Perdidos dentro da Igreja

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SERMÃO: Perdidos dentro da igreja
TEXTO BÍBLICO: Lucas 15:11-32
AUTOR: Weverton Castro
INTRODUÇÃO
Você acha que é possível estar perdido dentro da igreja?
É possível que alguém que frequente os cultos e tenha o nome registrado na secretaria da igreja esteja longe de Deus?[WdPC1]
A parábola que estudaremos hoje nos ajuda a entender estas questões. Ela é uma das mais conhecidas na Bíblia: A Parábola do Filho Pródigo. Vamos ler a história registrada em Lucas capítulo 15 versos 11 ao 32. Primeiramente é importante falar que a parábola do filho pródigo está dentro de uma seção classificado por muitos estudiosos como a seção dos achados e perdidos. Todo o capítulo 16 de Lucas fala sobre perdidos que foram achados. A divisão do capítulo pode ser feita da seguinte forma:
Contexto histórico: (versos 1 e 2)
Parábola da Ovelha Perdida: (versos 3 ao 7)
Parábola da Dracma Perdida: (versos 8 ao 10)
Parábola do Filho perdido: (versos 11 ao 32)
Perceba que há uma progressão no valor do que foi perdido.
Primeiro é apenas uma ovelha, depois uma moeda e finalmente um filho.
A última história é a mais chocante e tinha como objetivo revelar um problema grande que existia na religião judaica. Para percebermos isso precisamos compreender o contexto histórico da parábola.
1 CONTEXTO HISTÓRICO
1.1 CONEXÃO COM OS TEXTOS ANTERIORES
A parábola do filho pródigo começa com a seguinte expressão no verso 11: “continuou”. Perceba que se a narrativa é uma continuação, isto é, porque vem algo antes da dela.
De fato, antes da parábola do filho pródigo vem a parábola da dracma perdida e da ovelha perdida. Mas antes de contar a parábola Jesus estava em uma situação que vai dar origem as histórias. Os versos 1 e 2 revelam o contexto histórico no qual a parábola do filho pródigo foi contada. Vejamos: Segundo a introdução do capítulo 15, percebemos que no cenário encontramos três grupos bem distintos: (a) Jesus, (b) os pecados e publicanos e (c) os fariseus e escribas. No caso, Jesus estava comendo com um grupo de pecadores e fora da casa estava um grupo de fariseus e escribas reclamando por Jesus comer com tais indivíduos. Só para lembrar, os líderes judaicos se achavam superiores a outros grupos sociais, e não admitiam se misturar com classes consideradas por eles como impuras e pecadoras. No contexto judaico compartilhar da mesma comida com alguém era algo extremamente íntimo. Por isso a revolta daquele grupo ao ver Jesus compartilhar de uma refeição com pecadores. Neste contexto Jesus se levanta da mesa e começa a contar uma história semelhante ao cenário que o cercava.
1.2 PERSONAGENS DA PARÁBOLA
Na parábola do filho pródigo ele fala de três personagens principais: (a) o pai, (b) o filho mais novo e (c) o filho mais velho. Primeiramente a história fala da revolta do filho mais moço, de seu erro e do seu retorno para casa do pai. Em seguida a parábola começa a se misturar com a realidade pois Jesus fala de uma refeição no final da parábola. Enquanto que o pai estava comendo com o filho mais moço, fora da casa estava o filho mais velho reclamando de tal recepção para o filho “pecador”. Percebe o paralelo? No final da parábola todos entenderam a relação: (a) O pai da parábola representava Jesus. (b) O filho mais moço representava os publicanos e pecadores. O filho mais velho representava os fariseus e escribas.
1.3 A IMPORTÂNCIA DO TEXTO NO CONTEXTO
Ao fazermos este exercício de compreender o texto a partir do contexto, percebemos a importância de se estudar a Bíblia, fazendo com que ela interprete a si mesmo.
Infelizmente, muitas pessoas distorcem a Bíblia, fazendo com que ela diga o que nunca quis dizer. Por isso, para se entender um texto bíblico da forma correta, sempre precisamos estuda-lo à luz de toda a Bíblia. Afinal, existe um ditado bem interessante que afirma:
“Um texto, fora do contexto, pode se tornar um pretexto.”
Ilustração: Uma história bem conhecida sobre a questão do uso errado da Bíblia conta que certo jovem, decidido a tirar a própria vida buscou uma Bíblia para ver qual seria a vontade de Deus para ele. Então, sem qualquer critério, abriu a Bíblia de forma aleatória e leu o primeiro verso que apareceu. Para sua surpresa, seus olhos pararam sobre João 13:27, que diz: “o que tens de fazer, faze-o depressa”. Logicamente que a Bíblia não apoia e nem incentiva o suicídio, porém, um texto, fora do contexto, pode ser usado para ensinar o que a Bíblia nunca se propôs a ensinar.
2 DUAS CLASSES DE PERDIDOS
2.1 O PEDIDO DO FILHO MAIS MOÇO
Voltando à parábola do Filho Pródigo, leiamos o verso 12: “O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.” (Lucas 15:12) Primeiramente a história revela o pedido inusitado do filho mais moço. Um filho só tinha direito à herança quando o pai morria. Assim, tal pedido encobertava o desejo que o pai estivesse morto, pois os bens materiais eram mais importantes para aquele rapaz.
2.2 DIVIDINDO A HERANÇA ENTRE OS DOIS FILHOS
Porém, um detalhe importante está no final do verso. Jesus declara o pai “lhes repartiu os haveres”. Perceba que o pronome obliquo “lhes” está no plural. Ou seja, ambos receberam a herança. Embora o filho mais moço teve a coragem de pedir a herança, desejando de certa forma o dinheiro do pai, o mais velho também recebeu o dinheiro, revelando sentimento semelhante. Então, a parábola do filho pródigo não se trata de falar de um filho bom e outro mal. De um filho salvo e outro perdido. Não! A parábola é para falar de dois filhos maus, dois filhos perdidos. A diferença estava no local que cada um ficava. Um filho estava perdido fora da casa do pai e outro estava perdido dentro da casa do pai.
2.3 DUAS CLASSES DE PERDIDOS
Você percebe a profundidade desta lição ensinada por Jesus? A mensagem chega aos nossos dias com o mesmo impacto. Ela fala de pessoas perdidas fora da casa do pai, ou seja, fora da igreja. E outras que estão perdidas dentro da casa do pai, ou seja, dentro da igreja. Quando você vai a Bíblia percebe pessoas perdidas igual a mulher adúltera. Fora da igreja, vivendo abertamente em pecados. Porém, você encontra pessoas perdidas iguais ao jovem rico. Bom comportamento, frequentador regular da igreja, mas igualmente perdido.
Porém, a lição mais importante da parábola não é que os filhos estão perdidos, mas o amor do pai por ambos os filhos. Deus ama de forma igual quem está dentro ou fora da igreja. Ele quer salvar tanto quem está perdido fora da igreja, quanto quem está perdido dentro da igreja.
3 O PAI PRÓDIGO
3.1 ESBANJANDO AMOR
Existem muitos teólogos que afirmam que o título da parábola não deveria ser o filho pródigo, mas o Pai pródigo. A palavra pródigo significa “aquele que esbanja”, “aquele que gasta muito”. Os defensores deste novo título afirmam que o centro da parábola não está no filho que esbanja dinheiro, mas no pai que esbanja amor. Leiamos um detalhe interessante revelado no verso 20 desta parábola: “E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” (Lucas 15:20)
3.2 ANDAR x CORRER
Nos tempos bíblicos existiam diversos manuais de conduta para pessoas ricas. Até hoje existem os famosos manuais de etiquetas que falam de como se portar de forma adequada em ambientes requintados. Como usar os talheres, combinação de roupa, como se sentar, entre outras coisas. Nos tempos de Jesus uma das regras sociais que existia falava que a dignidade de um homem podia ser conhecida pela forma que ele andava. Somente os pobres corriam. Os ricos e nobres andavam calmamente.
Na parábola do Filho pródigo encontramos uma das cenas mais emocionantes quando o pai avista de longe o filho. Ali estava o jovem que havia envergonhada toda sua família. Ali voltava um rapaz totalmente desfigurado pelas escolhas erradas que fez. Mesmo com roupas sujas e a aparência mudada o coração de pai o reconheceu. Pelas regras de etiqueta social o pai não deveria correr. Seria vergonhoso. Seria embaraçoso. Porém, o texto revela que abrindo mão de toda sua dignidade, não se importando com os comentários que haveriam, o pai “correu”. Correu até o seu filho.
3.3 UM DEUS QUE “CORRE”
O plano da salvação é um relato de Deus “correndo” ao nosso encontro. Você consegue imaginar os comentários no universo que surgiram quando Jesus anunciou que desceria até este planeta? Os anjos de imediato não concordaram. Muitos se colocaram à disposição para descer no lugar de seu General. Mas Jesus não se importou com o que diriam Dele. Por amor a mim e a você, Ele “correu” ao nosso encontro.
Martinho Lutero, ao se referir a esta parábola, afirma que nesta passagem é o único lugar na Bíblia, onde encontramos a descrição de Deus “correndo”. E por que Ele corre? Por que Ele decide abrir mão de seu conforto? A resposta é o amor indescritível que Ele tem por nós!
CONCLUSÃO
A parábola do filho Pródigo é direcionada a quem está perdido. Não importa se é alguém que está longe da igreja ou se é alguém que se sente perdido dentro da igreja. Deus quer salvar a ambos. E a mensagem principal não se trata de acusar um filho que errou, mas de exaltar um pai que sempre aceita quando seu filho retorna ao lar. Um filho que descobriu que a felicidade não está longe, mas junto do Pai. Amigos, hoje o que precisamos aprender deste estudo é que não devemos trocar Jesus pelos prazeres passageiros deste mundo. Jesus é melhor que tudo que esta vida pode oferecer.
Ilustração: A muitos anos atrás um homem sofria com o vício da bebida alcóolica. Desesperado por ver tudo a sua volta se destruir pelas escolhas erradas que fez, aquele homem decidiu pedir a ajuda sobrenatural de Deus. E Jesus o transformou completamente. Liberto de seu vício este homem ensinou seu filho, o pianista Rhea Miller, que ter Jesus era melhor do que todas as riquezas deste mundo. O tempo passou e aos 28 anos de idade Rhea Miller lembrou-se do comentário dos pais, que afirmava repetidamente que preferia ter Jesus do que todo o ouro e prata do mundo, e do que todas as casas e terras que o dinheiro pudesse comprar. E assim ele compôs o hino que está presenta no hinário adventista de número 91, intitulado, Jesus é melhor. Cantemos este hino (você pode cantar a capela mesmo. Cante a primeira estrofe e o coro).
“Jesus é melhor, sim, que ouro e bens.
Jesus é melhor do que tudo que tens;
Melhor que riquezas e posições;
Melhor muito mais do que milhões
CORO:
Pode ser um rei com poder nas mãos,
Mas do mal escravo, sim.
Mil vezes prefiro o meu Jesus,
E servi-lo até o fim.”
(Interrompa o louvor e conte a história a seguir relacionada com o hino)
Ilustração: Em 1939, o rei George VI e a rainha Elizabeth visitaram o Canadá, e foram ao famoso: “Calgary Stampede”. Durante uma cerimônia especial, o “Chefe Pena Branca” foi convidado a cantar. Como cristão, ele cantou o hino: “Jesus é Melhor”. Em certo momento da música, ele cantou: “Pode ser um rei com poder nas mãos, mas do mal escravo sim...” Depois de seu solo, foi elogiado pelo rei e pela rainha, momento em que ele corajosamente perguntou: “E vocês, preferem ter Jesus?” E a rainha respondeu sem hesitar: “Sim, o rei e eu o faríamos”. Jesus é melhor que as riquezas deste mundo.
Continuemos a cantar:
Jesus é melhor que qualquer valor;
Amigo leal, no prazer e na dor;
Melhor do que tudo, Ele é pra mim,
Melhor que qualquer amigo, enfim.”
CORO: Pode ser um rei com poder nas mãos,
Mas do mal escravo, sim.
Mil vezes prefiro o meu Jesus,
E servi-lo até o fim.
3. Jesus é mais puro que a linda flor;
Jesus é o Sol da Justiça e do amor;
Jesus é a fonte que satisfaz,
Caminho do bem, verdade e paz.
Apelo: Ao final deste sermão eu preciso te fazer um convite. Eu não sei se ao longo do estudo da Bíblia você se sentiu como o filho mais moço, perdido fora da casa do Pai, ou como o filho mais velho, perdido dentro da casa do pai. Isto não importa. O importante é que independente de onde você esteja, Jesus pode te salvar. Basta você aceitar seu amor gigantesco. Se é o seu desejo fazer de Cristo o Senhor de sua vida, eu gostaria de te convidar a ficar em pé para orarmos.[WdPC4]
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