#9 - A Salvação vem do Senhor
Aprendendo com a Graça de Deus - Exposições em Jonas • Sermon • Submitted
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Jonas 2.8–10
Ao longo dos séculos, os cristãos têm discutido sobre a soberania de Deus na salvação. Em alguns períodos, aqueles que ressaltaram a graça soberana de Deus foram chamados de reformados. Eles extraíram sua doutrina dos escritos sagrados de apóstolos como Paulo, de profetas como Isaías e especialmente dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Ao mesmo tempo, houve aqueles que tentaram refutar a ideia da eleição divina na salvação. Alguns, como o monge herege Pelágio, rejeitaram a doutrina bíblica do pecado e negaram a necessidade da graça. Outros, incluindo defenderam e defendem uma doutrina racional do livre-arbítrio.
A história do profeta Jonas lança uma luz clara sobre a questão da soberania de Deus na salvação.
Nas interações de Deus com Jonas e na oração penitente do profeta, vemos não só a verdade geral segundo a qual a salvação pertence ao Senhor, mas, mais especificamente, que a salvação pertence ao Senhor em seu início, em seu poder e em sua conclusão bem-sucedida.
A fonte da salvação
A fonte da salvação
A pergunta referente à fonte da salvação é importante tanto para os indivíduos quanto para o ministério da igreja.
A salvação ocorre por causa daquilo que fazemos por Deus ou por causa daquilo que Deus faz por nós? Os pecadores vêm a Deus em busca da salvação ou é Deus que vem aos pecadores para salvar?
A resposta da Bíblia pode ser encontrada na oração de Jonas: “Ao Senhor pertence a salvação”, ou, como traduzem algumas versões: “A salvação é do Senhor” (Jn 2.9).
Vemos que Deus é a fonte da salvação primeiro em seu plano de salvação. Spurgeon escreve: “Nenhum intelecto humano e nenhuma inteligência criada ajudaram Deus no planejamento da salvação; ele elaborou o caminho que ele mesmo executou”.
Esta é a ênfase da Bíblia. O apóstolo Paulo nos conta que somos salvos “… predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).
O plano da salvação teve sua origem no conselho da vontade de Deus, segundo seu próprio propósito e pela sua predestinação. O plano da salvação é do Senhor. Quando refletimos sobre a mensagem do evangelho, vemos que precisa ser assim.
Pois quem além de Deus poderia elaborar uma maneira pela qual os pecadores culpados e corrompidos poderiam ser aprovados pela sua justiça implacável e aceitos em sua santa presença?
Donald Grey exulta:
“Apenas ele poderia ter encontrado a maneira para declarar santos e justificados os homens ímpios. Apenas ele poderia ter tomado os filhos caídos de Adão e lhes oferecido a possibilidade de assentar-se no trono do universo. Apenas ele poderia ter tomado aqueles amarrados à prostituição do pecado e tê-los transformado em noiva pura de Cristo”.
Por isso, nossa salvação serve para manifestar a glória da sabedoria de Deus e, especialmente, da sua graça.
Nada além de Deus o levou a elaborar o plano para a nossa salvação, e nenhuma influência além de seu próprio ser glorioso o levou a nos salvar.
Por essa razão, Paulo escreve que o plano soberano e eterno de Deus para a nossa salvação é “para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6).
Isso continua a ser verdade quando refletimos sobre a realização da salvação por Deus. Toda obra realizada para a nossa salvação é obra do Senhor. O evangelho cristão não consiste de instruções daquilo que poderíamos fazer para alcançar nossa própria salvação.
É, antes, a proclamação daquilo que Deus fez por nós. Vemos isso desde o início da vida de Jesus na terra. Quando os anjos anunciaram o nascimento da criança a uma virgem, eles não estavam pedindo à humanidade que se reunisse para uma grande iniciativa.
Em vez disso, proclamaram as boas-novas daquilo que Deus havia feito: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).
Deus enviou seu Filho para que ele nascesse sob a lei e assim cumprisse a lei para nós.
Deus então levou seu Filho para a cruz, para ali oferecer a sua vida como sacrifício e derramar seu sangue pelos nossos pecados. Depois, Deus ressuscitou o nosso Senhor Jesus do túmulo para que ele vencesse não só o pecado, mas a morte por nós.
Era o que precisava ser feito para que fôssemos salvos, pois o homem não podia fazer nada por conta própria para remediar o problema do pecado. O homem não pode pagar pelos pecados dos outros.
O homem não pode oferecer boas obras, pois todas as nossas obras são corrompidas pelo pecado que polui a essência do nosso ser.
Mas Deus fez por nós o que jamais poderíamos ter feito: a salvação pertence toda “ao Senhor”, em sua iniciação e sua realização.
Jonas fornece um exemplo perfeito de Deus como fonte da salvação. Quando vemos como o profeta volta seu coração para Deus e ora em fé renovada, perguntamos:
“O que Jonas fez para se salvar? O que Jonas contribuiu para a sua história?”.
A resposta é que Jonas contribuiu apenas com sua descrença, rebelião, tolice e pecado. Quando Jonas foi lançado nas ondas, não havia nada que ele pudesse fazer para sua própria salvação. Mas Deus decidira que Jonas seria salvo e, por isso, “Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas” (Jn 1.17).
Quando Jonas chega a Nínive para pregar a mensagem de advertência de Deus, ele o faz porque havia sido salvo pela graça soberana de Deus. Ao reconhecer essa iniciativa soberana em sua libertação, Jonas ora lá na barriga do peixe: “Ao Senhor pertence a salvação!”.
O poder da salvação
O poder da salvação
Algum observador atento poderia responder: “Sim, Jonas foi salvo porque Deus enviou o grande peixe. Mas Jonas mesmo assim precisava se voltar para o Senhor em fé. Afinal de contas, esse capítulo começa com Jonas nos dizendo: Clamei ao Senhor”.
Aqui estamos falando sobre a aplicação da salvação ao pecador individual. Vimos que o plano e a realização da salvação são iniciados por Deus.
E quanto à aplicação da salvação ao indivíduo?
Os arminianos se concentrarão especialmente neste ponto: “Sim, Deus ofereceu a salvação por sua própria iniciativa. Mas precisamos tomar a iniciativa para receber essa salvação para sermos salvos”. “Não é verdade”, eles argumentarão, “que, quando Deus deu a Jonas uma última chance enviando o grande peixe, Jonas respondeu a essa graça voltando seu coração para o Senhor?”.
O que Jonas teria a dizer em relação a isso?
Sabemos o que Jonas disse, e isso não se aplica apenas à oferta da salvação, mas também ao poder de aceitá-la: “Ao Senhor pertence a salvação!”.
Não poderíamos dizer que a salvação pertence completamente ao Senhor se exigisse que tomássemos a dianteira exercendo nossa vontade de acreditar no evangelho.
Em vez disso, teríamos que dizer: “Ao Senhor pertence a salvação em sua oferta, mas, em termos de sua aceitação, a salvação pertence à vontade do próprio pecador”.
No entanto não é isso que Jonas diz. Falando de toda a sua libertação, ele insiste: “Ao Senhor pertence a salvação”.
Quando entendemos o ensinamento da Bíblia sobre a condição do homem no pecado, vemos por que isso precisa ser assim.
Jesus disse: “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). Se isso é verdade, nossa vontade não tem a liberdade de se voltar para Deus; nossa natureza está amarrada pelas correntes da corrupção pecaminosa.
O apóstolo Paulo deixou isso claro quando escreveu: “… o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14).
O apóstolo ressalta não só que o pecador não regenerado não aceita a Palavra de Deus, mas que ele é incapaz de aceitá-la.
No segundo capítulo de Efésios, onde Paulo esboça a doutrina da salvação, ele começa descrevendo aqueles que não são salvos como “… mortos nos […] delitos e pecados” (Ef 2.1).
Portanto, se a salvação exige que o pecador obrigue sua própria vontade a aceitar o evangelho, e se a vontade do homem é escravizada pelo pecado, e o espírito do homem está morto para Deus, então é impossível que o homem seja salvo.
É por isso que o evangelho bíblico é uma notícia tão boa, pois como Jesus disse a Pedro: “Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus” (Lc 18.27). Por isso, mesmo na aceitação do evangelho, o poder de crer pertence ao Senhor e é concedido por ele.
Charles Spurgeon refletiu sobre nossa necessidade de receber o poder regenerador de Deus durante uma visita a Carisbrooke Castle na Ilha de Wight.
Foi ali que o rei Carlos I foi mantido preso antes de sua execução, após a guerra civil inglesa. Certa vez, foi organizada uma tentativa de fuga. Tudo havia sido preparado para a fuga de Carlos: seus seguidores o aguardavam do lado de fora dos muros, e barcos estavam prontos para levá-lo para a segurança. Tudo que o rei caído em desgraça precisava fazer era sair pela janela de seu quarto. Mas Carlos não conseguiu abrir a janela, e todos os esforços foram em vão. Spurgeon escreve:
O mesmo acontece com o pecador. Se Deus tivesse providenciado todos os meios de fuga e exigisse dele apenas que saísse de seu calabouço, ele teria permanecido ali por toda a eternidade. O pecador não está, por natureza, morto no pecado? […] E se Deus exigisse que o pecador – morto no pecado – tomasse o primeiro passo, ele teria exigido justamente aquilo que tornaria a salvação sob o evangelho tão impossível quanto era sob a lei, visto que o homem é tão incapaz de crer quanto é de obedecer, e não possui o poder de vir a Cristo assim como também não possui o poder de chegar ao céu sem Cristo. O poder precisa ser lhe dado pelo Espírito.
Este foi um ponto importante debatido durante a Reforma Protestante.
Os apologistas católicos argumentavam contra a salvação apenas pela graça recorrendo ao livre-arbítrio.
A grande resposta foi dada por Martinho Lutero: “Após a Queda, o livre-arbítrio existe apenas como conceito […], pois a vontade está presa e sujeita ao pecado. Não que não exista, mas ela não está livre a não ser para fazer o mal”.
Lutero mostrou que esse debate não era novo, citando Agostinho em seus conflitos anteriores com Pelágio e outros hereges: “O livre-arbítrio sem a graça tem o poder de fazer nada além de pecar […]. Vocês chamam o arbítrio de livre, mas na verdade é um arbítrio escravizado”.
Não somos salvos pelo livre-arbítrio, mas pelo poder de Deus que opera na alma por meio do chamado para o evangelho.
Jesus chamou: “Lázaro, vem para fora!” e o homem morto se levantou e saiu (Jo 11.43–44). Jesus se aproximou do publicano Levi e disse: “Segue-me”, e o publicano o seguiu como Mateus, o discípulo (Mt 9.9).
Semelhantemente, Cristo chama os pecadores hoje em poder soberano, por meio de seu evangelho, e quando o Espírito Santo dá o novo nascimento para a alma, o pecador crê e é salvo.
É por isso que o apóstolo Paulo descreveu até a fé como “dom de Deus” (Ef 2.8), e é por isso que Jonas clamou nas profundezas: “Ao Senhor pertence a salvação!”.
Não existe imagem melhor do homem morto no pecado do que Jonas no estômago do grande peixe. Isso não se aplica apenas à sua situação externa, mas especialmente ao estado interior de sua alma.
Jonas havia endurecido seu coração para a ordem de Deus, fugindo “da presença do Senhor” (Jn 1.3).
Sua vontade estava tão presa às amarras do pecado que, quando a tempestade furiosa de Deus estava esmagando seu navio, ele não se arrependeu e não voltou seu coração para Deus. “Tomai-me e lançai-me ao mar” (Jn 1.12) foi o único conselho que seu espírito amargurado conseguia oferecer.
Quando Jonas finalmente pensa em Deus na escuridão de sua experiência e consegue dizer: “Quando, dentro de mim, desfalecia a minha alma, eu me lembrei do Senhor”.
Como isso explica a mudança em seu coração? “Ao Senhor pertence a salvação!”, ele exclama.
Quando nos lembramos de que Jesus chamou sua própria morte de o sinal do profeta Jonas (Mt 12.39), entendemos como é importante essa declaração para o evangelho cristão como um todo.
Pois o poder que impulsionou a libertação e ressurreição de Jonas pertence “ao Senhor”. As palavras de Jonas quando ele tipificava Cristo são um lema para toda a obra salvífica de Cristo: “Ao Senhor pertence a salvação!”.
Não é o poder do homem que explica a salvação em qualquer momento, mas apenas o poder de Deus.
E assim como foi o poder de Deus que transformou o coração de Jonas na escuridão da barriga do peixe, é o poder de Deus que volta o coração do pecador de hoje para a fé à sombra da cruz.
A cruz de Cristo, assim como o grande peixe de Jonas, é um sinal para o mundo da graça soberana de Deus. “Ao Senhor pertence a salvação!”
A consumação da salvação
A consumação da salvação
No momento em que Jonas se voltou para o Senhor em arrependimento e fé, ele foi salvo. Vemos isso no fato de que Jonas nunca pede a Deus que o liberte de dentro do peixe. Em vez disso, ele agradece a Deus pela libertação que já recebeu: a libertação de sua tolice e de seu pecado.
Mas a salvação não estaria completa se ele permanecesse dentro do peixe. Semelhantemente, nossa salvação não estará completa enquanto não formos libertos dessa era má e escura para alcançarmos o céu em segurança.
A última pergunta que precisamos fazer, então, é quem garantirá que nossa salvação será completada?
Tendo sido salvos pela graça soberana, continuamos salvos pelos nossos próprios esforços ou pela mesma graça soberana de Deus?
Jonas fornece novamente um modelo, pois sua ressurreição do túmulo do peixe não foi resultado de seus próprios esforços.
Em sua conclusão bem-sucedida, assim como em sua iniciação e sua aplicação, ele regozija: “Ao Senhor pertence a salvação!”.
A confiança de Jonas em Deus foi ricamente recompensada; “falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou a Jonas na terra” (Jn 2.10).
Isso não significa que os cristãos são inativos em sua fé. Tendo sido salvos por uma fé que recebe – poderíamos chamá-la de fé passiva –, avançamos na salvação com uma fé que trabalha – ou seja, por uma fé ativa que persevera.
Além do mais, é absolutamente necessário que o cristão persevere na fé.
Aqueles que acham que podem descansar em uma experiência espiritual passageira de fé em Cristo, sem caminhar durante toda a vida na fé no Senhor, estão tragicamente equivocados.
Paulo afirma isso claramente: “agora, porém, vos reconciliou […], se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes” (Cl 1.22–23).
Por isso, o único fundamento firme da garantia da salvação é uma fé atual e ativa em Jesus Cristo.
No entanto, até mesmo isso pertence “ao Senhor”. O povo de Deus não persevera por força própria, mas na graça perseverante do Senhor.
A Bíblia ensina que a nossa perseverança é o resultado da graça contínua de Deus em nossa vida. Nossa salvação será concluída com sucesso porque Deus o Pai se recusa a abandonar seus filhos amados.
Paulo escreve: “… aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Pedro acrescenta que “… sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1Pe 1.5).
Nossa salvação é garantida também pelo nosso fiel Pastor, Jesus Cristo. Jesus disse:
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.27–28).
Por fim, nossa perseverança na fé é garantida pela presença do Espírito Santo em nossa vida. Paulo comenta:
“… depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1.13–14).
Martinho Lutero comenta: “É somente o Senhor que salva e abençoa: e mesmo que todos os maus se reunissem em um só contra um homem, mesmo assim, é o Senhor quem salva: salvação e bênção estão em suas mãos. O que, então, deveria eu temer?”. “Ao Senhor pertence a salvação.”
Diante dessas ricas verdades, da Fonte da Salvação, O seu poder, sua consumação.
Qual a resposta do Cristão?
A resposta do cristão à graça soberana
A resposta do cristão à graça soberana
Após refletirmos sobre a doutrina expressa na oração de Jonas, deveríamos concluir agora refletindo sobre a nossa reação à graça soberana de Deus.
Os versículos 8 e 9 servem como posfácio à oração de Jonas, resumindo a lição que ele aprendeu naquilo que Spurgeon chamou de “escola estranha” da “barriga do peixe”.
Em primeiro lugar, quando Jonas se volta para Deus em seu desespero, ele reconhece a vaidade dos ídolos do mundo e diz: “Os que se entregam à idolatria vã abandonam aquele que lhes é misericordioso” (Jn 2.8).
Na presença do Deus verdadeiro e soberano, os ídolos são desmascarados, e Jonas olha para eles com repulsa.
Essa é uma lição que os cristãos de hoje precisam aprender quando refletem sobre a soberania do único Deus verdadeiro. Peter Williams comenta:
A essência da idolatria […] é qualquer coisa que exige ocupar o lugar central na nossa vida e à qual oferecemos nossa lealdade e devoção que, por direito, pertencem exclusivamente a Deus […]. Para algumas pessoas, o dinheiro é seu deus, e a busca de metas materialistas domina suas vidas […]. Mas podemos transformar tudo em ídolos – esporte, sexo, drogas, política, carreira, e até mesmo o lar e a família. Tudo que expulsa Deus para a margem da nossa vida pode se tornar ídolo.
E qual é o resultado da adoração de ídolos? Williams diz:
“Eles se tornam ‘vaidades mentirosas’ inúteis e sempre decepcionarão o homem porque – por mais que ele tente manipulá-los para sua felicidade – a longo prazo eles sempre deixarão de cumprir o que prometem”. Assim funciona com a ideia do livre-arbítrio também.
Jonas havia se recusado por causa do pecado que o Senhor fosse Deus sobre sua vida, tomando as rédeas da sua vida em suas próprias mãos numa fuga rebelde para longe de Nínive, o lugar do chamado de Deus.
Como isso havia funcionado para Jonas?
Aqueles, porém, que se voltam para o Senhor como seu Deus recebem um “amor eterno”, que os salvará no fim.
Em segundo lugar, observe a mudança na atitude de Jonas em relação ao mundo perdido (Jn 2.8).
Jonas havia se revoltado contra a ordem de Deus porque odiou a ideia de pregar aos gentios pagãos. Mas agora ele os lamenta, sabendo que em sua idolatria abandonaram “aquele que lhes é misericordioso”.
O que nos levará a olhar para o mundo com uma visão nova e misericordiosa?
O exemplo de Jonas sugere que é a visão gloriosa da graça de Deus.
Percebemos que a nossa salvação pertence “ao Senhor” – fomos salvos pela misericórdia soberana, que nos acolheu em nosso estado escurecido do pecado.
Paulo nos lembra de que “… Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Desse ponto de vista, os piores pecadores mais ofensivamente descrentes – até aqueles que representam um grande perigo para nós mesmos – só podem ser vistos como pessoas em grande necessidade da mesma misericórdia pela qual nós fomos salvos.
Oraremos pelos perdidos, pregaremos a Palavra e testemunharemos o evangelho, sabendo que os pecadores, por meio de sua descrença, “abandonam aquele que lhes é misericordioso”.
Por fim, Jonas expressa a resposta de um coração novamente entregue a Deus: “… com a voz do agradecimento, eu te oferecerei sacrifício; o que votei pagarei” (Jn 2.9).
Este era o fim para o qual Deus em sua graça estava trabalhando. A salvação de Jonas produz o bom fruto da disposição de seguir o chamado de Deus em sua vida.
Seu ensinamento nas entranhas do peixe podia ser concluído agora que Jonas combinava a misericórdia pelos perdidos com uma vontade obediente à Palavra de Deus.
Assim o Senhor respondeu fazendo com que o peixe cuspisse o profeta de volta para o mundo.
Jonas não podia saber que suas palavras eram praticamente idênticas às palavras faladas pelos marinheiros convertidos após o jogarem no mar. Jonas 1.16 diz: “… ofereceram sacrifícios ao Senhor e fizeram votos”.
O fato de que os marinheiros gentios e o profeta judeu responderam à graça de Deus da mesma forma demonstra que isso deve ser uma reação universal de todos aqueles que são salvos.
Semelhantemente, os cristãos são salvos quando confiam no sangue expiatório de Cristo, e por meio do nosso batismo carregamos o nome de Deus em obediência à sua Palavra.
Você tem respondido assim à graça de Deus? Você entende que o Deus soberano do universo planejou e executou uma única maneira de salvação no sangue expiatório de seu único Filho?
Nenhum outro sacrifício pode remover a dívida do seu pecado e nenhuma outra salvação entrou nos conselhos da sabedoria de Deus.
Como resposta, oferecemos um sacrifício vivo de louvor pela dádiva de seu Filho como nosso Salvador.
Você entende também que, quando Deus o salva por meio de sua graça soberana, ele permanece soberano sobre sua vida?
Jonas confessou: “O que votei pagarei” (Jn 2.9).
Qual precisa ser o seu voto como cristão?
A resposta é que você precisa entrar numa aliança de fé com o Senhor, entregando o domínio sobre a sua vida ao controle soberano dele.
Jonas mostra que a soberania de Deus é mais do que uma doutrina a ser afirmada; é também um compromisso a ser mantido.
Talvez alguns de nós, como Jonas, precisem renovar seu compromisso com o Senhor.
Esse compromisso se expressará não só em nosso coração ou por meio de nossa boca, mas também por meio de nossas mãos:
“No final das contas, existe apenas uma única evidência de um relacionamento salvífico e pessoal com o Senhor – e esta é o cumprimento de seus mandamentos e compartilhamento por meio da pregação e testemunho, da sua soberana graça;”.
Pois se “ao Senhor pertence a salvação”, então aqueles que são salvos também pertencem a ele.