O cristão e a profissão
O cristão deve ter uma relação séria com trabalho, pois ele é um meio de servir ao Reino de Deus.
A doutrina da vocação
Todos os cristãos são chamados a serem sacerdotes – e podem exercer essa vocação no mundo cotidiano. A ideia de “vocação” foi, portanto, fundamentalmente redefinida: não era mais sobre ser chamado a servir a Deus deixando o mundo; agora era sobre servir a Deus dentro do mundo cotidiano.
Sagrado e Secular
Quando oramos “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”, diz Lutero, Deus responde “não de forma direta, como quando deu maná aos israelitas, mas através do trabalho de fazendeiros e padeiros”. Eles são as “máscaras” de Deus. Ele escreve: “Deus, que derrama sua generosidade sobre o justo e injusto, o crente e descrente igualmente, se esconde nas funções sociais ordinárias e posições da vida, até as mais humildes. O próprio Deus está tirando leite da vaca através da vocação do ordenhador”
Daqui também brotará insigne consolação, ou seja, desde que obedeças à tua vocação, nenhuma obra haverá de ser tão desprezível e vil que diante de Deus não resplandeça e seja tida por valiosíssima.
CAP
Deus chama seu povo, não apenas à fé, mas a expressar essa fé em áreas bem definidas da vida. Essa ideia de uma “dupla vocação” expressa a visão de que se é chamado, em primeiro lugar, a ser um cristão e, em segundo lugar, a viver essa fé em uma esfera bem definida de atividade no mundo. Lutero afirma esse ponto sucintamente, ao comentar sobre Gênesis 13.13: “O que parecem ser obras seculares na verdade são louvores a Deus e representam uma obediência que muito o agrada”. Não há limites para essa noção de chamado. Lutero exalta até mesmo o valor religioso do trabalho doméstico, declarando que, embora “não haja aparência óbvia de santidade, essas mesmas tarefas domésticas devem ser mais valorizadas que todas as obras de monges e freiras”. William Tyndale, seguidor inglês de Lutero, comenta que, embora “lavar pratos e pregar a palavra de Deus” representem claramente diferentes atividades humanas, não há diferença essencial entre elas “quanto a agradar a Deus”.