O DRAMA DA TENTAÇÃO Lucas 4.1-13

Lucas  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 114 views

Nos testes que somos submetidos por Deus, nossa fé é amadurecida e os nossos valores são solidificados.

Notes
Transcript
Grande ideia: Nos testes que somos submetidos por Deus, nossa fé é amadurecida e os nossos valores são solidificados.
Estrutura: início do drama (vv. 1,2), o enredo do drama (vv. 3-12) e o final do drama (v. 13)
- A tentação de Jesus no deserto por quarenta dias no início de seu ministério (Luc 4:1–13; Mat 4:1–11), por exemplo, deve ser entendida como sua conquista da tentação através da resistência no lugar deserto, onde Israel falhou pela dúvida e murmúrio durante sua permanência de quarenta anos no deserto.
Jonathan Warren P. (Pagán), “Impecabilidade de Jesus”, in Sumário de Teologia Lexham, org. Brannon Ellis, Mark Ward, e Jessica Parks (Bellingham, WA: Lexham Press, 2018).
01. Abertura. (vv. 1,2)
(a) Jesus estava “cheio do Espírito Santo” e ainda “foi guiado pelo mesmo Espírito”. Lucas é específico neste ponto.
Lucas 2.27 (RA)
27 Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava,
Lucas 4.18 (RA)
18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
1Coríntios 10.13 (RA)
13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
(b) Há ocorrências bíblicas acerca desse período de quarenta dias no deserto.
Êxodo 24.18 (RA)
18 E Moisés, entrando pelo meio da nuvem, subiu ao monte; e lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites.
Deuteronômio 9.9 (RA)
9 Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o Senhorfizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.
(c) Interessante:
- A queda do homem se deu quando o primeiro Adão, como representante da humanidade, cedeu à tentação do diabo. Assim começou o pecado. Do mesmo modo agora, quando o ministério público de Jesus estava para ter início, era oportuno que ele, como o segundo Adão, resistisse à tentação do diabo e prestasse obediência perfeita a Deus.
William Hendriksen, Lucas, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 283.
(d) A tentação de Jesus cumpriu um propósito articulado pelo Pai: uma identificação plena com a humanidade.
Hebreus 2.18 (RA)
18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
Filipenses 2.5–8 (RA)
5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
Lucas 12.50 (RA)
50 Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize!
Hebreus 4.15 (RA)
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
(e) No verso dois, temos “tentado pelo diabo”, e no verso treze: “todas as tentações”. Foi um tempo severo, de testes para Jesus.
πειραζω peirazo
tentar, fazer uma experiência com, teste: com o propósito de apurar sua quantidade, ou o que ele pensa, ou como ele se comportará
James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).
(f) O paralelo com Moisés quando ele recebeu as tábuas da lei de Deus.
Êxodo 34.28 (RA)
28 E, ali, esteve com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras.
(g) E ainda com Elias, quando ele recebeu o renovo de seu chamado profético:
1Reis 19.8 (RA)
8 Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.
02. Enredo. (vv. 3-12)
(a) Temos de reparar em um padrão: “Se você é o Filho de Deus”: vv. 3,9.
Lucas 1.32 (RA)
32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
(b) O final do verso anterior, já comenta que Jesus não havia comido nada, e estava com fome.
- O tentador teria pronunciado essas palavras num espírito de desdém. Sua intenção foi provavelmente esta: “Já que és o que o Pai disse a teu respeito no batismo [3.22], e o que crês ser, faz uso de tua majestosa dignidade, e não mais te deixes torturar pela fome. Filho de Deus … fome.
William Hendriksen, Lucas, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 287.
(c) O ponto salientado na primeira tentação em específico, é a necessidade da provisão:
Mateus 4.3 (RA)
3 Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.
(d) E a resposta de Jesus, foi dada, citando as Escrituras:
Efésios 6.17 (RA)
17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Deuteronômio 8.3 (RA)
3 Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem.
João 4.34 (RA)
34 Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.
(e) O ponto salientado na segunda tentação em específico, é a necessidade do poder:
- Calvino assim se expressa em seu comentário:
“Pergunta-se: foi ele [Jesus] levado realmente a esse lugar elevado, ou isso se fez numa visão? … O fato de que se acrescente que todos os reinos do mundo foram exibidos aos olhos de Cristo … num momento … concorda melhor com a ideia de uma visão do que com qualquer outra teoria. Num tema que é incerto, e em que a ignorância não ocasiona risco, penso ser melhor suspender meu juízo do que tentar oferecer a pessoas contenciosas um motivo para debate”.
William Hendriksen, Lucas, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 289.
João 12.31 (RA)
31 Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.
Efésios 2.2 (RA)
2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
1João 5.19 (RA)
19 Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.
(f) Era um lugar mais alto, e pergunta-se se Satanás poderia fazer essa proposta a Jesus, e entendemos pelas Escrituras que sim:
Mateus 28.18 (RA)
18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.
Apocalipse 11.15 (RA)
15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo:
O reino do mundo se tornou de nosso Senhor
e do seu Cristo,
e ele reinará pelos séculos dos séculos.
Efésios 6.12 (RA)
12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
Apocalipse 20.2–3 (RA)
2 Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; 3 lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.
(g) E a resposta de Jesus, foi dada, citando as Escrituras:
Deuteronômio 6.13 (RA)
13 O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás.
(h) O ponto salientado na terceira tentação em específico, é a necessidade da proteção.
Salmo 91.1 (RA)
1 O que habita no esconderijo do Altíssimo
e descansa à sombra do Onipotente
(i) E a resposta de Jesus, foi dada, citando as Escrituras:
1Coríntios 10.9 (RA)
9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes.
- Ao responder, Jesus chama a intenção do diabo de tentar a Deus. Aqui o idioma grego apresenta um termo mais intenso do que simplesmente peirázein = tentar (como no v. 2). Aqui aparece ekpeirázein. Talvez possamos reproduzir a intensificação com “desafiar insolentemente a Deus”. – De acordo com a concepção de Jesus, bem como de toda a Escritura, essa é a maior blasfêmia.
Fritz Rienecker, Comentário Esperança, Evangelho de Lucas (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2005), 105.
(j) Interessante:
- Uma tradição rabínica diz: “Quando o Messias Rei se revelar, ele virá e se deterá no teto do lugar santo”. Com base nessa tradição, alguns expositores opinam que o tentador estava propondo que Jesus, ao lançar-se do pináculo do templo provaria ser realmente o Messias, já que, depois da descida miraculosa e ilesa, a multidão, observando com espanto, gritaria: “Vejam, ele se saiu ileso! Só pode ser o Messias!” Para Jesus, continua o argumento, esse seria, pois, um caminho fácil para o êxito. Evitaria a cruz e obteria a exaltação sem luta nem agonia.
William Hendriksen, Lucas, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 294.
(k) Interessante:
- Quando o diabo não tem sucesso em nos fazer desanimar de Deus, ele tenta outra tática: tentar tornar-nos arrogantes, a ponto de crermos também o que Deus não ordenou que crêssemos. Por isso ele conduz Cristo a um local sagrado, porque ao ser humano é precioso o pensamento de que ele esteja cheio de fé e no caminho certo e sagrado, mesmo que na verdade não se encontre dentro do templo, porém apenas de fora, sobre o templo, i. é, ele não se encontra no estado correto e santo da fé, mas em sua aparência” (Lutero).
Fritz Rienecker, Comentário Esperança, Evangelho de Lucas (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2005).
(l) Em suma:
- Em relação às três tentações ou provações aqui descritas, podemos destacar: O primeiro teste foi para a satisfação ilícita dos apetites carnais, e vencido pela renúncia.
O segundo teste foi para a glória e vaidade ilícita, e vencido pela humildade. O terceiro teste foi para o poder ilícito de ser igual a Deus, e vencido pela submissão a Deus.
Itamir Neves e John Vernon McGee, Comentário Bíblico de Lucas: Através da Bíblia, org. Israel Mazzacorati, Primeira edição, Série Através da Bíblia (São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial, 2012), 58.
03. Final. (vv. 13)
(a) A “tentação” foi formada por várias tentações.
Hebreus 4.15 (RA)
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
(b) O que fica cabe aqui reflexão: “até momento oportuno”.
Lucas 22.3 (RA)
3 Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze.
Lucas 22.53 (RA)
53 Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas.
(c) Na tentação de Jesus, temos o melhor dos exemplos, a respeito das nossas tentações:
Lucas 11.4 (RA)
4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve;
e não nos deixes cair em tentação.
Lucas 22.40 (RA)
40 Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação.
Lucas 22.46 (RA)
46 e disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.
04. Outras aplicações:
(a) Com Jesus aprendemos que estar cheio do Espírito não é uma opção, mas uma obrigação para quem deseja vencer suas tentações habituais.
- Itamir Neves de Souza: Nesse ponto encontramos uma diferença importante. Uma pessoa cheia do Espírito Santo é alguém que está completamente vazia de si mesma. Quanto menos temos do nosso “eu” ocupando lugares e dirigindo a própria vida, mais teremos do Espírito Santo e mais daremos liberdade para que nos dirija e nos capacite contra as investidas do diabo.
Itamir Neves e John Vernon McGee, Comentário Bíblico de Lucas: Através da Bíblia, org. Israel Mazzacorati, Primeira edição, Série Através da Bíblia (São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial, 2012), 57.
(b) É como se canta: “Mas todo dia o pecado vem, me chama. Todo dia as propostas vêm, me chamam. Todo dia vêm as tentações, me chamam. Todo dia o pecado vem”.
João 16.33 (RA)
33 Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
Lucas 22.28 (RA)
28 Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.
Tiago 1.12 (RA)
12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.
Apocalipse 2.10 (RA)
10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Ilustr.: Há uma fábula que fala sobre três demônios aprendizes vindo à terra para terminar sua aprendizagem. Eles falavam com Satanás, maioral dos demônios, sobre seus planos para tentar e arruinar os homens. O primeiro falou, “Eu lhes direi que não há um Deus”. Satanás disse, “Isso não vai enganar muitos, pois eles sabem que há um Deus”. O segundo disse, “Eu lhes direi que não há um inferno”. Satanás respondeu, “Você não enganará ninguém dessa forma; homens já sabem que há um inferno para pecado”. O terceiro disse, “Eu direi aos homens que não tem pressa”. “Vá”, disse Satanás, “e você os arruinará pelos milhares”. A mais perigosa de todas as ilusões é a de que há tempo de sobra. O dia mais perigoso na vida de um homem é quando ele aprende a palavra ‘amanhã’. Há coisas que não podemos adiar, pois nenhum homem sabe se, para ele, o amanhã virá.
- William Barclay - The Gospel of Matthew: (O Evangelho de Mateus) The Daily Study Bible, Rev. ed Volume 2. Philadelphia: The Westminster Press 1975, p. 317. (edição eletrônica) Logos Library System.
Related Media
See more
Related Sermons
See more