Unidade e Diversidade

Ser e Pertencer  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

A igreja de Corinto enfrentava alguns problemas relacionados ao culto cristão. Como vimos na semana passada a Ceia do Senhor estava perdendo o propósito por falta de unidade e domínio próprio por parte de alguns.
Veremos que a igreja de Corinto também tinha problemas relacionado aos dons espirituais, por causa de uma entendimento errado sobre o seu propósito. Os dos espirituais não foram dados à igreja para a projeção humana nem para medir espiritualidade de uma pessoa. Os dons são importantíssimos para a igreja. São recursos que o próprio Espírito de Deus dá a igreja para o crescimento saudável e também para suprir a necessidade dos membros. O foco do dom não exatamente em quem o recebe, mas quem será abençoado através do dom que você recebeu. Por isso Paulo faz um apelo importante aos Corintos.
1Coríntios 12.1–12 NAA
1 Irmãos, não quero que vocês estejam desinformados a respeito dos dons espirituais. 2 Vocês sabem que, quando eram gentios, se deixavam conduzir aos ídolos mudos, conforme vocês eram guiados. 3 Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: “Anátema, Jesus!” Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito Santo. 4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso. 8 Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento. 9 A um é dada, no mesmo Espírito, a fé; a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; 10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos. A um é dada a variedade de línguas e a outro, capacidade para interpretá-las. 11 Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas essas coisas, distribuindo-as a cada um, individualmente, conforme ele quer. 12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo.
Paulo começa falando sobre qual deve ser a nossa atitude em relação aos dons, pois existem pelo menos 4 posições diferentes a esse respeito:
1.Cessasionismo - Crêem que alguns dons como esses mencionados por Paulo em Corinto foram restritos à aquele tempo específico.
2. Os ignorantes. São aqueles que nao conhecem nada sobre dons e nem se interessam em saber.
3. Os medrosos. São aqueles que por medo dos excessos, preferem não se aprofundar muito nessa realidade da vida cristã.
4. Contemporaniedade. São aqueles que creêm que todos os dons, sem excessão continuam existindo da mesma forma hoje como existia no passado.
Sobre cessassionismo e contemporaniedade nós vamos falar um pouco mais a frente, mas gostaria de pontuar o que somos instruidos nesse texto: Não podemos ser ignorantes a respeito deste tema!
A ignorância fez com que a igreja de Corinto fizesse mal uso dos dons, e nós corremos o mesmo risco quando nos recusamos a conhecer essa verdade espiritual. Não faltava nenhum dom a igreja de Corinto, o problema deles não era a ausência de dons, mas o fato de que eles colocaram o dom de variedade de línguas como mais elevado do que outros dons. Era uma espécie de status espiritual. Sobre esse dom especificamente existem duas posições quue se sustentam biblicamente se ele ainda existe ou não, hoje não entraremos nesse mérito, mas o ponto fundamental aqui é que: 1- Ele não é evidência de uma bênção maior (ou segunda bênção) ou de que a pessoa é mais espiritual, até mesmo crendo que ele ainda existe, não há argumento bíblico que sustente que ele é um dom que todo crente tem ou deva ter. 2. Ele em algumas vezes é colocado pela própria Palavra de Deus como o menos importante, pois é para a auto-edificação, diferente dos demais.
Outra verdade aqui é que nenhuma igreja pode ser medida pela variedade de dons ou por haver ali dons extraordinários, se fosse assim a igreja em Corinto seria a campeã em espiritualidade. Mas o que vemos é uma igreja que enfrentava sérios problemas de pecado.
Paulo, então, mostra para a igreja que outrora eles eram conduzidos e guiados pelos ídolos. Mas agora, são guiados e controlados pelo Espírito Santo de Deus. “Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (12.3).
Os crentes da igreja de Corinto vieram, na sua maioria, das religiões de mistério, do politeísmo pagão, onde eles eram incorporados por espíritos malignos e falavam em estado de êxtase. Agora, alguns desses crentes queriam importar essas práticas para a igreja.
O grande problema é que algumas pessoas na igreja de Corinto estavam falando em estado de êxtase. E nesse momento de êxtase, algumas pessoas diziam: Anátema Jesus! Amaldiçoado seja Jesus! Paulo, então, corrige essa prática dizendo que uma pessoa guiada pelo Espírito de Deus não pode fazer isso, porque o Espírito de Deus não leva uma pessoa a falar e agir de maneira contrária a Jesus Cristo.
O ministério do Espírito Santo é glorificar e exaltar a Jesus. Ninguém pode confessar Jesus como Senhor e viver de conformidade com essa realidade sem a ação e o poder do Espírito Santo. Paulo então prossegue ensinando aquela igreja e a nós sobre a importância dos dons.
1Coríntios 12.12–31 NAA
12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo. 13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. 14 Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. 15 Se o pé disser: “Porque não sou mão, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo. 16 Se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como ele quis. 19 Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. 21 Os olhos não podem dizer à mão: “Não precisamos de você.” E a cabeça não pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês.” 22 Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários, 23 e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra. Também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra, 24 ao passo que os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, 25 para que não haja divisão no corpo, mas para que os membros cooperem, com igual cuidado, em favor uns dos outros. 26 De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros se alegram com ele. 27 Ora, vocês são o corpo de Cristo e, individualmente, membros desse corpo. 28 A uns Deus estabeleceu na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, os que têm dons de curar, ou de ajudar, ou de administrar, ou de falar em variedade de línguas. 29 Será que são todos apóstolos? Será que são todos profetas? Será que são todos mestres? São todos operadores de milagres? 30 Todos têm dons de curar? Todos falam em línguas? Todos têm o dom de interpretar essas línguas? 31 Entretanto, procurem, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente.
Vemos Paulo escrevendo essa carta a igreja em Corinto com um chamado para a unidade em meio a diversidade. Temos a tendência de pensar em unidade como uniformidade, mas a unidade sem diversidade resulta em uniformidade, e a uniformidade tende a levar à morte. A vida é um equilíbrio de unidade e diversidade. Por isso Paulo compara a igreja a um corpo, que foi batizado em um único Espírito, logo somos a comunidade onde Deus habita. O conceito que somos templo do Espírito Santo pode nos trazer uma idéia equivocada sobre uma espiritualidade individual. Não estou falando que individualmente Cristo não habite em nós, mas sem comunidade não há a vitalidade do corpo. O que faz de nós corpo, habitação de Deus é exatamente o senso de pertencimento a comunidade que Deus habita, mesmo nos momentos que eu não esteja reunido com os demais membros. Este texto aponta para impossibilidade de se viver uma fé autêntica sem que ela seja vivida coletivamente e de forma diversa.
Quando lemos o slogan da nossa igreja que diz “uma igreja para todos”, é justamente sobre diversidade que estamos falando. De uns anos para cá um movimento de igrejas segmentadas, para tribos. Não estou falando contra a contextualização, mas quando uma igreja traça um público alvo específico. Não estou falando em entender a cultura da cidade e do bairro para se comunicar com o morador padrão de um determinado lugar, tribo ou classe social, mas desde que isso não seja uma forma de padronizar a igreja. Quando fazemos assim estamos sendo orientados por uma cultura de mercado e não da Palavra de Deus, é a igreja se rendendo a demandas seculares e não do Reino de Deus. Isso ajuda a explicar por que algumas igrejas (e outros ministérios cristãos) enfraquecem e morrem: não há diversidade suficiente para impedir que a unidade se transforme em uniformidade (esse processo pode nos enganar, porque pode levar anos). No entanto, a diversidade não controlada pode destruir a unidade; tem-se, então, a anarquia. Vemos em 1 Coríntios 13 que o equilíbrio entre a unidade e a diversidade é proveniente da maturidade. A tensão dentro do corpo entre os membros individuais e o organismo como um todo só pode ser resolvida pela maturidade. Usando o corpo humano como ilustração, Paulo explica dois fatos importantes sobre a diversidade no corpo de Cristo. Por que existem membros diferentes?
1- Crescer, viver e servir.
Nenhum membro deve se comparar a qualquer outro membro, pois cada um é diferente e cada um é importante. Suponho que seria capaz de aprender a andar com as mãos, mas prefiro usar meus pés, afinal de contas os pés foram feitos para isso. O ouvido não pode ver e o olho não pode ouvir, no entanto cada órgão exerce uma função crítica. Quem já tentou cheirar com os ouvidos? Podemos observar, hoje em dia - assim como na igreja de Corinto, que algumas pessoas têm a tendência de engrandecer os dons “sensacionais". Alguns cristãos sentem-se extremamente culpados por possuírem dons que não os colocam em evidência. É a esse tipo de atitude que Paulo se opõe e que refuta neste parágrafo. Diversidade não implica inferioridade. Paulo inclsuive aponta a diversidade e a unidade como "um caminho ainda mais excelente". Outra característica destacada por Paulo aqui é a soberania divina na distribuição dos dons. Não é alvo da escolha humana, mas providência divina para o bem do corpo, onde cada um possui a mesma importância. Devemos imaginar que o Senhor cometeu um erro quando concedeu os dons?
2- Aprender que somos mutuamente dependentes.
A diversidade no corpo é evidência da sabedoria de Deus. Cada membro precisa dos outros membros e não pode se dar o luxo de ser independente. Quando uma parte do corpo torna-se independente, gera um problema sério que pode levar a uma enfermidade e até mesmo à morte. Em um corpo humano saudável, os diversos membros cooperam uns com os outros e até mesmo compensam uns pelos outros quando ocorre uma crise (alguém que fica cego e desenvolve outros sentidos para minimizar a falta, apesar de não substituir). O que é uma doença senão um desequilíbrio do corpo, logo quando o corpo não está unido está doente. No instante em que uma parte do corpo diz a outra: “Não preciso de você!", começa a enfraquecer e a morrer e cria problemas para o corpo todo.
O desejo de Deus é que não haja nenhum tipo de divisão na igreja. Quando os membros competem entre si, a diversidade conduz à separação; mas quando os membros cuidam uns dos outros, ela conduz à unidade. De que maneira os membros cuidam uns dos outros? Ao funcionar cada um de acordo com a vontade de Deus e ajudar os outros membros a fazer o mesmo. Se um membro sofre, afeta todos os outros membros. Se um membro está saudável, ajuda os outros a se fortalecerem.
Aplicação
A unidade no corpo é algo fundamental, o próprio Senhor Jesus em vários momentos falou sobre isso. Em um momento narrado no evangelho de Lucas no capítulo 12, versículo 25 Ele diz: Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.”
Havia ali uma divergência e Jesus adverte alguns religiosos (fariseus) conclui no versículo 30 dizendo: "Aquele que não está comigo, está contra mim; e aquele que comigo não ajunta, espalha.”
Esse versículo é usado frequentemente de forma errada, como se Jesus estivesse criando um muro, um argumento para criar uma dicotomia, uma separação total entre dois reinos. Mas na verdade Jesus está advertindo sobre a unidade entre crentes. Na sua ultima oração Jesus também diz:
Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. João 17:11
Mesmo tendo muitos membros, formamos um só corpo, a igreja é a expressão mística de Cristo na Terra. O Espírito nos batiza no corpo. Andar em comunhão, em unidade é o caminho escelente que Deus estabeleceu para que tudo vá bem com seu povo enquanto não vivemos na plenitude do Seu Reino.
O que precisamos para que o corpo funcione?
Que todo o corpo cuide do corpo, o cuidado não é exclusividade de um membro apenas, mas de todos, sem distinção ou preferências (vv.25). De que forma, colocando em prática o dom que Deus nos deu em favor do corpo. Temos a tendência de achar que precisamos ser apenas cuidado pela igreja, mas na verdade nós somos chamados para cuidar e sermos cuidado ao mesmo tempo. De que forma fazemos isso, usando o dom que recebemos do Senhor em favor dos nossos irmãos sem fazer qualquer tipo de distinção.
Por isso que é necessário que haja ajuntamento para que o corpo permaneça saudável(os riscos das transmissões ao vivo e achar que a minha presença é dispensável). A sua ausência afeta não só a você, mas todo o corpo. Quantos de nós já tivemos a ilusão de que poderíamos viver uma vida cristã autêntica em casa? Mas a vida em comunidade nos dá o senso de pertencimento, porque não há vida desconectada do corpo. O corpo é o veiculo que Deus usa para que do Espirito que cada um que Dele recebeu produza vida, conselho, cuidado, oração, encorajamento, ajuda… Todos nós bebemos de um mesmo Espírito e fonte de onde bebemos é essa comunidade.
Conclusão
Então porque fazemos isso? Fazemos isso em resposta ao que Deus fez por nós. Diante da nossa distância de Deus, do estado que nascemos em separação a ele, como pecadores e incapazes de nos achegarmos a Ele por "nossas próprias pernas - pelas nossas próprias forças - nosso próprio talento", o que Deus faz? Olha para a nossa miséria, para a nossa condição, estávamos perdidos e Deus envia um presente (dom), e nos dá salvação. Jesus veio com um propósito que não era pessoal, a sua glória foi derramada em favor de outros. O seu "dom"era ser o único capaz de cumprir completamente a Lei (não pecar), e o seu mérito ou talento (dom de ser o único habilitado a ser salvo) não beneficiou a si mesmo, beneficiou a nós.
Assim como Deus dá dons diferentes a nós para que façamos pelo o outro o que ele não possui o dom para fazer, Jesus é o salvador, o único que tem essa prerrogativa para suprir a necessidade que todos nós temos.
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