A PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO

Parábolas de Jesus  •  Sermon  •  Submitted
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INTRODUÇÃO

Alguns têm sugerido que este texto não se trata de uma parábola e sim uma história contada por Jesus, pois contém o nome do mendigo, Lázaro. Outros afirmam que se trata de uma parábola, isto é, uma estória com o fim de ilustrar uma verdade. Seja como for, não quero entrar nessa discussão. Creio que podemos extrair suas aplicações independentemente de ser parábola ou não. Apenas chamarei de parábola, para fins didáticos.
Sendo assim, o que motivou Jesus de contar esta parábola? Neste mesmo capítulo, vemos Jesus ensinando os seus discípulos sobre o perigo do amor ao dinheiro e os fariseus zombando de Jesus e seu ensinamento sobre o dinheiro por serem avarentos (16.14).
Isto motiva Jesus a contar a parábola do rico e de Lázaro. Sendo que, os fariseus deveriam se enxerga na figura do homem rico.
Ideia central: o amor ao dinheiro é um passaporte para o inferno.
Falar de amor ao dinheiro em nosso tempo e dizer que ele o levará para o Inferno é tocar em feridas abertas. Cada vez mais nossa sociedade tem se demonstrado avarentas. Seja na ajuda humanitária ou na ajuda na obra do Senhor.
Quando leio essa parábola, sinto que estou lendo uma peça teatral. Percebo claramente três cenas que apresentam grandes contrastes. Na cena um, vemos o contraste social entre o rico e o mendigo; na cena dois temos o contraste do funeral de ambos; e, na cena três, vemos o contraste na eternidade.
O meu propósito é que você reflita sobre como você tem usado o bem que Deus te deu nesta vida, e, caso não esteja fazendo bom uso dele mude de rumo.

I: CENA UM - O CONTRASTE SOCIAL (19-21)

Primeira lição: O status social de alguém não é prova da bênção ou maldição de Deus.
O primeiro contraste se dá entre as diferentes classes sociais e os diferentes estilos de vida das personagens.
O texto diz que o homem rico (…) se vestia de púrpura e de linho finíssimo (19). Segundo Hernandes Dias Lopes, estes tecidos “representavam a última palavra em luxo”. A púrpura era uma cor vermelho-escuro de difícil extração. Era preciso pegar um molusco nas profundidades do mar e extrair dele esta cor. Por isso, era caro. Em geral, somente reis e nobres a usavam. O linho fino era uma roupa interior caríssima devido ao seu branco radiante. Este homem, além de roupas caras, se alegrava todos os dias com grande ostentação (19). Havia grandes festas e banquetes na casa do homem rico. Note que a acusação contra este homem não era possuir dinheiro, mas o dinheiro o possuir. A Bíblia não condena o dinheiro, mas o amor a ele. Abraão e José de Arimateia eram ricos.
Por outro lado, temos um mendigo, chamado Lázaro (20), que vivia coberto de feridas (20), e que ficava deitado à porta da casa do rico (20). Este nome, do grego Lazaros, é derivado do hebraico Eleazar, e significa “Deus é a ajuda”. Lázaro não tinha a ajuda dos homens, mas depositou sua confiança na ajuda divina. Ele não tinha grandes pretensões na vida, e sim humildemente desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico (21). Essas migalhas não eram simplesmente resto de alimentos. Eram migalhas de pão que eram usadas como guardanapo, para limpar a boca e mãos. Depois, elas eram atiradas ao chão. Suas únicas companhias eram os cães (21), animais considerados imundos pelos judeus, os quais vinham lamber-lhe as feridas.
Como veremos depois, a morte os separará eternamente. Enquanto Lázaro é levado ao Paraíso, o rico é enviado ao Inferno. Portanto, o status social de alguém não é prova de bênção ou maldição da parte de Deus. Em uma cultura mesquinha como a nossa, a Teologia da Prosperidade pode ter alcançado objetivo, mas, apenas essa parábola que Jesus contou é suficiente para jogá-la por terra.
Por isso, não importa o seu status social. A sua prosperidade não é garantia das bênçãos de Deus sobre a sua vida. É bom que lembremos que, aquilo que Deus nos dá, deve ser usado para o seu louvor. Ajudar aos necessitados é uma maneira de glorificar a Deus!
O que estou dizendo é que o amor ao dinheiro é um passaporte para o inferno. O primeiro contraste entre a vida social do rico e de Lázaro nos mostra isso. Veremos agora outro contraste.

II: CENA DOIS - O CONTRASTE NA MORTE (22)

Na morte de ambos, aprenderemos a segunda e a terceira lição desta parábola:
Segunda lição: A morte é o fim de todos, independentemente do seu status social.
Se levarmos em consideração a eternidade, perceberemos a brevidade da vida. Há pessoas robustas que chegam aos cem anos, e, mesmo assim, isso comparado a eternidade, é como nada.
Chegou o momento em que o mendigo morreu (22) e que morreu também o rico (22). Percebe-se então que a morte não respeita classes sociais, raças ou cor. A morte não é discriminatória. Ela não faz acepção de pessoas. Ela chega ao rico e ao pobre.
Tudo quanto adquirimos nessa vida vai embora com a morte. Ninguém levará um centavo para a eternidade. Não importa quantos carros ou casas você tenha. Não importa se tem uma fazenda ou uma empresa. No final, o que fará a diferença é como você usou o que tem em benefício do necessitado e se confiou em Deus e não no dinheiro.
Terceira lição: A maior dignidade não está no louvor dos homens, mas no louvor de Deus.
Neste ponto, a parábola contada por Jesus, mostra-nos outros dois contrastes: (1) o sepultamento; (2) a alma dos sepultados.
Em primeiro lugar, vamos analisar o sepultamento. O texto diz morreu também o rico e foi sepultado (22). Ser sepultado, independentemente da sua condição social era o mínimo esperado. No entanto, vemos que o rico recebeu um sepultamento digno, mas o mendigo, ao que tudo indica, não. O rico certamente foi elogiado enquanto era sepultado, o pobre, talvez, foi comido pelos próprios cães.
Em segundo lugar, vamos analisar o que aconteceu com a alma dos sepultados. Sobre Lázaro, é dito: “foi levado pelos anjos para junto de Abraão” (22). Todavia, sobre a alma do rico, nada é dito, senão que, depois, ele está no Inferno. Enfim o primeiro contraste a favor de Lázaro é dito! A tradição judaica fala de justos sendo levado pelos anjos para o céu e de demônios carregando os ímpios. Talvez Jesus tenha poupado os seus ouvintes. Enquanto Lázaro mendigava as migalhas de pão que caíam da mesa do rico, agora ele está em um grande banquete ao lado de Abraão. Algumas versões dizem “seio de Abraão”. Em um banquete, os judeus reclinavam-se à mesa, de tal forma que ficariam próximos ao tórax uns dos outros. Estar ao lado de um anfitrião era a posição mais honrada possível em um banquete.
A nossa sociedade vive de aparência. Precisamos impressionar, pensamos. Há pessoas que estão endividadas por causa deste pensamento. Certamente o homem rico recebeu o louvor dos homens nesta vida e Lázaro o desprezo, mas, após a morte Lázaro foi levado pelos anjos para o seio de Abraão enquanto o rico foi para o Inferno. O que deve determinar a sua vida não é como os homens te veem, mas como Deus te enxerga.
O amor ao dinheiro é um passaporte para o inferno. Perceberemos isso no terceiro contraste entre as personagens.

III: CENA TRÊS - O CONTRASTE NA ETERNIDADE (23-31)

Conforme vimos até aqui, o primeiro contraste entre Lázaro e o rico era a vida sofrida de um e a vida farta do outro. O segundo contraste, porém, pôs o fim no sofrimento Lázaro e trouxe consolo. Já para o rico, a morte foi o fim de uma “vida boa” e o início de um tormento eterno.
Quarta lição: O dinheiro pode ser usado como uma pá para cavar um abismo intransponível (23-26).
No inferno, estando em tormentos, o rico levantou os olhos e viu ao longe Abraão, e Lázaro junto dele (23). Se admitirmos que Jesus está realmente contando uma parábola, não devemos entender literalmente que no Inferno as pessoas poderão ver as que estão no céu. Mas algo real aqui é dito sobre o inferno, e é confirmado por toda a Escritura:
1. O inferno é lugar de tormento (23). O inferno não é aqui, como muitos dizem. O sofrimento lá não pode ser comparado com o sofrimento aqui. Neste mundo, o sofrimento vem e vai, mas sobre o inferno, Jesus disse que o seu “fogo nunca apaga” (Mc 9.44).
2. O inferno é real. Em toda a Bíblia é atestado a existência do inferno, e aqui não é diferente. A Palavra de Deus diz que ele “foi preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
No momento de tormento, agora, o rico pede por algo que nunca deu a ninguém. Ele clama a Abraão: tenha misericórdia de mim (24). Mais incrível ainda neste relato é que percebemos que o caráter do rico não mudou. Ele ainda vê Lázaro como alguém inferior, como um servo e pede a Abraão que mande que Lázaro molhe a ponta do dedo em água e me refresque a língua (24), porque estava atormentado neste fogo (25). Aqui percebemos um grande contraste entre a vida terrena e a vida eterna. Na vida terrena, Lázaro mendigava as migalhas de pão. Agora é o rico quem mendiga água, e é bom que se diga: por toda a eternidade.
Abraão responde ao rico que, por DOIS MOTIVOS não lhe pode atender ao pedido:
1. Era um pedido injusto. Abraão diz ao rico: lembre-se de que você recebeu os seus bens durante a vida, enquanto Lázaro só teve males (25). O homem rico teve toda a oportunidade do mundo de demonstrar misericórdia a Lázaro, mas não o fez. Todos os dias quando saía de sua casa, Lázaro estava lá. Mas o que ele fez? Nada. Igualmente agora nada poderia ser feito ao rico. O seu pedido era injusto.
2. Era um pedido impossível. Abraão ainda diz: além de tudo, há um grande abismo entre nós e vocês, de modo que os que querem passar daqui até vocês não podem, nem os de lá passar para cá (26). A figura que Jesus utiliza é vívida. A Palestina é formada por montes e vales, cheia de abismos profundos. Enquanto vivo, o rico poderia ter usado o seu dinheiro para o seu sustento e para ajuda aos necessitados, mas preferiu usá-lo como uma ferramenta para cavar um abismo intransponível.
O amor ao dinheiro é a razão de darmos tantas desculpas para não fazermos o bem aos outros. Dizemos: “não sei se ele vai comprar pão ou beber cerveja”. Ou: “Tenho que pensar no futuro da minha família”. Quanto maior acervo de desculpas você possui mais amor ao dinheiro você tem.
Além das desculpas para ajudarmos os necessitados, damos desculpas também para não contribuirmos para a manutenção da obra do Senhor na terra. Muitos não são dizimistas e ofertantes porque amam o dinheiro e inventam todas as desculpas possíveis para evitar os “gastos”.
O problema com o amor ao dinheiro é que ele é uma ferramenta para cavar um abismo intransponível.
Quinta lição: Para alguns, somente a morte precificará uma alma (27-31).
É provável, e possível, que, enquanto vivo, o rico jamais tenha se preocupado com a alma de seus irmãos. Agora, porém, ciente da realidade do Inferno e do tormento eterno, ele pede a Abraão: “Pai, eu peço que mande Lázaro à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos” (27,28). Talvez o rico se lembre de como vivia e como os seus irmãos viviam sob o seu testemunho.
A resposta de Abraão ao questionamento do homem rico é: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (29). Com “Moisés e os Profetas”, Abraão está dizendo que eles têm o Antigo Testamento. Moisés representando o Pentateuco e os Profetas o restante do Antigo Testamento.
O rico não satisfeito com o poder da Palavra de Deus sobre a vida do homem insiste com Abraão: “Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for até lá, eles irão se arrepender” (30). Um dos pilares que a Reforma Protestante reergueu é o “sola scriptura”, isto é, somente as Escrituras contém tudo aquilo que precisamos para ser salvos. O homem rico não pensava assim. Ele cria que a ressurreição de alguém poderia fazer com que seus irmãos se arrependessem. Todavia, a Bíblia nos conta a história de um outro Lázaro, irmão de Marta e Maria, de Betânia, que morreu e foi ressuscitado por Cristo e os inimigos de Jesus tentaram matá-lo e perseguiram mais a Cristo (Jo 11).
A resposta de Abraão é contundente: “Se não ouvem Moisés e os Profetas, também não se deixarão convencer, mesmo que ressuscite alguém dentre os mortos”. Enfim, o homem rico descobriu o que não queria: o Inferno é um caminho sem volta. Que as Escrituras contém tudo quanto precisamos para alcançarmos o Céu e escaparmos do Inferno. Infelizmente, muitos irão descobrir isso depois da morte. Certo teólogo disse: “O inferno não é nada mais do que a verdade conhecida tarde demais”.
Uma alma tem um valor incalculável. Não devemos ser como o homem rico que não dá o devido valor para uma alma enquanto podemos. Depois da morte você não poderá alarmar a sua família, os seus amigos ou colegas de trabalho. Só temos essa vida para considerar as verdades espirituais.

CONCLUSÃO

O amor ao dinheiro é um passaporte para o Inferno, mas o bom uso dele é bênção na sua vida e na vida de outras pessoas.
Como você tem utilizado o bem que Deus te deu?
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