A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO
Parábolas de Jesus • Sermon • Submitted
0 ratings
· 362 viewsNotes
Transcript
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
A parábola do fariseu e do publicano é uma das poucas parábolas que é narrada apenas por Lucas. Ela está em sintonia com a parábola anterior - a parábola do juiz iníquo.
Nesta parábola, o objetivo de Jesus é ensinar os seus ouvintes sobre a importância da perseverança em oração. Seguindo a mesma temática da oração, Jesus agora irá ensinar os seus ouvintes, que eram “alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros”, muito provavelmente eram os fariseus (Lc 16.14,15) sobre a importância da humildade na oração.
Em tempos onde o antropocentrismo e o legalismo têm fincado raízes nos cultos, nada melhor que aprendermos sobre a humildade e a graça.
Por estarmos acostumados com esta parábola, não temos a real noção do quão espantosa ela foi aos seus ouvintes. Talvez fosse melhor trocar as personagens, o fariseu pelo ativo professor de EBD e o publicano por um terrível traficante.
Nesta parábola, vamos falar sobre dois homens, duas orações e duas respostas.
I: DOIS HOMENS (10)
I: DOIS HOMENS (10)
Nova Almeida Atualizada Capítulo 18
10— Dois homens foram ao templo para orar: um era fariseu e o outro era publicano.
O fariseu (10)
Os fariseus eram membros de um partido judeu que exercia piedade estrita de acordo com a lei mosaica.
A origem da palavra “fariseu” vem do aramaico e significa “separar”. Greenspoon afirma que a seita surgiu dos hassidim, um grupo de separatistas estritamente devotos conhecidos como "justos" ou "piedosos".
O publicano (10)
Os publicanos eram cobradores de impostos para o governo romano.
Muitos eram judeus.
Os publicanos judeus eram odiados pelo seu povo. Eram vistos como traidores da pátria. Portanto, o pior entre os piores pecadores.
Aplicação
Não importa como as pessoas te olham, e sim como Deus te enxerga.
Jesus não deu a sua vida pelos bons e sim pelos maus.
Deus não observa a oração daqueles que pensam ser alguma coisa, mas daqueles que se consideram nada.
II: DUAS ORAÇÕES (11-13)
II: DUAS ORAÇÕES (11-13)
Nova Almeida Atualizada Capítulo 18
11O fariseu ficou em pé e orava de si para si mesmo, desta forma: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano. 12Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que ganho.” 13O publicano, estando em pé, longe, nem mesmo ousava levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: “Ó Deus, tem pena de mim, que sou pecador!”
A oração arrogante (11,12)
Percebemos aqui quatro características na oração deste fariseu:
Era uma oração dirigida a si mesmo (11)
A oração farisaica não é dirigida a Deus, senão a si mesmo. Ele orou “de si para si mesmo”. Na verdade, nem oração era.
O fariseu, com toda a pompa, ergueu-se e orou, porém para si mesmo. Aquele homem procurou ser visto por todos, mas não foi visto por Deus. Ele procurou o aplauso de todos, mas não encontrou o sorriso de Deus.
A aparência do homem é passageira, não te deve importar ser visto pelos outros, e sim receber o olhar de Deus.
Era uma oração antropocêntrica (11,12)
A oração deste homem tinha como principal palavra o pronome “Eu”. Ele agradece a Deus dizendo “[EU] não sou como os demais homens […] [EU] jejuo, [EU] dou o dízimo”. Portanto, era uma oração antropocêntrica.
Desde há muito tempo que o antropocentrismo tem tomado lugar no mundo, em especial nos templos. Pseudos pregadores e pseudos pastores não cansam de colocar o eu no centro das mensagens. Esta ideologia constitui a pior das idolatrias, a idolatria do eu.
Era uma oração orgulhosa (11)
O fariseu se achava superior aos demais homens. Ele, inclusive os classifica como ladrões, injustos e adúlteros e, claro, o pior deles, o publicano. Como diria o reverendo Hernandes Dias Lopes, este homem cantou “Grandioso és tu” diante do espelho.
William Barclay, acertadamente, diz que “o fariseu não foi orar; foi apenas informar a Deus acerca do grande homem que ele era”.
Perceba a contradição nas palavras deste fariseu. Ele diz que:
Não é um ladrão, porém, em sua oração rouba a glória de Deus.
Não é injusto, mas comente a injustiça de achar-se melhor que os outros.
Não adúltero, mas trai a Deus com sua religião de venerar a si mesmo.
Orações orgulhosas não são ouvidas por Deus. A Bíblia diz que Deus Deus “resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6). O seu orgulho pode ganhar o louvor dos homens, mas jamais chamará a atenção de Deus.
Era uma oração legalista (12)
O fariseu era extremamente zeloso pela lei. Mas isso não é só. Ele não se contentava em cumprir a lei quanto também a ultrapassá-la.
Ele diz: Jejuo duas vezes por semana. Muitos judeus zelosos jejuavam às segunda-feiras e às quinta-feiras, no entanto a lei ordena apenas um jejum anual de 24h no dia da Expiação (Lv 16.29-30).
Alem disso, o fariseu dava o dízimo de tudo quanto ganhava. A lei exigia um dízimo das primícias de todos os rebanhos, bem como dos grãos, vinho e azeite (Dt 14.22-23). A interpretação rabínica estendeu o dízimo a nível de legumes, vegetais e ervas (Mt 23.23).
Jesus não estava reprovando a prática de jejuns e dízimos, e, de forma alguma, o zelo pela lei. O que Jesus estava reprovando é o legalismo religioso que faz o homem pensar que merece o aplauso divino.
Orações do tipo legalista não passam do teto.
A oração humilde (13)
Se por um lado, vemos quatro características na oração do fariseu, por outro vemos também quatro características na oração do publicano.
Era uma oração de quem se achava indigno
A atitude do publicano revela que ele se achava indigno diante de Deus.
Em primeiro lugar, ele ficou de “longe”. Ele não quis aproximar-se, talvez para mais próximo do santuário, antes, pelo contrário, ficou distante.
Em segundo lugar, ele nem mesmo ousava levantar os olhos para o céu, porque achava-se pecador demais para isso.
Achar-se indigno é o primeiro passo para achegar-se diante de Deus.
Era uma oração regada de arrependimento
Considerando-se indigno de estar diante de Deus, o publicano batia no peito. Bater no peito é um sinal de lamento. Aqui o sentido é de arrependimento.
Toda oração deve ser regada de arrependimento.
Era uma oração de humildade
A simples oração do publicano consistia em dizer: “Ó Deus, tem pena de mim, que sou pecador!”. O grego aqui é importante, pois antes do adjetivo “pecador” existe um artigo definido. Literalmente está escrito “o pecador”.
Enquanto o fariseu achava-se superior aos demais homens, o melhor entre eles, o publicano, ao contrário, via-se como o pior, o inferior, o pecador. Nisso ele se assemelha a Paulo (1Tm 1.15).
Cada um, ao orar, não deve ter como parâmetro a sua retidão em relação aos demais, pelo contrário, que cada um veja a sua podridão e assim alcançará o favor de Deus.
Era uma súplica por misericórdia
Por fim, o publicano clama por misericórdia. A versão corrigida diz: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”.
Clamar por misericórdia é clamar por socorro. A misericórdia é quando Deus não dá aquilo que merecemos, como o inferno, por exemplo.
Clamar por misericórdia é seguir por um caminho diferente ao que em nossos tempos temos acostumado. Temos pedido por bênçãos materiais, porém, seria-nos mais proveitoso rogar pela misericórdia de Deus.
III: DOIS RESULTADOS (14)
III: DOIS RESULTADOS (14)
Nova Almeida Atualizada Capítulo 18
14Digo a vocês que este desceu justificado para a sua casa, e não aquele. Porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
A oração de ambas as personagens da parábola de Jesus têm resultados diferentes.
Em primeiro lugar, vamos analisar o resultado da oração do publicano.
Jesus ensina aos seus ouvintes que o publicano foi aquele que voltou para a sua casa justificado.
A justificação aqui é vista de uma perspectiva forense. O que Jesus está ensinando é que aquele homem foi absolvido.
Portanto, o pecador da parábola, isto é, o publicano voltou para o seu lar perdoado.
O “justo” culpado
Por fim, analisemos o resultado da oração do fariseu.
Se por um lado o pecador publicano voltou para o seu lar perdoado, o fariseu, tido por justo aos olhos da sociedade, voltou para a sua casa da mesma maneira como chegou ao templo - condenado.
Certamente o fariseu voltou para o seu lar aprovado por ele mesmo, mas à vista de Deus, o fariseu continuou culpado.
Aplicação
Ao concluir a parábola Jesus dá o seu grande ensinamento: “o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado”.
O perdão dos pecados só pode ser dado por aquele que sofreu o dano, isto é, por Deus. Não adianta colocarmos as nossa aparente justiça diante de Deus porque para ele isso não cola. Podemos continuar vivendo uma vida legalista, mostrando-se importante aos outros sem, contudo, recebermos o perdão sincero do Pai. A forma como nos achegamos a Deus será determinante para o resultado de quando saímos diante de sua presença.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Por fim, com quem você se identificou na parábola? Você é do tipo religioso demais, santo demais, justo demais? Ou é do tipo imerecedor e pecador?
Lembre-se a forma como você se apresenta diante de Deus determinará o resultado de como você sairá diante dele.