Quem pose estar perante o Senhor, este Deus santo?

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Texto: 1 Samuel 6.19 - 7.17
Tema: Quem poderia estar perante o Senhor, este Deus santo?
Introdução
Em um tempo em que o cristianismo no Brasil tem se tornado, cada vez mais, algo meramente nominal, em que, as pessoas vão às igrejas, frequentam os cultos e atividades religiosas, mas assumem posturas receosas, no que diz respeito, a se envolver com a obra e se dispor de tempo para servir a Deus. De fato, a epidemia do coronavírus escancarou ainda mais essa triste realidade em relação ao nosso compromisso com Deus e o com o culto a Ele prestado. Algo que deve nos inquietar, diante dessas verdades expostas anteriormente, se encontra nas implicações da seguinte pergunta: como nós cristãos temos nos achegado a presença de Deus? O fato é que temos negligenciado cada vez mais uma vida devocional com Deus em prol das nossas muitas atividades cotidianas. Aproveito aqui para destacar o exemplo de nós seminaristas quando em meio as cargas e demandas impostas a nós pelos seminários, corremos o eminente risco de deixarmos nossa vida íntima com Deus se esfriar ao ponto de congelar completamente, e mesmo assim continuamos nossas atividades na igreja como se estivesse tudo na mais perfeita ordem. À medida que estudamos as escrituras e Deus vai nos revelando as verdades do seu caráter, vemos que o Senhor é um ser santo, perfeito, e que seu filho Jesus, viveu aqui na terra como um homem imaculado, ou seja, não conheceu o pecado. A Bíblia está repleta de exemplos, de como o homem feriu a santidade de Deus, quando deveria viver um relacionamento de submissão e serviço ao Senhor para que o Ele fosse glorificado através da vida de seu povo. No entanto, é comum perceber que o homem falhou inúmeras vezes no seu dever de viver de forma prática o evangelho e os princípios da Lei de Deus. Diante destes fatos, vamos nos voltar então para as Escrituras e relembrar aos nossos corações alguns dos princípios bíblicos que precisamos resgatar para os nossos dias para que vivamos cada vez mais a semelhança de Cristo.
Contexto
No Livro de Juízes vemos como o povo por diversas vezes abandonou a Deus para viver de acordo com suas próprias vontades. O texto de juízes termina afirmando no capítulo 21, versículo 25, que o homem escolheu fazer “o que parecia reto aos seus olhos”.
Em 1 Samuel, temos o evidente contraste com o fato de o povo ignorar a vontade de Deus para eles, para procederem segundo o que parecia o melhor aos seus próprios olhos. Os contrastes entre a vontade de Deus e a vontade do homem fica evidente no relato do ministério de Eli e seus filhos com o ministério de Samuel e com a vida e reinado de Saul e com a vida e reinado de Davi o ungido de Deus.
De maneira mais específica, no capítulo 6 após a derrota do povo de Israel que resultou na morte de Hofni e Finéias filhos de Eli e na perda da Arca da Aliança, que era o bem mais precioso de Israel, para os filisteus; o autor discorre sobre como se deu o retorno da Arca para o povo de Israel.
A arca esteve sobre a posse dos filisteus durante 7 meses, e nesse período o Senhor os castigou duramente, trazendo sobre eles feridas e tumores, que não poupou desde o menor até ao maior dos homens daquele povo. Por esse motivo então a Arca é enviada e devolvida novamente ao povo de Israel.
Ao chegar em Bete-Semes, uma das cidades dos levitas, em 1 Samuel 6.19, o autor relata que 70 dos homens de Bete-semes foram mortos pelo fato de olharem indevidamente para dentro da Arca da Aliança. Este fato demonstra que até Israel deve aprender a respeitar os limites. Pois tratar a Deus indevidamente como sendo ele objeto de vã curiosidade pode trazer consequências devastadoras.
É neste momento do retorno da Arca da Aliança para Israel, após a derrota para os Filisteu, que Deus levanta Samuel para realizar a reforma política, religiosa e moral que o povo Israel precisava passar para que voltasse a se relacionar com Deus de forma adequada. Vemos esses fatos todos acontecendo no capítulo 7 de 1 Samuel.
Proposição
Esse parágrafo narrado em 1 Samuel, nos mostra como a Santidade de Deus e a sua justiça aponta para sua graça e misericórdia para com os homens pecadores. Devemos tomar as seguintes atitudes para nos colocarmos perante o Senhor este Deus santo.
PARA ESTAR PERANTE DEUS, PRIMEIRO, É PRECISO ARREPENDIMENTO. (V. 2-6)
Samuel conclama o povo ao arrependimento, e o abandono aos ídolos. (Profeta)
Toda a casa de Israel dirigia lamentações ao Senhor. (v.2)
A arca é transferida de Bete-semes para Queriate-Jearim. Para a casa de Abinadabe. Seu filho Eleazar é encarregado de guardar a arca. No texto não há indicações de que sejam sacerdotes, apesar de o nome Eleazer estar associado a genealogias sacerdotais.
Em determinado momento o povo de Israel apresenta grande lamentação ao Senhor. Este lamento é resultado de um processo de purificação que durou 20 anos.
Este sentimento de lamento que gera no povo o arrependimento é a deixa para que Samuel comece a exercer o ministério pelo qual havia sido preparado, separado e instruído pelo Senhor. E ele como um profeta conclama a nação ao arrependimento e a uma nova consagração a Deus.
Se é de todo vosso coração que voltais ao Senhor… (v.3)
Samuel após convocar toda a nação de Israel ao arrependimento, passa a exortar o povo à santidade. Ele faz isso com a seguintes exortações:
Tirai dentre vós os Deuses estranhos.
Preparai o coração ao Senhor. No sentido de direcionar o coração ao Senhor.
Servi a ele só.
Cada um dos três verbos aqui mencionados ( tirai, preparai e Servi) estão no original, no modo imperativo, expressando então uma exortação, uma ordem ao povo de Israel para que se purifiquem. Pois os deuses estranhos da fertilidade (Astarotes e Baalins), essas divindades pagãs dos povos das regiões ao redor, tinham sido adotados por Israel.
Essa religião depravada levou Israel a quebrar os mandamentos de Deus, e cair em abominável indulgência sexual.
Podemos ver o mesmo ciclo que perpassou sobre todo o livro de juízes e que se repete agora no relato do livro de Samuel. É o mesmo processo que encontramos em Jz. 3.7-9.
E ele vos livrará das mãos dos Filisteus. (v.3)
Através desse processo de arrependimento e purificação que Deus está operando no povo por intermédio do profeta Samuel, e assim, como consequência desse processo, Deus traria o livramento ao povo diante dos Filisteus. Pois ninguém poderia resistir “ O Senhor, esse Deus santo” (6.20)
Então , os filhos de Israel tiraram dentre si os baalins e os astarotes e serviram só ao Senhor. (v.4)
Como uma forma de obediência a Deus, a nação de Israel então dá ouvidos a Samuel, reconhecendo que sua autoridade parte do próprio Deus que o havia chamado, nomeado e equipado, para liderar Israel.
Jejuaram aquele dia e ali disseram: Pecamos contra o Senhor. (v.6)
A reforma que Samuel opera no povo de Israel em Mispa, alcança um status de arrependimento genuíno em toda a nação.
A cidade de Mispa (v.5) ficava a oito quilômetros ao norte de Jerusalém, situada em território Benjamita junto à principal estrada norte-sul de Jerusalém. Essa cidade era um dos lugares que Samuel passava com frequência. Logo após a queda de Jerusalém, chega a ser a capital (2 Rs 25.23)
Então em Mispa, a nação de Israel confessa seu pecado contra o Senhor, realiza um jejum, e evidencia uma lavagem comunitária pela culpa, no ato de tirar água e derramar perante o Senhor.
PARA ESTAR PERANTE DEUS É PRECISO BUSCÁ-LO COM CLAMOR. (V. 7-11)
Samuel clama ao Senhor por Israel. (Sacerdote)
Não cesses de clamar, nosso Deus, por nós… (v.8)
Em 1 Sm 4.10-11 vemos o relato em que os filisteus derrotaram o povo de Israel de forma arrasadora. Os filisteus tomaram a arca do Senhor e mataram a Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli. Sendo assim, quando os filisteus se dispõem novamente para a batalha contra Israel, o povo se encontra novamente em momento de provação.
Mas agora o povo em vez de depositar sua esperança em símbolos exteriores como a Arca da Aliança, deposita sua fé, ainda que seja uma fé tímida, no poder de Deus para salvá-los dos inimigos. Isso fica claro no pedido do povo a Samuel: Não cesses de clamar, nosso Deus, por nós… (v.8). Vemos duas implicações nesse pedido:
A dependência do povo no apoio e liderança de Samuel.
Uma dependência no poder de Deus
Clamou Samuel ao Senhor por Israel, e o Senhor lhe respondeu. (v. 9)
Em espírito de arrependimento é oferecido um holocausto ao Senhor, como dádiva para obter o favor de Deus, e o sacrifício é recebido como um “aroma agradável ao Senhor” (Lv. 1.13).
Neste momento então que os filisteus se aproximam ameaçando interromper a adoração, a fé do povo triunfou e trovejou o Senhor… com grande estampido. Ressalto que as condições climáticas interferem consideravelmente no resultado da batalha (Jz 10.11, Jz. 5.4, 20, 21 e Sl 18.13). O Senhor em momento oportuno interfere para livrar Israel das mãos dos filisteus.
...Foram derrotados diante dos filhos de Israel. (v. 10)
Diante da grande tempestade de relâmpagos, os filisteus passam a fugir colina abaixo em direção ao seu próprio território.
O povo de Israel neste momento encontra-se em grande vantagem em relação aos filisteus, que estão descendo fugindo da batalha e deste ponto eles se encontram mais vulneráveis e suscetíveis a receberem os projéteis lançados por Israel.
De forma definitiva neste momento, com o auxílio de Deus os filisteus são derrotados pela nação de Israel.
PARA ESTAR PERANTE DEUS É PRECISO CONFIAR NA CONTÍNUA AJUDA DE DEUS. (V. 12-17)
Ebenézer: Até aqui nos ajudou o Senhor. (Juiz)
...a mão do Senhor foi contra eles todos os dias de Samuel. (v.12)
Para que o livramento que Deus trouxe a Israel jamais caísse no esquecimento, Samuel erige uma pedra como memorial, um monumento de guerra, que ficou em lugar de destaque. O nome dado a esta pedra de recordação é Ebenézer que no original se traduz como “pedra de ajuda” ou “pedra do ajudador”, vemos algo parecido no Sl 115.9- 11 em que, se refere a Deus como “ele é o seu amparo e o seu escudo”.
A declaração de Samuel "até aqui nos ajudou o Senhor” de acordo com Joyce G. Baldwin em seu comentário na série Cultura Bíblica, pode significar “até este ponto geográfico” que está em consonância com o contexto, ou então “ até este momento”.
Para nós a recordação da oração respondida deve incentivar a fé em Deus para usufruirmos ainda mais das suas bênçãos.
É possível compreender a escolha do nome Ebenézer como uma menção aos primeiros combates com os filisteus que resultaram na derrota do povo de Israel, mas que agora o fracasso do passado foi revertido em vitória. Esse contraste mostra a importância do relacionamento de Israel com o Senhor. O povo tornou a achar graça diante do Senhor quando se apresentou com verdadeiro arrependimento e fé.
...foi a mão do Senhor contra eles todos os dias de Samuel. (v.13 e 14)
Como resultado da ajuda do Senhor e sob a liderança de Samuel, Israel desfrutou de um tríplice benefício:
Os filisteus foram subjugados, depois de seus 40 anos de supremacia, Jz 13.1
Israel passou a ter controle das cidades fronteiriças desde Ecrom até Gate, e o terreno que os filisteus haviam capturado foi devolvido.
Houve paz entre Israel e os filisteus e também entre Israel e as nações cananéias “os amorreus”
Julgou… Israel. (v.15-17)
Samuel pelo resto de sua vida julgou Israel. Foi como um governador supremo, assim como Moisés. Foi preparado e designado pelo Senhor para manter Israel em um relacionamento correto para com o Senhor, e assim viverem com intuito de trabalhar para a glória de Deus.
Antes de caminharmos para a conclusão eu gostaria de ilustrar tudo que vimos até aqui neste parágrafo exposto, relacionando o texto de Samuel com o texto Salmo 15. Assim como em 1 Samuel 6 que nos deparamos com a pergunta “Quem poderia estar perante o Senhor, este Deus santo” Davi inicia este salmo com as seguintes perguntas: “Quem Senhor habitará no teu tabernáculo” e “Quem há de morar no teu santo monte? Esses dois textos reforçam a necessidade de santidade no relacionamento com Deus e com sua sua Lei. Mas o que gostaria de ressaltar é que ambos os textos nos mostram algumas particularidades e atributos que os homens devem possuir para se relacionar como Senhor. Portanto, o padrão de integridade é alto demais e parece ser um fardo imposto a nós, não é verdade? Mas observe que Jesus Cristo cumpriu em toda sua plenitude o padrão de santidade que Adão não conseguiu sustentar e que os homens pecadores jamais conseguirão alcançar. A obra de Jesus é a única suficiente para nos tornar justos diante de Deus e isso é a mais alta de todas as honrarias que o homem poderia receber, a nossa salvação é uma dádiva, é um milagre.
CONCLUSÃO
As atribuições aqui dadas por Deus a Samuel apontam para os ofícios exercidos por Jesus quando esteve encarnado. Assim como Samuel, Jesus exerceu o ministério de profeta, sacerdote e juiz. Durante o ministério de Samuel a nação sofreu uma considerável reforma e recebeu novamente sobre si a graça e misericórdia de Deus. No entanto, em pouco tempo o povo retornou a viver conforme “o que parecia reto segundo os seus olhos” rejeitando o domínio de Deus sobre suas vidas. Isso trouxe sérias consequências para a nação de Israel. Mas agora por intermédio de Jesus, Deus realiza uma reforma interna no coração de cada um daqueles que ele predestinou para receber o Espírito Santo de Deus, e a vida eterna. A estes, Deus dá as devidas condições de viver de forma íntegra a sua caminhada rumo à santificação.
Aplicações
Lembre-se que Deus é santo, e que ele abomina o pecado. Devemos ter reverência e integridade para nos colocar perante este Deus Santo.
A santidade de Deus reforça ainda mais o seu amor por nós. Desfrute daquilo que Jesus conquistou para você na cruz através da sua obra redentora, e veja o quanto Deus pode fazer maravilhas na sua vida se você assumir um compromisso de viver na dependência D’ele.
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