LIVRO DOS NÚMEROS (I)

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Bíblia Sagrada
LIVRO DE NÚMEROS I
ESTUDO 558
“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.” Números 6.24-26

INTRODUÇÃO

De acordo com a orientação dada pelo nosso pastor Joel Freire Costa, estamos iniciando hoje uma nova série de estudos muito interessante: O Livro de Números.
Este livro narra, sob a liderança de Moisés e Aarão, a história da caminhada do povo pelo deserto do Sinai até vislumbrar a Terra Prometida e fala das leis ditadas ao longo da caminhada. Mostra como os hebreus fracassa­ram em cumprir os ideais que Deus lhes havia proposto. Chegaram aos limites da terra prometida, mas tinham a personalidade de um escravo covarde, dependente e incapaz de enfrentar a perspectiva da luta. Perderam a pequena fé que haviam tido e quiseram voltar ao Egito. Daí começaram suas peregrinações que duraram trinta e oito anos. É uma história trágica de falta de fé, de queixas, murmurações, deslealdade e rebelião. Como consequência, quase toda a geração que havia presenciado as maravilhas do livramento do Egito pereceu no deserto Sem entrar na terra prometida. Somente três homens, Moisés, Josué e Calebe, sobreviveram até ao fim do relato do livro. E somente dois dos três, Josué e Calebe, entraram em Canaã, por outro lado, Deus levantou uma nova geração de hebreus, instruídos nas leis divinas e preparados para a conquista de Canaã.
A vida selvagem e incerta da peregrinação no deserto desenvolveu neles uma personalidade distinta do homem escravo. Acostuma­ram-se à dureza, a suportar a escassez de alimento e de água, ao perigo contínuo de um ataque súbito dos povos do deserto. No final do livro, os israelitas haviam chegado à margem do Jordão e estavam preparados para tomar posse de Canaã
Números começa no Monte Sinai, onde os israelitas haviam recebido suas leis e renovado sua aliança com Deus, que passou a habitar entre eles no Tabernáculo. A próxima missão era tomar posse da Terra Prometida. A população é contada e preparativos são realizados para reassumir a marcha até lá. Os israelitas reassumem a jornada, mas logo aparece um rumor sobre as dificuldades da viagem e questionamentos sobre a autoridade de Moisés e Aarão. Por causa disto, Deus destrói aproximadamente 15 000 deles através de formas variadas. Eles chegam até a fronteira de Canaã e enviam espias para reconhecer o terreno. Ao ouvir o temeroso relato deles sobre as condições encontradas, os israelitas se apavoram e desistem de se apoderar do território. Deus condena todos à morte no deserto até que uma nova geração possa crescer para assumir a tarefa. O livro termina com a nova geração na planície de Moabe pronta para cruzar o rio Jordão.
Este livro marca o final da história do êxodo de Israel da opressão no Egito Antigo e sua viagem para conquistar a terra prometida por Deus a Abraão. Por isso, Números conclui narrativas iniciadas no Gênesis e elaboradas no Livro do Êxodo e no Levítico: Deus havia prometido que os israelitas que eles seriam grandes (ou seja, seriam numerosos), que eles teriam uma relação especial com JeovÁ, seu Deus, que eles conquistariam a terra de Canaã. Números também demonstra a importância da santidade (tema fundamental do Levítico), fé e confiança: apesar da presença de Deus e de seus sacerdotes, Israel ainda não tem fé suficiente e, por isso, a conquista da terra prometida fica para uma nova geração.

A. TÍTULO

Números é o quarto dos cincos livros da Bíblia (Torá). Seu título provém da Vulgata Latina, Numeri, que por sua vez é uma tradução do título da Septuaginta Arithmoi (Ἀριθμοί,), O livro é assim designado porque nele há referência a dois recenseamentos do povo judeu — capítulos 1 - 3 e capitulo 26. Em hebraico: בְּמִדְבַּר, Bəmiḏbar - ("no deserto”). Esse segundo título hebraico é mais apropriado do que o título em português, pois reflete melhor o caráter do livro e relata a história das peregrinações de Israel desde o Sinai até a chegada à margem esquerda do rio Jordão. Abarca um espaço de quase trinta e nove anos e forma um elo histórico entre os livros de Êxodo e de Josué.

B. AUTOR E DATA

Tradicionalmente, a autoria é atribuída a Moisés, a personalidade central do livro. Nm 33.2, faz uma referência específica a Moisés:
Números 33:2
“E escreveu Moises as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme ao mandado do Senhor, e estas são as suas jornadas do segundo as suas saídas” - registrando pontos sobre a viagem no deserto.
O Livro de Números é de caráter histórico e foi composto por Moisés, ele foi chamado pelo Senhor para libertar os filhos de Israel do cativeiro no Egito e guiá-los pelo deserto até a Terra Prometida. Moisés testemunhou a maioria dos acontecimentos registrados no Livro de Números.
Provavelmente o Livro tenha sido escrito por volta de 1400 a.C., pouco antes de sua morte. Os acontecimentos deste livro ocorrem durante cerca de 40 anos, começando logo após o Êxodo, em 1400 a.C.

C. CARACTER ÍSTICA

O propósito aparente do livro foi registrar o início do efeito exterior que o pacto exerceu na vida dos israelitas. Números registra as modificações e os ajustamentos na estrutura das estipulações pactuais, bem como a reação do povo israelita a tais estipulações. Os temas de fé e obediência são centrais em Números, que é considerado "o livro do servir e do caminhar do povo redimido de Deus” Números continua a narração da jornada iniciada no livro de Êxodo, começando com os eventos do segundo mês do segundo ano (Nm. 10.11) e terminando com o décimo primeiro mês do quadragésimo ano (Dt 1.3). Os 38 anos de perambulação no deserto procedem do fracasso do povo de Israel, diante da provisão divina para seu sucesso.
Fundamentando-se nos resultados do pacto entre Deus e Israel, o livro de Números exprime um ponto de vista a respeito da natureza do Criador e de sua criação. Segundo o acordo estipulado detalhadamente em Êxodo e Levítico, o povo deveria servir a Deus somente, sem idolatria. Em retorno, Deus lhes protegeria e abençoaria, dando-lhes uma nova terra. Nisso consistia o pacto, entretanto o alvo era nobre demais para a natureza humana e houve uma grande lacuna entre a profissão e a realização desse acordo. O livro expressa a natureza extremamente pecaminosa do homem, o qual não se inclina para Deus a despeito de todas as evidências (no Tabernáculo) e de Seu poder (nas diversas intervenções). Em face de tudo o que Deus tinha provado ser, o povo não confiou nEle, mas permaneceu apreensivo, orgulhoso e egoísta. Em relação à natureza de Deus, o livro revela três aspectos principais: Seu caráter fiel, punitivo e santo.

1. Fiel

A fidelidade divina é claramente demonstrada em Números, pois o pacto foi repetidamente quebrado e, apesar de Deus ter todo direito de abandonar os israelitas ou de destruí-los, Ele cumpriu até o fim seu propósito de fazer o bem à nação de Israel e ao mundo através dela.

2. Punitivo

Entretanto, isso não implica que Deus possua uma natureza impassível. Ao contrário, o capítulo 14 retrata a ira de Deus e revela Seu caráter pessoal dinâmico e impetuoso.

3. Santo

A santidade de Deus é especialmente acentuada neste livro. Para aproximar-se de Deus, o homem precisa livrar-se de toda a impureza, pois o impuro não pode existir na presença do Puro. Em se tratando de santidade, há um abismo entre Deus e os homens, entretanto, em Sua graça, Deus providenciou um caminho de acesso à Sua santa presença: a purificação

I. CAPÍTULO 1

A. Recenseamento das tribos

Era preciso organizar bem as tribos e estabelecer a lei e a ordem tanto no acampamento como durante a caminhada. O serviço militar era obrigatório em Israel, quase sem exceções, a partir dos 20 anos e para cima. O censo das 12 tribos apresentou a cifra de 603.550 homens de guerra, sem incluir os levitas. O segundo censo, feito ao terminar a peregrinação no deserto, dá-nos uma cifra um pouco menor que aquele do primeiro censo Nm 26.51., o que indica que os rigores da viagem no deserto e a disciplina divina impediam Israel de continuar crescendo numericamente como havia crescido no Egito.
Moisés não devia reunir a tribo de Levi junto com os filhos de Israel, ou seja, com as outras tribos, ou tomar seu número, mas designar os levitas para o serviço da habitação do testemunho.
Êxodo 38.21
“Esta é a enumeração das coisas contadas do tabernáculo do testemunho, que por ordem a Moises foram contadas para o ministério dos levitas por mão de Itamar, filho de Arao o sacerdote”
Ou seja, do tabernáculo. Somente os levitas tinham o direito de manusear os materiais do tabernáculo, incluindo a sua montagem, desmanche e transporte, enquanto Israel vagueasse pelo deserto.

B. APLICAÇÃO

A mensagem do primeiro capítulo, Deus tem um censo de Seus filhos, Lc 10.20, Deus conta com homens aptos para Seu serviço, V.3, Deus sabe exatamente quais são os Seus, Deus tem um caminho de serviço preparado para todos os Seus, Ef.2.10.

II. CAPÍTULO 2

A. Disposição das tribos nos acampamentos

O Senhor mandou organizar Israel em 4 acampamentos com 3 tribos em cada um. Os 4 acampamentos estavam organizados em esquadra retangular, com o tabernáculo no centro e os israelitas ao redor dele. Moisés e os sacerdotes ficavam diante da porta do átrio do tabernáculo, ao leste das tribos de Judá, Issacar e Zebulom; ao sul, Rubem, Simeão; ao ocidente, Efraim, Manassés e Benjamim; ao norte, Dã e Naftali. As tribos de Judá, Rubem e Dã eram líderes; cada uma delas encabeçava seu grupo de tribos, e portava bandeiras. Segundo a tradição judaica, a bandeira de Judá tinha a figura de um Leão; a de Rubem, uma cabeça Humana; a de Efraim, um Boi, e a de , uma Águia.
A posição proeminente de Judá, diante da porta do tabernáculo no acampamento e à testa da nação quando esta marchava, devia-se em parte à sua superioridade numérica sobre as demais tribos; não obstante, pode ser que a localização de honra ocorresse porque teria designada a futura casa real na profecia de Jacó:
Gênesis 49.10
“O cetro não se arredara de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”.

B. APLICAÇÃO

A igreja também tem de guerrear contra as forças do mal e tomar posse da terra prometida. Embora suas armas não sejam carnais e Deus lute por ela, convém que ela se assente e calcule o custo da luta e seus recursos antes de empreender o projeto Lc 14.25-33. A presença de Deus no centro de tudo, v. 17, e o lugar da reunião da igreja inteira.
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III. CAPÍTULOS 3 e 4

A. Os Levitas

Visto que Deus havia redimido os primogênitos das famílias de Israel por ocasião da páscoa no Egito, todos os primogênitos lhe pertenciam. Mas, como ficou dito.
Números 3.12
“Eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus.
O Senhor tomou a tribo de Levi em lugar dos primogênitos. Os levitas estavam incumbidos do cuidado do tabernáculo e do ministério nos aspectos externos, enquanto os sacerdotes oficiavam o culto cerimo­nial.
De acordo com Gn 46.11, Levi teve 3 filhos: Gerson, Coate e Merari. Os descendentes dos 3 filhos constituíam 3 divisões e cada divisão tinha um cargo especial em relação com o cuidado do tabernáculo.

1. gersonitas

Os gersonitas tinham a seu cargo o cuidado das cobertas do tabernáculo:
Números 3.25-26
“E a guarda dos filhos de Gérson na tenda da congregação será o tabernáculo, e a tenda, e a sua coberta, e o véu da porta da tenda da congregação, e as cortinas do pátio, e o pavilhão da porta do pátio, que estão junto ao tabernáculo e junto ao altar, em redor; como também as suas cordas para todo o seu serviço.”
Transportavam couros, peles e tecidos em 2 carros puxados por 4 bois. Nm 7.6-7.
Os coatitas tinham a seu cargo os móveis e utensílios do tabernáculo:
Números 3.31
“E a sua guarda será a arca, e a mesa, e o castiçal, e os altares, e os utensílios do santuário com que ministram, e o véu com todo o seu serviç.o”
Estes quais eram transportados em 4 carros puxados por 8 bois. (Nm 7.8)

2. meraritas

Os meraritas cuidavam das tábuas da armação que eram levadas nos ombros, utilizando-se varais Números 3.36,37
“E o cargo da guarda dos filhos de Merari serão as tábuas do tabernáculo, e os seus varais, e as suas colunas, e as suas bases, e todos os seus utensílios, com todo o seu serviço, e as colunas do pátio em redor, e as suas bases, e as suas estacas e as suas cordas.”
Quando estavam para levantar acampamento, os sacerdotes envolviam as partes do tabernáculo cobrindo-as com tecidos e couros; tudo isto nos demonstra a profunda reverência com que manejavam as coisas relacionadas com o culto em Israel. Então as 12 tribos continuaram com a responsabilidade do serviço militar enquanto os levitas se encarregavam dos ofícios sagrados.
Os Levitas deveriam começar no ofício a partir de 30 anos de idade:
Números 4.3
“Da idade de trinta anos para cima até aos cinquentas ano será todo aquele que entrar nesse exército, para fazer a obra da tenda da congregação.”
Por essa razão Jesus começa seu ministério aos 30 anos:
Lucas 3.23
“E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos...”

B. APLICAÇÃO

Números é o livros dos Levitas, assim como Levíticos é o livros dos Sacerdotes. Dá-se especial importância ao culto divino. A tribo de Levi é separada para o serviço do Senhor, o serviço do Santuário. Isto revela o interesse de Deus pelos homens e a importância que devemos dar ao culto que Lhe prestamos. No Cristianismo o ministério espiritual é o privilégio e o dever de todo o povo de Deus, os crentes em Cristo Jesus, Ap .1.6

IV. CAPÍTULO 5

A. A expulsão dos impuros

1. A purificação do Arraial, vs. 1-4

- lei de prevenção contra doenças contagiosas tais como a lepra, doenças sexuais e impuras. Os doentes deveriam ser isolados para manter a saúde e a higiene do arraial. Esta medida foi necessária tanto para manter a santidade do acampamento como a higiene do povo.
“No pacto do Antigo Testamento, a santidade espiritual da comunidade estava ligada e era simbolizada pela santidade física, corporal, e pelos relacionamentos interpessoais apropriados. Assim, qualquer pessoa que contraísse uma doença que a tornasse cerimonialmente imunda não podia entrar em comunhão com o Senhor, no tabernáculo, ou com seus sem delhantes humanos” (1)
Quanto a contaminar-se por contacto com um morto, Deus queria ensinar a Israel que quando uma pessoa falece e seu espírito vai para o Senhor, o corpo já não tem valor, é algo que deve ser sepultado.

2. A Lei da Restituição, vs. 5-10,

a lei da reparação e indenização do pecado cometido contra o próximo, Deus não está satisfeito apenas com a reparação do erro, por isto, requer também a indenização do prejuízo que foram causados. Neste caso, a restituição deveria ser de 20% a mais do valor dos danos causados. O indivíduo precisa ser responsabilizado perante a sociedade e esta lei promovia a ordem, a concórdia e a moralização do arraial.

3. Lei sobre ciúmes, vs. 11-31

Esta lei serve tanto de severa advertência à mulher propensa a cometer adultério como de proteção à mulher inocente em caso de suspeita infundadas por parte de seu marido ciumento. Quando não podiam apresentar-se provas, chamava-se a esposa para efetuar a solene apelação ao Deus que esquadrinha os corações. A lei exigia que o marido leve a esposa suspeita de infidelidade diante do sacerdote que depois de descrever a lei que condena este pecado, a escrevia num pergaminho, e, antes que as letras secassem, mergulharia a sentença num recipiente de água a qual era acrescentado um pó amaríssimo. Esta água amarga, tendo dissolvido as palavras condenatórias, dava-se a mulher para beber e , mediante a intervenção divina, a mulher cairia doente, com inchaço do ventre, infecção do útero, descaimento da coxa, arrastando a perna ao andar, comprovando-se assim sua fidelidade. Assim a lei mantinha a pureza conjugal, a fidelidade da mulher em sua sujeição ao amor do seu marido e controlava os ciúmes.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________(1) Champlin, R.N. - O Antigo testamento interpretado versículo por versículo, HAGNOS, 2ª Edição 2001. pag 621 Vol 1

B. APLICAÇÃO

1) A necessidade da santidade, vista nas constantes e variadas exortações sobre o assunto, a estreita relacao que há entre a santiodade que se exige do homens e a presenca e o caráter de Deus. As condições de sermos considerados aceitaveis a Deus semopre são o sacrifício e a purificação.
2) Deus julgará certamente os proxenetas (explorador da prostituicao) e adúlteros. Embora agora não temos as águas dos ciúmes, temos, contudo, a Palavra de Deus que deveria produzir um terror tão grande quanto aquelas. A luxúria sensual terminará em amargura.
3) Deus manifestará a inocência do inocente. A mesma providência é para bem de alguns e para mal de outros. E responderá aos propósitos de Deus.

V. Capítulo 6

A. O Voto dos Nazireus vs. 1-21

O termo “nazireu” ou “nazirita” vem do verbo hebraico nazir, derivado de nazar, ‘separar’ , “consagrar”, “abster-se”. Este capítulo fornece-nos a origem do nazireado. O nazireu e aquele que se separa para a obra de Deus, por voto especial, seja penitencial ou devocional, portanto, alguém que tomava o voto havia de viver separado para Deus.
O serviço sacerdotal, entre os filhos de Israel, era um privilégio exclusivo dos que pertenciam à tribo de Levi; mas o Senhor instituiu aqui uma provisão mediante a qual qualquer homem ou mulher de Israel, que quisesse tomar voto diante do Senhor, se se consagrasse por um período determinado de tempo para servir a Deus, poderia fazê-lo. Ocasionalmente, esse voto podia ser tomado pelos pais em favor de seus filhos (ver 1Sm. 1.11). Usualmente, porém, o nazireado era um ato de devoção efetuado voluntariamente por um adulto. A pessoa que resolvesse consagrar-se assim era chamada de nazireu (vem de nazar, “dedicar-se”). Esse voto era tomado por um período mínimo de trinta dias. Parece que Paulo se dedicou como um nazireu, em Atos 18.18. E talvez outro tanto se tenha dado no caso de Sansão. Esse voto envolvia, substancialmente, a questão da abstinência, embora também incluísse um serviço divino ativo, exercícios espirituais e a prática de certos ritos. Um nazireu era separado para o Senhor e de outras coisas. Mas em regra geral era por um período determinado.

1. Três requisitos:

a) Abster-se de todo o fruto da vide.

À semelhança do sacerdote, quando oficiava, o nazireu negava a si mesmo o uso das bebidas fortes a fim de estar em melhor condição de servir a Deus:
Levíticos 10.9-11
“Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo.”
Além disso, o fruto da vide simbolizava em Israel o gozo natural:
Salmos 104.15
“O vinho que alegra o seu coração; ele faz reluzir o seu rosto com o azeite e o pão, que fortalece o seu coração.” Por isso o nazireu devia encontrar seu gozo no Senhor. (Sl 36.8-9)

b) Não cortar o cabelo

em sinal de humildade, lealdade e obediência, como sinal público de que havia tomado voto. O cabelo comprido de Sansão simbolizava que consagrava sua força e virilidade a Deus.

c) Não tocar corpo morto,

nem mesmo o cadáver de pessoa da própria família, porque o nazireu era santo para o Senhor.
Impunha-se um severo castigo quando o voto era quebrado, inclusive quando não o era intencionalmente. Esgotado o tempo da consagração, período do voto, o nazireu se apresentava ao sacerdote oferecia seus sacríficos, raspava sua cabeça, queimava seus cabelos sobre o altar junto com outros sacrifícios em uma cerimônia pública.

B. A Bênção sacerdotal vs. 22-27

Esta formosa bênção constituiu o mais excelente da poesia hebraica. Tem uma mensagem oportuna, tanto para os que enfrentavam os inimigos e as incertezas da vida no deserto.
Semelhante à doxologia apostólica de II Co 13.13, esta tem uma tríplice invocação e as cláusulas são progressivamente mais elevadas. Primeiro convida-se o Senhor a abençoar ao seu povo (com boas colheitas, gado, boas temporadas e filhos). A seguir, suplica-se-lhe que os guarde (de todo o mal, dos inimigos, de magras colheitas, da enfermidade e da esterilidade). Na segunda invocação, o Senhor é convidado a voltar o seu rosto com agrado e alegria sobre seu povo e estender-lhe seu favor. (Expressa-se em hebraico a alegria e compla­cência como "fazer resplandecer o rosto", e o mal e o temor como "empalidecer"; Sl 31.16; Pv. 16.15; Jl 2.6.) Finalmente, pede-se-lhe que "levante o seu rosto" sobre o seu povo (em reconhecimento e aprovação) e lhes dê paz (segurança, saúde, tranquilidade e paz com Deus e com os homens).
Observa-se que as expressões nas três cláusulas correspondentes às funções da Trindade; “do Pai, de abençoar-nos e guardar-nos; do Filho, de mostrar-nos a graça; e do Espírito Santo de dar-nos paz... A segurança alentadora foi acrescentada: “e eu os abençoarei”.

C. APLICAÇÃO

1) O sexto capítulo nos ensina, a consagração que significa que cada aptidão, cada privilégio e cada possibilidade pertence a Deus.
2) A benção sacerdotal, revela, o amor de Deus para conosco, a necessidade de maior comunhão com Deus, e a verdadeira felicidade da vida.

VI. Capítulo 7

A. A oferta dos príncipes de Israel

Números 7.2-5
“Os príncipes de Israel, os cabeças da casa de seus pais, os que foram príncipes das tribos... ofereceram, e trouxeram a sua oferta perante o Senhor... Disse o Senhor a Moisés: Recebe-o deles, e serão destinados ao serviço da tenda da congregação”
A tribo de Levi tornou-se uma casta sacerdotal:
Números 1.47
“Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram contados entre eles.”
Ao substituir os primogênitos como o ministério espiritual (ver Núm. 3.11 ss.). Esse novo sistema seria mantido pelas ofertas das demais tribos. Assim, este sétimo capítulo delineia o que cada tribo trouxe com a sua contribuição para essa obra.
Os príncipes de Israel tomaram a iniciativa sobre a questão das ofertas, visto que cada tribo contribuiu com um a parte igual. Eles tinham estado envolvidos no recenseamento, e agora lideravam em outra questão vital para Israel. Cada tribo tinha seu próprio príncipe, uma espécie de chefe de clãs e de famílias.
Com sincera devoção ao Senhor, os 12 príncipes das tribos fizeram uma oferta espontânea e muito generosa ao Senhor, dando desse modo exemplo aos endinheirados de contribuir para o sustento e promoção da religião.
Cada príncipe em Israel ofereceu ao Senhor a dádiva de cada um, que é relatada separadamente, numa demonstração de que cada um deve prestar culto individualmente e não depender só de adoração coletiva de Deus, observa-se também a ordem e o cuidado em cumprir os mandamentos do Senhor, neste capítulo dos mais longos da Bíblia.

B. APLICAÇÃO

O sétimo capítulo nos ensina, Deus ama a quem da com alegria, Deus reconhece cada dádiva, mesmo que sejam idênticas, Deus não despreza sacrifício algum, se vem do coração, Deus tem prazer em cada dádiva útil para o progresso da Sua igreja, estes eram mormente para facilitar o transporte do Tabernáculo, Deus coroa nossa vida com a comunhão a Sua própria pessoa, feita através de Sua revelação e da nossa oração.

VII. Capítulo 8

A. As Sete Lâmpadas do Santuário – Vs. 1-4

O sumo sacerdote cuidava do candelabro. Mas os sacerdotes comuns podiam fazer esse trabalho, sob sua supervisão:
Êxodo 27.21
“Na tenda da congregação, fora do véu que esta diante do testemunho, Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até a manhã.”
Os cristãos devem ser batizados, os ministros devem ser ordenados; primeiro devemos entregar-nos ao Senhor e, depois, temos que prestar nosso serviço.
“perante o Senhor...” Mas não há que duvidar de que, na primeira vez em que foram acesas as lâmpadas do candelabro, o próprio sumo sacerdote assim fez. Em outras palavras, ele inaugurou esse trabalho.

B. Consagração dos Levitas Vs 5-26

Aqui temos as instruções para a solene ordenação dos levitas. Embora a tribo de Levi tenha sido designada para o serviço divino, o fato de ser levita não era a única condição para entrar no ofício sagrado. Os levitas deviam ser apartados para a obra do tabernáculo mediante uma cerimônia especial. Todo Israel devia saber que eles não tomaram por si mesmo esta honra, senão que foram chamados por Deus; tampouco bastava que eles fossem separados dos outros. todos os que são empregados por Deus devem ser consagrados a Ele, conforme a sua tarefa.
Efetuava-se a purificação dos levitas oferecendo sacrifício, sendo espargidos com água misturada com cinzas de bezerra, passando a navalha em todo o corpo e lavando seus vestidos. A água pura e a navalha afiada representa o afastamento de tudo quanto impede a dedicação espiritual e assinalam a purificação de tudo quanto mancha o corpo e o espírito.
Os levitas deviam ser purificados. Os que levam os vasos do Senhor devem ser limpos. Moisés devia aspergir a água da purificação sobre eles. Isto significa a aplicação do sangue de Cristo a nossas almas por fé, para que sejamos aptos para servirmos o Deus vivo. Todos os que esperam participar dos privilégios do tabernáculo, devem estar resolvidos a realizar o serviço do tabernáculo.
Os levitas entravam na profissão aos 25 anos de idade, provavelmente como aprendizes em provas sob a vigilância de levitas mais velhos, e aos 30 anos eram admitidos no pleno exercício de seus deveres Nm 4.3; 8.24. Ao atingir os 50 anos, o levita era tirado dos trabalhos rigorosos, mas podia continuar servindo nos deveres mais fáceis do tabernáculo.

C. APLICAÇÃO

1) Os pavios foram colocados na frente dos setes receptáculos do óleo, para que fossem bem iluminados, Arão mesmo acendeu as lâmpadas, e representou assim a seu Divino Senhor. a Escritura é luz que brilha em lugar escuro (2 Pe 1.19). Sem ela, até a igreja pode ser um lugar escuro, como teria sido o tabernáculo, que não tinha janelas, sem as lâmpadas, essa luz representa a obra da Igreja em testificar a graca divina. A obra dos ministros é acender as lâmpadas mediante a exposição e a aplicação da Palavra de Deus. Jesus Cristo é a única Luz em nosso mundo tenebroso e pecaminoso; por sua expiação, por sua palavra e pelo Espírito Santo, difunde a luz em redor.
2) Sermos encarregados da luz é uma forma de servico muito especial, este servico exige a consagração, e se baseia em sacrificos, o serviço exige purificação.

CONCLUSÃO

Para o crente, o livro de Números tem grande significado. À semelhança dos israelitas, o crente saiu do Egito, a terra de servidão e opressão, renasceu pelo sacrifício do Cordeiro e se encaminha para o cumprimento das promessas de Deus. Mas tem de passar como peregrino pelo deserto deste mundo antes de entrar na terra prometida (1Pe 11; Hb 1.8-16). Pode aprender muito estudando os fracassos dos israelitas, as leis de santidade e a bondade de Deus narrados em Números.
Tipicamente, o Livro de Números fala em serviço e em conduta ou andar.
O Livro de Gênesis relata a criação e a queda do homem.
O Livro de Êxodo tipifica a redenção, pois Israel foi remido da escravidão no Egito.
O Livro de Levítico apresenta-nos as intrincadas leis que governavam a adoração e a comunhão com Deus.
E então, vem o Livro de Números, que nos ensina a servir e a andar na vida.
Isso posto, o Livro de Números segue uma sequência tanto histórica quanto espiritual, que acompanhou tanto o povo de Israel quanto a vida de todos os crentes
Em Cristo.
Pr. Fábio Felipe
Julho de 2021

BIBLIOGRAFIA

SHEDD, Russel P. A Bíblia Vida Nova, Vida Nova, 6ª Edição, 1984
SCOFIELD, Cyrus Ingerson, Bíblia de Estudo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 5ª edição, 2014
ROCHA, Aldery Nelson, Santa Bíblia, Versão di Nelson, Sociedade Bíblico do Verso, 1ª Edição, 2013
HOFF, Paul, O Pentateuco, VIDA, 6ª Impressão 1995.
Champlin, R.N. - O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, HAGNOS, 2ª Edição 2001.
HENRY, Matheus – Comentário Bíblico, CPAD, 1ª Edição 1999.
JOSEFO, Flávio, História dos Hebreus, CPAD, 8ª Edição 2004.
DAVIDSON, F. – O Novo Comentário da Bíblia, Vida Nova 3ª Edição 1997
CAVALCANTE, Marcos Emanuel Barros – Pentateuco, FAETESP, 1ª Edição 2004.
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