Habacuque

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As Lutas de Habacuque que nos Encorajam

INTRODUÇÃO
[contexto]
Este é um profeta da Bíblia, o qual o autor Walter Chantry caracteriza ou diz ser mais conhecido como o homem que lutou em oração contra Deus. Ele é reconhecido por essa definição devido à sua busca desenfreada em oração pela cidade de Judá, que vivia em uma intensa impiedade, devido aos reis que a cidade tivera na época.
Somente ele recebeu um nome nas Escrituras que significa “abraçado”, nome que veio do hebraico. Este profeta é singular, seu livro pode até ser considerado como um diário de três orações feitas por Habacuque e duas respostas dadas por Deus. Diferente de outros profetas, não vemos advertências de Deus ao povo, mas sim, uma aparente tolerância de Deus com a violência e justiça abundante do povo de Judá e ao invés do profeta falar ao povo, ele se dirige diretamente a Deus, se queixando. Este livro tem diversos assuntos que a primeira vista não vemos relação alguma com o que vivemos hoje. Mas se prestamos atenção, muitas daquelas dificuldades ainda estão presente em nossos dias. Tal como a violência, a qual o profeta expressa já nos primeiros versos do livro [v.2]. Problemas políticos; injustiça; maldade; destruição e ímpios prejudicando os justos. Vendo todas essas dificuldades presentes não só naquela época, mas muitas nos dias de hoje, é possível nos perguntarmos: “Deus controla todas as coisas?”. Realmente é uma pergunta um tanto quanto corajosa, mas que faz sentido face ao que vivemos no ano de 2020 e ainda estamos vivendo em 2021 em relação a COVID-19. Foi um profeta que viveu há aproximadamente 2700 anos atrás, nos últimos vinte anos do século VII a.C. Anos que foram subsequentes ao reinado de Manassés; o rei mais perverso e corrompido de Judá [2Rs 21]. Manassés fez o que o Senhor reprova, imitando práticas que o Senhor já havia expulsado de diante dos israelitas [v.3]. Manassés ergueu altares para Baal, reconstruiu altares idólatras que seu pai Ezequias havia demolido, até chegou a queimar seu filho como oferta de sacrifício aos ídolos e praticou feitiçaria. O rei daquela época foi Joaquim, que também fez o que o Senhor reprova e durante seu tempo como rei, Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu o país [2Rs 24.1], ocorrido por conta dos pecados de Manassés, conforme a ordem do Senhor [v.3] c. Jr 15.4; Hc 2.17.
DESENVOLVIMENTO
[as orações e queixas de Habacuque]
O livro é separado em três pequenos capítulos, onde esses capítulos contém duas orações que são como queixas do profeta e duas respostas do Senhor, e ao final do livro, no capítulo 3, vemos uma oração de fé expressa e/ou confissão do profeta.
Os primeiros versos do livro já começam com uma interrogação [1.2] do profeta quanto a toda violência e ele termina com uma exclamação [3.19]. Este tem sido o clamor dos crentes em todas as épocas. Deus, porém, sempre responde no tempo determinado por Sua vontade.
O livro tem uma estrutura objetiva, com duas perguntas levadas do profeta para Deus, cada uma delas sendo seguida pela resposta do Senhor. A primeira delas, se refere a aparente tolerância de Deus quanto ao pecado, especialmente a injustiça [1.2-4], seguida da garantia de que Deus lidará com isso, usando o império caldeu como instrumento [1.5-11]. Então, a primeira resposta parece estar apontada para a destruição de Judá pelos babilônicos.
A segunda pergunta do profeta refere-se a: como Deus pode usar como instrumento de juízo um povo muito mais cruel e desumano do que aquele que está sendo punido [1.12-17]? Habacuque aguarda a resposta do Senhor [2.1]. A segunda resposta de Deus é então relacionada a conquista da Babilônia pelos persas.
E então, Habacuque, em resposta a garantia da justiça e do amor de Deus, compõe um salmo de adoração e o livro termina com uma maravilhosa expressão de fé e confiança do profeta em Deus [3.16-19].
(1) A BUSCA POR DEUS EM TEMPOS DE CRISE.
Logo no início do livro, a primeira queixa do profeta é devido a demora de Deus em responder à suas orações e a violência e destruição que estão diante dele. O profeta clama a Deus nos vv. 2-4. “Até quando, Senhor, clamarei por socorro sem que tu ouças?...”. O profeta está cansado de toda a violência que presencia, e por contemplar toda a maldade contra a cidade de Judá. O profeta está cansado de ver a injustiça dos ímpios sobre os justos; há luta e conflito para todo lado e a lei se enfraquece cada vez mais. É uma justiça pervertida.
Acabamos não percebendo muitas vezes, mas a nossa sociedade passa por dificuldades parecidas com a do tempo de Habacuque, mas em circunstâncias diferentes. Tais como este tempo de violência, onde massacres acontecem, maus-tratos contra mulheres e crianças, tiroteios em escolas, predadores sexuais, bombardeios, tumultos políticos (como o caso dos EUA pouco tempo atrás). Nos encontramos na mesma posição do profeta muitas vezes, questionando a Deus o porquê de tudo isso acontecer; o porquê de tanta perversidade; por que os injustos prevalecem sobre os justos?
Walter Chantry diz, em seu livro - Habacuque, aquele que luta com Deus“Nosso único socorro está no nome do Senhor que fez os céus e a terra. A esperança de benção deve estar fixada nEle.” Não há muita coisa que conseguiremos fazer quanto a toda violência presente no mundo, a não ser clamar a Deus em oração e trabalhar a nossa fé de que Ele há de agir contra todas essas coisas.
Deus é soberano sobre todas as coisas e Ele usa todas as situações para nos ensinar. Sejam situações boas ou ruins, sempre temos algo a aprender e um grande exemplo disso é a própria COVID, que mudou planos de homens, mulheres, cidades e teve um impacto mundial. O governo de Deus abrange o mundo todo. Deus é quem controla todas as situações e permite que tudo pelo que passamos aconteça. Deus sempre tem resposta!
A resposta de Deus ao profeta em relação a queixa, foi: Estou trazendo os babilônios, nação cruel e impetuosa que marcha por toda extensão da terra para apoderar-se de moradias que não lhe pertencem [v.6]. Engraçado como Deus é irônico em usar um povo muito mais perverso (caso de Habacuque) para castigo de uma nação.
Nós não temos a mesma resposta que Habacuque teve, mas nós podemos tomar o exemplo dele e nos colocar em oração, pois de alguma maneira, Deus irá nos responder. Podemos até não achar que Deus age quanto à toda essa perversidade, mas Paulo, em Romanos 1.18-32, nos ensinou que, quando as nações chegam ao auge da rejeição da revelação divina e da corrupção moral, Deus nem sempre se apressa para corrigi-las ou destruí-las. Esse é um castigo que conduz à misericórdia. Os pecadores vão de mal a pior para que fique nítido a todos que a misericórdia e graça do Deus soberano são muito maiores do que qualquer pecado dos homens.
Assim como o profeta não pôde prever os propósitos divinos para Judá em sua geração, nós também não conseguimos compreender quais são os propósitos divinos para os dias de hoje e porque sofremos tanto, porque tantas pessoas morreram para COVID e qual o motivo de tudo isso acontecer. Mas sabemos de uma coisa, é que Deus sempre se mantém soberano e no controle de tudo, mesmo que coisas ruins tenham de acontecer.
O que o profeta nos ensina nesse primeiro capítulo, é que não sabemos quais são os propósitos divinos e, mesmo assim, temos de buscar a Deus nesses tempos de crises e dificuldades que passamos. Pois logo no capítulo 2, aprendemos que o justo viverá por sua fidelidade/fé a Deus.
(2) A RESPOSTA DO SENHOR/RETIRADA PARA ESPERA DA RESPOSTA DE DEUS
Após Habacuque ter orado e questionado mais uma vez, agora ele se põe na torre de vigia para esperar a resposta do Senhor quanto ao que ele orou. Sua oração foi confrontadora, e não só isso, foi uma oração de fé.
Este capítulo nos ensina muito quanto a oração. Já nos vv. 1-5 podemos considerar três pontos:
a) Pela oração podemos apresentar a Deus nossas mais profundas angústias. Foi isso que o profeta fez, ele expôs a Deus tudo aquilo que mais o afligia e não camuflou nenhum sentimento. Ele abriu toda a sua alma para Deus.
Em diversas situações nos vemos em dramas difíceis de lidarmos e até de explicar. Nos sentimos injustiçados, explorados e desanimados por parecer que nosso Deus não nos responde. E são nesses momentos que homens piedosos são tentados a abandonar sua fé. Mas o que o profeta nos mostra e ensina é que: o justo viverá por sua fé [2.4].
b) Pela oração podemos obter discernimento dos propósitos de Deus. Habacuque ora e espera. Sabemos que Deus responde, sabemos que Deus fala conosco. Ele fala através de situações, através de Seu Santo Espírito. Nossos olhos da alma são abertos através da oração.
Nem tudo vem no tempo devido [Ec 3.1], há tempo para tudo debaixo do céu, nem tudo vem da maneira que queremos, e graças a Deus por isso, pois Sua vontade é muito melhor do que a nossa.
c) Pela oração podemos ter lampejos quanto ao futuro. Habacuque recebeu uma visão do Senhor depois de sua oração. Através de nossas orações, Deus vai nos direcionando conforme a sua vontade. Deus pode e se revela a nós de diferentes maneiras. Deus está trabalhando a todo tempo, quando Ele parece estar inativo, Ele está trabalhando.
O capítulo 2 é muito marcado pelo v.4, um verso que aparece três vezes no Novo Testamento e ele mostra muito um contraste sobre o soberbo e o justo. o soberbo é orgulhoso em seu coração, pervertido em sua mente e insaciável em sua alma, enquanto o justo confia na Palavra, vive pela fé na Palavra, e é liberto da morte pela sua fé na Palavra.
O capítulo 2 continua, e trata dos 5 “Ai’s” de Deus contra os caldeus e com isso Deus está nos ensinando que o pecado pode até parecer vantajoso, o pecado parece ser agradável e ele se faz como. O pecado nos traz prazer, ele satisfaz nossas vontades. Mas no fim, ele sempre trará destruição para nossas vidas.
Cada um dos “ais” de Deus sobre os caldeus é destinado a algo que eles fizeram e seus pecados. O primeirodeles é o ai da retribuição [v. 6b-8]; a saqueadora Babilônia sofreria consequências e por sua vez seria saqueada. O segundo ai é pronunciado por causa da cobiça [v. 9-11]. O terceiro ai trata do ai da civilização sem Deus [v. 12,13], que edificou cidades através de sangue de inocentes, com ataques matando muitas e muitas pessoas. No verso 14 tem uma pausa dos “ai’s” para uma linda promessa do Senhor: a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar. Mas as consequências para os caldeus não acabam, o quarto ai é contra o seu orgulho [v. 15-17]; todo o orgulho que tiveram de suas supostas vitórias sobre outros povos, voltará contra eles e assombrará a eles. O quinto e ultimo ai se refere a idolatria, pois foram insensatos em adorar e servir deuses mudos e sem vida alguma.
E o capítulo 2 termina, mostrando que apesar de fraquezas e idolatrias, Deus reina e se mostra soberano sobre tudo e sobre todos.
(3) ALEGRIA, REGOZIJO E EXULTAÇÃO NO DEUS DA NOSSA SALVAÇÃO
Hernandes Dias Lopes diz que o livro começou num vale profundo e terminou nas alturas excelsas. O profeta vai do desespero à esperança, do temor à fé, da angústia avassaladora à exultação indizível e cheia de glória.
Como já vimos, Habacuque havia passado por momentos extremamente complicados. Vamos fazer uma breve recapitulação do primeiro capítulo: Deus estava enviando uma nação ainda pior que a de Judá para castigá-los e nem por isso o profeta desistiu de buscar a Deus nos seus tempos de crise. Que belo exemplo de perseverança temos com o profeta. Mesmo não obtendo resposta, ele continuou perseverando.
No segundo capítulo, o profeta se retira para a torre de vigia e esperar a resposta de Deus. No v. 4 (que é o verso chave do capítulo), lemos uma verdade dita várias vezes no Novo Testamento e que é de muita importância para nós, o justo viverá por sua fé.
Nos outros dois capítulos, as duas orações do profeta foram compostas de queixas registradas e dirigidas à Deus. A primeira queixa foi dirigida devido à delonga de Deus em pôr fim a imoralidade e injustiça de Judá. A segunda queixa foi por Deus querer usar uma nação ainda mais perversa que Judá para castigá-la. No terceiro capítulo já não vemos mais reclamação de Habacuque, mas sim uma oração de exultação. É como se Deus desse um basta nas suas queixas, um basta nas suas murmurações, e assim é conosco também, não deve haver vestígios de murmuração em nós mais.
Sempre estamos reclamando mais do que agradecendo. Sempre tentando buscar respostas que Deus talvez não queira nos revelar no momento, precisamos aprender a nos calar perante Deus e nos fazer como crianças mais uma vez. Tem um professor no seminário que sempre diz: nós temos uma boca e dois ouvidos. Essa frase fala por si só. E houve um período na vida de Jeremias onde ele presenciou um massacre dos babilônicos contra Jerusalém, e em suas Lamentações ele chegou à conclusão de que: bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso em silêncio [Lm 3.26]! A fé sobre a qual Habacuque escreveu [Hc 2.4], a fé que torna os homens justos é a fé que costuma sofrer e às vezes vive em meio a calamidades, como essa pandemia que temos presenciado até hoje.
Os tempos de crise e calamidades são oportunidades a nós. Oportunidade para nos fortalecermos no Senhor. Habacuque se retirou para a torre de vigia para esperar a resposta do Senhor [Hc 2.1], e como nós temos reagido a esses momentos de crise? Temos orado e esperado a resposta de Deus, ou temos agido por impulso e até mesmo nos colocando no lugar do Senhor de querer ter controle sobre todas as coisas? A fé em Deus não é fuga dos problemas, mas é a única maneira de enfrentarmos as dificuldades de maneira vitoriosa.
Walter Chantry fala que: a oração a Deus não se restringe a fazer pedidos para o Altíssimo. Acima de tudo, fomos criados para sermos espectadores da majestade divina. Você já parou para pensar que participamos unicamente com os anjos no arranjo das criaturas vivas de Deus. Somos por natureza, espectadores. Contemplamos e participamos das habilidades de outros. Seja por meio do esporte, quando nosso time é campeão, onde temos satisfação naquilo. Quando ouvimos uma música boa. Poucos produzem a música, mas muitos tem satisfação em ouvir e se sentem maravilhados. Essas alegrias no sucesso e nas tragédias também se tornam nossas.
Assim acontece de forma espiritual, fomos formados para dar glória a Deus e desfrutá-lo para sempre. Muito disto é feito por meio da oração! Quando contemplamos e engrandecemos a Deus pela obra da salvação em nossa vida, pela vida de Seu filho Jesus, que nos salvou de nossos pecados e se fez morte em nosso lugar, para que pudéssemos viver a Sua vida.
Foi isso o que o profeta fez durante todo o capítulo 3, ele reconheceu a grandeza de Deus e o quanto Deus foi gracioso, os salvando e dando vida. E agora ele não mais reclamava, mas somente dava graças a Deus. Apesar de todas as dificuldades, mesmo que a figueira não florescesse, nem que houvesse fruto na vide; o produto da oliveira mentisse, e os campos não produzissem mantimento; as ovelhas fossem arrebatadas do aprisco, e nos currais não houvesse gado, todavia, ele se agraria no SENHOR, exultaria no Deus de sua (e nossa) salvação [Hc 3.17,18].
Habacuque termina declarando, o Senhor Deus é minha fortaleza, e faz os meus pés como a corça, e me faz andar altaneiramente. O Senhor nos faz andar com firmeza, faz nossos passos andarem no Seu caminho. Dependência no Senhor.
CONCLUSÃO
Como é precioso parar para ler esse livro, ver tudo o que o profeta passou e ver que ele teve vitória no final, por que ele viveu pela fé. A vida com Cristo é essa, saber que apesar de dificuldades e complicações, podemos nos assegurar de que tudo está no controle do Senhor. Ler Habacuque sempre revigora minha fé, e espero que nesta manhã ele tenha revigorado a sua também. Queria terminar com algumas lições que Isaltino Gomes Coelho Filho diz que podemos resumir com a mensagem deste livro:
· Uma lição horrorosa: Deus julga o Seu próprio povo. Deus é santo e justo e Ele não faz vistas grossas ao pecado no meio do Seu povo. Ele começa seu juízo exatamente pela Sua casa (1Pe 4.17).
· Uma lição gloriosa: A História tem um rumo. A História não é cíclica nem caminha para o caos. A História é linear e marcha para uma consumação gloriosa da vitória retumbante de Deus e do Seu povo.
· Uma lição moral: Os violentos serão punidos. Aqueles que semeiam a violência serão ceifados por ela. Aqueles que plantam a maldade se fartarão de seus frutos malditos. Aqueles que ferem à espada, pela espada cairão. Aqueles que oprimem o pobre com ganância desmesurada, serão oprimidos. A Babilônia brigona que esmagou Judá foi entregue nas mãos do Império Medo-persa e pereceu pelas mesmas armas que oprimiu as nações.
· Uma lição espiritual: O justo viverá pela fé. Ainda que o mundo ao nosso redor se transtorne; ainda que os ímpios se levantem com fúria virulenta contra nós; ainda que nos faltem os recursos materiais para uma sobrevivência digna, nossa confiança permanece inabalável em Deus. E pela fé que vivemos, vencemos e triunfamos.
· Uma lição final: Alegria de crer. O profeta Habacuque termina o seu livro exclamando com todas as forças da sua alma: “Eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (v. 18). Crer é um ato de júbilo. A fé nos toma pela mão e nos carrega pelos corredores da dúvida e da angústia e nos leva à sala do Trono, de onde o Soberano Senhor governa todas as coisas!
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