EMAÚS, uma via de mão dupla
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Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.
Em 2019 eu morava em São Paulo, na cidade de Campinas, e preguei um sermão na IPB de Paulínia, que eu comecei provocando os irmãos a uma reflexão sobre o momento que vivíamos. Comecei assim:
DE CAMPINAS A SUZANO: SÉRIE DE HORRORES E DOR.
Eu me referia a um episódio acontecido em dezembro de 2018 na Catedral de Campinas, em que um homem invadiu aquele recinto e desferiu vários tiros, matando algumas pessoas e ferindo outras, e a uma matança em uma Escola na cidade de Suzano em março de 2019. Entre esses casos, aconteceram ainda o rompimento da barragem em Brumadinho (Janeiro), a morte de 10 jovens jogadores do Flamengo e a morte do jornalista Ricardo Boechat (fevereiro). Uma série de horrores e muito choro. O Brasil só falava naqueles acontecimentos, e o comentário mais presente era que aquele ano deveria acabar logo. Mal sabíamos que em 2019 um inimigo invisível estava sendo criado ou surgindo para trazer mais mortes que qualquer aquelas que vivíamos. Na mensagem eu disse o seguinte:
“Só nesse curto período, o medo tomou conta de todos nós, e a sensação de luto e impotência nos tem corroído de forma lenta e cruel”.
Abatidos em meio a tantas más notícias, estávamos totalmente sem chão. Uma série de flagelos como aqueles, adoecem os corações.
Dois discípulos de Cristo estavam vivendo momentos de terror, pois haviam presenciado as amarguras de seu Senhor em um julgamento revoltantemente injusto, uma sessão cruel de tortura, uma crucifixão entre malfeitores, e já era o terceiro dia de sua morte e eles viam a esperança da libertação ruir. Estavam abatidos pelas dores da desesperança.
Se 2019 foi um ano que fez doer o coração, os dois anos subsequentes que estamos vivendo se sobressaíram em tristeza, luto e dor. A caminhada Jerusalém/Emaús é uma via de dor, que retrata a realidade dos nossos dias. A boa notícia é que Emaús é uma via de mão dupla, logo, o sentido contrário pode ser bem diferente. Convido você a me acompanhar no tema EMAÚS, UMA VIA DE MÃO DUPLA.
Começaremos vendo o trajeto JERUSALÉM/EMAÚS, a via da tristeza.
Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas.
Caminhavam um trajeto de 11 km, conversando sobre as coisas sucedidas. O coração daqueles homens estava cheio de tristeza, revolta, incertezas, desesperança. Tristeza pela dor da perda de alguém que admiravam, amavam, seguiam e esperavam uma redenção. Revolta pela forma cruel e injusta que todo processo foi conduzido. Incertezas pela difícil tarefa de crer no que as mulheres haviam falado, de que o sepulcro estava vazio pela manhã. Desesperança por ver que 3 dias já haviam se passado, e o redentor não havia se movido. Estamos também em uma grande bolha que nos confinou em tristeza, revolta, incertezas e desesperanças. Por mais que saibamos que Deus está no controle, e que só Ele é nosso socorro nesse tempo desesperador, a impressão é que Ele está demorando demais para dar folga a nós. Mas, por mais que estejamos exaustos, Ele está na jornada conosco. Não estamos sozinhos no trajeto, como os dois discípulos não estavam sozinhos.
Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.
O próprio Jesus se aproximou. Jesus não abandona a velha estratégia de se aproximar e ir conosco. Porém os olhos dos discípulos estavam impedidos de reconhecê-lo. Claro que Jesus estava ali em um corpo diferente, como nos mostra Marcos em seu breve relato sobre a narrativa:
Depois disso Jesus se apresentou com outra aparência a dois discípulos que iam caminhando para o campo.
Essa realidade juntou-se ao fato dos discípulos estarem mergulhados nas aflições do coração. Jesus estava tão perto, e eles não conseguiam reconhecer. E Jesus como sempre, propões um diálogo:
Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos.
Jesus sabia de tudo, mas quer ouvir o que vem do coração. Eles se entristeceram, pois o rememorar das coisas sucedidas era um revisitar das aflições.
Um dos discípulos se espanta de o forasteiro desconhecido não saber dos eventos que todos sabiam. E Jesus de uma vez por todas monta Sua clínica psicológica, e permite o desabafo dos discípulos quando diz: QUAIS OCORRÊNCIAS?
Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram.
E Jesus, através da Palavra, vai mostrando que era necessário que tudo aquilo acontecesse.
E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Na jornada da tristeza de Jerusalém a Emaús, Jesus se aproxima, convida a um diálogo, permite abrirem o coração, e leva a eles a Palavra. É o que faz conosco, e essa oportunidade de ouvir a Palavra de esperança e alegria na jornada de tristeza que estamos, é coisa de Deus para acalentar seu coração.
Mas o destino dos homens chega. Emaús está a frente. Vejamos o que aconteceu em EMAÚS, A PARADA DA CERTEZA.
As palavras do forasteiro desconhecido certamente os impactou e gerou afeição por ele. Tanto que, preocupados com a noite e os perigos da estrada, e ainda desejosos de ouvir mais, fazem um convite irrecusável.
Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles.
Eu não me lembro de nenhum lugar em que Jesus foi convidado e recusou. Jesus é extraordinariamente gentil! Ele entrou na casa, e durante a ceia foi identificado.
E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.
Quem mais tomaria o pão, partiria dando graças, e ainda os serviria? A ceia da comunhão fez com que os olhos deles fossem abertos. A ceia nos aponta que só um morreu por aqueles são Dele. E aquele momento mostrou outra coisa: só Cristo ressuscitou, para nunca mais morrer. Aquele momento fez os homens reconhecerem que os seus corações já ardiam pela Palavras do Senhor.
E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?
O coração se transformou, e eles tomam a via da alegria na estrada de Emaús.
EMAÚS/JERUSALÉM, a via da alegria
E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles,
Na mesma hora eles retornaram os 10 km, não podiam deixar para o outro dia, pois havia urgência na proclamação. Se aventuraram em uma via escura, perigosa, fria, mas conduzindo nos corações a luz, a segurança e o calor da certeza de que Jesus estava vivo. As incertezas e a tristeza no coração gerada pelas más notícias foram embora com a maior de todas as notícias que a igreja teve ciência: JESUS RESSUSCITOU PARA NUNCA MAIS MORRER.
Esta é a verdade que nos enche de esperança e aquece nosso coração. Jesus está vivo eternamente. Quando chegam a Jerusalém, ávidos em proclamar, os 11 se adiantam e gritam em alegria:
os quais diziam: O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!
Jesus havia aparecido a Pedro e depois aos doze, como diz
E apareceu a Cefas e, depois, aos doze.
A esperança viva estava em seus corações, e o próprio Pedro declara isso em sua primeira epístola:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Na ressurreição temos uma nova vida em Jesus. Uma vida de esperança e, a despeito de toda tribulação que estejamos vivendo, uma vida de proclamação das boas novas de salvação, como os dois discípulos fizeram.
Então, os dois contaram o que lhes acontecera no caminho e como fora por eles reconhecido no partir do pão.
Eles contam o que acontecera com eles no caminho da tristeza. Como Jesus acalentou seus corações fazendo uso da Palavra transformadora e como a comunhão na mesa com o Senhor nos faz reconhecer que Sua morte foi para dar vida, e que Ele vive eternamente.
CONCLUSÃO
Nesta longa estrada da vida, em que direção você está? JERUSALÉM/EMAÚS, com coração abalado com as tristezas das más notícias, ou EMAÚS/JERUSALÉM, que em meio aos perigos o coração está ardendo pela presença do Jesus ressurreto? O Salmo 112.1 e 7 nos revela que
Aleluia!
Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor
e se compraz nos seus mandamentos.
Não se atemoriza de más notícias;
o seu coração é firme, confiante no Senhor.
O trajeto do crente em Jesus é em direção a Jerusalém, ou melhor, em direção à NOVA JERUSALÉM, a Cidade Nova onde não há dor, choro, tristeza, mas a eterna presença do Cristo Vivo. Sigamos nessa direção, sempre confiando e proclamando o vivo Evangelho de Cristo.