Diz o insensato de coração: Não há Deus - Salmo 14
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Introdução
Introdução
1 Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.
2 Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.
3 Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
4 Acaso, não entendem todos os obreiros da iniquidade, que devoram o meu povo, como quem come pão, que não invocam o Senhor?
5 Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a linhagem do justo.
6 Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o seu refúgio.
7 Tomara de Sião viesse já a salvação de Israel! Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo, então, exultará Jacó, e Israel se alegrará.
A muitos anos percebemos que muitos menosprezam a Deus, o salmista descreve o perverso menosprezo a Deus em que quase todo o povo havia caído. Para deixar impresso e com mais peso esse anima a si e aos demais com a esperança de um remédio, o qual ele mesmo se assegura de que Deus logo providenciará, embora, no ínterim, ele gema e sinta profunda angústia ante a desordem que completa.
Os Salmos 14 e 53, embora não sejam exatamente idênticos, se assemelham tanto que um é basicamente uma réplica do outro. As principais diferenças estão no uso dos nomes divinos (Sl 14 usa Senhor [yhwh] quatro vezes; Sl 53, consistentemente, usa Deus, ’elohim), ligeiras diferenças verbais nos versículos iniciais, e mais diferenças maiores nos versículos finais (14.5,6 = 53.5). Mais provavelmente, o Salmo 14 seja a primeira versão, mas a importância de seu ensino teria sido reconhecida e veio a ser uma versão alternativa usada no culto. Finalmente, ambas as formas foram incorporadas no presente Saltério.
O estilo do salmo se aproxima mais dos Salmos 1 e 2, ou da literatura sapiencial, especialmente ilustrada pelo Livro de Provérbios. O Salmo 14 não se preocupa com o ateísmo intelectual. Ateu é uma palavra que vem do grego, o prefixo “a” siginifica “não” ou “negação de” e “theós” que significa “Deus”. Neste sentido Atheós ou ateu é aquele que nega a existência de Deus.
Seu enfoque é antes a pessoa que é atéia prática, visto que ela renunciou sua aliança, o Deus da aliança. O Novo Testamento realça mais plenamente do que o Antigo Testamento a sabedoria última do Deus que se encontra em Jesus Cristo (1Co 1.23–25).
1. Descrição do Insensato (vs. 1–3)
1. Descrição do Insensato (vs. 1–3)
O termo hebraico para tolo ou louco (nabal) realçava os que tinham renunciado seu compromisso com o Deus pactual e, conseqüentemente, entre si (v. 1). Foi usado, por exemplo, para a nação em Isaías 9.13–17.
O tolo carece da sabedoria que é o princípio do temor do Senhor. Ele não apenas diz, vive como se “Deus não existisse”. A segunda parte do versículo 1 claramente mostra o caráter normal desse gênero de tolo. Suas ações são corruptas e uma abominação ao Senhor. Não fazem o que é bom. A referência pode ser mais do que apenas à bondade geral. Mais especificamente, pode indicar um fracasso em seguir os compromissos pactuais.
Aqueles que não crêem em Deus ou até mesmo aos falsos cristãos que negam a existência de Deis em suas vidas, vivem como se o Deus, Senhor dos senhores não existisse. Eles vivem um cristianismo sem Cristo, uma religião sem Deus, porque vivem conforme os desejos de seu coração.
O cristão consulta a Deus quanto a sua vontade, o incredulo consulto o desejo de sua alto satisfação, não busca sua palavra. Um ateu prático não tem Deus como parte de seus pensamentos.
O ateu é néscio, porque ignora a evidência de que Deus exite, o ímpio se recusa a viver de acordo com a verdade divina. Neste sentido o néscio é alguém agressivamente perverso em suas ações. A bíblia nos ensina que desafiar a Deus é uma atitude completamente tola, confiar em si e não confiar em Deus é uma atitude que somente os tolos cometem.
Não existe perfeição em meio aos homens, ninguém é perfeito, somente Deus é perfeito, não comete erros. Todos nós somos culpados diante dEle e necessitamos de seu perdão. Não importa o nosso desempenho ou o quanto alcançamos em comparação ao outro, nenhum de nós pode gabar-se de sua bondade se esta for submetida aos padrões de Deus. Somente Cristo é perfeito, não pecou, tudo o que Cristo fez, o fez de forma perfeita.
Uma descrição antropomórfica (em termos de característicos humanos) das ações de Deus é dada para enfatizar como ele visualiza a todos (vs. 2,3). Ele contempla aqueles que “entendem”. O termo hebraico se põe em contraste com o “tolo” do versículo 1, e constitui um sinônimo para “sábio”, “de discernimento espiritual”.
Outra expressão para o piedoso é usada no final do versículo 2. Eles “buscam a Deus”, isto é, se aproximam da face de Deus em oração. O veredicto divino é dado no versículo 3. O ímpio, longe de buscar a Deus, se desvia e se torna corrupto. As palavras, “não há quem faça o bem”, constituem uma reiteração do versículo 1, com a adição do enfático “nem sequer um”. Paulo emprega palavras destes versículos 2 e 3 para dar confirmação adicional à sua afirmação de que ninguém é justo diante de Deus (Rm 3.10–12).
2. A Opressão dos Justos (vs. 4–6)
2. A Opressão dos Justos (vs. 4–6)
Torna-se claro que nem todos se desviaram do Senhor, porquanto há aqueles a quem ele pode chamar “meu povo” (v. 4). Eles constituem os objetos da opressão por parte dos “tolos”; ou, como são chamados aqui, “malfeitores”. Seu problema é que não têm discernimento espiritual e, conseqüentemente, “não invocam ao Senhor”. Esta última frase pode ser usada no Antigo Testamento no sentido de proclamar o Senhor (cf. o que Deus mesmo faz por Moisés, Êx 33.19), mas também significa, como aqui, usar o nome de Deus em oração (Gn 4.26).
Os versículos 5 e 6 são de difícil interpretação. Em ambos há um contraste entre os malfeitores, na primeira parte do versículo, e os justos, na segunda parte. Ali não parece haver qualquer conexão direta entre as outras duas sentenças senão contraste direto. Os malfeitores vivem com medo, como resultado de sua loucura, e oprimem os pobres. Em contrapartida, os justos têm Deus em seu meio, em sua assembléia. Têm também a certeza de que, enquanto estão sendo oprimidos, o Senhor é seu refúgio.
3. Oração por Livramento (v. 7)
3. Oração por Livramento (v. 7)
O salmista aspira pela vindoura salvação do Senhor. Evidentemente, o salmo data do tempo em que Sião era o centro religioso (i.e., depois de Davi trazer a arca para ali). As palavras “restaurar a sorte” não precisam ser uma referência ao regresso vindouro do exílio. Antes, a frase hebraica (lit., restaures o cativeiro) pode ser tomada num sentido geral como que falando de uma mudança real nas circunstâncias do povo. A salvação viria do Senhor. Cada ação salvífica de Deus no Antigo Testamento era um precursor da salvação muito mais plena que Jesus traria. Não surpreende que o salmo termine com uma nota de alegria, pois a salvação fornece um cântico ao povo de Deus. Quando a redenção final se consumar, uma grande multidão cantará: “A salvação pertence ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro” (Ap 7.10).