A Missão do Consolador Jo 16.5-15

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Texto

5 Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?

6 O vosso coração encheu-se de tristeza, porque eu vos disse essas coisas.

7 Todavia, digo-vos a verdade; é para o vosso benefício que eu vou. Se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, eu o enviarei.

8 E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:

9 do pecado, porque não creem em mim;

10 da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

11 e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado.

12 Ainda tenho muito que vos dizer; mas não podeis suportá-lo agora.

13 Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá a toda a verdade. E não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.

14 Ele me glorificará, pois receberá do que é meu e o anunciará a vós.

15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, o anunciará a vós.

O Espírito Santo é um dos temas mais falados nos últimos anos e podemos afirmar com certeza: “um dos mais incompreendidos pela cristandade”. Isso porque se convencionou deixar de lado aquilo que a Palavra de Deus nos revela a respeito do Espírito Santo e passou-se a utilizar uma ideia humanizada, sensitiva e até mesmo feminilizada para se referir ao Espírito Santo.
No imaginário gospel popular, o Espírito deixou de ser visto como divino e passou a ser visto como uma força, uma sensação, um arrepio na pele, uma voz, etc.. Isso quando não se atribui muitas palhaçadas como se fossem obras do Espírito Santo.
Pessoas rolam ao chão dizendo estarem sob a influência do Espírito Santo. Outros, riem incontrolavelmente alegando estar sob influência do Espírito Santo. Uma olhada rápida na internet e vc vê alguns “cultos”, onde mais se parece um terreiro de umbanda do quê realmente um culto a Deus.
A pergunta é: “Porque isso?” Como essas coisas aconteceram no ambiente da igreja? E a resposta é aquilo que eu comecei dizendo: As pessoas deixaram de analisar o papel do Espírito Santo como revelado na Palavra de Deus e com isso, restou a subjetividade dos pensamentos humanos. Ou seja, sobrou aquilo que as pessoas tinham em mente, e daí deu tudo errado.
Nosso objetivo nesta noite é analisar alguns aspectos que a bíblia diz a respeito do papel e da obra do Espírito Santo no contexto do mundo e da igreja.

A obra do Espírito Santo no mundo (16.5–11)

Jesus comunica mais uma vez sua partida para junto do Pai, que o enviou (16.5).
João 16.5 RA
5 Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
Essa informação de sua partida tornou-se a principal causa da tristeza de seus discípulos (16.6).
João 16.6 RA
6 Pelo contrário, porque vos tenho dito estas coisas, a tristeza encheu o vosso coração.
João 16.7 RA
7 Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.
Aqui, em palavras claras, Jesus expressou o que tinha deixado implícito o tempo todo. Porventura Jesus já tinha dito a seus discípulos que sua partida tinha o propósito de preparar-lhes lugar (14.2); capacitá-los a fazerem obras maiores (14.12); dar-lhes maior conhecimento (14.20); e, na realidade, chegar mais perto deles, isto é, no Espírito (14.28).
Estava claro que a partida do Mestre seria em benefício dos discípulos. E também, enquanto os discípulos vissem Jesus no corpo, poderiam entender que seu relacionamento com ele deveria ser de caráter espiritual.
Agora veja:
João 11.50 RA
50 nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação.
Os caminhos de Deus, de fato, são sempre estranhos! Cristo e seu grande inimigo Caifás estão dizendo a mesma coisa, isto é, que é conveniente que Jesus morra. É óbvio que Caifás não o dizia no mesmo sentido que Cristo. A intenção do Espírito, entretanto, era a mesma em ambos os casos.
A razão básica do motivo pelo qual a partida de Cristo significa triunfo e não tragédia, a razão pela qual ela é um auxílio, não um obstáculo, para esses homens (e para a Igreja em geral) é esta: que, de outro modo, o Auxiliador (veja sobre 14.16), ou seja, o Espírito Santo, não viria para eles.
O Espírito não pode vir a menos que Jesus parta: o Filho está partindo via cruz. Por meio de sua partida, ele conquista o mérito da redenção para seu povo. Ora, o Espírito Santo é aquele que tem a tarefa especial de aplicar os méritos salvíficos de Cristo ao coração dos crentes (Rm 8; Gl 4.4–6). Porém, o Espírito não pode aplicar esses méritos quando não há méritos para aplicar. Portanto, a menos que Jesus parta, o Espírito não pode vir.
Além de disso, deve-se ter em mente que a bênção do Espírito Santo é a recompensa do trabalho de Cristo (At 2.33). Mas uma recompensa não é dada até que a tarefa pela qual ela é dada seja completada. Então, o Espírito Santo não pode ser enviado até que Jesus tenha terminado sua tarefa na terra.
João 16.8–11 RA
8 Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: 9 do pecado, porque não creem em mim; 10 da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; 11 do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
Três verdades são aqui enfatizadas.
Em primeiro lugar, a obra do Espírito Santo é convencer o mundo do pecado (16.8,9). E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado […] porque não creem em mim. O maior pecado das pessoas hostis a Deus, que as condena para sempre, não são seus desvios teológicos nem seus devaneios morais, mas sua resistente incredulidade, a despeito de toda verdade que tenham ouvido e de todas as obras de Deus que tenham visto.
Não faltaram ao mundo evidências eloquentes de que Jesus é o enviado de Deus para a sua salvação; nada obstante, o mundo rejeitou Cristo por causa da sua culpável incredulidade. Charles Erdman diz que Cristo é bom, santo e puro; rejeitá-lo é reconhecer-se culpado do crime de se opor à bondade, à santidade, à pureza e ao amor. Diante de Cristo apresentado na pregação, o caráter das pessoas se define. Jesus é a sua pedra de toque.
Nessa mesma linha de pensamento, F. F. Bruce diz que não se trata aqui da mesma coisa que às vezes é chamada de “convicção de pecado”, produzida pelo Espírito no coração, que leva ao arrependimento e à fé. Não é esse o aspecto da atividade do Espírito Santo que está em tela aqui. O Espírito ao mundo dá testemunho de que o Jesus que foi rejeitado, condenado e morto pelo mundo foi recompensado e exaltado por Deus. O fato de ele ser rejeitado, condenado e executado expressou com clareza violenta a recusa do mundo em crer nele; essa incredulidade agora é exposta como pecado.
Werner de Boor, nessa mesma linha de pensamento, diz que o mundo tem a sua concepção de pecado e considera Jesus o pecador ímpio que merece a morte de um criminoso. O mundo também rejeita suas testemunhas e seus mensageiros como culpados que precisam ser exterminados (At 9.21). O Espírito Santo, porém, convencerá as pessoas de que, pelo contrário, precisamente essa incredulidade diante de Jesus é o pecado verdadeiro e crucial.
O único pecado em que as pessoas se perdem definitivamente é a incredulidade, a rejeição daquele que trouxe o amor salvador de Deus até nós.
Em segundo lugar, a obra do Espírito Santo é convencer o mundo da justiça (16.8,10). […] convencerá o mundo […] da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais. A justiça de Deus foi plenamente manifestada ao mundo no sacrifício de Cristo na cruz. Ao se tornar nosso substituto e morrer em nosso lugar, ele cumpriu por nós cabalmente todas as demandas da lei e satisfez todos os reclamos da justiça divina. O Espírito Santo vem ao mundo para convencer o mundo dessa verdade gloriosa. Erdman esclarece esse ponto de forma vívida, quando diz que, por sua ressurreição e ascensão, Jesus provou ser um homem justo, e tudo quanto afirmou de si, com relação à divindade, foi dado como justo ou autêntico. A ressurreição e a ascensão de Jesus ainda hoje são o fundamento sobre o qual o Espírito Santo convence o mundo de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.
D. A. Carson, nessa mesma linha de pensamento, afirma que um dos mais surpreendentes propósitos de Jesus, no que diz respeito ao mundo, era mostrar o vazio de suas pretensões e expor, com sua luz, a escuridão do mundo pelo que ela é (3.19–21; 7.7; 15.22,24). Mas agora, como Jesus está indo, essa obra de condenação do mundo continuará através do Paracleto. Ele reforça essa condenação do mundo precisamente porque Jesus não está presente para realizar a tarefa.
Em terceiro lugar, a obra do Espírito Santo é convencer o mundo do juízo (16.8,11). […] convencerá o mundo […] do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado. A morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo são o julgamento legal e a derrota definitiva do diabo, o príncipe deste mundo. Jesus triunfou sobre ele na cruz. Despojou-o, venceu-o e esmagou sua cabeça.
Colossenses 2.15 RA
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
Ao pé da cruz, o diabo arregimentou as forças todas de que dispunha. E ali foi derrotado para sempre. Sua condenação foi decidida, e sua sentença foi declarada. Cada vez que Cristo é proclamado na pregação, sob o poder do Espírito Santo, Satanás sofre mais uma perda, e cada alma salva é nova prova de que o diabo está “julgado”.
Em resumo, temos aí o pecado do mundo, a justiça de Cristo e o julgamento de Satanás, tudo provado pelo Espírito Santo sobre a base da rejeição de Cristo, de seu triunfo na cruz e de sua ressurreição. Esses grandes fatos, quando apresentados por testemunhas, sob o poder do Espírito Santo, são infalíveis no convencimento do mundo. O primeiro e grande cumprimento dessa promessa ocorreu no dia de Pentecostes, quando Pedro, cheio do Espírito Santo, apresentou essas provas, e cerca de três mil pessoas foram convencidas de seus pecados, convertidas a Cristo e salvas.

A obra do Espírito Santo nos crentes (16.12–15)

Jesus tem plena consciência de que as demais coisas reservadas para seus discípulos eles não conseguem alcançar ainda (16.12). Só quando Jesus ressuscitar e os discípulos receberem o Espírito Santo, as coisas ficarão claras para o coração deles. Jesus destaca duas obras do Espírito Santo em relação aos crentes.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo exerce o ministério de ensino (16.13). O Espírito Santo é o Espírito da verdade. Jesus é a verdade (14.6), e a Palavra de Deus é a verdade (17.17). Portanto, tudo o que Espírito Santo ensina está coerentemente alinhado com a pessoa e obra de Cristo e com as Sagradas Escrituras. Não há nada mais inverossímil do que alguém afirmar que experiências místicas fora das Escrituras e práticas que destoam da doutrina de Cristo são movidas e inspiradas pelo Espírito Santo. Ele é o Espírito da verdade que vem para nos guiar em toda a verdade. Concordo com Hendriksen quando ele diz que a função do Espírito na Igreja é “guiar”, literalmente, “mostrar o caminho”. O Espírito não usa armas externas. Ele não empurra, mas guia.
Em segundo lugar, o Espírito Santo exerce o ministério do holofote (16.14,15). Um holofote é uma luz cuja finalidade é iluminar não a si mesma, mas um alvo específico. O Espírito Santo não vem para glorificar a si mesmo, mas para glorificar Jesus.
Se quisermos saber se uma pessoa está cheia do Espírito Santo, basta examinar se ela está vivendo uma vida cristocêntrica. O propósito do ministério do Espírito Santo é exaltar Jesus, anunciá-lo e torná-lo conhecido. Werner de Boor diz que, através do Espírito Santo, desenvolve-se a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (2Co 4.6). O Filho não deseja ter outra glorificação além dessa. Quando a glória de Deus for vista em sua face, então o Filho estará maravilhosamente glorificado.
Aplicação
O Espírito Santo é Deus. Ele deve ser visto e encarado por nós dessa forma, em toda sua plenitude e divindade. Tenha reverência ao Espírito Santo.
O Espírito Santo é nosso consolador.
João 14.15–17 RA
15 Se me amais, guardareis os meus mandamentos. 16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, 17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.
Ele nos auxilia em nossas fraquezas, ele nos guia, nos orienta e nos fortalece.
O Espírito Santo nos conduzirá até o retorno de Cristo, ele nos capacita a crer nas promessas de Cristo e nos auxilia a perseverarmos em meio as dificuldades.
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