AUTORIDADE DO SANTO DE DEUS! Lucas 4.31-37

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Jesus se tornou famoso por ter palavras e ações marcadas por autoridade divina.

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Grande ideia: Jesus se tornou famoso por ter palavras e ações marcadas por autoridade divina.
Estrutura: Jesus ensinava com autoridade (vv. 31-32), Jesus agia com autoridade (vv. 33-37).
01. Ensino com autoridade. (vv. 31-32)
(a) Uma das principais “bases de operações” no ministério de Jesus, foi Cafarnaum:
Mateus 4.13–16 (NAA)
13E, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, na região de Zebulom e Naftali.
14Isso aconteceu para se cumprir o que tinha sido dito por meio do profeta Isaías:
15“Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios!
16O povo que vivia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.”
(b) Jesus mantinha ainda todo o protocolo judaico em seus ensinos: “ensinava no sábado”. Mas, a despeito disso, Lucas registra cinco milagres de Jesus em dias de sábado (4.31–37, 38–41; 6.6–11; 13.10–17; 14.1–6).
(c) Toda a audiência de Jesus era profundamente impactada com a sua “doutrina”.
- O povo estava mudo de assombro, literalmente “sentir-se golpeados”, isto é, como se estivessem “fora de si” por causa de seu assombro e admiração. Era um estado que não desaparecia imediatamente, mas que durou algum tempo.
William Hendriksen, Lucas, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 321.
(d) Importante fazer um destaque desse termo aqui, “doutrina”.
Das 95 ocorrências, quase dois terços se encontram nos evangelhos e em Atos (e apenas dez em Paulo). O sentido inequívoco é “ensinar”.
(e) O didáskein de Jesus de acordo com os Sinóticos.
a. didáskein é uma das funções principais de Jesus (Mt 4.23; 9.35; 11.1). Ele ensina nas sinagogas (Mt 9.35) e no templo (Mc 12.35), bem como na rua.
Mateus 4.23 (NAA)
23Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo.
Mateus 9.35 (NAA)
35E Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades.
Mateus 11.1 (NAA)
1Quando Jesus acabou de dar estas instruções a seus doze discípulos, saiu dali para ir ensinar e pregar nas cidades deles.
Marcos 12.35 (NAA)
35Jesus, ensinando no templo, perguntou: — Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?
b. A forma do seu ensino é a de um típico professor da sua época. Em Nazaré ele lê a Escritura, se senta e expõe a passagem (Lc 4.16ss.). Ele também se senta para ensinar em Mt 5.1ss.; Mc 9.35; Lc 5.3.
Mateus 5.1 (NAA)
1Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte. Ele se assentou e os seus discípulos se aproximaram dele.
Marcos 9.35 (NAA)
35E Jesus, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: — Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.
c. O material de Jesus também é tradicional. Ele começa com a Escritura em Lc 4.16ss.; Mt 5.21ss. Mesmo assim ele não para na lei e se opõe à exposição casuísta. Seu alvo é objetivar a ordenação de toda vida em relação a Deus e ao próximo (Mt 22.37ss.), apela para a vontade e intima a uma decisão contra ou a favor de Deus. Como os rabinos ele encontra a revelação da vontade de Deus na Escritura (cf. Mt 5.17–18). A diferença principal está na sua própria consciência como o Filho. É por causa dele mesmo que seu ensino causa impressão (Mc 1.22; Mt 7.28–29). Portanto, embora ele não torne a lei absoluta, ele segue verdadeiramente o seu ensino ao mirar a pessoa integral com uma visão de educação e reforma. Nesse sentido ele é o fim da lei (Rm 10.4) e o evangelho se refere ao ensino num sentido absoluto quando fala do ministério professoral de Jesus. Embora esse seja o uso rabínico comum, ele soaria estranho aos ouvidos gregos. Mesmo assim, até mesmo Lucas o usa nesse sentido, pois a ligação com o próprio Jesus confere ao seu ensino um sentido absoluto.
Mateus 22.37 (NAA)
37Jesus respondeu: — “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.”
Mateus 5.17–18 (NAA)
17— Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.
18Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
Marcos 1.22 (NAA)
22E maravilhavam-se com a sua doutrina, porque os ensinava como alguém que tem autoridade e não como os escribas.
Mateus 7.28–29 (NAA)
28Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, as multidões estavam maravilhadas com a sua doutrina,
29porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas.
Romanos 10.4 (NAA)
4Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
d. Um elemento novo no evangelho é a ausência da ênfase intelectual que é comum em toda parte entre escritores gregos (clássicos, pós-clássicos, helenísticos e até mesmo judeus helenísticos) e que se desenvolve na exegese rabínica numa tentativa de adaptação à força desintegradora do helenismo, de modo que em alguns círculos o estudo da lei pode ser mais valorizado que seu verdadeiro estudo. Em relação a isso, Jesus com sua reivindicação total representa o que seria talvez um cumprimento mais verdadeiro do conceito do AT.
K. H. Rengstorf, “didáskō, didáskalos, nomodidáskalos, kalodidáskalos, pseudodidáskalos, didaskalía, heterodidaskaléō, didachḗ, didaktós, didaktikós”, org. Gerhard Kittel, Gerhard Friedrich, e Geoffrey W. Bromiley, trad. João Artur dos Santos, Dicionário Teológico do Novo Testamento (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013), 178.
(f) Falar com autoridade, implica em algo mais do que convencionamos naqueles dias (e por que não dizer, nos nossos também!).
Mateus 7.28–29 (NAA)
28Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, as multidões estavam maravilhadas com a sua doutrina,
29porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas.
https://ipbvit.org.br/2013/10/11/a-autoridade-de-jesus-no-ensino/
- O texto bíblico acima descreve um contraste entre o ensino de Cristo e o ensino dos escribas. O relato mostra as multidões maravilhadas (fora de si ou assombradas) com o sermão do mestre, porque ele ensinava com autoridade. Já o ensino dos escribas não causava nenhum impacto nos ouvintes, pois era fundamentado na tradição oral legada através das gerações. A diferença nevrálgica é que no seu ensino, Cristo falava com autoridade própria e não por meio da autoridade de outros. Jesus não foi um profeta comum que diz: “Assim diz o Senhor”. Ele falava na primeira pessoa e afirmava que seu ensinamento cumpria o Antigo Testamento. Portanto, a autoridade de Jesus era única (Carson).
02. Ação com autoridade. (vv. 33-37)
(a) Lucas destaca aqui o episódio de um homem que, possuído por um espírito demoníaco, proclama algo a respeito de Jesus.
Atos dos Apóstolos 19.15 (NAA)
15Mas o espírito maligno lhes respondeu: — Conheço Jesus e sei quem é Paulo; mas vocês, quem são?
Tiago 2.19 (NAA)
19Você crê que Deus é um só? Faz muito bem! Até os demônios creem e tremem.
Apocalipse 3.7 (NAA)
7— Ao anjo da igreja em Filadélfia escreva: “Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá.
Atos dos Apóstolos 22.8 (NAA)
8Perguntei: “Quem é o senhor?” Ao que me respondeu: “Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem você persegue.”
(b) Jesus não dialoga com o demônio e nem expõe ainda mais o pobre homem possesso, sua fala é incisiva: “cale-se e saia desse homem”.
φιμοω phimoo
de phimos (mordaça); v
1) fechar a boca com uma mordaça, amordaçar
2) metáf.
2a) fechar a boca, tornar mudo, reduzir ao silêncio
2b) tornar-se mudo
3) ser mantido sob controle
James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).
Lucas 4.41 (NAA)
41Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: — Você é o Filho de Deus! Ele, porém, os repreendia para que não falassem, pois sabiam que ele era o Cristo.
(c) Interessante:
- Quanto à possessão de demônios nos Sinóticos e em Atos deve-se notar: (1) embora nem toda doença seja explicada como ação de demônios, todas elas são em certo sentido a obra de Satanás (cf. Lc 13.11ss.); (2) que a questão principal da possessão é a distorção da imagem divina ou o enfraquecimento do centro da personalidade (Mc 5.5), que Jesus veio curar (Mt 12.28); e (3) que os demônios conhecem a Jesus (e seu próprio destino cf. Mt 8.29; Tg 2.19), coisa que eles verbalizam impulsivamente, mas esta não é a confissão que Jesus deseja.
Lucas 13.11 (NAA)
11E chegou ali uma mulher possuída de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; ela andava encurvada, sem poder se endireitar de modo nenhum.
Marcos 5.5 (NAA)
5Andava sempre, de noite e de dia, gritando por entre os túmulos e pelos montes, ferindo-se com pedras.
Mateus 12.28 (NAA)
28Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o Reino de Deus sobre vocês.
Mateus 8.29 (NAA)
29E eis que gritaram: — O que você quer conosco, Filho de Deus? Você veio aqui nos atormentar antes do tempo?
Tiago 2.19 (NAA)
19Você crê que Deus é um só? Faz muito bem! Até os demônios creem e tremem.
W. Foerster, “daímōn, daimónion, daimonízomai, daimoniōdes, deisidaímōn, deisidaimonía”, org. Gerhard Kittel, Gerhard Friedrich, e Geoffrey W. Bromiley, trad. João Artur dos Santos, Dicionário Teológico do Novo Testamento (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013), 153.
(d) A autoridade de Jesus faz com que o demônio se renda à sua voz de comando: “saiu daquele homem sem lhe fazer mal”.
Lucas 9.42 (NAA)
42Quando o menino estava se aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou ao pai.
(e) No verso 36, há o somatório das duas ênfases do texto: palavra com autoridade e poder sobre os “espíritos imundos”.
Lucas 4.36 (RC95)
36E veio espanto sobre todos, e falavam uns e outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem?
Marcos 1.27 (NAA)
27Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: — Que é isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
(f) E porção se encerra com um testemunho: “E a fama de Jesus se espalhava por todos os lugares daquela região”.
03. Outras aplicações:
(a) O ensino de Jesus jamais soou cansativo ou monótono. Mas, ao mesmo tempo ele não era refém de novidades humanistas. Ele tinha o ensino que havia recebido do Pai.
João 7.46 (NAA)
46Eles responderam: — Jamais alguém falou como este homem.
João 8.26 (NAA)
26Muitas coisas tenho para falar e julgar a respeito de vocês. Porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele ouvi, essas digo ao mundo.
Jeremias 23.29 (NAA)
29Não é a minha palavra como fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que despedaça a rocha?
(b) Não existe um modo mais absurdo de escravidão do que a provocada por demônios. Essa é forma mais abjeta de domínio de um homem por “espíritos imundos”.
- O contexto principal em que os demônios são encontrados nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos está em relação aos seus efeitos negativos e prejudiciais aos seres humanos. Isso inclui violência física (por exemplo, Mt 8:28–33; Mc 5:2–5, Lc 4:34–36; At 8: 7), mutismo (Mt 9:32–33), cegueira (Mt 12:22), tormento (Mt 12:43–45; Lc 6:18; 11:24–26), e doenças (At 19:12).
Além desses males, outras condições se manifestam naqueles que são apanhados por demônios ou espíritos malignos. Isso inclui: comportamentos autodestrutivos ou isolantes, insanidade, explosões repentinas, convulsões, choro, ranger de dentes, espumar a boca e ficar rígido (Mt 17:14–17; Mc 9:17–29; 5:1–20; Lc 9:39–43).
David Seal, “Demon”, org. John D. Barry, Dicionário Bíblico Lexham (Bellingham, WA: Lexham Press, 2020).
(c) Jesus se tornou famoso por conta de sua capacidade de unir juízo com misericórdia, firmeza com ternura e verdade com amor.
- "Lembre-se de que não apenas a misericórdia, mas também a graça. A graça vai além da misericórdia. A misericórdia deu a Rute um pouco de comida; a graça deu a ela um marido e um lar. A misericórdia deu ao filho pródigo uma segunda chance; a graça deu a ele uma festa. A misericórdia fez com que o samaritano cuidasse dos ferimentos da vítima; a graça fez com que ele deixasse o cartão de crédito como pagamento pelos cuidados da vítima. A misericórdia perdoou o ladrão da cruz; a graça escoltou-o para o céu. A misericórdia nos perdoa; a graça nos corteja e nos desposa." (from "Graça" by Max Lucado, Leila Kormes)
Marcos 2.1–12 (NAA)
1Dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum, e logo se ouviu dizer que ele estava em casa.
2Muitos se reuniram ali, a ponto de não haver lugar nem mesmo junto à porta. E Jesus anunciava-lhes a palavra.
3Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens.
4E, não podendo aproximar-se de Jesus, por causa da multidão, removeram o telhado no ponto correspondente ao lugar onde Jesus se encontrava e, pela abertura, desceram o leito em que o paralítico estava deitado.
5Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: — Filho, os seus pecados estão perdoados.
6Alguns escribas estavam sentados ali e pensavam em seu coração:
7— Como ele se atreve a falar assim? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, a não ser um, que é Deus?
8E Jesus, percebendo imediatamente em seu espírito que eles assim pensavam, disse-lhes: — Por que vocês estão pensando essas coisas em seu coração?
9O que é mais fácil? Dizer ao paralítico: “Os seus pecados estão perdoados”, ou dizer: “Levante-se, tome o seu leito e ande”?
10Mas isto é para que vocês saibam que o Filho do Homem tem autoridade sobre a terra para perdoar pecados. E disse ao paralítico:
11— Eu digo a você: Levante-se, pegue o seu leito e vá para casa.
12Ele se levantou e, no mesmo instante, pegando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de todos se admirarem e darem glória a Deus, dizendo: — Jamais vimos coisa assim!
Ilustr.: “Confessando com Deus”, no livro “Graça: Mais do que merecemos. Mais do que imaginamos” de Max Lucado:
Mateus 23.26 (NAA)
26Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!
Agostinho: A confissão das más ações é o primeiro passo para a prática das boas ações”.
João Cristóstomo: O fogo do pecado é intenso, mas ele é apagado com uma pequena porção de lágrimas, pois a lágrima apaga a fornalha dos erros e purifica nossas feridas do passado.
Dietrich Bonhoeffer: Um homem que confessa seus pecados na presença de um irmão sabe que não está mais sozinho; ele experimenta a presença de Deus na realidade da outra pessoa.
"Os que confessam encontram uma liberdade que os negadores não encontram. “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1João 1:8,9). Oh, a doce certeza destas palavras. “Ele nos purificará.” Não um talvez, poderia, iria ou sabe-se lá. Ele nos purificará. Diga a Deus o que você fez. Repito, não que ele já não saiba, mas vocês dois precisam concordar. Passe o tempo que for necessário. Compartilhe o máximo de detalhes que conseguir. Depois, deixe que a água pura da graça flua sobre seus erros." (from "Graça" by Max Lucado, Leila Kormes)
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