CRISE DA ESPERANÇA
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O tom poético de nossa liturgia de hoje se dá por conta do livro que estudaremos. Os Israelitas usavam poesia em assuntos importantes que queriam enfatizar e não poderiam esquecer. O Livro de Lamentações tem uma estrutura interessante, composto por cinco capítulos que são cinco poemas muito bem organizados. Cada capítulo tem 22 versículos, por causa do acróstico com as 22 letras do alfabeto hebraico. A exceção é o capítulo 3 que é formado por 66 versículos, pois tem uma letra a cada 3 versículos. Esses acrósticos são ainda recitados pelos judeus, com jejum e orações, para lembrarem todos os anos de um dos fatos mais marcantes em sua história; a destruição de Jerusalém ocorrida no ano 586 a.C. É o choro de Israel, registrado pelo profeta Jeremias neste fantástico livro. Logo no primeiro capítulo já vemos o drama vivido no tempo do exílio.
Judá foi levado ao exílio,
afligido e sob grande servidão;
habita entre as nações,
não acha descanso;
todos os seus perseguidores o apanharam
nas suas angústias.
Jeremias foi um dos profetas anunciou o castigo de Deus sobre Jerusalém. Ele estava vivo quando a profecia se cumpriu, e sentiu na pele a dor de ver os muros derrubados, casas e palácios queimados, e o pior, o templo incendiado, saqueado, e o povo, com exceção dos pobres, levado cativo para a Babilônia.
O capítulo 3 de Lamentações de Jeremias é o ponto alto do livro, em que Jeremias abriu seu coração mostrando toda densa névoa do pecado que tristemente obscureceu a relação do povo com o Senhor todo poderoso.
Os seus inimigos a dominam,
e para eles tudo vai bem.
É que o Senhor Deus fez Jerusalém sofrer
por causa dos muitos pecados dos seus moradores.
Os seus filhos foram presos pelos inimigos
e levados para longe da sua pátria.
Jerusalém brincou com o pecado e seguiu a rota da idolatria, apostasia, rebeldia, perdendo sua reputação, respeito, liberdade e alegria. O pecado faz o homem perder o respeito, a reputação, a liberdade, a alegria. Com o pecado não se brinca, pois suas consequências são terríveis, e a recompensa para os que trabalham no exercício dele é a morte (Rm 6.23).
O capítulo 3 de Lamentações vai nos mostrar o povo que tinha a Esperança de Israel como Seu guia, agora acuado, sem esperança, e sem saber se pode manter a esperança, pois constata que o poder por trás do massacre que o abateu não era do exército babilônio, mas sim do próprio Deus. Poderão manter a esperança de Salvação, ou isso já não é mais possível?
A CRISE DA ESPERANÇA
A crise da esperança aconteceu por causa do pecado, que levou ao povo consequências terríveis e claras neste capítulo, que veremos agora, verso a verso.
1 - A ira de Deus
Eu sou aquele que sabe o que é sofrer os golpes da ira de Deus.
A interpretação mais aceita sobre o locutor do 3º capítulo é que esse homem que sabe sofrer os golpes de Deus seja a Jerusalém personificada. É a Jerusalém sendo alvo dos golpes da ira de Deus por causa de seu pecado. Percebam que não fala dos golpes do exército babilônio, mas os golpes da ira de Deus. Isso mostra que nós não estamos sendo golpeados pela pandemia, mas pela ira de Deus por conta do pecado que tomou conta do nosso coração, País, mundo. O pecado atrai sobre o homem os golpes da ira de Deus. Os golpes da Babilônia queimaram casas, derrubaram muros, sangraram corpos, mas tudo se reconstruiu. Os golpes da pandemia deixarão seus rastros, mas vai passar. Os golpes da ira de Deus afetam a nossa alma, dizendo que se o pecado não for abandonado, a morte eterna será o fim do pecador. Romanos 1.18 diz
Do céu Deus revela a sua ira contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas más ações, não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus.
Contra toda maldade do homem a ira de Deus vem do céu. TODO PECADO é abominável. "Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus”, e não pode ser tolerado. Não existem níveis de pecado. Erramos pelos pecados cometidos, desejados, pela omissão, participando do pecado alheio. Não ande de mãos dadas com o pecado, ele atrai a ira de Deus, adoece o coração deixando-nos sem esperança.
Outra consequência do pecado nessa crise da esperança é
2 - Vida sem luz
Ele me levou para a escuridão
e me fez andar por caminhos sem luz.
Por causa do pecado de Seu povo, o próprio Deus levou-os a andar em um caminho sem luz. O pecado fez com que a Luz das nações, o provedor de Salvação, levasse o povo para a escuridão. Caminho sem luz é um caminho sem Deus, em que o pecador anda ziguezagueando, sem direção, exposto aos perigos das valas do erro, aos salteadores da consciência limpa e à agonia da culpa. Não é o que vemos em cada canto desta terra? Homens que desprezam a Deus em suas atitudes, caminham errantes, sem saber a direção.
Mas o caminho dos ímpios
é como densas trevas;
nem sequer sabem em que tropeçam.
O Deus que leva a ovelha dependente às águas de descanso, leva o pecador aos caminhos da escuridão, apagando a esperança. Quem sabe, em um ambiente assim, não reconhece que o pecado ilude e transforma os dias claros em noites sombrias. Não brinque com o pecado. Por causa dele o Senhor pode levar você para a escuridão e para caminhos sem luz, como fez com Jerusalém.
Outra consequência do pecado nessa crise da esperança é
3 - Peso da mão de Deus
Com a sua mão, me bateu muitas vezes,
o dia inteiro.
A mão de Deus afaga, sustenta, conduz, orienta, mas também castiga
Porém a mão do Senhor castigou duramente os de Asdode, e os assolou, e os feriu de tumores, tanto em Asdode como no seu território.
O pecado faz com que a mão do Senhor se volte contra o pecador, e o agir de Sua mão leva dor e abatimento. Davi também foi foi alvo disso por causa de seu pecado. Onde o pecado está presente, a mão do Senhor é um peso cruel.
Enquanto eu mantinha escondidos os meus pecados,
o meu corpo definhava de tanto gemer.
Pois dia e noite
a tua mão pesava sobre mim;
minhas forças foram-se esgotando
como em tempo de seca.
Enquanto não acontecer confissão e arrependimento, o peso da mão do Senhor estará sobre a vida do pecador. O texto que estamos estudando nos apresenta a mesma situação de Davi
Fez envelhecer a minha carne e a minha pele,
despedaçou os meus ossos.
O prazer pelo pecado levou Deus adoecer o físico daquele povo, fazendo enfermar sua esperança, e faz isso a nós também, se mantivermos o prazer pelo pecado. Nessa crise da esperança somos levados a uma terrível consequência do pecado
4 - Afastamento da paz e felicidade
Já não sei mais o que é paz
e esqueci o que é felicidade.
Uma das maiores riquezas que temos é a paz de Cristo
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
A paz de Cristo não é transitória como a do mundo. A paz de Cristo traz tranquilidade aos corações. A ausência dessa paz é um dos piores castigos para o homem. O pecado de Israel levou-os a não saberem o que é paz e felicidade. A ausência da paz de Cristo é uma porta aberta à desesperança e tristeza. Manuel Bandeira, grande poeta brasileiro, tem um poema chamado DESESPERANÇA, que mostra um viver sem paz e esperança. Em uma das estrofes ele diz:
“Minha respiração se faz como um gemido.
Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido”
A dor da falta de paz e esperança GERA UMA VIDA SEM SENTIDO. É onde levou o pecado ao povo de Israel.
A ira de Deus, a vida sem luz, o peso da mão de Deus e o afastamento da paz são consequências do pecado que, finalmente conduzem o pecador à
5 - Morte da esperança
Não tenho muito tempo de vida,
e a minha esperança no Senhor acabou.
Pronto! O pecado levou o povo ao setor financeiro, e efetuou o pagamento merecido: MORTE! O salário do pecado é a morte, e a crise da esperança chegou ao fim, da forma mais cruel possível, pois ela morreu. As ações pecaminosas daquele povo, os pecados desejados, a participação no pecado alheio, faltas ocultas, enfim, toda a prática desagradável a Deus, culminou com a morte da esperança do povo de Israel. Tudo isso acontece com quem vive na prática do pecado. Não brinquemos com ele. Pr Hernandes diz que O pecado vai levar você mais longe do que você quer ir....O pecado vai reter você mais tempo do que você quer ficar… O pecado vai lhe custar mais caro do que você quer pagar.
Acabou a esperança de Israel. Sobrou apenas o choro, o lamento, a dor. Será que esse não é o quadro de muitos de nós? Caminhamos a passos largos no caminho do pecado, pensando poder administrar nossa vida como bem achamos, até que Deus usa uma Babilônia, que nos leva para um cativeiro onde a ira de Deus, a vida sem luz, o peso de Sua mão, a falta da paz e felicidade e a morte da esperança nos colocam em nosso devido lugar. A lembrança da aflição e do pranto fazem a alma se abater.
Lembro-me da minha aflição
e do meu delírio,
da minha amargura e do meu pesar.
Lembro-me bem disso tudo,
e a minha alma desfalece dentro de mim.
Deus nos leva a esta CRISE DA ESPERANÇA, que é um incômodo gerado por Deus, para nos convencer do pecado, e da necessidade de arrependimento e perdão. As lembranças da desesperança estavam vivas em Jerusalém, mas uma decisão pode mudar todo o cenário.
Quero trazer à memória
o que me pode dar esperança.
Deus abateu Seu povo, fazendo que as mentes deles ficassem voltadas para as aflições geradas pelo pecado, mas quando trouxeram à memória o que poderia ressuscitar a esperança morta mudou tudo. E o que veio à memória?
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos,
porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã.
Grande é a tua fidelidade.
A crise da esperança se vai, quando trazemos à memória a certeza de que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã, e não têm fim. Ele abomina o pecado e por causa do pecado recebemos a ira de Deus, a escuridão, a falta da paz, o peso de Sua mão e a morte da esperança, porém, Ele nos ama e dia a dia renova Sua misericórdia, amor, bondade, fidelidade por nós. O poema dos judeus chega a um ponto em que Jerusalém sofre as consequências de seu pecado mas define o que esperar:
Digo a mim mesmo:
A minha porção é o Senhor;
portanto, nele porei a minha esperança.
O Senhor é bom para com aqueles
cuja esperança está nele,
para com aqueles que o buscam;
A crise da esperança se vai, pois a cidade pecadora foi disciplinada pelo Pai, e reconheceu que a esperança não morreu, pois a esperança de Israel é eterna, é o grande Deus, e Ele é bom para os que Nele esperam. Jerusalém aprende a aguardar a salvação do Senhor em um silêncio que reconhece o erro e assume as consequências.
é bom esperar tranqüilo
pela salvação do Senhor.
Jerusalém esperava uma salvação das garras do domínio Babilônio. O melhor de Deus para eles era voltarem do exílio, reconstruírem suas vidas. Mas Deus tem muito mais para o Seu povo do que a libertação de um reino terreno. Deus tem mais para nós do que estarmos livres da prisão de um vírus. O melhor de Deus pra nós, já veio. A salvação do Senhor pra nós é Jesus Cristo, que nos amou enquanto éramos pecadores.
De fato, quando não tínhamos força espiritual, Cristo morreu pelos maus, no tempo escolhido por Deus.
Largue a prática do pecado, que só te afasta de Deus e mata sua esperança. A Esperança de Israel é o Deus. Traga à sua memória o Deus que pode renovar sua esperança. Largue essa crise de esperança. Eterno Arrependa-se, confesse e deixe as práticas do pecado, e viva para Deus.