Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? - Salmo 15

Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 238 views
Notes
Transcript

Introdução - v. 1

Salmo 15 RA
Salmo de Davi 1 Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? 2 O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; 3 o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; 4 o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura com dano próprio e não se retrata; 5 o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.
O cristão tem Cristo como seu único Senhor e salvador, sabe que Ele nos amou te tal maneira que entrega sua vida para dar-nos vida. O cristão não é cristão somente nos domingos ou em encontros religiosos, mas é cristão em todo tempo. Neste sentido o cristão se dedico em aprender a palavra do Senhor, estudando, meditando, buscando com intensidade, ter vida que agrada ao Senhor.
O monte santo representa o nível alto dos ensinamentos cristãos, e o salmista contempla a majestade e a santidade da igreja com olhos espirituais. O salmo décimo quinto instrui os verdadeiros cidadãos do reino de Deus.
Davi é um exímio professor aqui, ensina que os cristãos são ordenados a seguir vidas santas e a pureza da igreja. Não devemos considerar as pessoas segundo as aparências externas e sociais, mas observar para discernir aqueles que amam a Palavra de Deus e não fazem mal ao próximo.
Provavelmente Davi escreveu essa canção quando levou a arca da aliança para Jerusalém, com a intenção de espalhar para o povo inteiro o que deveria fazer se desejasse continuar sendo protegido pelo Senhor e desfrutando de sua misericórdia o tempo todo.
Davi sendo um exímio professor apresenta uma lição que mostra quais são as verdadeiras boas obras. Todo aquele que pretende ser um membro verdadeiro da igreja de Deus e no final fazer parte da pátria celestial, deve se empenhar bastante para realizar essas boas obras.
Como tenho sempre enfatizado, voltarei a repetir, o Cristão não faz boas obras esperando salvação, o fato dele ser salvo a prática das boas obras é um fator primordial, demonstra que ele foi chamado por Cristo, isso quer dizer, fomos chamados para as boas obras.
Davi não fala aqui sobre o primeiro motivo e a base para nossa salvação, a saber, é a misericórdia divina, pela qual nos tornamos participantes pela fé em Cristo Jesus, sua fala é sobre os frutos da fé, que devem ser produzidos por todos os que se dizem cristãos, tementes ao Senhor.
Estamos lendo hoje um salmo de doutrina, que nos ajuda a entender a lei de forma correta, os frutos do Espírito e da fé, constitui em obras sinceras e boas. Precisamos caminhar diante de Deus com fé sincera e atos sinceros em relação ao próximo e evitar o caráter maligno dos ímpios e sua hipocrisia, que servem a Deus com obras tolas e negligenciam obras sincera.
Esse salmo não fala do perdão dos pecados ou como se torna justo diante de Deus, mas da nova obediência e da boa consciência, sobre as quais Paulo também fala em 1 Timóteo 1.18b-19a, quando declara:
“Combate o bom combate, mantendo a fé e boa consciência”.
O apóstolo Paulo escreve sua carta a Tito no 2.11-14:
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”.
O Salmo 15 nos ensina em que condição Deus escolheu os judeus para serem seu povo e colocou seu santuário no meio deles. Essa condição consistia em que eles se mostrassem ser um povo santo e peculiar, primando por uma vida justa e íntegra.
Muitos tem se apropriado falsamente do nome de Deus, tentando fazer parte do povo do Senhor, a maioria dos homens se permite fazer isso sem qualquer preocupação pelo perigo envolvido, Davi, sem deixar de falar aos homens, dirige-se a Deus, o que ele considera ser o melhor rumo a tomar. Insinua que, se os homens lançam mão do título, povo de Deus, sem o ser de fato e de verdade.
Aquele que se engana nada lucra, apenas está enganando a si próprios, pois Deus continua sempre imutável, visto ser Ele fiel a si próprio, portanto, O Senhor exige que sejamos fiéis a Ele, como nossa resposta. Ele adotou a Abraão graciosamente, ordenou que sua vida seria santa e íntegra, e essa é a regra geral do pacto que Deus. Desde o princípio, isso foi estabelecido com sua Igreja.
Podemos resumir essa introdução na seguinte frase, os hipócritas, ou seja, aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, demonstrando qualidades ou sentimentos que não possui, que ocupam um espaço no templo de Deus, inutilmente pretendem ser seu povo. Deus não reconhece a ninguém como tal, senão aqueles que seguem após a justiça e a retidão, ou seja, virtude de seguir sem desvios, olhando para a direção indicada pelo sendo de justiça, pela equidade, em conformidade com a razão, com o dever. Ao longo de todo o curso de sua vida. Davi viu o templo repleto, coberto de uma grande multidão de homens que haviam feito todos a profissão de uma mesma religião, apresentando-se diante de Deus através de um cerimonial externo. Neste sentido estavam assumindo a pessoa de alguém que se extasia ante um espetáculo.
Para responder a pergunta do nosso sermão, a saber, “Quem, Senhor, habitará no teu tabersáculo?”, olharemos para o texto e encontraremos, quem são esses.

1. Aquele que anda em integridade - v. 2-4

Salmo 15.2–4 (RA)
2 O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade;
3 o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho;
4 o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura com dano próprio e não se retrata;
É preciso observar aqui que há nas palavras um contraste implícito entre a vanglória, ou seja, o que vive dos seus próprios méritos, na vaidade, bazófia, em uma vaidade exacerbada e infundada, na presunção, ou seja, aqueles que são o povo de Deus apenas nominalmente, ou que apenas fazem vã profissão de uma fé fictícia, a qual consiste de costume externo, e aquela indubitável e genuína comprovação da verdadeira piedade que Deus recomenda.
Talvez alguem pergunte:
Visto que o serviço de Deus tem precedência em relação aos deveres da caridade para com nosso próximo, por que não se faz menção aqui da fé e da oração?
Essa pergunta surge na certeza que essas são as marcas pelas quais os genuínos, filhos de Deus, devem ser distinguidos dos hipócritas.
A resposta encontra nos escritos de Davi é simples, ele não pretendia excluir a fé e a oração, bem como outros sacrifícios espirituais, visto, que os hipócritas, a fim de promoverem seus interesses pessoais, não deixam de demonstrar seus feitos, querem que todos observem o que ele faz, demonstrando sua falsa piedade, ou seja, apenas mostranto externamente o que não vive internamete. Esses homem usam uma mascara, o hipócrita vive como um artista que sabe ao palco. As pessoas olham o personagem sendo apresentado, não conhecendo seu viver verdadeiro. Esses homens colocam uma mascara no domingo, e a retiram na segunda, se apresentam de uma forma na igreja, mas vivem algo completamente diferente no seu trabalho. Essa manifestação externamente no viver, se enchem de orgulho, crueldade, violência e se entregam à fraude e encorajamento para proceguirem com suas falsa piedade em público.
Aquele que popssui o real temor de Deus, tem o cuidado de tomar na prática da justiça e eqüidade em relação a seu próximo, assim ela mostra que realmente possui o temor de Deus. Ele não o faz para que os outros vejam como um trofel de sua equidade, mas olhando para o Senhor, visando agradar ao coração de Deus, sem esperar recompensa por tal atitude.
Davi descreve os servos aprovados de Deus como que distinguidos e conhecidos pelos frutos de justiça que produzem. Conforme o segundo versículo encontramos três verdades:
A primeiro verdade, Ele requer sinceridade:
Que os homens se conduzam em todos os seus afazeres com singeleza de coração e destituídos de angariar para si vantagens ou artifícios pecaminosos.
A segundo verdade, Ele requer retidão:
Equivale dizer que devem esforçar-se por fazer o bem a seu próximo, a ninguém prejudicar e abster-se de todo e qualquer mal.
A terceiro verade, Ele requer veracidade em sua conversação:
O cristão não deve falar qualquer falsidade ou duplicidade, de coração falar a verdade é uma forte expressão figurativa, mas ela expressa agudamente a intenção de Davi mais do que se ele dissesse de seu coração. Ela denota a concordância e harmonia entre o coração e a língua, visto que a linguagem é, por assim dizer, uma vívida representação da afeição oculta ou sentimento interior.
Habitará no tabernáculo do Senhor Aquele que não difama com sua língua, nem faz mal a seu companheiro, nem suscita notícias caluniosas contra seu próximo. Davi, depois de ter sucintamente exibido as virtudes que devem adornar aos que desejam um lugar na Igreja, agora enumera certos vícios dos quais devem estar isentos.
Davi como um exímio professor, coloca três pontos importantes para aqueles que foram escolhidos pelo Senhor, que almeja com sinceridade entrar no tabernáculo para habitar por toda a eternidade.
Primeiro verdade:
Não devemos ser difamadores ou caluniadores.
Segundo verade:
Não devemos fazer alguma coisa prejudicial e injuriosa ao próximo.
Terceiro verdade:
Não devemos contribuir com a divulgação de calúnias e falsas notícias.
Davi coloca a calúnia e difamação como o primeiro item da injustiça pelas quais nosso próximo é injuriado. Se um bom nome é um tesouro, mais precioso que todas as riquezas do mundo conforme o livro de Provérbios 22.1, não há maior injúria que alguém poderia sofrer do que ver ferida sua reputação. A doutrina que ensina que os filhos de Deus devem manter-se afastados quanto possível de toda injustiça é declarada de forma muito geral:
Nem faz mal a seu companheiro.
Pelas palavras, companheiro e próximo, o salmista quer dizer não só aqueles com quem desfrutamos de relacionamento familiar e vivemos em termos de íntima amizade, mas todos os homens a quem estamos ligados por laços de humanidade e natureza comum. Ele emprega esses termos para mostrar mais claramente a odiosidade do que Ele condena, e para que os santos nutram a mais intensa repugnância de toda e qualquer conduta negativa, visto que cada pessoa que fere seu próximo viola a lei fundamental da sociedade humana.
Com respeito ao significado da última cláusula, os eruditos e intérpretes não chegaram a um consenso. Alguns tomam a frase, suscita notícias caluniosas, por inventar, porque as pessoas maliciosas suscitam calúnias do nada; e assim ela não passa de uma repetição da afirmação contida na primeira cláusula do versículo, ou seja, que as pessoas boas não devem permitir que elas cedam à difamação. Mas creio estar também aqui repreendido o vício da credulidade desmedida, a qual, quando alguma má notícia é divulgada contra nosso próximo, nos leva ou a avidamente dar-lhe crédito, ou pelo menos a recebemos sem razão plausível. Enquanto deveríamos, ao contrário, usar de todos os meios para eliminá-la e destruí-la sob nossos pés. Quando alguém é o condutor de falsidades inventadas, os que as rejeitam as lançam, por assim dizer, no chão; enquanto que, ao contrário, os que as propagam e as publicam, de um ouvido a outro, através de uma forma expressiva de linguagem, levam a fama de suscitá-las.
Nem se deve considerar como sendo um rude ou violento modo de se expressar, ao chamar Davi vis e perversas as pessoas réprobas, ainda que sejam colocadas numa condição privilegiada e honrosa. Se (como afirma Cícero em seu livro intitulado Haruspicum Responsis) os inspetores das entranhas dos sacrifícios, e outros adivinhos pagãos, aplicavam aos elementos indignos e desprezíveis o termo, rejeitado, embora excedessem em dignidade e riquezas, por que não seria permitido a um profeta de Deus aplicar o título de párias desgraçados a todos quantos são rejeitados por Deus? O significado do salmista, para expressá-lo em poucas palavras, é que os filhos de Deus espontaneamente julgam os próprios feitos dos homens, e com o propósito de obter o favor humano não se inclinam para as vis bajulações para com isso encorajar os perversos em sua perversidade.

2. O que não empresta seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente.

Salmo 15.5 RA
5 o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.
Neste versículo Davi prescreve aos santos a não oprimirem seu próximo com usura, a saber, usura é juro, contrato de empréstimo com clausula de pagamentos de juros por parte do devedor. nem a forçá-lo a aceitar suborno em favor de causas injustas. Davi parece condenar todo e qualquer gênero de usura, em geral e sem exceção, o próprio nome tem sido por toda parte detestado. Os homens astutos, porém, têm inventado nomes ilusórios sob os quais ocultam os vícios, acreditando que escaparam com tais artifícios.
Não há pior espécie de usura do que aquele modo injusto de fazer barganhas, quando a eqüidade é desrespeitada de ambos os lados. Lembremo-nos, pois, de que toda e qualquer barganha em que uma parte injustamente se empenha por angariar lucro pelo prejuízo da outra parte, é aqui condenada. É raríssimo encontrar no mundo um usurário que não seja ao mesmo tempo um extorquidor e viciado ao lucro ilícito e desonroso. Deus, em Levítico 25.35-36, proibiu a usura, adicionando o motivo:
“Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado, e lhe enfraquecerem as mãos, sustentá-lo-ás; como estrangeiro e peregrino viverá contigo. Não tomarás dele juros, nem ganho, mas temerás a teu Deus, para que teu irmão viva contigo.”
Vemos que o propósito pelo qual a lei foi elaborada consistia em que os homens não oprimissem cruelmente os pobres, os quais devem, antes, receber simpatia e compaixão. Essa foi, na verdade, uma parte da lei judicial que Deus destinara aos judeus em particular, ela é um princípio comum de justiça que se estende a todas as nações e a todas as épocas, para que sejamos guardados de despojar e devorar os pobres que estão em aflição e necessidade.
A palavra hebraica, נשך (neshek), a qual Davi emprega aqui, derivando-se de outra palavra que significa morder, revela suficientemente que a usura é condenada até onde ela envolve ou leva o agiota à liberdade de roubar e despojar nossos semelhantes.
Aliás, Ezequiel 18.17 e Ezequiel 22.12 parece condenar o tirar alguém algum proveito no empréstimo de dinheiro, mas indubitavelmente ele tem um olho nas artes injustas e capciosas do lucro fácil, por meio das quais os ricos devoravam os pobres. Em suma, uma vez que tenhamos gravada em nossos corações a regra de eqüidade que Cristo prescreve em Mateus 7.12:
“Portanto, tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também o mesmo”
O que se segue no texto aplica-se propriamente aos juízes que, sendo corrompidos por presentes e recompensas, pervertem toda a lei e a justiça. Não obstante, pode estender-se ainda mais, visto que às vezes sucede que mesmo pessoas individualmente são corrompidas pelos subornos a fim de defenderem e promoverem causas iníquas.
Davi, portanto, compreende em geral todas aquelas corrupções pelas quais somos desviados da verdade e eqüidade. Há quem pense que o que aqui é tencionado é a capacidade dos juízes de extorquirem dinheiro dos inocentes que são acusados, como prêmio de seu livramento, quando deveriam, ao contrário, protegê-los e assisti-los gratuitamente.

Conclusão - Aquele que pratica essas coisas

Neste salmo Davi nos adverte uma vez mais que todos quantos se introduzem no santuário de Deus são cidadãos permanentes da santa Jerusalém que é lá de cima, mas que os hipócritas e todos quantos falsamente se apropriam do título santos, finalmente serão ‘expulsos’ com Ismael a quem tanto se assemelham. O que no Salmo 46 se atribui a toda a Igreja, aqui Davi aplica a cada um dos fiéis: não será abalado para sempre. Sabemos que ele se põe longe dos pérfidos e dos perversos, os quais se aproximam somente com sua boca e com lábios fingidos.

Aplicação

Há uma tríplice aplicação desta doutrina.
1. Se realmente desejamos ser considerados como parte do rol dos filhos de Deus, o Espírito Santo nos ensina que devemos provar o que de fato somos através de uma vida santa e íntegra, pois, não basta servir a Deus através de cerimônias externas, a menos que também vivamos com retidão e sem fazer dano a nosso próximo.
2. Já que repetidas vezes vemos a Igreja de Deus desfigurar-se com variadas impurezas, para evitar que tropecemos no que aparenta ser por demais ofensivo, faz-se uma distinção entre aqueles que são cidadãos permanentes da Igreja e os estranhos que penetram em seu seio por algum tempo. Essa é indubitavelmente uma advertência em extremo necessário, para que, quando o templo de Deus vier a ser maculado por muitas impurezas, não nos deixemos desanimar demasiadamente por tais desgostos e opressões.
3. O sagrado celeiro de Deus não estará perfeitamente purificado antes do último dia, quando Cristo, em sua vinda, lançará fora a palha. Ele já começou a fazer isso através da doutrina de seu evangelho. Não devemos de forma alguma ser indiferentes acerca desse assunto. Devemos antes mostrar-nos absolutamente sérios, para que todos nós que professamos ser cristãos possamos levar uma vida santa e imaculada.
Related Media
See more
Related Sermons
See more