Mateus 4.12-25
Série expositiva no Evangelho de Mateus • Sermon • Submitted
0 ratings
· 43 viewsMateus conclui seu epílogo apresentando o Cristo como messias prometido, agora através da vocação dos discípulos e dos sinais que executa.
Notes
Transcript
“[...] Porque é chegado o Reino dos céus” (Mateus 3.2).
Pr. Paulo Rodrigues
Introdução
Como vimos no sermão anterior, Mateus apresenta Jesus Cristo como o nosso sumo sacerdote que se compadece de nossas dores e fraquezas tendo ele experimentado nossas dores e enfermidades, para que por meio disso, ele glorificasse o nome do Deus Triuno, promovendo o escape para nossas tentações, tendo por meio disso também confirmado que é o redentor e salvador do povo eleito de Deus.
Hoje, veremos outros aspectos trazido pelo autor deste evangelho, que corroboram o messiado de Cristo através da manifestação de outros sinais que apontam para essa realidade maravilhosa.
Elucidação
Como parte dos sinais que comprovam a identidade de Cristo Jesus como o verdadeiro Messias, enviado da parte de Deus para inaugurar seu reino entre o povo eleito, Mateus conclui essa primeira sessão do seu livro com um resumo das atividades que Cristo realizou após ter sido batizado e provado, dois aspectos que evidenciavam seu messiado. Dessa forma, o prólogo de Mateus tem esse teor: mostrar Cristo como o Rei prometido que cumpre as profecias do Antigo Testamento.
A trecho lido também faz parte do prólogo dessa primeira seção do evangelho de Mateus, o qual iniciou-se com a intenção de provar a identidade de Cristo como verdadeiro Messias e Filho de Deus, o responsável por inaugurar o Reino de Deus. Agora, Mateus trabalhará esse trecho de forma a concluir essa tese, resumindo a obra do SENHOR (cf. Mt 4.23-25). O trecho também pode ser subdivido em dois blocos complementares:
1º bloco - O cumprimento profético e os efeitos da chegada do Reino de Deus: a convocação do Messias à salvação: Versículos 12-22
2º bloco - O ministério kerigmático do Messias e seus efeitos: Versículos 23-25
Tomando essa perspectiva como norteador de nossa análise, os sinais que Cristo opera desde o início do seu reinado, são demonstrações de realidades muito superiores que apontam para o teor do reino que está se manifestando naquele momento, e que gradativamente alcança maior impacto na realidade física. Isso não quer dizer que o Reino de Deus em Jesus se expande em termos de domínio ou influência, pois o Deus Triuno reina desde a eternidade, mas, a cada demonstração de sinais (i. e. milagres), é revelada a progressividade do plano redentor desde sua proclamação no livro de Gênesis, até seu apogeu em Cristo (na primeira vinda), culminando na publicação física e cosmológica da consumação dos tempos (segunda vinda).
As duas outras sessões, enfatizam o caráter da oferta de salvação através de duas outras formas: a primeira é o chamado dos discípulos (versículos 18 a 22), e o resumo ou síntese final onde é demonstrado as várias obras de Cristo que cumprem os requisitos do ministério do Messias, conforme às Escrituras (versículos 23 a 25), por meio das curas, exorcismos e demais milagres.
Na seção introdutória (vs. 12-17), Mateus mais uma vez aponta para o cumprimento de uma profecia em Cristo Jesus. O texto citado por ele é o de Isaías 9.1-2. Naquele texto, que é parte de um conjunto de profecias que revelam o pecado e negligência do povo para com Deus, é prometido a salvação ou, como é próprio da literatura de Isaías, uma restauração, quando o povo que fora banido e escravizado pela invasão assíria, seria trazido de volta à terra e gozaria de novo de uma relacionamento com Deus.
A problemática que Isaías enfrentou foi a crise política entre nações palestinas, mais especificamente a tensão política entre Síria, Assíria e Israel, em 734 a. C. Naquele episódio, a Assíria preparava-se para invadir Judá, após já ter entrado em conflito com Israel. O cenário é de medo, pois, o SENHOR em juízo, levantou povos pagãos para castigar o povo por sua infidelidade, e a pergunta agora é se a pequena e indefesa Judá será totalmente destruída nas mãos dos inimigos.
Uma profecia que apresenta esperança é então proferida por Isaías para refrigério e confiança do povo.
A conclusão de Mateus é enfática: é através de Cristo que o reino davídico prometido por Isaías é cumprido, e a ameaça mais poderosa ao povo de Deus – o pecado – será neutralizada pelo seu ministério. O início da obra de Jesus naquele momento, demarca enfaticamente não somente a salvação do povo, mas também a vitória do Messias sobre todos os seus inimigos, podendo então inaugurar de uma vez por todas o Reino de Deus.
No capítulo 10.1-4, Mateus tratará mais acuradamente do chamado dos discípulo com o objetivo de serem aqueles que ouvirão os ensinamentos direto do próprio Cristo, para com isso serem preparados para lançar os fundamentos da igreja em todo Novo Testamento. Aqui, entretanto, ligado à tese que o autor tem elaborado, o chamado dos discípulo tem a ver com uma mensagem direcionada pelo Messias aos homens trazendo-os ao Reino de Deus e com isso, à salvação. A vocação à Cristo é a marca através da qual Mateus está demonstrando que a redenção prometida desde o Antigo Testamento está se cumprindo. A ênfase no chamado irresistível de Jesus operado pelo poder do Espírito que atrai os homens de maneira totalmente divina é descrita pelo autor através das expressões que se repetem por duas vezes nos dois encontros de Cristo com aqueles a quem ele chamou: “E imediatamente, deixando a rede, eles o seguiram” (v. 20); “E imediatamente, tendo deixado o barco e o seu pai, eles o seguiram” (v. 22).
Seguindo nessa intenção, os milagres de Jesus, representam seu poder sobre o pecado e sobre os espíritos demoníacos: toda e qualquer oposição ao reino de Deus será completamente desbaratada.
Cristo Jesus é aquele que vem pregar, chamar e libertar o homem, para que volte ao seu Reino, donde fora banido. É através do ministério de Cristo, que encontramos a implantação do Reino dos céus no mundo. Analisando os milagres de Cristo como sinal de seu messiado, Lewis Chafer declara:
[Referindo-se] aos milagres operados por Cristo, pode ser asseverado que eles foram pretendidos, para manter sua alegação de ser Jeová, o Messias de Israel, e para dar uma atestação divina aos seus ensinos. Os milagres operados por Cristo foram basicamente, senão, totalmente, um aspecto vital de seu ministério no reino.
J. C. Ryle, também comenta o trecho destacado, afirmando o caráter de confirmação messiânica usado por Mateus:
[...] Qual é o caráter desses milagres? Eles foram alicerçados na misericórdia e na bondade. Nosso Senhor “percorria [...] toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo”. Esses milagres tiveram o propósito de nos ensinar quão poderoso é nosso Senhor. Aquele que era capaz de curar enfermos com um simples toque de mão e expelir demônios com uma palavra também é poderoso para “salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25). Sim, ele é o Todo-Poderoso. Esses milagres têm, igualmente, a finalidade de servir de símbolos ou emblemas da habilidade de nosso Senhor como médico espiritual.
A ênfase é clara: Mateus demonstra a última assertiva desse bloco do seu escrito afirmando que Cristo Jesus está inaugurando o reino de Deus, pois ele chama à salvação e liberta os homens de suas mazelas e enfermidade.
Transição
A promoção do Reino dos céus em Cristo é evidente, com base nos sinais que apontam para a propriedade de Jesus Cristo como o Messias prometido. Mas ainda é necessário que atentemos para como essa realidade exposta por Mateus se enquadra às nossas vidas.
Aplicações
1. Cristo é aquele que nos chamou à salvação e ao reino.
Assim como foi na vida dos discípulos, nós também estávamos nas trevas, nas regiões da sombra da morte (v. 15-16). Estávamos perdidos em nossas vidas, preocupados com nossos afazeres particulares, estando cegos, alheio a terrível e assombrosa realidade que pairava sobre nós sem que nos déssemos conta, pois éramos condenados por conta de nosso pecados e transgressões a sofrermos todo o descarregar da ira de Deus.
Mas graças a Deus por Cristo Jesus, que pelo poder do Espírito Santo, nos chamou poderosa e irresistivelmente, e graças a Deus que é assim, irmãos, pois deixados à nossa própria vontade, jamais quereríamos a Cristo. Muitos militam arduamente em contra a doutrina da vocação eficaz e da graça irresistível, pensando que assim estão fazendo justiça a Deus, pois alegam que o Deus Triuno não fere a vontade de ninguém, nem nos obriga a nada. Porém isso é uma caricatura baseada na vontade livre do homem e em sua suposta capacidade de ir à Cristo por seu próprio desejo. Ledo engano! Nossa vontade era corrompida pela rebelião contra Deus, de sorte que, como disse, nunca iríamos para Cristo, se ele graciosamente não nos tivesse liberto do poder influenciador do pecado. Realmente Deus não nos obriga; ele põe em nós um novo coração, e assim como os discípulos no momento do chamado, largamos tudo, e seguimos a ele, porque nada mais nesse mundo importa... Só Cristo.
2. Cristo é aquele que nos liberta e cura das enfermidades do pecado.
Assim como fora dito por Mateus, Cristo é aquele que nos cura das doenças e enfermidades do pecado. É necessário que seja dito isso. A cura que Cristo oferece é a da alma, curando-nos do poder do pecado, nos salvando da condenação eterna. Essa cura era demonstrada no período do ministério de Cristo através curas exteriores: os cegos enxergavam, os coxos e paralíticos andavam, os atormentados de espírito eram libertos, tudo isso, tendo em vista que a salvação havia chegado em Jesus. Muitos hoje pervertem o conceito de “cura” promovendo a venda de fórmulas mágicas diabólicas, que enfatizam a cura do corpo, mas não se importam com o problema da alma.
É possível que na nossa vida, sejamos acometidos por diversos problemas de saúde, e muitas vezes esses problemas podem nos acometer de tal forma, que até mesmo nosso coração e nossa alma sofrem, porém, irmãos, devemos nos lembrar que em Cristo, temos a cura da maior e mais grave doença que poderia nos sobrevir: o pecado e a morte eterna. Assim como curou grandes multidões (v. 25), o Messias de Deus, o Rei dos reis, o Redentor dos povos, curou nossas mazelas, dando-nos vida eterna, e a esperança de que, ainda que venhamos a sentir as dores de estar vivendo num mundo caído, e por ter resquícios do pecado ainda em nós, pouco a pouco, pelo seu poder, Cristo Jesus pelo seu Espírito nos está curando e transformando à sua imagem, para que desfrutemos da perfeição e prazer do reino dos céus.
Conclusão
Cristo Jesus é o Rei prometido, aquele que chama da morte à vida; das trevas á luz, da prisão do pecado à liberdade do reino dos céus. Jesus é o nosso Redentor, que nos cura das enfermidades e mazelas do pecado. Tudo isso ele faz, porque é aquele que inaugurou e em breve publicará o Reino de Deus no meio do seu povo.