Jesus perante Pilatos

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O julgamento civil do Filho de Deus revela a natureza injusta de sua morte redentora, causada pela rebelião dos judeus e pela má compreensão de suas alegações de realeza e domínio por parte de Pilatos (18.27–19.16). Pinto, C. O. C. (2014). Foco & Desenvolvimento no Novo Testamento. (J. C. Martinez, Org.) (2a Edição revisada e atualizada, p. 176). São Paulo: Hagnos.

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Jesus perante Pilatos

João 18.28–19.16 RAStr
28 Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa.29 Então, Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis contra este homem?30 Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.31 Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém;32 para que se cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por que havia de morrer. 33 Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?34 Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito?35 Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste?36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.37 Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.38 Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum.39 É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?40 Então, gritaram todos, novamente: Não este, mas Barrabás! Ora, Barrabás era salteador. 1 Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo.2 Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura.3 Chegavam-se a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.4 Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum.5 Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem!6 Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.7 Responderam-lhe os judeus Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus.8 Pilatos ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou,9 e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.10 Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?11 Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. 12 A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!13 Ouvindo Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, no hebraico Gabatá.14 E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei.15 Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César!16 Então, Pilatos o entregou para ser crucificado.
No livro, O Conde de Monte Cristo, Edmund Dante é traído pelo seu amigo Mondego e enviado para Chateu Dif onde fica preso por anos. Ele foi enviado para lá pelo oficial de justiça, Villefort, quando este soube que a carta que Edmund trouxera de Elba, por pedido de Napoleão, era para seu pai. O envio de Edmund para Chateu Dif tinha como objetivo calá-lo e evitar que a traição de seu pai fosse descoberta.
Jesus era um incomodo que também precisava ser silenciado. Precisava ser morto.
Jesus deixa o tribunal religioso e é levado para o pretório romano para ser julgado no tribunal político. Segundo Stott, "Roma tinha uma reputação de justiça em seus tribunais mundialmente reconhecida". É nesse tribunal que Jesus é julgado perante Pôncio Pilatos.
Olhemos para essa passagem observando as acusações dos judeus, o veredicto de Pilatos e a serenidade de Jesus.
As acusações dos judeus
Quando chegaram diante de Pilatos esse lhes perguntou: "Que acusação trazeis contra este homem". Eles responderam: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos". Em outras palavras, cala a boca, e faz logo o que queremos.
Acusaram Jesus de malfeitor (Jo 18.30)
Acusaram Jesus de insubordinação (Lc 23.2)
Acusaram Jesus de agitador do povo (Lc 23.5,14)
Acusaram Jesus de blasfêmia (Jo 19.7)
Acusaram Jesus de sedição (Jo 19.12) - Colocaram Jesus contra o Estado, contra Roma e contra César.
O veredicto de Pilatos
Pilatos era governador da região de Cesaréia e isso significava que ele era o representante romano em toda essa região. Ele deveria: recolher os impostos, preservar a administração romana e manter o povo em ordem, não permitindo que eles se rebelassem contra a autoridade romana.
Seu cargo não era tão importante, mas na posição de governador romano nessa região ele tinha a expectativa de que, conseguindo fazer seu serviço a contento de modo que fosse apreciado pelo Imperador, em alguns anos poderia vir a ser senador em Roma.
Seu relacionamento com os judeus não era muito bom.
Querendo mostrar a autoridade romana sobre os judeus, Pilatos, preparou alguns estandartes, que tinham a figura do Imperador e mandou para Jerusalém. Os judeus não suportaram essa atitude. Um grupo enfurecido de judeus saiu de Jerusalém, foi até Cesaréia, cercaram o palácio de Pilatos e durante cinco dias ficaram gritando terrivelmente contra ele, contra Roma e o Imperador. No sexto dia, sem agüentar mais aquela gritaria, Pilatos os recebeu. Eles exigiram que os estandartes com a imagem do Imperador de Jerusalém fossem retirados. Eles disseram que se ele não tirarasse aquilo de Jerusalém, poderia fazer o que quisesse - rasgando suas vestes - poderia até cortar seus pescoços, mas não sairiam daquele lugar. Sem escolha, Pilatos mandou retirar os estandartes.
Outra situação foi quando construiu um aqueduto para eles. O aqueduto trazia água de fora de Jerusalém. Reduziu muito o trabalho dos judeus. Pilatos pensou que como estava promovendo um benefício para eles que eles deveriam participar de alguma forma da obra. Por isso, mandeu alguns homens pegarem algumas coisas do templo, para pagar parte da obra. Eles não dixaram isso barato! Começaram a protestar tremendamente! Faziam piquetes e gritaria o tempo inteiro. Pilatos mandou alguns soldados disfarçados se meterem no meio deles e na confusão instalada, descer a paulada neles. Por fim, fizeram um protesto a Roma e, para sorte de Pilatos, o protesto caiu na mão do homem responsável por ele estar aqui.
Esse homem era Cejanus, que ocupava a posição de auxiliar do Imperador Tibério. Embora fosse apenas auxiliar, é bem verdade que ele fazia tudo no Império. Tibério tinha se estabelecido como aposentado. Foi para a ilha de Capri e vivia sua vida sem nenhuma responsabilidade sobre o Império. Cejanus comandava tudo!
Algum tempo depois, aproximadamente dois anos antes do julgamento de Jesus por Pilatos, Tibério soube que havia uma conspiração em Roma que o derrubaria para fazer de Cejanus o Imperador. Naquela ocasião, Cejanus, teve seu pescoço cortado.
Desde então, Tibério reassumiu o poder e o controle do Império. Ele mantinha, todas as pessoas que tinham algum relacionamento com Cejanus como pessoas suspeitas. Pilatos tinha constante vigia sobre ele. Tibério estava atento ao menor sinal de revolta que pudesse haver dos antigos amigos de Cejanus.
Para tentar mostra lealdade a Tibério, Pilatos mandei fazer uns estandartes, uns grandes cartazes, em que estava escrito: Em honra ao divino Tibério. Mesmo tendo colocado os estandartes em Cesaréia, os judeus protestaram perante Roma, ao ponto do próprio Tibério escreve à Pilatos: "Tira aqueles escudos para baixo. Pare de atormentar esses judeus. Mantenha as tradições deles. Honre os seus costumes sempre que puder".
Se tinha uma coisa que Pilatos não queria, era contrariar os judeus e perder o título de "amigo de César".
Para não cair no desagrado dos judeus, Pilatos já havia liberado um destacamento romano para prender Jesus, juntamente com a guarda do Templo no Getsêmani.
Pilatos ouviu a acusação (Jo 18.29; Lc 23.1-2,5
Piltos percebeu a motivação (Mt 27.18;
Pilatos chegou a uma conclusão (Jo 18.38; Jo 19.6; Lc 23.14-15, 22; Mt 27.19, 24)
Pilatos tentou escapar da decisão (Jo 18.31; 19.6; Lc 23.6)
Tentou transferir a responsabilidade para outrem - Herodes..
Tentou fazer a coisa certa (soltar Jesus) com a motivação errada (por causa do costume da Páscoa), libertando Jesus como um ato de clemência e não de justiça.
Tentou satisfazer a multidão com medidas paliativas, açoitando Jesus em vez de crucificá-lo.
Tentou persuadir a multidão da sua integridade (ao lavar as mãos publicamente) ainda que a contradissesse (ao enviar Jesus para a cruz).
Pilatos chegou a tomar sua decisão (Lc 23.16,22)
Pilatos se acovardou diante da multidão (Jo 19.12 ; Lc 23.23-25; Mc 15.15)
Pilatos é o típico homem que vive dividido entre a justiça e a conveniência. Ele sabia que Jesus era inocente, e disse repetidas vezes, mas temia as consequências caso não cedesse à mutidão. Ele desejou soltar Jesus (Lc 23.20), mas também queria agradar à multidão (Mc 15.15). Ele percebeu que não conseguiria suprir os dois desejos.
Por que Pilatos foi tão fraco, um covarde moral? Stott diz que ele preferiu ser amigo de César do que de Deus (Jo 19.12). Ele teve que escolher entre dois reis e para sua vergonha eterna, ele fez a escolha errada. Escolheu ser amigo de César e inimigo de toda razão e justiça. Seu nome foi imortalizado na cláusula do credo que declara que Jesus "padeceu sob Pôncio Pilatos".
Concordo com Charles Erdman quando ele diz que, nesse tribunal civil, como sucedera no eclesiástico, os acusadores de Cristo, e não este, é que são realmente julgados; não é o preso, e sim o juiz, que por fim é condenado. Dias Lopes, Hernandes. João (Comentários expositivos Hagnos) (p. 460). Editora Hagnos. Edição do Kindle.
A serenidade de Jesus
A Palavra da Verdade não dá bola para as mentiras que lhes são atribuídas (Jo 18.30)
A Palavra da Verdade já sbia o que lhe iria acontecer (Jo 18.32)
A Palavra da Verdade revela a verdade a Pilatos (Jo 18.33-37)
Jesus fala sobre o seu reino
Já e ainda não (Jo 18.36)
Jesus fala sobre a sua missão
Jesus fala sobre quem são os que dão ouvidos ao seu testemunho.
A Palavra da Verdade se cala diante de um homem comprometido com a mentira (Jo 19.9)
A Palavra da Verdade reconhece a soberania de Deus sobre as autoridades humanas e o curso da história (Jo 19.10-11)
Conclusão:
Quem matou Jesus? Quem foi responsável por sua morte? Os cristãos são acusados de antissemitismo ao fixar a culpa nos judeus, mas os evangelhos abrangem o assunto. Eles deixam claro que Judas, os sacerdotes, Pilatos, a multidão e os soldados, todos desempenharam um papel significativo no drama. Judas foi movido pela cobiça; os sacerdotes, pela inveja; Pilatos, pelo medo; a multidão, pela histeria; e os soldados, pela obrigação insensível. Reconhecemos a mesma mistura de pecados em nós mesmos.
O mesmo verbo grego é usado em cada etapa. Judas ENTREGOU Jesus aos sacerdotes. Estes o ENTREGARAM a Pilatos, que o ENTREGOU à vontade da multidão, que, por sua vez, o ENTREGOU para que fosse crucificado.
Mas esse é apenas o lado humano da história. jesus insistiu que a sua morte era um ato voluntário de sua parte, de modo que ele mesmo se entregou a ela: "Ninguém a tira (minha vida) de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade" (Jo 10.18). Em Gálatas 2.20 também diz que "o filho de Deus… me amou e se entregou por mim".
Existe uma passagem em que os aspectos divinos e humanos da morte de Jesus são considerados juntos. Pedro pregou: "Este homem lhes foi entregue por pro'psito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz" (At 2.23). Neste texto a morte de Jesus é atribuída de igual modo ao propósito de Deus e à perversidade dos homens. Não se faz tentativa alguma de equacionar o paradoxo. Ambas as declarações são verdadeiras. (Texto extraído do devocionário do John Stott).
Edmund Dante, saiu de Chateu Diff e "herdou" a riqueza de Espada tornando-se o homem mais rico de sua época. Também viu a queda dos seus inimigos e terminou nos braços do seu amor, Mercedes, ao lado de seu filho, Alberto.
Jesus foi entregue para ser crucificado, morreu, mas ressuscitou e desfruta da glória preparada por Deus.
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