Coração fortalecido – Desfrutando da confiança em Deus (Fp 4.1-9)

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Introdução

Ah, o coração humano. Quão traiçoeiro ele é. Sim, já dizia o reformador: o coração é uma fábrica de ídolos. O mundo tenta encontrar todas as explicações para a condição humana relacionadas ao coração e a mente do lado de fora dele. Pesquisam situações do passado que condicionaram determinadas escolhas e explicam situações da alma. É lógico que existe sentido nisso: o ambiente nos afeta terrivelmente, e escolhas passadas, por exemplo, de nossos pais também podem influenciar significativamente nosso presente. Porém, as escrituras apontam para um diagnóstico mais profundo: um problema no coração.
O problema do coração humano é que ele tem sede de Deus e ao mesmo tempo rejeita Deus. Sim, na busca por sentido para viver ele quer algo que gere alegria perene e que finalmente preencha todo o vazio que existe por dentro. No entanto, ele prefere tudo que é efêmero e frágil: os ídolos. Seja o álcool, a maconha, o tabaco, o trabalho, o dinheiro, os bens materiais, os filhos ou a família, tudo isso o ser humano pode utilizar como busca por sentido para viver. São coisas boas, é claro, mas se ocupam o lugar que só Deus pode ocupar são ídolos. A obsolescência (e fragilidade e descartabilidade) e a morte são destruidoras destes ídolos, pois eles não se sustentam e não nos sustentam.
Estávamos eu, a Tayane e minha sogra Ana Maria falando sobre isso outro dia. Muitas vezes, quando tudo por fora vai bem isso pode desfaçar e camuflar que por dentro as coisas podem estar mal. Discutimos que você pode olhar para alguém que tem um emprego público, estabilidade financeira, um bom carro, uma boa casa, os filhos formados e empregados, um bom casamento, boas roupas e sai para bons lugares e pensar: essa é uma pessoa que não tem explicação para ser triste. Ah, meu amigo, mas você não conhece o coração! Vê como você também pode ser um idólatra? Você pensou que essas circunstâncias podem tornar (ou explicar) uma pessoa verdadeiramente feliz? Meus queridos, só Deus pode gerar em nós a alegria que excede todo o entendimento. Precisamos de corações fortalecidos pela Palavra.
Inúmeros problemas corroem e fragilizam os nossos corações, como o trauma, o stress e a depressão, mas um dos mais comuns e também terríveis é a ansiedade. Vamos ler o que Paulo escreve ao Filipenses (4.1-9) sobre isso.
Paulo escreveu essa carta quando estava preso em Roma e, na ocasião, recebeu uma visita de Epáfras com ofertas dos Filipenses. Como resposta, Paulo escreve essa carta comprovando o recebimento e para orientar a Igreja. Entre essas orientações, o apóstolo escreve sobre a ansiedade. Os Filipenses tinham problemas terríveis, além dos ordinários, com a polícia local e as acusações dos judeus e dos romanos acerca da adoração a Deus. Tudo isso provavelmente gerava ansiedade nos corações dos Filipenses.
A ansiedade pode ser um caso clínico, que necessita do acompanhamento especialista e médico. Porém, muitas vezes, a ansiedade é causada pela falta de confiança em Deus, na sua soberania e providência. A ansiedade em si não é pecado, mas o viver ansioso é. Todos nós temos ansiedades por motivos diversos. O nosso coração foi criado para a grande expectativa da graça futura. Porém, o pecado transforma expectativa em desgaste físico e mental e em dúvida no coração. Diante disso, vamos meditar em como vencer a ansiedade:
Devemos orar: “Phylippe, mas o texto diz ‘pedir’”. Sim, nós devemos apresentar nossos pedidos a Deus, mas existe um caminho correto para isso: a oração. Isso porque a oração envolve a questão de quem Deus é. Abrimos nossos corações para apresentar nossos pedidos aquele que é “Deus, todo-poderoso, criador dos céus e da terra e de tudo o que neles há, Quem tudo sabe e tudo provê, governa todas as coisas, é Senhor sobre tudo e sobre todos, é Pai amado e amoroso”. Jesus nos ensinou que as orações começam por aquilo que Deus é: Pai nosso. Essas verdades expressas na oração afugentam as causas de ansiedade. Paulo diz para apresentarmos esses pedidos em súplica: isso diz respeito a nossa posição de dependência. Suplica aquele que não conhece outra fonte para conseguir algo. “Senhor, só tu tem palavras de vida eterna para mim”.
Por último, com ações de graça: Lembrar de quem Deus é não exclui a gratidão pelo que Ele nos deu e fez por nós. O coração do cristão deve ser grato por tudo o que Deus faz: o cristianismo do dia-a-dia é uma alegria nas pequenas coisas que Deus faz.
Portanto, boa parte das nossas aflições é porque nós não oramos. A verdade disso é que a Paz de Deus protege a nossa mente e coração (7). A paz aqui não é a paz com Deus – essa vem da justificação (Rm 5.1) – mas a paz interior. Como isso é bom: passar pelos problemas da vida de tal forma que não desfaleçamos e percamos nossa fé. “Isso é possível? Todo mundo quer isso!” Então, devemos orar! O texto diz que essa paz “guardará nossas mentes e corações em Cristo Jesus”. Essa palavra “guardará” tem um significado militar nesse texto: a paz com Deus de quem ora se põe de guarda lutando contra as preocupações, aflições e ansiedades que querem dilacerar nossas mentes e corações, nos protegendo em Cristo Jesus. Veja, a única forma de estar guardado é se Cristo é o rei de nosso coração, pois, ao contrário dos ídolos, ele subsiste a todos os ataques. Ele é suficiente para nos manter de pé. Os ídolos não, são devastados!
Se a ansiedade é excesso de futuro, devemos orar aquele que conhece e guarda nosso amanhã. Pedir um amanhã melhor é crer que Deus é quem possui de fato as rédeas do futuro e não nós (“quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” Mt 6.27). E experimentaremos a paz de Deus que excede todo o entendimento. Ninguém entende de onde brota essa alegria – mas nós sabemos que vem de Cristo.
Ocupar a mente no que é bom (4.8): Pense nos seus filhos – “será que estão bem?”; pense nas suas contas: “será que estão todas pagas? “Será que o salário dará para esse mês?”; Num ente querido que faleceu: “Nossa, quanta saudade. Queria essa pessoa aqui comigo”. Veja, nossos pensamentos geram emoções em nossos corações. Paulo instrui sobre o que deve ocupar os nossos pensamentos: tudo o que é for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor. Se você não lê bons livros, bons filmes, ouve boas músicas, vê apenas programas bobos ou de notícias terríveis, você não poderá andar de outra forma senão triste e ansioso. O que você segue nas redes sociais e constantemente compartilha? Será que você só pensa em compras e em ter uma boa condição financeira no futuro e isso corrói o seu presente? Ocupe sua mente com o que é bom e do alto!
Outro dia no trabalho nós estávamos conversando sobre situações em que os alunos saem da instituição de ensino. No meio da reunião, entre diversos assuntos, alguns servidores que são pais abriram o coração sobre o medo constante em suas mentes: dar independência para seus filhos. Não podem ir a faculdade sozinhos, são acompanhados nas entrevistas de emprego, não sabem resolver nada sozinhos etc. Chamei isso na hora de “efeito âncora”: pais que prendem seus filhos. Pecam em querer ser Deus e governar o crescimento, o caminho e a segurança total dos filhos. Daí, se penalizam pelas escolhas, se gloriam pelos acertos e não se perdoam das fatalidades. Pais são chamados para serem portos seguros e não âncoras. John Piper diz: “Quando fico ansioso pelo bem-estar daqueles que amo, luto contra a incredulidade com a promessa de que se eu, sendo mau, sei dar boas coisas aos meus filhos, quanto mais o “Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7.11).
Praticar a palavra de Deus: O reverendo Augustus Nicodemus diz referente a isso: “a razão pela qual muitos crentes vivem ansiosos é que eles não praticam a palavra de Deus. Eles sabem de cor e salteado o “bê a bá” evangélico, mas eles não colocam em prática. Eles sabem que determinadas coisas não devem ser feitas e fazem assim mesmo. Sabem que algumas coisas precisam ser feitas, por exemplo, perdoar, esquecer, dar a segunda face, amar ao próximo como assim mesmo, amar a sua esposa como se ama a si mesmo, se submeter ao seu marido como você se submete a Cristo, ser obediente às autoridades superiores. (...) Na hora que você desobedece a Deus, o Espírito Santo se entristece e a paz de Deus (o Deus da Paz) já não é mais com você”.
Existe um outro ponto aqui nesse texto que diz respeito aos líderes: é deles que se aprende, se recebe, se ouve e se vê para por em prática. Temos grandes responsabilidades em sermos exemplos de imitação. Não estamos eximidos da orientação de Paulo de andarmos cumprindo a Palavra de Deus.
Mas nisso existe uma promessa: Se nós orarmos, ocuparmos nossa mente com o que é bom e praticarmos a palavra de Deus, o Deus da paz estará conosco.
Conclusão
Confiemos que Deus suprirá nossa necessidades. Ao longo do texto, no verso 19, Paulo diz que O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Se nós ocuparmos nossa mente com isso, com essa promessa de graça futura, não teremos motivos para vivermos ansiosos. Devemos ter em mente a palavra do profeta Isaías “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10). E devemos trabalhar para que nossas ações demonstrem que nosso coração é totalmente de Deus e não nos esqueçamos que Ele trabalha em nosso favor: “Quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Crônicas 16.9). O Deus forte, Príncipe da Paz, Jesus Cristo é a prova disso: trabalhou e nos serviu, operou em nós gratuitamente a salvação.
Por último, reforço que existem casos que os crentes devem tomar medicamentos. Porém, muitos outros substituem a receita de Deus por eles. Existem casos em que crentes estão morrendo com gastrites, com inimizades (pois pessoas ansiosas geralmente estão em conflito com outras pessoas), com falta de produtividade no trabalho, com falta de descanso porque não seguem a receita de Deus. Meu conselho é: se apegue, “tome posse”, dessa promessa de paz.
Soli Deo Gloria
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