Eu sou o terceiro

Ser e Pertencer  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Hoje em dia muito tem se falado sobre amor próprio, onde a falta de amor próprio seja um dos grandes problemas da atualidade. Mas ao mesmo tempo olhamos a nossa volta e vemos o homem cada vez mais egoísta, vivendo para si e buscando o seu próprio interesse e vivendo só para si. O discurso motivacional, da autoajuda fruto de teorias contemporâneas que não necessariamente tem concordância com a vontade de Deus revelada em sua própria Palavra tem norteado a vida de muita gente. O pior, influenciado algumas pregações que vemos por aí. Quantas vezes você já ouviu uma distorção do que Jesus disse sobre amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo, falando que eu preciso me amar primeiro para que eu consiga amar o proximo? Jesus não estava nesse momento estimulando o amor própiro, pelo contrário, ele partia da realidade que o amor próprio já é algo natural ao homem, e o excesso de amor próprio na verdade é a razão de tantos problemas na sociedade. Ele está falando sobre a ética Cristã que é norteada pelo amor ao outro. Se eu for tentar me amar primeiro para depois eu amar o outro sabe o que vai acontecer? Eu nunca vou amar ninguém, porque eu vou achar que o meu amor por mim nunca é suficiente, porque a raiz do pecado que habita em nós é a idolatria e nós somos narcisistas por natureza (Sou escravo do consumo, desse amor por mim, eu sou escravo sem saber que sou assim).
Paulo trata esse problema com a igreja de Corinto, onde a liberdade indivudual dos membros daquela igreja estava afetando a coletividade.
1Coríntios 10.14–22 NAA
14 Portanto, meus amados, fujam da idolatria. 15 Falo como a pessoas sábias; julguem vocês mesmos o que digo. 16 Não é fato que o cálice da bênção que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo? E não é fato que o pão que partimos é a comunhão do corpo de Cristo? 17 Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. 18 Considerem o Israel segundo a carne. Não é verdade que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes do altar? 19 O que quero dizer com isto? Que o que é sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? 20 Não! Digo que as coisas que eles sacrificam são sacrificadas a demônios e não a Deus; e eu não quero que vocês estejam em comunhão com os demônios. 21 Vocês não podem beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podem ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. 22 Ou provocaremos ciúmes no Senhor? Somos, por acaso, mais fortes do que ele?
Paulo faz uma primeira dvertência:

1. Fujam da Idolatria

Idolatria é um assunto recorrente em toda bíblia, e na epistola de 1 Coríntios também. Como vimos nas últimas semanas os membros daquela igreja estavam abusando da liberdade cristã frequentando festividades pagãs para se alimentar da boa carne que era servida nesses rituais. Quem frequentava os rituais não eram os imaturos na fé que estavam vivendo em uma espécie de sincretismo religiosos, mas os maduros da fé, que por entenderem que aqueles rituais não tinham poder nenhum diante da graça de Deus iam lá somente para se alimentar.
Por isso Paulo faz um paralelo entre estar a mesa dos ritais pagãos e estar sentado a mesa do Senhor (Ceia do Senhor). Mas porque isso?
Nós não somos salvos porque participamos da Cia do Senhor, mas porque somos salvos participamos da ceia. A Ceia do Senhor não salva, mas ela é para os salvos. Ela de fato é um momento de fortalecimento do cristão comunitariamente (corpo de Cristo), há de alguma forma uma graça conferida no ato de confissão e pelo o que ela aponta para nós, mas os elementos em si não transferem algum tipo de poder para quem se alimenta, somos fortalecidos pelo o que a Ceia representa para o cristão parte do corpo de Cristo.
Paulo faz esse paralelo para falar que apesar da carne também por si só não conferir uma bênção, e também apesar do cristão que estava ali não estava cultuando ao deus pagão (estava apenas comendo), o escandalo poderia ocorrer pelo o que sgnificava estar ali. O apelo de Paulo é relacionado a conciência de quem vê, independente da intenção do Cristão que estava naquele templo pagão.
O que Paulo está falando é: Não permitam que seu entendimento cristão - que os libertou da escravisão às imagens que agora vocês reconheceram como nada além de madeira, pedra ou metal - seja usado como desculpa para ignorar a realidade espiritual que estrá por trás deles. Se vocês não vêm tal contexto, por quais falsos deuses se sentem tentados? Sobre o que vocês falam? O que lhes interessa? O que os anima? A sua resposta é o que vocês adoram . Fujam da idolatria, diz Paulo.
1Coríntios 10.23–24 NAA
23 “Todas as coisas são lícitas”, mas nem todas convêm; “todas as coisas são lícitas”, mas nem todas edificam. 24 Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de seu próximo.

2. Busque o bem dos outros

Esse é o segundo imperativo desse texto, a segunda instrução de Paulo. Lembra o que falei sobre amor próprio no início? Veja como esse assunto está relacionado à idolatria. Paulo está instruindo a igreja sobre o bem que temos que fazer pelos outros. Embora comer carne oferecida a ídolos fosse permitido, como afirmavam os coríntios, não era necessariamente algo que trouxesse benefício. Na verdade, poderia ser algo destrutivo. Paulo havia mencionado anteriormente que há momentos que o crente pode ser prejudicado pelo exercício da sua liberdade. O que vemos não é um exemplo de destruição da liberdade - Paulo acabou de defendê-la novamente - mas um exemplo de liberdade sendo guiada pelo amor. O que vemos Deus falando é que o Cristão guia o seu comportamento pelo que é bom para os outros. Devemos entender que o amor ao próximo deve determinar nossas ações. Isso significa amar o os outros como Cristo nos amou, como Deus manda. Como Jesus nos amou? Se amando primeiro ou nos amando primeiro, se o amor próprio fosse prioridade para depois Cristo nos amar, Ele nunca teria morrido na cruz por nós quando ainda éramos seus inimigos.
Esse ensinamento era difícil para os corintios, porque comer carne sacrificada a ídolos em festas cívicas, em templos luxuosos e em eventos públicos era uma grande vantagem social em Corinto. A principal preocupação do cristão deve ser com o benefício dos outros, e não o proveito próprio. Quando concluímos em nossa mente que algo por si só não está errado, ou seja, que temos a liberdade para fazê-lo, ainda assim devemos responder a pergunta sobre a ação estar certa ou errada em uma circunstância específica ou determinado tempo. Então, de que modo você está buscando o bem dos outros? Como você alterou seus planos - grandes ou pequenos - para fazer o que era melhor para os outros?
Esse tema é importante a ser considerado em nossas igrejas, em todos os seus aspectos, desde como planejamos nossos cultos públicos até como damos o dízimo. A igreja local é um ótimo contexto para servir aos outros (não é o único local, mas essencial para o cristão - não crentes servem a família, mas servir ao povo de Deus só a igreja pode). Devemos trabalhar para ajudar uns aos outros a derrotar nosso impulso consumista de sermos servidos pela igreja e, em vez disso, trabalhar para nos ajudar mutuamente em amor. Queremos ser uma igreja marcada oela busca do bem uns dos outros.
1Coríntios 10.25–27 NAA
25 Comam de tudo o que se vende no mercado, sem questionamento algum por motivo de consciência. 26 Porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. 27 Se alguém que não é crente convidá-los para comer, e vocês quiserem ir, comam de tudo o que for posto diante de vocês, sem questionamento algum por motivo de consciência.

3. Reconheça a sua liberdade

Para abrir mão de algo, precisamos entender que a temos. Essa é a terceira instrução de Paulo, probir é diferente de abir mão. Quando proibimos algo que Deus não proíbe nos tornamos legalistas, mas quando reconhecemos limites dentro da liberdade cristã e abrimos mão pelo bem do próximo, estamos sendo cristãos. Mas não é possível abrir mão de algo sem antes reconhermos que temos. Infelizmente o caminho da proibição é o mais fácil, mas o caminho bíblico do discipulado não é esse, fazer isso é se tornar um mero legalista.
As leis alimentares, que fazem parte de tantas religiões, não estão presentes no cristianismo, um fato que representa bem o evangelho de Jesus Cristo como sendo para todos, em todos os lugares, em todas as culturas. Em nossas igrejas, queremos ensinar a liberdade cristã em tais assuntos, pois ensinar sobre liberdade protege claramente o evangelho. Não há lugares para os pequenos legalismos que permitimos se instalarem e se apegar ao evangelho livre, e eles não devem ter lugar em nossa vida em comunidade. Não queremos proibir o que a Escritura permite. Em vez disso, queremos encorajar o uso responsavel e alegre da criação de Deus como uma forma de adoração a ele. A beleza da criação de Deus deve ser um reflexo do caráter de Deus. Entenda que somos livres!
1Coríntios 10.28–33 NAA
28 Porém, se alguém disser a vocês: “Isto é coisa sacrificada a ídolo”, não comam, por causa daquele que deu a informação e por motivo de consciência; 29 consciência, digo, não a sua propriamente, mas a do outro. “Pois, por que a minha liberdade deve ser julgada pela consciência de outra pessoa? 30 Se eu participo com gratidão, por que sou criticado por causa daquilo por que dou graças?” 31 Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. 32 Não se tornem motivo de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus, 33 assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos.

4. Renuncie às suas liberdades

A quarta instrução é: renuncie às suas liberdade quando necessário para o bem dos outros. Paulo havia acabado de dizer que eles eram livres para comer carne sacrificada, porém caso a origem fosse revelada por quem ofereceu, que abrissem mão de se alimentar dela. Mais uma vez vemos o principio que somos julgados por Deus mais pelas intenções do que simplesmente pelas nossas ações. Devemos abrir mão pela conciência de quem ofereceu e não por um suposto mau que aquela carne poderia trazer para mim.
Comer a carne poderia confundir os incrédulos a respeito do evangelho. Eles poderiam pensar que o cristianismo incluía a adoração à ídolos, permitindo que os cristãos participassem dela. Esse equívoco poderia fazer com que Jesus parecesse apenas uma adição ao panteão de deuses pagãos.
Uma resposta legalista para uma situação como essa é classificar algo como errado em todas as circunstâncias; no entanto, a resposta que Paulo dá aqui não é legalista. É uma resposta que surge do amoroso uso ou não das liberdades de um cristão, sempre tendo em mente o bem do outro.
Como você pode usar as suas liberdades em prol do evangelho? Toda situação que você vive oferece uma oportunidade. Você está disposto a ser flexível e deixar seu conforto de lado para judar outras pessoas a entenderem o evangelho?

Aplicação

Essas quatro instruções sobre o legalismo e a liberdade cristã é sintetizada no versículo 31 quando Paulo diz: Façam tudo para a glória de Deus. Por isso somos o terceiros, primeiro a glória de Deus que consequentemente implica logo em seguida pelo bem do próximo. A salvação de pessoas é a glóra de Deus, quando um incrédulo entende o evangelho a glória é de Deus, quando nos doamos por alguém, a glória também é de Deus. Beneficiem outras pessoas, seguindo não somente o exemplo de Paulo, mas principalmente de Cristo que abriu mão de seus direitos. É assim que podemos adorar ao Deus verdadeiro, vivendo para a glória Dele.
No entanto, isso não significa que vivemos para agradar os outros para o nosso próprio benefício, não confunda as coisas. Isso inclusive é condenado diversas vezes pelas escrituras. Ser escravo da aprovação dos outros é uma forma de idolatria do eu (Eu desejo que os outros me admirem - sinalizar virtudes). O que estamos falando é sobre o nosso desejo de glorificar a Deus ao abençoar os outros supera o nosso desejo de comer carne, que no seu contexto pode ser outro prazer desse mundo que você é livre em praticar, mas que em determinados momentos essa prática não vai fazer necessariamente mau, mas não vai contribuir para o progresso do evangelho. Abrir mão de liberdades por causa dos crentes imaturos, para mostrar diferença, por causa do evangelho (não é para agradar pagãos ou por aprovação - comer carne na Páscoa - claro que você faz isso para chocar você precisa avaliar sua intenção). Devemos ser zelosos com a consciência do fraco para que ele amadureça, a consciência do fraco não pode ditar a ética da igreja.
Johann Sebastian Bach, um crente evangélico devoto, costumava assinar suas obras com as iniciais "S.D.G.", da frase Soli Deo Glória. Esse se tornou o lema de Bach. Ele assinava suas obras, tanto sacras como as seculares, pois ele afirmava que todas as obras eram para a glória de Deus. O que isso nos ensina? Que devemos viver integralmente para a glória de Deus, na nossa vida em comunidade de fé, na nossa profissão, no trato com nossos empregados, no nosso condomínio, ou seja em todos os contextos da vida.

Conclusão

Porque você acha que Cristo se entregou por nós? Para nos salvar? Sim; mas por que ele fez isso? Por causa do amor que ele tem por nós? Sim; mas mesmo o seu amor por nós é, em última análise, somente para a glória Dele.
Abrir mão de seus direitos por amor aos outros é uma atitude como a de Cristo, porque por meio das suas ações a glória de Deus aparece, conforme as pessoas têm um pequenino vislumbre de Jesus. É essa a imagem do amor de Deus em Cristo que nós, como indivíduos e como igreja, queremos mostrar, porque Deus é assim para nós, em Cristo. QUeremos mostrar aos outros o evangelho, mesmo quando compartilhamos com palavras, porque fazer isso manifesta e declara a glória de Deus.
Filipenses 2.5–11 NAA
5 Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus, 6 que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo. 7 Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana, 8 ele se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9 Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
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