Consolo e esperança

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Texto

João 14.1–14 RA
1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. 3 E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. 4 E vós sabeis o caminho para onde eu vou. 5 Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 7 Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. 8 Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. 11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. 13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

Introdução

No livro, A Anatomia de um dor, o autor britânico C.S. Lewis, famoso pelas Crônicas de Nárnia, relata sua experiência ao lidar com a perda da esposa.
Quando lemos suas obras de fantasia, suas obras apologéticas, suas obras teológicas temos alguém extremamente comprometido em buscar a verdade, em defender a fé cristã. Porém, quando lemos o relato de como Lewis lidou com a perda da esposa, parece que estamos diante de outra pessoa.
Ele culpa Deus, ele chega a dizer que de nada adianta orar, porque quando vamos a Deus a única coisa que recebemos é uma porta fechada em nossa cara. Ele diz que Deus é um sádico cósmico que se alegra em causar dor e sofrimento nas pessoas.
Ele que anteriormente semostrava como alguém tão doce, tão calmo e tranquilo, agora se mostra como alguém irritadiço. E ele descreve um pouco de seu sentimento, veja:
“Ninguém me disse que o luto se parecia tanto com o medo. Não estou com medo, mas a sensação é a mesma. A mesma agitação no estômago, a mesma inquietação, o bocejo, a boca seca. Outras vezes é como estar ligeiramente embriagado, ou em estado de choque. Há uma espécie de véu entre o mundo e mim mesmo. Custa-me assimilar o que qualquer pessoa diz. Ou, talvez, o difícil seja querer assimilar. Tudo é tão pouco interessante, no entanto quero que os outros estejam ao meu redor. Tenho horror quando a casa está vazia. Ah, se eles conversassem uns com os outros e não comigo!” C.S. Lewis.

Porque essa reação tão intensa??

Porque uma das piores sensações que o ser humano pode enfrentar é a perda de alguém. O sofrimento que a morte de um ente querido inflige em nós é algo inigualável. E por mais que as pessoas tenham reações diferentes, ninguém nunca está preparado para lidar com isso. Até porque, quando analisamos a natureza da morte conseguimos entender que a morte é a consequência mais chocante do pecado. A morte em si já é sinônimo de algo ruim, algo doloroso. Mesmo sabendo que todos um dia a enfrentaremos, nunca estaremos prontos para enfrentá-la.
A passagem que lemos mostra os últimos momentos do Senhor Jesus com seus discípulos. Nessa mesma noite Jesus lavou os pés dos discípulos mostrando-lhes qual a conduta que deveriam ter uns com os outros.
Eles passaram pelo momento muito tenso quando Jesus afirma que havia um traidor entre eles.
Ele falou mais uma vez sobre sua morte, sua separação deles.
João 13.33 RA
33 Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.
Pedro foi claramente avisado que naquela mesma noite negaria o Senhor por três vezes.
A reunião que começou como uma festa e uma celebração, agora está inundada de um pesado clima de medo, tensão e tristeza.

Jesus

Sabendo de toda a dor e toda a tristeza que sua partida causariam em seus discípulos, e sabendo que antes mesmo de sua partida, mas somente pela menção de que deveria partir, Jesus passa a consolá-los.
É interessante perceber que, como diz D.A. Carson “É Jesus quem está se dirigindo para a agonia da cruz; é Jesus quem está profundamente angustiado no coração (“Agora a minha alma está angustiada” Jo 12.27), e no espírito (“Depois de dizer isso, Jesus se angustiou em espírito” (Jo 13.21). Todavia, nessa noite das noites, o momento crucial de todos os tempos que seria apropriado para os seguidores de Jesus lhe darem apoio emocional e espiritual, ele ainda é o único que se doa, que conforta e que instrui”.
Os discípulos estão perturbados, não por estarem se apressando em direção à dor, ignomínia, vergonha e crucificação, e sim porque estão confusos e incertos quanto ao que Jesus quer dizer, e em perigo por causa de suas referências à iminência de sua partida.
Em vista da reação que vimos de C.S. Lewis frente ao luto pela esposa. Em vista de tudo o que vimos a respeito da dor e tristeza causada pela morte. Em vista do que acabaos de ver sobre o momento em que os discípulos estão em relação à perda iminente do Senhor Jesus, Jesus se dirige a eles de uma forma que nós não nos dirigiríamos quando fossemos consolar uma pessoa que perdeu alguém, ou consolar alguém na iminência de uma grande perda, Jesus disse: “Não fiquem angustiados”.

Análise do texto

João 14.1 RA
1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
A NAA traduziu este texto de uma forma que nos aproxima um pouco mais do real sentimento da ocasião: “Que o coração de vocês não fique angustiado”.
Jesus aqui se dirige aos seus discípulos para consolá-los. Ele quer tranquilizá-los ao ver seus rostos tristes e confusos. Como já dito anteriormente, ele que deveria ser consolado por eles, mas como um bom líder, e como Pastor que é Jesus deixa de lado suas preocupações próprias e se dirige aos seus amigos para deixá-los em paz.
Veja, o motivo de eles poderem ficar com o coração tranquilo, não é nenhum consolo humanista ou filosófico, o motivo é a Fé. Jesus diz, vocês creem em Deus, então creiam também em mim.
João 14.2 RA
2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.
Veja, o consolo de Jesus está baseado na fé que os discípulos deveriam ter em tudo aquilo que Jesus estava fazendo, pois sua ida não era simplesmente para abandoná-los. Sua ida tem um propósito claro e muito bem estabelecido. E veja como ele garante isso. “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. A ideia aqui é uma mansão enorme com muitos aposentos, muitos quartos, onde todos habitariam juntos como uma enorme família. Olhe que gracioso, o Senhor Jesus os conforta deixando claro que na casa de seu Pai, todos eles viveriam como uma enorme família feliz.
Agora perceba mais uma vez como tudo repousa na fé e confiança em Jesus “se assim não fosse, eu vos teria dito”. Ou seja, se não fosse dessa forma, eu teria avisado a vocês, mas é assim, e sabe porque? “Pois vou preparar lugar”. O que Jesus está dizendo é que sua morte que ele anunciou, sua separação momentânea dos discípulos, nada mais é do que o Senhor indo preparar um lugar para eles. Por isso sua morte e sua ida são tão necessários. Por isso os discípulos não deveriam ficar com o coração angustiado.
João 14.3 RA
3 E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.
O consolo de Jesus tem outro pilar de sustentação que é a promessa de que quando for e prepara o lugar, Ele voltará para levá-los. Mais uma vez, a cruz não é derrota, não é separação, mas sim é sinônimo de uma união perfeita e eterna que nada nem ninguém conseguirão separar. A promessa é de habitação eterna com ele nesses aposentos da casa do Pai que ele se referiu anteriormente.
João 14.4 RA
4 E vós sabeis o caminho para onde eu vou.
Esses discípulos estão com Jesus há cerca de três anos, viram e ouviram tudo o que Jesus fez e ensinou. Foram privilegiados de terem explicação de muitas coisas que Jesus falou e que as outras pessoas não compreenderam. Logo, nesta altura do campeonato, eles já deveriam ter uma noção muito clara de quem Jesus era. Veja:
Mateus 16.13–17 RA
13 Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? 14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. 15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? 16 Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.
O próprio Pai revelara a Pedro e todos os demais discípulos foram testemunhas de tal revelação de que Jesus era o Cristo o Filho do Deus vivo. Mas eles nem sempre tinham sua atenção muito ligada nas palavras ditas. Por isso, Tomé faz a pergunta que faz, e na verdade, Tomé está simplesmente reverberando um pensamento de todo o grupo.
João 14.5 RA
5 Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?
Ora, Jesus acabou de falar pra onde ia. Ele ia prepara lugar para eles nos aposentos celestiais. Para que eles estivessem pra sempre junto dele e do Pai como uma imensa família. Tomé com sua pergunta desmonta exatamente tudo o que Jesus acabou de falar. Por isso Jesus responde da seguinte maneira:
João 14.6 RA
6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Veja, aqui está respondido as duas perguntas de Tomé. Para onde ele vai? Vai para o Pai - note que Jesus não diz: “ninguém vai ao Pai”, como se o Pai estivesse desassociado dele. Ele diz: “ninguém vem ao Pai” deixando claro sua plena união com o Pai.
E a segunda parte da pergunta que ele responde é sobre o caminho. Ele, Jesus, é O caminho, A verdade e A vida.
“Eu sou o caminho.” Jesus não mostra simplesmente o caminho; ele, ele mesmo, é o caminho. É verdade que ele ensina o caminho (Mc 12.14; Lc 20.21), nos guia no caminho (Lc 1.79) e nos consagrou um novo e vivo caminho (Hb 10.20), mas tudo isso só é possível porque ele pessoalmente é o caminho.
Cristo é Deus. Ora, Deus é igual a cada um de seus atributos, conquanto ele “possui” cada atributo em grau infinito. Portanto, Deus não só tem amor (ou exercita o amor), mas ele é amor, nada além de amor; ele é justiça, nada além de justiça, etc. Então também Cristo é o caminho: em todo ato, palavra e atitude, ele é o Mediador entre Deus e seus eleitos.
Observe também o pronome eu. Em última análise, não somos salvos por um princípio ou por uma força, mas por uma pessoa. Na escola, o aluno é educado não primariamente pelo quadro-negro, pelos livros e mapas, mas pelo professor, que faz uso de todos esses meios. Em casa, ele é criado pelo pai e pela mãe. Então, também o meio de acesso ao Pai é o próprio Cristo. Somos pessoas. O Deus de que fomos alienados é um Deus pessoal. Assim sendo, não surpreende que à parte da comunhão viva com a pessoa, Jesus Cristo, que existe em união indissolúvel com o Pai, não nos haja salvação alguma (cf. Rm 5.1–2).
Ora, Jesus é o caminho de duas formas (cf. também as explicações sobre 10.1,7,9). Ele é o caminho de Deus para o homem – todas as bênçãos divinas descem do Pai por meio do Filho (Mt 11.27–28). Ele é, também, o caminho do homem para Deus. Como já foi indicado, no presente contexto a ênfase recai na última ideia.
“Eu sou… a verdade.”: Muito do que foi dito em conexão com “eu sou o caminho” se aplica também aqui.
Jesus é a própria encarnação da verdade. Ele é a verdade em pessoa. Como tal, ele é a realidade última em contraste com as sombras que o precederam (veja sobre 1.14,17). Mas, no presente contexto, o termo a verdade parece ter uma nuança diferente de significado. É aquele que se opõe à mentira. Jesus é a verdade porque ele é a fonte fidedigna da revelação redentora. Que este é o sentido no qual a palavra é usada fica claro no versículo 7, que ensina que Cristo revela o Pai. Cf. Mateus 11.27.
Mas da mesma maneira que o caminho é um caminho vivo, também a verdade é uma verdade viva. É ativa. Ela nos domina e nos influencia poderosamente. Ela nos santifica, nos guia, nos liberta (8.32; cf. 17.17). Basicamente, não isso, mas ele é a verdade, ele próprio em pessoa. Pilatos perguntou: “O que é a verdade?” (18.38). Jesus, aqui em 14.6, responde: “Eu sou a verdade”.
“Eu sou… a vida.”: Jesus não está se referindo, aqui, ao fôlego ou espírito (πνεῦμα) que anima nosso corpo. Ele não está pensando na alma (ψυχή), nem na vida como externamente manifestada (βιός), mas à vida em oposição à morte (ζωή). Todos os gloriosos atributos de Deus habitam no Filho de Deus (veja sobre 1.4). E porque ele tem a vida em si mesmo (veja sobre 5.26), ele é a fonte e o doador da vida para os seus (veja sobre 3.16; 6.33; 10.28; 11.25). Ele tem a luz da vida (8.12), as palavras da vida (6.68) e ele veio para que tenhamos vida em abundância (10.10). Da mesma forma como a morte significa separação de Deus, também a vida implica comunhão com ele (17.3).
Todos os três conceitos são ativos e dinâmicos. O caminho leva a Deus; a verdade torna o homem livre; a vida produz comunhão.
João 14.7 RA
7 Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto.
Jesus tinha dito: “Vocês conhecem o caminho.” Tomé respondeu: “Como podemos saber o caminho?” Jesus pôde dizer: “Vocês conhecem” porque o caminho foi claramente revelado. Mas, em certo sentido, era verdade que os discípulos não sabiam: eles não tinham prestado a devida atenção às palavras de Jesus! Eles não conheciam o Senhor tão plenamente como conheceriam se tivessem prestado a devida atenção a todas suas palavras e admoestações. Além do mais, se tivessem feito isso, eles também teriam uma percepção mais completa e mais rica do Pai. Eles falharam com demasiada frequência em ver em Jesus o único e absoluto caminho para o único e absoluto alvo. Eles falharam, até certo ponto, em ver nele o único Filho de Deus que, por ser o Filho, revela o Pai. Então Jesus, por assim dizer, diz: “Se me ouvindo diariamente, meditando em minhas palavras e obras, se por meio dessa experiência pessoal e diária, vocês tivessem aprendido a me conhecer (ἐγνώκειτε provavelmente seja a melhor leitura), então vocês teriam também conhecido (ἤδειτε, obtido um conhecimento pela reflexão mental) meu Pai.” Observe meu Pai, que indica a filiação ímpar de Cristo (veja sobre 1.14).
De agora em diante, diz Jesus, vocês o conhecem e o têm visto. A explicação mais óbvia parece ser a seguinte: “Vocês o conhecem (reconhecem) a partir de agora exatamente por causa destas palavras, pois eu agora lhes disse claramente que eu mesmo sou o caminho (e a verdade e a vida) para o Pai, de modo que, agora, vocês têm ainda menos desculpa do que antes para ignorância. Vocês viram o caminho com seus próprios olhos, tanto físicos quanto espirituais.”
Aplicação: É literalmente impossível conhecer o Senhor Jesus, sem prestar a devida atenção às suas palavras. E infelizmente o quadro que temos hoje em dia é de pessoas gritando aos quatro cantos que conhecem o Senhor, porém nada sabem da Palavra dele. Isso é impossível. Não se conhece o Senhor por meio de visões, não se conhece o Senhor por meio de impressões pessoais, não se conhece o Senhor por meio de sensações. Você quer conhecer o Senhor? Empenhe-se diariamente em conhecer a sua Palavra.
João 14.8 RA
8 Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
A exemplo de Tomé, Filipe também demonstra não ter entendido muita coisa. O que ele pede aqui é o que chamamos em teologia de “Teofania”. Uma aparição divina em forma visível, tal como aconteceu com Moisés. Mas a resposta de Jesus é espetacular.
João 14.9–10 RA
9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.
Mais uma vez aqui o texto no informa a plena igualdade entre o Pai e o Filho. Jesus Cristo e Deus são um, estão unidos em essência, e Jesus é a forma visível do Pai. Se filipe quer uma teofania, ele tem ali diante de seus olhos a mais perfeita manifestação visível do Pai expressa na pessoa de seu Filho.
João 14.11 RA
11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
Os discípulos estavam vacilando na fé (14.1), uma fé que nunca tinha sido forte (14.7). Mas não importa quanta fé esteja presente em seu coração, ela deve ser mantida ali e fortalecida, especialmente agora, com o Mestre já partindo. É por essa razão que Jesus novamente exorta seus discípulos a crerem (ou, como podemos também traduzir o original: continuarem crendo) que ele está no Pai e o Pai nele (veja sobre o v. 10). Eles são exortados a crerem em Jesus por sua palavra! Esse é o mais elevado tipo de fé que pode haver. Mas, se isso lhes fosse difícil, que então cressem ao menos por causa das próprias obras. Essas obras têm valor comprobatório
João 14.12 RA
12 Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.
Como isso pode ser verdade é explicado em 14.16ss. Como resultado de sua partida, os discípulos realizarão não só as obras que Jesus estava realizando durante todo o tempo (milagres no reino físico), mas outras [obras] maiores que essas, ou seja, milagres no reino espiritual. Veja sobre 5.20–21,24. As obras de Cristo tinham consistido, em grande parte, de milagres no reino físico, realizados principalmente entre os judeus. Quando, agora, fala de obras maiores, ele está, com toda a probabilidade, pensando naquelas obras em conexão com a conversão dos gentios. Essas obras eram de caráter mais elevado e maiores em escala. Que Jesus tinha, de fato, essa grande tarefa em mente parece decorrer do fato que ele tinha se referido a isso apenas poucos dias antes (12.23–32) e também, de modo mais definido, nesta mesma noite (17.20).
Ora, a conversão dos (os eleitos de Deus entre os) gentios, a obra de Pedro na casa de Cornélio e de Paulo em todas as suas viagens missionárias, não poderia ter sido feita antes da morte e ascensão de Cristo pela simples razão de que, naquele tempo, o Espírito Santo não tinha sido ainda derramado. Exatamente por essa razão, a parede de separação ainda existia. Tudo isso estava por mudar nesse momento, ou seja, com a morte, a ressurreição, a ascensão e a coroação de Cristo. Por isso, Jesus podia dizer: “[obras] maiores que essas ele fará, porque estou indo para o Pai”.
João 14.13–14 RA
13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
A expressão tudo o que engloba um vasto terreno. Ela se refere tanto às grandes obras quanto às obras maiores (do v. 12). De forma coerente, nesta passagem a relação dessas obras com a oração é ressaltada. Jesus ensina muito claramente que existe essa ligação. No livro de Atos, os milagres tanto no reino físico quanto no espiritual são repetidamente ligados com a oração (At 1.14 seguido pelos grandes milagres do capítulo 2; 4.31; 6.6–7; 9.40–41; 10.40–41; 10.4,9; 12.5; 13.3; 16.25–34).
Contudo, somente as orações feitas no nome de Cristo são respondidas. Essas orações, naturalmente, não são feitas por interesses egoístas, mas sim no interesse do reino de Deus. Elas emanam da fé e estão de acordo com a vontade de Deus – sempre implícito “não conforme a nossa vontade, mas seja feita tua vontade” – e para tua glória. Uma oração no nome de Cristo é aquela oração que está em harmonia com o que Cristo revelou sobre si mesmo. Seu nome é sua autorrevelação em suas obras; aqui, particularmente, sua autorrevelação na esfera da redenção.
Não é difícil perceber que uma oração assim será sempre e certamente respondida, pois quem a profere nunca deseja coisa alguma que Cristo não queira! E quando essa oração é respondida, o Pai, que permanece para sempre no Filho, fará suas obras. E, dessa forma, o Pai será glorificado no Filho. Os atributos resplandecentes de Deus brilharão com toda a sua beleza nessas obras e por meio delas.
O crente não só receberá exatamente o que ele pediu – ou seja, se for pedido no nome de Cristo, o que cobre todas as condições da prece respondida –, mas o próprio Cristo em pessoa garante essa humilde petição de seus discípulos; observe as palavras “eu o farei”.
Por causa do caráter de longo alcance da promessa contida no versículo 13, ela é repetida no versículo seguinte. Todavia, há uma diferença, pois agora os discípulos são instruídos a orarem não só no nome de Cristo, mas a Cristo: “Se vocês me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o farei.”

Aplicação

Não fique com o coração angustiado! Confie em Deus. Em meio as preocupações e problemas do dia a dia, saiba que Jesus Cristo não é indiferente aos nossos problemas e dilemas, e assim como ele se preocupou em acalmar aqueles discípulos e os confortou, nós também encontramos consolo e conforto na palavra dele.
O maior consolo que podemos receber do Senhor Jesus em meio a toda a turbulência que podemos passar nesse mundo, é a certeza de que ele voltará. E nos levará para habitarmos com ele nos aposentos celestiais. Essa é fonte de todo o nosso consolo. Jesus virá. Isso deve dominar seu pensamento. Você como cristão não deve ficar muito tempo sem pensar nessa grande verdade das Escrituras, Cristo voltará.
Jesus é o único caminho de acesso ao Pai. Em outras palavras, não existe salvação dora de Cristo. Não existe salvação em Buda, em Confúcio, em Alan Kardec, em Helen With, em Maria, em São fulano de tal, são ciclano de tal. Sé Jesus é o caminho a verdade e a vida. Isso precisa estar claro aos nosso olhos para não nos enganarmos e cairmos no discurso universalista das pessoas a nossa volta. Se não há uma crença em Cristo e nele somente não há salvação. Precisamos declarar isso às pessoas.
Oremos!
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