Uma Igreja para Todos

Ser e Pertencer  •  Sermon  •  Submitted
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Transcript

Introdução

Você gosta de participar de churascos com amigos? Aquele churrasco entre amigos, ou do futebol? Como você prefere, que cada um leve alguma coisa ou que alguém compre tudo e depois divida os custos? Mas em ambas dessas alternativas, sempre surge alguns desafios:
Existem aqueles que tem problema de memória, que sempre esquecem de acertar a sua parte com quem comprou.
Existe também aquele que quer ficar rico em cima dos outros, você paga o equivalente a picanha maturada, T-Bone, Prime Rib mas só vê linguiça, asa e um pouco de fraldinha.
Quando é para cada um levar, sempre tem aquele que leva acém mas chega falando que só come picanha e reclama se não estiver macia. Não tem problema você levar chã, só não pode ser arrogante.
Tem também a famosa lista, e alguns que deixam para o final para sobra apenas o sal grossopara levar.
Infelizmente confusões dessa natureza as vezes ocorrem também na igreja, talvez você agora esteja recordando de algum momento na igreja que isso ocorreu. Mas esse tipo de problema sempre ocorreu na história da igreja, você sabia? A igreja de Corinto estava passando por esse problema e veremos os impactos na comunidade e como a bíblia trata isso.
1Coríntios 11.17–34 NAA
17 Mas nisto que agora prescrevo, não posso elogiá-los, porque vocês se reúnem não para melhor, e sim para pior. 18 Porque, antes de tudo, estou informado de que, quando se reúnem na igreja, existem divisões entre vocês, e eu, em parte, acredito que isso é verdade. 19 E é até necessário que haja partidos entre vocês, para que também os aprovados se tornem conhecidos entre vocês. 20 Quando, pois, se reúnem no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que vocês comem. 21 Porque, quando comem, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia, e enquanto um fica com fome outro fica embriagado. 22 Será que vocês não têm casas onde podem comer e beber? Ou menosprezam a igreja de Deus e envergonham os que nada têm? Que posso dizer a vocês? Devo elogiá-los? Nisto certamente não posso elogiá-los. 23 Porque eu recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou um pão 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vocês; façam isto em memória de mim.” 25 Do mesmo modo, depois da ceia, pegou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, todas as vezes que o beberem, em memória de mim.” 26 Porque, todas as vezes que comerem este pão e beberem o cálice, vocês anunciam a morte do Senhor, até que ele venha. 27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Que cada um examine a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice. 29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 É por isso que há entre vocês muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 31 Porque, se julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. 33 Assim, meus irmãos, quando vocês se reúnem para comer, esperem uns pelos outros. 34 Se alguém tem fome, que coma em casa, a fim de que vocês não se reúnam para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for aí.
Este texto é muito conhecido, devido o fato de repetirmos ele frequentemente por conta da Ceia do Senhor. De fato ele fala da Ceia do Senhor, porém aplicado a um contexto também de festa. Naquela época e também durante os primeiros anos da igreja existia uma festa chamada "Festa Ágape", ou "Festa do Amor". Como ela ocorria? Essa festa costumava ocorrer de forma regular, acredita-se que semanalmente, não era nas casas, mas no local público de culto. Nessa festa cada membro da igreja levava algum tipo de alimento para compartilhar, e todos se alimentavam juntos em comunhão. Em um momento da festa - talvez no final - a Ceia do Senhor era celebrada conforme o próprio Senhor Jesus ordenou.
Mas qual era o problema que estava ocorrendo? A igreja possuia um público variado, e a festa ágape deveria apontar para a unidade em Cristo, unica e exclusivamente. A igreja é o local onde todas as parreiras sociais, étnicas ou econômicas ficam de lado. Como a própria Palavra de Deus fala:
Colossenses 3.11 NVI
11 Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos.
Mas o que estava ocorrendo? Os pobres e os escravos estavam sendo colocados de lado porque não tinham o que levar. Eles ficavam assistindo até não sobrar nada, não sobrava nem o vinho da ceia (vinho eucarístico). A festa que era para ser do amor, se transformava na festa da discórdia, por isso o apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito de Deus dá uma bronca naquela igreja.
Essa passagem nos aponta alguns princípios para as celebrações ou eventos da igreja:
- Igreja não pode ter um públcio alvo. A igreja pode até desenvolver uma característica específica por conta da sua localidade, mas essa seleção não pode ser intencional. Caso chegue pessoas de uma classe social/econômica muito diferente da maioria dos membros, esses irmãos precisam ser inseridos na comunhão, esse deve ser um esforço intencional (eventos e retiros viabilizados para todos e atendendo também a realidade da maioria).
- As festas da igreja devem ser um banquete comunitário e nunca um piquenique particular. Em Corinto alguns comiam demais e saiam embriagados enquanto outros saiam com fome.
- Por trás das reuniões pode haver aquilo que Deus não aceita. Nem toda reunião agrada ao Senhor, mesmo que talvez você se agrade dela.
- A Ceia do Senhor é o pão que se come com todos, e não com alguns.
Além de tratar a questão da festa em si, Paulo alerta para elementos fundamentais desse momento tão importante para igreja que é a Ceia do Senhor.

1 - A Ceia do Senhor aponta para trás - (Façam isso em memória de mim).

Memória é necessariamente olhar para trás. Paulo leva a memória do povo até a noite em que Jesus foi traído. Não apenas para a Ceia celebrada, mas para o que ela significava. Jesus dando a vida pelos pecadores. Jesus se entregando de forma voluntária por nós. Nós que estávamos separados Dele por causa do pecado. Ele cumpre as exigências da Lei vivendo uma vida perfeita e se dá como sacrifício a Deus. Ele recebe o castigo da Ira de Deus que deveria ser destinada a nós, para que nós recebêssemos o perdão de Deus, o favor que não nos era merecido.
Essa lembrança não é apenas uma chamada para não nos esquecermos. Ou para pensarmos em como Jesus sofreu e nos sentirmos mal com isso. A lembrança aqui envolve um memorial de uma aliança. Assim como Deus fez aliança com Noé e havia um arco como símbolo. A aliança com Moisés tinha as tábuas da Lei; a aliança com Abraão tinha a circuncisão como sinal. E a nova aliança tem a Ceia como um memorial. Olhe o verso 25.
Ao olharmos para trás, percebemos o amor de Deus por nós. Comer do pão e beber do cálice é um ato de demonstrar que confiamos que a justiça de Jesus é suficiente para nos apresentar puros diante de Deus. As últimas palavras de Jesus foram: Está consumado! A dívida foi totalmente paga. Já está feito. Não tem nada que possamos adicionar a esse sacrifício. Ele é perfeito e suficiente. O evangelho não é sobre o que podemos fazer, mas sobre o que Jesus fez. Apenas recebemos essa justiça por meio da fé. E isso tem dois lados:
Não viva se culpando por erros do passado. Não condene a Si mesmo. A dívida foi paga e não há acusação para os que estão em Cristo Jesus. Confie na justiça de Jesus.
Não viva confiando na Sua própria justiça. Ela é incapaz de te justificar. Não tente provar a outros a tua capacidade. Diante de Deus, mesmo nossas obras de justiça são como trapos imundos. Não confie na tua própria capacidade. Confie na justiça de Cristo.

2 - A Ceia do Senhor aponta para dentro (Examine o homem a si mesmo).

Há um compromisso do autoexame. A refeição é uma celebração coletiva, mas esse exame é estritamente individual. E a consequência imediata desse exame é a participação nos elementos. O texto diz: Examine-se, e então coma do pão e beba do cálice. O exame é individual e não do outro (diferente de quem está sob disciplina).
Em alguns lugares, é ensinado que se você pecou durante o mês, você não pode participar. A ideia desse exame é olhar para dentro e perceber que você é de fato um pecador. Mas isso não te condena, desde que você confie na justiça de Cristo e tenha demonstrado isso publicamente por meio do batismo. Por isso, a Ceia é um memorial destinado apenas a discípulos de Jesus, que já demonstraram isso publicamente por meio do batismo. A ceia é para quem compreende o que ela significa e para o que ela aponta. Por isso, pessoas que ainda não foram batizadas não podem participar, é só para quem dicerniu o significado e testemunhou publicamente.
Por isso, a responsabilidade de olhar para dentro.Pois quem come e bebe sem ter essa consciência, o faz para a própria condenação. Esse exame é para recobrarmos essa consciência de que somos de fato pecadores, mas pelo que Jesus fez, podemos nos assentar à mesa com o Pai celestial. E mais, olhar para dentro e perceber que somos pecadores, se somos verdadeiros discípulos de Jesus, isso nos leva ao arrependimento imediato dos nossos erros, a confissão de pecados e como consequência descansamos na paz que excede todo o entendimento. Em Jesus há completo perdão dos pecados.
Esse autoexame aponta para a nossa miséria, e aponta para a cruz. A cruz foi um elemento de morte, onde Jesus foi cruscificado, e esse mesmo Jesus disse: Tome a sua própria cruz. O que isso significa? Que ao recebermos o evangelho, a nossa velha natureza precisa morrer, para que também na ressureição de Jesus uma nova natureza possa nascer em nós. Jesus não morreu para fazer uma melhor versão de você mesmo, Ele morreu para você ser uma nova criatura. A auto ajuda- propõe uma melhor versão, o evangelho propõe um novo eu.

3- A Ceia do Senhor aponta para fora (todas as vezes que comerdes e beberdes).

As instruções da Ceia são dadas para a Igreja de Cristo. A celebração da Ceia é uma celebração da Igreja de Jesus. Por isso durante a pandemia, fizemos a opção de não termos a celebração, porque entendemos que essa experiência não pode ser substituída. Não criticamos quem o fez, conhecemos pastores amigos que fizeram, mas não entendemos assim. Para nós, a experiência online nos aproximou, mas nada substitui a comunhão física e presencial dos discípulos de Jesus. Por isso, aqui na Igreja do Redentor tínhamos transmissões e não culto online. Do mesmo modo, a celebração da Ceia é uma festa da comunhã (como celebrar algo que não estava ocorrendo, a ceia é a celebração do ajuntamento do povo de Deus).
Lembre que Paulo acabara de advertir seriamente essa igreja, mas ele não diz que não deveriam mais se reunir. Ele simplesmente orienta de que modo isso deveria ser feito.
A comunhão com Deus nos leva necessariamente à comunhão com o próximo. Então celebrar a Ceia do Senhor é oportunidade de comunhão, de reconciliação e de celebração do corpo de Cristo que é a igreja.
Em um mundo quebrado, a igreja é chamada a ser a primeira a dar frutos de uma nova criação, incorporando uma comunidade reconciliada; que se reúne independentemente de preferências, gostos, classes ou etnias, a fim de perseguir o bem comum”. James K. A. Smith em - "Você é aquilo que ama".

4- A Ceia do Senhor Aponta para frente (anunciam a morte do Senhor até que Ele venha).

A Ceia é uma grande oportunidade que temos de falar que Jesus não apenas morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia. Provou que o sacrifício foi aceito por Deus, porque se venceu a morte, significa que venceu o pecado. O salário do pecado é a morte. Qualquer pecador é vencido pela morte. Jesus não foi vencido por ela, mas a derrotou, a ponto de Paulo escrever aos Coríntios, perguntando pra morte onde está a Sua vitória.
Esse Jesus que venceu a morte, voltará para nos buscar, de acordo com esse mesmo texto, no capítulo 15. E só viveremos eternamente com Ele porque a morte foi vencida na ressurreição.
Na última Ceia, Jesus diz que não beberia do fruto da videira antes que o fizesse no Reino de Deus. Paulo diz que todas as vezes que o fazemos, anunciamos a morte do Senhor até que Ele venha. A Ceia do Senhor é um anúncio do Reino que já está entre nós, mas ainda não. Ele já foi inaugurado, mas será desfrutado em plenitude nos novos céus e na nova Terra. Como celebramos isso ainda hoje? Pela celebração da Ceia do Senhor.
A Ceia é uma espécie de imagem que prenuncia o Reino cheio de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Onde não haverá a injustiça de uns estarem fartos e outros famintos; onde assim com pão e vinho são distribuídos de modo igual e livre a todos que possuem comunhão, estaremos eternamente celebrando essa comunhão e tendo livre e igual acesso a Cristo que nos é suficiente.

Conclusão

A minha oração como pastor dessa igreja é para que ela compreenda a importância de uma doutrina sadia, que leva a uma comunhão sadia. E que isso é evidenciado por meio da celebração da Ceia.
Eu oro para que sejamos uma igreja cada vez mais centrada no Evangelho. Que nossa celebração da Ceia seja uma cerimônia rica, seja uma festa do perdão e da reconciliação entre todos, como consequência do perdão e reconciliação que temos com Deus por meio do Evangelho.
Que olhemos para trás com a certeza que o trabalho foi feito; para dentro com a certeza que necessitamos de um salvador; para fora com a alegria de pertencermos uns aos outros e; para frente com a certeza que Ele voltará!
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