Consolo aos que choram
Sermões da Bem Aventurança • Sermon • Submitted
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· 17 viewsO crente reconhece sua pecaminosidade, se arrepende, chora e recebe o consolo que vem do Senhor.
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Texto
Texto
“Bem aventurados os que choram, porque serão consolados”. (Mt 5.4)
Introdução
Introdução
O profeta Jeremias é conhecido como O Profeta Chorão, ou O Profeta das Lágrimas. E ele recebe este apelido porque viveu em um contexto muito específico em Israel. Ele pregou sobre a destruição da cidade que viria causada pelos pecados do povo. No começo de seu ministério ele chama o povo ao arrependimento, porém o povo sequencialmente se recusa a atender o chamado do profeta e Deus muda a mensagem de seu servo. A partir de certo momento, Jeremias não mais pregaria sobre o arrependimento, mas sim anunciaria a iminente destruição da cidade pelos inimigos. O povo não ouve o profeta!
Acontece que o inimigo, no caso os babilônicos, conseguem invadir a cidade e destroem tudo. Algumas pessoas são levada como escravos para Babilônia, os homens são mortos, mulheres são estupradas, os velhos são assassinados, crianças são partidas ao meio pelos soldados, o templo é totalmente destruído e o profeta presencia a tudo isso.
Ele compõe um livro inteiro sobre o assunto e o livro é chamado de Lamentações de Jeremias, ali ele expressa sua visão desses terríveis acontecimentos, e ali ele chora, ele ora pelo povo, ele ora por si mesmo, ele se arrepende de seus pecados, ele se arrepende pelos pecados do povo. Povo esse que inclusive, foi totalmente arredio e violento contra ele. Enquanto ele anunciava a iminente destruição da cidade ele apanhou, foi preso, foi colocado em uma cisterna, e foi libertado dessa cisterna pelos inimigos, irônico não?!
Com tudo isso, vemos em Jeremias um homem que tinha amor pelo Senhor, apreço pela palavra de Deus e amor pelo povo. Daí eu me pergunto: quem de nós teria tamanho amor pelo Senhor, a ponto de ir até as últimas consequências para entregar apara um povo de coração duro e cruel a Palavra que é de salvação para eles, apesar de constantemente ser escorraçado, agredido, zombado. Quem de nós amaria a Deus de tamanha forma ao ponto de se incluir no meu do povo e confessar a Deus os pecados do povo como se fossem os próprios pecados? Pois é exatamente isso que Deus requer de nós!
Bem aventurados os que choram
Bem aventurados os que choram
Vs 4 “Bem aventurados os que choram porque serão consolados”
Enquanto o tema da primeira bem aventurança é o reconhecimento da própria pobreza espiritual e de que não se pode fazer anda para agradar a Deus, a questão da segunda bem aventurança é o luto. Nove diferentes palavras gregas são usadas no N.T para falar de tristeza. Dos nove termos utilizados, o que temos neste texto (πενθοῦντες) é o mais grave. Ele representa a mais profunda tristeza sentida no coração, e foi geralmente reservada para luto pela morte de um ente querido. Ele é usado na LXX para a dor de Jacó quando ele pensou que seu filho José foi morto por um animal selvagem (Gn 37.34
). Ele é usado para descrever o luto dos discípulos de Jesus antes que soubessem que Ele havia ressuscitado dos mortos (Mc 16.10).
A palavra carrega a ideia de profunda agonia interna, que pode ou não ser expressa por choro.
É importante observar o que Jonh MacArthur diz ao comentar esse texto: “Pecado e felicidade são totalmente incompatíveis. Quando um existe não pode existir o outro. Até o pecado ser perdoado a felicidade está bloqueada. Lamentação sobre o pecado traz o perdão do pecado, e o perdão do pecado traz uma liberdade e uma alegria que não pode ser experimentado de qualquer outra forma”.
O cristão é constantemente quebrado pela sua pecaminosidade, e quanto mais o tempo vai passando, mais maduro ele vai se tornando no Senhor, e mais ele vai vendo do amor e da misericórdia divina, mas também, vai vendo mais de sua própria pecaminosidade. Ao crescer na graça e no conhecimento o cristão cresce também na consciência do pecado e isso o faz chorar. Ao encarar suas mazelas ele chora. O choro aqui está totalmente ligado ao arrependimento, o contexto não é de um choro fingido, um choro externo e midiático, mas sim, um choro verdadeiro, fruto de um coração arrependido que reconhece a santidade de Deus. Reconhece que seu pecado levou Jesus Cristo para a cruz. Foi sua culpa. Foi por sua causa.
O cristão não consegue pecar e fingir que nada aconteceu. Ele não consegue pecar e deitar na cama como se aquilo não fosse nada. Assim como o pecado está ligado a sua caminhada, o arrependimento também o acompanha fazendo parte da santificação. O Espírito Santo que o guia e conduz o convence do pecado, e isso inevitavelmente traz o arrependimento. Traz o choro. Traz a tristeza. Não a tristeza segundo o mundo que produz a morte, mas a tristeza segundo Deus que produz arrependimento.
Pedro trai Jesus, ao cantar do galo Pedro entende seu pecado e chora copiosamente. Mas Pedro se arrependeu. Foi perdoado. Foi restituído. Judas pecou de igual forma, porém, não se arrependeu. Se enforcou, caiu e teve o corpo partido ao meio com as entranhas saindo pra fora. Davi pecou, adulterou com Bate-Seba, assassinou Urias, se arrependeu, foi perdoado, foi restituído, o Salmo 51
é uma prova clara disso. Saul pecou, não se arrependeu, pelo contrário, se afundou mais ainda no pecado.
Você precisa se arrepender. Arrependei-vos, esse é o chamado do evangelho, o arrependimento não ocorre uma única vez e pronto, o arrependimento é algo constante na vida do cristão. A confissão de pecados é algo que deve ser constante na vida do cristão. Deus é Santo.
Choro pelos pecados dos outros
Como Hendriksen bem afirma: “Não é necessário, contudo, limitar esse choro ao que ocorre em virtude dos próprios pecados individuais de uma pessoa: aqueles pelos quais pessoalmente ofendeu a Deus. O regenerado aprende a amar a Deus de tal forma que começará a chorar diante de todas as obras ímpias que os ímpios têm cometido de uma forma muito ímpia. O seu pranto, pois, está centrado em Deus, não no homem”.
O cristão é diferente das demais pessoas desse mundo. O cristão que reconhece que é pobre, miserável, cego e nu, reconhece as mazelas do pecado, conhece a Deus, e reconhece sua santidade, é alguém totalmente diferente das demais pessoas do mundo. O mundo é mal, o mundo jaz no maligno. O mundo é inimigo de Deus, e faz exatamente tudo aquilo que Deus desagrada. E detalhe, faz tudo isso sorrindo e se regozijando.
Homens traem suas esposas, esposas traem seus maridos.
Filhos desobedecem seus pais, e vivem numa espécie de emancipação moral, onde não existe mais respeito, consideração, afeto. Só existe o interesse no que aquele pai pode dar.
Pais violentam filhas e filhos.
Abortos acontecem frequentemente.
Assassinatos acontecem frequentemente, só em nosso país no último ano foram cerca de 63 mil homicídios.
A moral está baixíssima, homens estão se relacionando com outros homens e passeiam pelas ruas como se fosse tudo normal, e a sociedade tende cada dia mais a ter isso como normal.
Olhando para nós, pecamos frequentemente. Mesmo a Bíblia dizendo que morremos para o pecado, mesmo a Escritura nos ordenando que não deixemos reinar em nós o pecado pois já morremos pra ele e não somos mais seus escravos. Mesmo assim, pecamos. Não amamos a Deus como deveríamos amar, colocamos várias coisas na frente de Deus em nossas vidas. Não amamos nosso próximo como deveríamos amar. Os maridos não amam suas esposas como Cristo amou a igreja, as esposas não são submissas a seus maridos como ao Senhor. Os pais provocam a ira a seus filhos. Notamos entre nós impurezas, lascívias, inimizades, invejas, discórdias. E conhecendo a gravidade desses pecados e a santidade de Deus, tais pecados não nos tem feito chorar.
Quando digo “chorar” não me refiro somente ao ato de derramar lágrimas pelos olhos, mas sim ao que deveria preceder o ato, que é a tristeza, o arrependimento, o pesar. Paulo fala sobre a tristeza segundo Deus que produz arrependimento (2Co 7.10).
Vivemos dias onde é apresentado para o crentes a possibilidade de uma vida alto astral, de uma vida de um auto-estima elevadíssima, mas quando olhamos a nossa volta não temos o mínimo motivo para nos alegrarmos nas coisas desse mundo. Estamos cercados de pecado, de misérias de coisas que desagradam a Deus, e nós mesmo constantemente desagradamos ao Senhor, com nosso atos, nossos pensamentos, nossa conduta de vida. E isso que deveria nos causar pesar, deveria nos fazer chorar, infelizmente não faz.
As pessoas estão indo pro inferno diariamente e os crentes fazem piada disso. O nome de Deus é zombado, achincalhado e os crentes não se sentem incomodados com isso. A depravação moral, aumenta a cada dia e isso não faz os crentes moverem um fio de cabelo sequer. Os crentes pecam, pecam e pecam e sequer se lembram de orar confessando seus pecados.
Enquanto o mundo caminha de mal a pior, se afundando a cada dia no pecado, a orientação bíblica é para que os crentes sintam pesar de tais acontecimentos.
Há uma grande necessidade da igreja chorar ao invés de rir. “A frivolidade, tolice e insensatez que reina no cristianismo deve nos fazer chorar”. (Jonh MacArthur).
Em Isaías 22.12, 13.
, o profeta profetizando sobre a ruína de Jerusalém diz o seguinte: “O Senhor, O Senhor dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício. Porém é só gozo e alegria que se veem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.
Em Ez 9
, um capítulo inteiro é destinado a mostrar a visão que Deus dá ao profeta, e essa é uma visão de destruição, é uma visão que mostra que a destruição da cidade se dará pelas mãos do próprio Deus, e os Babilônios que chegarão 6 anos mais tarde virão como instrumentos de Deus. É muito significativo notar que nos vs 2 e 3 o Senhor ordena que o homem vestido de linho passe pelo meio da cidade e marque com um sinal a testa daqueles que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio da cidade. Os próximos versículos mostram que todos aqueles que não foram marcados na testa foram mortos, foram exterminados. Está claro pra nós aqui que essa postura de se lamentar pelas abominações cometidas pelos ímpios, gemer por isso,suspirar por isso, chorar por isso, é algo que Deus espera daqueles que são seus.
No livro de Esdras temos exemplo semelhante, após o retorno do cativeiro babilônico, o povo de Israel se envolveu numa miscigenação, os homens casaram com mulheres estrangeiras, tiveram filhos com elas, deram seus filhos em casamentos à mulheres estrangeiras, algo que era terminantemente proibido na lei do Senhor. Quando Esdras se depara com essa situação de tamanha transgressão da lei de Deus, ele rasga suas vestes, (Ed 9.3,4), arranca os cabelos da cabeça e da barba, e fica sentado atônito durante horas, ele chora por causa do pecado do povo, nos versículos que se seguem,em sua oração ele argumenta com Deus que estava totalmente envergonhado a ponto de não poder levantar os olhos por causa do pecado do povo. No cap 10.6 o texto nos informa que ele: “não comeu pão, nem bebeu água, porque pranteava por causa da transgressão dos que tinham voltado do exílio”.
Ele chora, se recusa a se alimentar, se recusa a beber água, por causa de um pecado que ele não havia cometido, ele era versado na lei do Senhor, conhecia a santidade de Deus, e o pecado do povo fez com que ele se sentisse mal fez com que ele chorasse.
No Salmo 119.136
o salmista expressa o mesmo princípio: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.”.
Você se sente mal pelos diversos pecados que as pessoas cometem contra Deus,. Você se sente mal pelos pecados que você comete contra Deus?
No cap 9 do livro de Daniel temos outro comovente relato de confissão de pecados, e de arrependimento por ter transgredido a lei de Deus (Dn 9.1-20
). Daniel entende através da leitura do livro do profeta Jeremias que o tempo do castigo do povo estava se cumprindo, ele então parte pra uma oração onde reconhece a grandeza de Deus, (vs 4), reconhece e confessa os pecados e iniquidades do povo (vs 5), note que ele entende que os seus próprios pecados também são causa de todos esses males, pois eles se dirige a Deus na confissão na primeira pessoa do plural.
Você tem confessado seus pecados a Deus em suas orações?
Hendriksen diz que: A poderosa onda de emoção que caracteriza a efusão do coração expressa em Sl 119 e Dn 9 se coaduna com o presente contexto, pois a palavra traduzida por chorar, na segunda bem aventurança, indica uma tristeza que emana do coração, toma posse da pessoa toda e se manifesta exteriormente.
Temos vários indícios do mesmo princípio no N.T, um deles é o próprio texto que estamos estudando, temos também no livro de Tiago.
Tiago escrevendo sua carta, diz que as guerras e contendas que haviam entre os crentes aos quais ele escrevia sua carta procediam dos prazeres que militavam na carne deles. Ele segue e descreve um pouco da situação “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vosso prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que fez habitar em nós? Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros, Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” (Tg 4.1-10).
Há de se lembrar que o choro ao qual me refiro e que Escritura menciona, não é o choro de desespero, não é uma atitude desoladora de alguém que não consegue encontrar consolo. Não é um choro fruto de uma auto-piedade. Não é um choro por causa dos homens, mas por causa de Deus.
O cristão não pode se alegrar?
Não se afirma que o crente não possa ter alegrias, não possa ter momentos de divertimento, no entanto, tais momentos não podem estar relacionados ao pecado. E o pecado não pode estar sendo a causa de prazeres e alegrias nas pessoas. Nossa alegria vem de Cristo e de tudo aquilo que ele nos proporcionou, tanto por sua graça especial quanto por sua graça comum.
Podemos sim nos alegrar em nossa família, nas conquistas pessoais, devemos sim nos alegrar nos divertimentos do dia a dia. Porém o que não podemos fazer é basear nossa alegria em coisas pecaminosas. Não podemos ser indiferentes aos pecados e misérias que nos cercam, como se não fosse nada. Não podemos nos conformar com esse mundo. A regra do mundo não é a nossa. Temos a Palavra de Deus como guia e somente ela.
Os que choram serão consolados.
Sei que existem muitos cristão que se encaixam nas coisas que falei, sei também que muitos cristãos se encaixam na condição daqueles que choram, daqueles que sentem pesar, daqueles que não se atrevem a ficar impassivos frente a uma situação onde o nome de Deus é zombado. Existem aqueles que são alegres em Cristo mas que choram quando pecam. Se sentem mal. Tristes. Entendem que esse maldito acompanhante que temos nos aflige, e se arrependem quando caem, confessam seus pecados. Choram ao ver as injustiças que acontecem mundo afora. Choram ao ver cristãos perseguidos e mortos por não negar sua fé.
A vocês que choram por amor a Deus, choram arrependidos de seus pecados, choram ao ver o estado do mundo em que vivemos, a palavra de Deus tem algo para vocês. “Bem aventurados os que chora, pois, vocês serão consolados”.
O resultado do choro piedoso, fruto do arrependimento e da renúncia ao pecado é o conforto. Não é o choro que abençoa, mas o conforto que Deus dá aqueles que choram.
Conforto vem do grego parakaleo, a mesma palavra que substantiva a pessoa do Espírito Santo como o consolador. (Jo 14.16).
Quando nosso choro sobe até Deus, Seu conforto inigualável e incomparável desce até nós. Ele é o Deus de toda consolação (2Co 1.3), que está sempre pronto a atender a nossa necessidade. Deus é um Deus de conforto. Cristo é um Cristo de conforto, o Espírito Santo, é um Espírito Santo de conforto. Leia (2Ts 2.16)
A Palavra de Deus nos conforta - Rm 15.4
“Pois, tudo quanto outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
O Espírito Santo nos consola - Jo 14.16
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”.
Devemos consolar uns aos outros - 2Co 13.11
“Quanto ao mais irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.”.
O consolo a que esse versículo (Mt 5.4) se refere, não é somente o consolo final, é um consolo imediato, é um consolo trazido pelo Espírito Santo. No entanto, há também, o consolo definitivo, onde não haveremos mais de chorar, de nossos olhos serão enxugadas todas as lágrimas, não mais sentiremos dor, não mais pecaremos, viveremos plenamente santos com nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo. É isso que esperamos, é isso por isso que clamamos, maranata, ora vem Senhor Jesus!
Fim!