um salvador da morte, mas sim como um grande holofote que temfunção apenas de levar luz e mostrar o que há, mas não concerta! Por isso tentar ser salvo observando a Lei é algo tolo, não dá pra ser salvo dessa forma.
Em nossos dias, não temos comumente pessoas defendendo observancia das obras da Lei no sentido judaico para que as pessoas sejam salvas. Mas vemos, comumente, pessoas pensando que serão salvas por seus próprios esforços, pela força de seu braço, por faze isso ou aquilo.
E toda essa tentaiva do homem de direcionar a salvação aos seus esforços é como se fosse aquele que se afoga e que quanto mais se afoga, tanto mais se debate desesperadamente e não percebe que nesse debater tresloucado ele se afunda mais e mais.
A segurança do homem na salvação pelos seus esforços funciona como se ele tivesse em cima da areia movediça, parece que ele está seguro mas não está, parece que ele está salvo mas não está, parece que está firme mas não está. Suas convicções pessoais apartadas da Palavra de Deus e dos métodos de Deus o atraem, o enganam e o mantém nessa morte longe de Deus.
A única coisa a se fazer é deixar de olhar para si, deixar de olhar para dentro de si, deixar de olhar para sua própria força, e olhar somente para Cristo. Clamar pelo perdão e a misericórdia de Cristo, clamar pela ajuda preciosa de Cristo, reconhecer suas falhas, se arrepender de seus pecados, e crer na justiça de Cristo, parar de se debater, e crer que Ele é nosso amado Salvador.
Por outro lado, temos aqueles que já fizeram confissão de fé. Já declaram crer em Cristo, mas como têm vivido suas vidas? Paulo, o grande defensor dessa doutrina, afirmou categoricamente: Já estou crucificado com Cristo! Estar crucificado com Cristo significa que o Apóstolo verdadeiramente morreu para as coisas deste mundo.
Veja, se nós fizemos profissão de fé, se afirmamos que cremos em Cristo, mas vivemos uma vida onde estamos mais preocupados com as coisas desse mundo, onde estamos constantemente correndo atrás das coisas deste mundo, sem levar em conta a urgência de morrer para esse mundo, significa que estamos com problemas. Quando vc olha para sua vida, quando vc se enxerga neste mundo, vc deve se enxergar sob a perspectiva da morte ao qualo Apóstolo cita aqui. E essa é a beleza do Cristianismo, porque em Cristo é morrendo que se vive! Qualquer tentativa de viver em conformidade com as coisas do mundo presente é o mesmo que debater-se loucamente buscando algo para se firmar sem levar em conta a rocha que é nosso Senhor.
Se alguém aqui nesta noite, que ainda não reconheceu Cristo como seu único salvador. Ouça a mensagem do evangelho, se arrependa de verdade, creia no Senhor Jesus Cristo. Entregue todo o seu caminho ao Senhor. Confie nEle. Entregue a direção de sua vida nas mãos do Senhor, confie nele. Entregue seus problemas ao Senhor, confie nele. Pare se debater, pare de buscar agradar a Deus da sua maneira e urgentemente passe a agradar ao Senhor da maneira dele.
Afinal, ele se entregou por você.
Related Media
See more
Related Sermons
See more